sábado, 29 de abril de 2023

AJE SALUGA (Tambem chamada Kowo, Ainá ou Anabí)

 AJE SALUGA
(Tambem chamada Kowo, Ainá ou Anabí)


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AJE SALUGA
(Tambem chamada Kowo, Ainá ou Anabí)

Antes de lerem eu preciso explicar uma coisa, na lenda que vão ler abaixo eu cito Aje como irmã de Yemoja, porém isso dependendo da tradição pode ser contestado. O parentesco de Yemoja com Olokun, Olosa e Aje pode ser conhecido em algumas tradições ou totalmente desconhecido em outras.
Outro detalhe é que quando se cultua Aje como irmã de Yemoja ela vem toda cheia de cores como o desenho que fiz, mas em outras tradições ela pode existir como funfun.
Vamos a história:

Olokun Seniade era uma Rainha
Muito poderosa e poderosos
Também eram seus filhos.
A filha predileta de Olokun era
Anabí, que é mais conhecida pelo
Nome "Aje Saluga" a dócil moça
Que vivia das praias para o mar.
Um dia Olokun se ausentou
E Aje escapuliu para a praia.
Ela se fez em forma de espuma
E assim foi sobre as ondas.
As pessoas que estavam na praia
Se maravilharam com aquilo,
Elas viram a espuma do mar brilhar,
E de tão reluzente todos os que
Olharam para ela ficaram cegos.
Olokun sabendo disto avisou Aje,
Ela disse que o que Aje iria se ver
Tal qual as pessoas lhe viam,
Por isto ela devia ter cuidado.
Novamente quando Olokun
Se ausentou ela foi para a praia
Mas desta vez ela se ergueu sobre
As ondas e quando olhou para a água
Ela viu o reflexo do seu próprio
Brilho, nisto Aje ficou cega.
Yemoja é quem anda com Aje
E a leva para passear,
Aje é a irmã caçula de Yemoja.
Aje compreendeu que a sua grande
Riqueza cegava os homens,
Mas só compreendeu isto quando
Ela mesma foi ferida.
Se conta que certa vez Osala
Estava no campo com três de seus
Servos, e ifá alertou que eles
Não deviam agir com ganância.
Quando Osala partiu do campo
Rumo a cidade
No meio do caminho eles encontraram
Aje deitada no chão dormindo.
Osala disse a todos que ela era
Filha de Olokun, e que não deviam
Toca-la.
Porém os mensageiros viram
Que aje era belissima e que
Os seus cabelos na verdade
Eram fios de ouro.
Cheios de cobiça eles cortaram
Os cabelos da moça enquanto
Ela dormia e levaram para a cidade
No intuito de vender.
Coisa ruins ocorreram e cada
Um deles acabaram por perder a vida.
Aje mostrou que a ganância leva
Para o caminho do mal,
E puniu os três.
Nenhuma riqueza deve ser adquirida
Sem esforço, Aje abençoa
Os que trabalham.
Aje é a mulher que tem os cabelos
Como ouro.
Aje é a mulher que vomita pedras preciosas.
Aje é a que expele de dentro de si ouro e prata em abundância.
Certa vez Aje veio para a terra,
Mas se apresentou com uma aparência
Não muito agradável.
Aje morava no céu antes de habitar
Na terra.
Quando ela chegou aqui as pessoas
A rejeitaram, não queriam
Que ela entrasse em suas casas.
Tarde da noite aje bateu na porta
De Orunmilá pedindo abrigo.
Ela contou que ninguém na terra
Quis abriga-la.
Orunmilá era um homem bom
E a acolheu.
Ao amanhecer Aje acordou Orunmilá
E disse que sentia vontade de vomitar.
Orunmilá correu e apanhou
Uma bacia para ela vomitar
Mas Aje disse que não podia vomitar ali.
Orunmilá correu e apanhou uma tigela
Para Aje vomitar mas ela disse
Que não poderia vomitar ali.
Orunmila então apanhou uma cabaça
E deu a Aje mas ela disse que
Não podia vomitar ali.
Orunmilá perguntou a ela onde
Então ela queria se aliviar
E Aje revelou que quando
Estava no Orun ela tinha
Um quarto específico para isto.
Orunmilá a levou para um cômodo
Vazio em sua casa e lá Aje
Começou a vomitar, e de sua
Boca saia todo tipo de riquezas
Rubis, safiras, diamantes, cristais
Pérolas, pepitas de ouro e tudo mais
Que é precioso.
As pessoas que passavam na rua
Entraram na casa de Orunmilá
Para Ver o que estava acontecendo
E ele contou que Aje estava vomitando.
As pessoas entraram no quarto
E viram Aje expelindo os tesouros
E todos se espantaram.
Orunmilá disse
"Está é Aje Saluga, dona de todas as riquezas da terra"
Todos juraram servir Aje a partir
Daquele momento
E aqueles que antes a desprezaram
Passaram a tratar Aje com carinho.
Aje é muito timida.
Aje e o Orisa que faz prosperar.

