Quando Nanā teve Omolu, ela viu naquele menininho muitos defeitos incluindo a doença, a variola, as chagas, as feridas de Omolu.
IEMANJÁ E OMOLU
Quando Nanā teve Omolu, ela viu naquele menininho muitos defeitos incluindo a doença, a variola, as chagas, as feridas de Omolu.
Nanã queria um filho lindo, maravilhoso e perfeito porém, não o teve como uma provação de Orunmilá.
Ela, pois, sem saber o que fazer com aquela bebê que não parava de chorar de dor por conta das feridas, levou o seu filho até as margens do mar e ali o deixou dentre as pedras.
Foi embora sem se despedir de seu menininho que chorava muito de dor e agonia. Omolu ficou ali, sozinho, no frio e na brisa de um lugar em que ele estava vulnerável.
Os caranguejos chegaram até ele e fizeram mais feridas profundas (nasce aqui uma das quizilas de Omolu, caranguejo e também siri).
Iemanjá estava se banhando no mar e cantava suavemente quando escutou os choros vindo dentre as pedras. Foi se aproximando e, ao chegar finalmente ao local do barulho dos gritos de choro, espantou os caranguejos e siris e pegou em seus braços e o enrolou em seu colo aquela criança machucada e ferida, ferida por amor, abandono, fome, medo e aflição.
Ela cuidou de Omolu como se ele fosse seu. Como se tivesse nascido dela. O lavou com muito amor e aos poucos as feridas foram cessando.
O corpo de Omolu ficou marcado por cicatrizes e marcas muito impressionantes, e por isso, vivia se escondendo para que ninguém o visse. Em um dia de festa em que os orixás se reuniram, Ogum pergunta por Omolu e percebe que ele não queria aparecer por conta de suas feridas. Então, ele vai ao mato, faz um capuz de palha para cobrir Omolu dos pés à cabeça.
Ele então aceita aparecer e participar da festa com esse capuz, mas sem dançar, pois era um orixá muito fechado. Iansã então aproxima-se dele com o seu vento e sopra o capuz de palha de Omolu. Nesse momento, todas as feridas dele se transformaram em uma chuva de pipocas revelando o menino belo, sadio e radiante como o sol sem as mazelas de suas chagas.