Por que as pessoas nascem deficientes?
A deficiência de uma pessoa, seja ela física, intelectual ou moral, não é um castigo de Deus pelas faltas cometidas em vidas passadas.
A necessidade de certos espíritos pouco evoluídos, intelectual e moralmente, leva-os a reencarnar em sucessivas vidas até alcançarem a perfeição espiritual. Tal objectivo só é conseguido com muita vontade e com a resolução de importantes dilemas.
Não é, pois, por acaso que fomos colocados neste mundo e que a vida é cheia de dificuldades, com uma sucessão de ganhos e perdas. Deus trata todo o ser humano com justiça e equidade, e dá-lhe todas as oportunidades que forem necessárias para ele se rectificar e ascender a uma sabedoria e felicidade superiores.
Porém, a felicidade de um indivíduo depende do bom ou mau aproveitamento das oportunidades, e o sofrimento é a consequência das suas escolhas. A felicidade é o mérito do esforço e da perseverança do próprio.
Quantos seres humanos portadores de deficiência física, intelectual ou moral se revoltam contra Deus, mergulham na depressão e procuram o suicídio ou o charlatanismo de certas seitas religiosas ou mágicas que se dizem capazes de fazer milagres! Quantas pessoas com deficiências graves deixaram de acreditar na possibilidade de uma vida feliz! E o culpado de tudo é Deus, que permite tanta dor e solidão.
No entanto, a compreensão humana é limitada em seres espiritualmente limitados, e a ignorância pode mais do que a razão dos mais esclarecidos e libertos das limitações do corpo.
Se tudo fosse fácil e perfeito, qual seria o nosso papel neste mundo? Se tudo fosse justiça e bondade, como poderíamos alcançar um nível mais elevado de pureza moral? Um mundo em que tudo é perfeito é um mundo monótono e todo o esforço humano é inútil.
Segundo o espiritismo, a cegueira e outras deficiências não são um castigo vindo de um Deus vingativo e cruel. Esta ideia medieval serviu durante muitos séculos para incutir o medo nos fiéis e aumentar o poder da Igreja. Mas para o espiritismo, a deficiência é a descoberta de novas sensibilidades, virtudes e capacidades que estavam adormecidas em nós. É também um teste à nossa coragem e uma forma mais espontânea e simples de ser e de estar na vida, valorizando os aspectos mais positivos e fazendo uma crítica construtiva dos nossos gestos errados.
As dificuldades que temos de vencer são a única forma verdadeira de evoluirmos intelectualmente. Um sábio ditado diz que Deus dá a farinha mas não amassa o pão. Temos de ser nós a mostrar a nós mesmos que somos capazes. Através da vontade e do trabalho desenvolvemos as nossas capacidades intelectuais. Os problemas devem, pois, ser encarados como desafios e uma segunda chance de nos aperfeiçoarmos. O que se ganha é valioso: mais confiança, mais amor à vida, mais resistência para enfrentar as contrariedades, mais inteligência e mais optimismo no progresso.
Porém, tais êxitos só serão possíveis em ambientes estimulantes e com o apoio de espíritos evoluídos ou que também beneficiem da oportunidade de connosco evoluir.
O espiritismo nega que os cegos são santos ou demónios, colocando-os numa posição de igualdade como a todos os demais. Deus não tem favoritismos, nem concede poderes a uns e malefícios a outros. A Sua misericórdia e justiça são aplicadas de igual modo. Nunca deixa desamparados os seus filhos, por mais pródigos que sejam!
Quanto às relações humanas, a exclusão social não é somente da sociedade, mas do excluído, que, se for de espírito fraco, submete-se aos mesmos preconceitos e auto-exclui-se.
Os espíritos que excluem são espíritos pouco evoluídos e que precisam de muita ajuda e de tempo para lidar com a diferença do seu semelhante. Isto só é possível se ambos os indivíduos quererem conviver directamente, aceitando-se e respeitando-se mutuamente.
A diferença humana não está no exterior ou na deficiência, mas sim na personalidade dos indivíduos. Há certos indivíduos com uma personalidade rígida e que são insensíveis para com os outros. Talvez na sua reencarnação presente a deficiência de que são portadores seja uma forma de serem mais abertos e sensíveis para com os outros.