Ajewole! Ajewole! 

Pombagira Menina do Cabaré

 Pombagira Menina do Cabaré


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Pombagira Menina do Cabaré

Menina do Cabaré foi criada
Na barra da saia de Maria Padilha
Que por ser o pior dos exemplos
Fez de Menina uma igual a ela.
Talvez não igual,
Talvez pior.

Séculos atrás quando o Brasil
Ainda era um império
Havia a tradição das Freiras
Saírem as ruas pedindo donativos
Para as suas obras.
No início do último mes do ano
Mais um grupo de Freiras saiu
As ruas cantando hinos e
Pedindo a ajuda da comunidade.
Cidades pequenas eram bem divididas
Entre a ala das pessoas de bem
E a ala dos que não prestavam.
As Freiras não costumava
Andar pela parte "suja" da cidade
Mas naquele dia elas foram até lá.
Elas encontraram uma prostituta,
Uma mulher muito vulgar e ela
Pediu que uma das Freiras
A acompanhasse até sua casa
Onde ela daria algumas moedas.
A freira foi até lá e quando
Entrou a prostituta entregou
Um saco com moedas e um cesto
Com um bebê recém nascido.
Era uma menina.
A prostituta disse que era uma
Criança bastarda, ela não sabia
Quem era o pai e que se a freira
Não quisesse a menina ela iria
Afogar o bebê no rio.
Sem escolha a Freira apanhou
O cesto levou a criança embora.
Ela havia nascido na primeira
Semana do último mês
E por isso foi batizada de Bárbara
Como a santa de dezembro.
Foi criada no convento
Desde sempre entre as Freiras
Que eram muito rígidas
E não toleravam comportamento lascivo.
Toda vez que Bárbara se comportava
Mau elas a espancavam
E em seguida a obrigavam a
Rezar em penitência.
Quando completou 12 anos
Ela conheceu um padre, um velho.
Certa vez ela apanhou o padre
Espiando as noviças na hora do banho
Através de uma fresta na parede.
O padre ficou muito nervoso
E temendo que ela dissesse algo
Ofereceu a ela doces em troca
Do silêncio.
Bárbara toda a vida havia sido
Alimentada com a comida insossa
Do convento e nunca havia provado
Das guloseimas que o Padre
Tinha escondido em seu quarto.
Ela se maravilhou com os sabores
Dos doces.
O Padre era um pervertido,
Viu que Bárbara gostou das coisas
Que ele lhe dera e então
A convidou para ser sua amante
Em troca de dinheiro.
Ela tinha apenas 12 anos,
Era uma criança
E pouco se parecia com uma mulher
Mas o Padre era uma pessoa imunda
E a desejava mesmo assim.
Ela achou se deitar com ele era algo
Pouco incômodo em vista
Do dinheiro que ele lhe dava.
Bárbara gostava muito de dinheiro.
Durante dois anos ela foi amante
Do velho porco, até que decidiu
Ir embora do convento e deixar
Aquilo tudo para trás.
Ela havia ouvido as Freiras
Comentando sobre uma mulher
Que era demoníaca, ela era
A encarnação da luxúria e da ganância, segundo as Freiras
Esta mulher era amante do próprio
Diabo e seu terrível nome era
Maria Padilha.
Era comum as Freiras se benzerem
Fazendo o sinal da cruz toda vez
Que viam Padilha andando na rua,
Era como ver Satanás em pessoa.
Bárbara teve isso como destino,
O Padre contou a ela quem era
Maria Padilha e o que ela fazia
E como ela era rica
E Bárbara invejou os riquezas dela
E traçou como meta de vida ser
Igual a ela.
Assim que fugiu o rumo foi
Um só, ela foi bater na porta do Cabaré.
Foi recebida pelas moças de lá
E disse que precisava muito falar
Com Padilha, mas as moças não
Levaram sério afinal aquela
Miúda não devia nem estar ali.
Ela não conseguiu falar com Padilha
E foi expulsa de lá,
As moças disseram
"Vai embora menina, aqui não é lugar criança".
Bárbara não desistiu, durante
Um ano inteiro ela ia quase todos
Os dias até o Cabaré mas ninguém
Nunca a deixou passar da porta.
Ela passou esse tempo se vendendo
Nas ruas para os homens sujos que
Fostavam de meninas jovens
E assim foi juntando mais e mais dinheiro.
Quando juntou uma boa quantia
Ela foi até o modista da cidade
E comprou dele o vestido mais caro
Que tinha, era de cores escuras
Um tanto adulto.
Comprou também sapatos de salto
Para poder ser mais alta.
Ela pesou a mão na maquiagem
E se pintou o máximo para parecer
Ser mais velha do que era.
Produzida assim ela esperou anoitecer
E foi para o Cabaré
E as mesmas moças que a barraram
O ano todo não a reconheceram
E a deixaram entrar.
Ela conseguiu se aproximar de
Maria Padilha.
Padilha olhou para ela e viu
Na hora o que aquela
Maquiagem pesada tentava esconder,
Padilha viu que ali estava uma criança.
Ela chamou menina para seu quarto
E com toda paciência foi
Perguntado a idade dela
E menina disse ter vinte anos.
Padilha não acreditou e disse
Que se ela não falasse a verdade
Ela seria escorraçado dali imediatamente.
Bárbara confessou, tinha 14 anos.
Padilha falou para ela
Que era pouca idade para cair na vida
Mas Bárbara contou que já havia
Caído, que já era uma prostituta
E que era seu sonho trabalhar ali.
Padilha pensou e chegou a conclusão
Que se Bárbara não ficasse ali
Ela iria para outro Cabaré,
E como "raparigas" ganhavam
Mais dinheiro que as prostitutas
Maduras ela a aceitou na casa.
Ali se acabava Bárbara e nascia
"A MENINA DO CABARÉ".
Os homens davam lances como
Em um leilão, quem pagava mais
Tinha o luxo de passar a noite
Com a ninfeta.
Mas o sucesso de Menina
Causou muita inveja em uma
Prostituta velha da casa,
Era ela Maria Eulália,
Uma que ja estava ficando sem
Clientes por ter passado dos quarenta.
Um dia Eulália roubou um broche
De Maria Padilha e escondeu nas
Coisas de Menina para fazer inferno,
Mas Padilha era uma mulher
Difícil de enganar e quando
Encontraram a jóia no armário
De Menina ela usou de seus métodos
(Suas bruxarias)
Para saber quem tinha lhe roubado
E teve a confirmação que havia sido
A velha Eulália.
Padilha deu o broche de presente
Para Menina e para Eulália
Sobrou uma surra de deixa-la toda
Cheia de vergões roxos e ela
Foi expulsa do Cabaré.
Padilha não aceitava mentira e traição.
Eulália jurou se vingar
Disse que mataria Menina a todo custo.
Pouco tempo se passou,
A fama de Menina aumentou e ela
Recebeu o convite de ir
Atender um cliente e foi até ele.