Porém, as razões podem ser muitas outras, o que foi apenas um exemplo que disse acima. De qualquer modo, o essencial é que evoluamos para o bem e que não encaremos a nossa deficiência como uma fatalidade ou como o fim da vida.
O tempo que o deficiente permanece encarnado varia de acordo com suas necessidades, para reajustamento do perispírito. Uns, 3 anos, outros 10 anos, outros 20, outros 40 anos e outros desencarnam e voltam outra vez deficientes, tamanho é o desequilíbrio acumulado. O perispírito recebe todos os resultados de nossas ações, resultados esses que ficam em forma de reflexos nele impregnados. E, se bons, nos ajudam a evoluir e ter vida e corpos saudáveis, mas se ruins, nos causam sérios problemas, sofrimentos e prejudicam nossos corpos nos futuros renascimentos. Resultado do que nós mesmos nos causamos. (Cap. V. O Evangelho Segundo o Espiritismo ("as vicissitudes da vida têm uma causa e uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa também").
ALGUNS MOTIVOS QUE RESULTARAM EM CORPOS DEFICIENTES:
1) Espírito, por consciência pesada, remorso destrutivo, por muitos erros cometidos, lesou seu perispírito e seu corpo nasceu deficiente mental e físico, para reajuste.
2) Espírito suicida, não encontrando desculpas por ter destruído seu corpo saudável, através das drogas, não quis se perdoar. Os mentores entenderam que só melhoraria na matéria, seu estado era de grande perturbação. Nasceu deficiente mental.
3) Os que se enforcaram carreiam consigo os dolorosos distúrbios do sistema nervoso, como sejam as neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil; os que estilhaçaram o crânio experimentam desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o cretinismo. (Livro: Religião dos Espíritos, Emmanuel).
4) Espírito extremamente viciado em drogas, continuou assim no mundo espiritual e renasceu em corpo deficiente pelo estado em que se encontrava seu perispírito deformado.
5) Intelectuais e artistas que usaram sagrados recursos do espírito na perversão dos sentimentos humanos, rogam aparelhos cerebrais com inibições graves e dolorosas para que, nas reflexões de temporário ostracismo, possam desenvolver as esquecidas qualidades do coração (Livro: Ação e Reação, A.Luiz, cap.19).
6) Espírito de grande maldade teve perseguição implacável no umbral e as pressões o transformaram em ovóide (perdeu a forma perispiritual). Nasceu deficiente mental.
7) Espírito suicidou esmagando seu crânio. Não conseguiu recuperar-se no mundo espiritual, renasceu em corpo deficiente, doente mental.
Espírito que não precisava de prova alguma, pediu para nascer e com seu sofrimento encaminhar seus pais para Deus e espiritualizarem-se. Ficou deficiente e os pais por se dedicarem muito a ele passaram a ter o hábito da oração, encontraram a fé verdadeira e espiritualizaram-se, através dos caminhos do amor ao filho necessitado.
9) Espírito avarento, muito apegado ao dinheiro. Egoísta ao extremo, não queria saber do próximo. Fechou-se em si mesmo e nasceu autista.
10) Espírito teve corpo saudável, pais honestos, vida confortável, mas não deu valor a nada disso e porque não teve um gosto seu realizado, suicidou-se. Sofreu muito, não se conformava em ter perdido uma oportunidade de vida na terra que poderia ter sido tão boa para o seu espírito e queria se regenerar, limpar sua consciência e pediu para nasceu deficiente e aprender a valorizar a vida. Foi permitido, seus pais tinham sífilis e nasceu com o cérebro e o corpo lesados. Foi um deficiente físico e mental.
Se ainda considerarmos que a deficiência não é necessariamente um resgate, uma expiação, mas pode ser também uma prova solicitada pelo espírito desejoso de exemplificar a fé e a perseverança, motivos ainda maiores teremos para aceitá-lo entre nós, conviver com essa diversidade que, graças a Deus, é transitória.
Reencarnação:- "Somos livres para praticar boas ou más ações e as consequências dessas ações voltam para nós. Quando imprudentemente agirmos errado, não há reparação sem fim, a reação pode ser de sofrimento, mas é passageira, dura de acordo com a necessidade de cada um. Deus nos dá oportunidade de reparar nossos erros, de aprender com o sofrimento para progredirmos". Essa reparação, ocorre na reencarnação, tão bem explicada na questão 171 de "O Livro dos Espíritos".