Quando chegou lá o casarão
Estava vazio, apenas com o homem
Dentro, afinal ele não queria que
Ninguém visse ele junto de uma
Marafona mirim.
Durante a noite Eulália entrou na casa
Trancou tudo e ateou fogo.
Menina morreu queimada.
Eulália achava que tinha vencido,
Que havia acabado com Menina.
Mas ela estava enganada.
Menina havia perdido a vida
Mas não a força.
Eulália tinha uma filha
De 14 anos, e era para sustentar
A filha que ela se prostituia mesmo
Estando fora da idade.
A filha de Eulália era uma moça
Recatada que não sabia da profissão
Da mãe.
Um dia ela começou a ter sonhos
Perturbadores com incêndios e com
O tempo ela passou a se portar
Como uma louca.
Eulália sem saber o que fazer
A internou em um sanatório
Afim de cura-la.
Dias depois o hospital avisou
Que a moça havia fugido.
Eulália se desesperou e passou
A procurar a filha em todo canto
Mas não a achou.
Foi então que soube do boato
De que uma nova ninfeta estava
Trabalhando no Cabaré de Maria Padilha.
Eulália se encheu de inveja,
Ela odiava as prostitutas jovens,
Ela odiava as moças.
Ela foi até lá ver quem era essa ninfeta
Da qual todos estavam falando
E quando a viu ficou horrizada
Pois a jovem era a sua filha.
Eulália foi até Padilha exigir
Que ela demitisse a moça
Mas Padilha disse que não,
O único modo da moça partir
Seria se ela mesma quisesse ir.
Eulália então foi falar com a filha
E a ninfeta disse que elas poderiam
Conversar melhor na casa de Eulália
No dia seguinte.
Ela esperou a filha aparecer
E quando ela veio Eulália viu
Que ela se vestia exatamente como
Bárbara, até a maquiagem pesada era idéntica.
Eulália perguntou porque a menina
Estava vestida e pintada assim,
Mas a filha nada disse, apenas entrou
Na casa e trancou a porta.
Eulália estranho aquilo
E a perguntou porque ela
Estava trancando a porta,
A menina então disse
"Não foi assim que você fez para me matar?"
O tom de voz era o de Bárbara.
Eulália aterrorizada percebeu
Que sua filha estava possessa
Pelo espírito da morta, o espírito
Da Menina do Cabaré.
As labaredas apareceram do nada,
A casa foi pegando fogo,
Eulália foi sendo queimada
E a filha dela também.
Menina ali possuindo o corpo
Da filha apenas dava aquela
Risada fininha enquanto via
A carne de Eulália descolando dos ossos.
A mãe e a filha morreram.
O espirito de Bárbara continuou
Por ai a fazer suas artes.
Ela é uma Menina, ela teve
Sua inocência corrompida
E algo quebrou dentro dela
A impedido de evoluir.
Ela existe há séculos mas na verdade
Ainda é a mesma rapariga.
Ela nunca aprendeu o que é
A vida de fato por isso
Ela não tem limites
E trata tudo como se fosse uma
Brincadeira.
Maria Padilha sempre dizia
Que as Pombagiras Meninas são
As mais perigosas pois elas
Não medem as consequências de
Nada o que fazem.
Menina é muito poderosa
E ela gosta de ser tratada como
se fosse adulta mesmo
Que se comporte com infantilidade.

Salve a Menina do Cabaré!
Ela que viveu pouco
Mas depois da morte se tornou uma lenda!