segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Francisca da Silva - Iyá Nassô

ialorixá Francisca da Silva - Iyá Nassô ou Iá Nassô[1][2] é uma das três fundadoras do Candomblé da Barroquinha, juntamente com outras duas Yás. São elas Iá Acalá (Iyá Akala) e Iá Adetá (Iyá Adeta).
Muitos tem sido os interessados em desvendar o mistério que paira sobre a origem do Candomblé de Ketu. Além de Pierre VergerVivaldo da Costa LimaNina RodriguesEdison Carneiro, entre outros, temos alguns contemporâneos como Renato da Silveira e Lisa Earl Castilho que trazem a tona muitos documentos que apontam para desmitificação desta história.

História[editar | editar código-fonte]

O nome religioso Iyá Nasso, que como já esclarecido por diversos estudiosos do assunto, é o nome de um título da corte do Alafin de Oyo, que é o responsável pelo culto a Sango (Xangô) e às divindades secundárias ligadas a este no palácio de Oyo, importante cidade-estado da Nigéria.
Através do testamento deixado por Marcelina da Silva (Obatossi) em que ela descreve seu desejo de que seja celebrada in memorian missa a seus antigos senhores Jose Pedro Autran e Francisca Silva casados, moradores da Ladeira do Passo, na Freguesia do Passo, em Salvador e seu filho Domingos, a pesquisadora Lisa Earl Castilho da início a uma série de desenrolares na história acerca dessa figura lendária.
Através de outros documentos, ela identifica que este senhores a que Marcelina (Obatossi) cita em seu testamento eram negros da Costa, forros libertos, e também proprietários de escravos, já que naquela época a posse de escravos era considerado um investimento seguro e lucrativo, mesmo por parte de ex escravos, que apesar do preconceito existente ascenderam economicamente na Bahia daqueles tempos. Esta senhora e seu marido Jose Pedro Autran constam em muitos documentos principalmente em concessão de alforrias, em especial em fevereiro de 1837, quando concederam mais de 15 alforrias a seus escravos, inclusive a Marcelina (Obatossi) e sua filha a crioula, Magdalena, constando mais tarde, em outubro, na alfândega registros de vistos para seus escravos alforriados para viagem a África, mais especificamente a Costa, como era conhecida aquela região da África naqueles tempos. Isso comprova o que diz a tradição oral a respeito da viagem a África por Iya Nasso e Obatossi relatada por Mãe Senhora a Pierre Verger e Costa Lima.
Mas o fato motivador da viagem desta de volta a África pode ter sido por outras razões que não o de aperfeiçoar seu conhecimento a respeito do culto aos Orixás. Considerando a hipótese apontada pela pesquisadora de que Francisca Silva seria a lendária Iya Nassô, "comprovada" por toda documentação pesquisada, esta teria saído do Brasil por conta da perseguição estabelecida pelas autoridades após a Revolta dos Malês na Bahia, tendo seu filho como um dos suspeitos da insurreição. Ela em defesa de seu filho, Domingos, citado por Obatossi em seu testamento, opta por deixar o país em troca de seu filho ser deportado. Segundo a pesquisadora, após Outubro de 1837, nada mais indicava um retorno de Francisca Silva (Iya Nassô) a Bahia, tendo possivelmente falecido por lá. No entanto em meados nos anos de 1840 documentos voltam a apontar Marcelina da Silva (Obatossi) tais como registros de batismo, escrituras de imóveis apontando que esta voltou da viagem a África e se estabeleceu novamente na Bahia, possivelmente assumindo o culto deixado por Iyá Nassô, e mais tarde fundando o Terreiro da Casa Branca o Ilê Axé Iyá Nassô Oká.
Na pesquisa, um outro descrito interessante refere-se a prisão de seus filhos suspeitos de participantes da Revolta dos Malês, ns ocorrências policiais testemunhos de pessoas próximas da casa de Francisca Silva descreve festas com a presença de um grande número de nagôs, vestidos de branco e vermelho com colares no pescoço, cânticos em língua iorubá, possivelmente um culto a Xangô já que seu outro filho Thomé possuía registro de origem, ele vinha de Oyo.
Todos estes fatos documentados apontam para uma hipótese bastante concreta de que Francisca Silva tenha sido Iyá Nassô e que esta tenha de fato trazido consigo o culto a Xangô e talvez outras divindades secundárias daquela região de Oyo, e tenha voltado a África sem retorno a Bahia, porem deixado para sempre seu nome registrado na história do Candomblé de Ketu, sucedida anos depois por Marcelina Silva (Obatossi) que mais tarde o lado de Iya Adeta e Akala fundam a Casa Branca.
Concluindo todos estes fatos constatados a hipótese é de que Iya Nassô tenha sido mesmo a Sra. Francisca Silva e tenha cultuado Xangô em sua própria casa até sua partida para África, permanecendo no Brasil ainda Iyá Adeta e Akala que promoviam também em suas casas cultos a Odé (Oxossi) e Aira. A outra hipótese que conclui-se é que o Candomblé da Barroquinha a que todos se referiam eram os festejos realizados no salão de festa anexo a Igreja da Barroquinha, sede da Irmandade dos Martírios, aonde realizam a sombra do sincretismo festas a seus Orixás, o Candomblé como conhecemos hoje só teria passado a existir a partir da fundação da Casa Branca.

Mãe Carmem

Mãe Carmen
Mãe Carmem no Gantois2012.
Nome completoCarmen Oliveira da Silva
Nascimento29 de dezembro de 1928 (90 anos)[1]
SalvadorBahia
 Brasil
Nacionalidadebrasileira
ProgenitoresMãe: Mãe Menininha
Pai: Álvaro MacDowell de Oliveira
OcupaçãoSacerdotisa (Iyalorixá)
PrêmiosMedalha 2 de Julho
Medalha da Diversidade Cultural - Unesco
ReligiãoCandomblé
Portal da Religião
Carmen Oliveira da Silva, conhecida por Mãe Carmen do Gantois ou Mãe Carmen de Oxalá, (Salvador1928) é a Iyalorixá do Candomblé, do Terreiro do Gantois, na cidade de SalvadorBahiaBrasil.
É a filha mais nova de Mãe Menininha do Gantois é a irmã caçula de Mãe Cleusa Millet. Passou toda sua vida se dedicando ao candomblé com a mãe. Carmen foi iniciada no Candomblé para Oxalá,que é o seu pai de cabeça, quando ainda era criança e desde então, não parou mais de se aprofundar nos estudos religiosos e fazer suas obrigações espirituais. Após a morte de Mãe Cleusa de Nanã, em 15 de Outubro de 1997,ela assumiu o cargo de Iyalorixá do Terreiro.Carmen Oliveira da Silva, funcionária aposentada do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, seguiu por alguns anos em sua carreira de contadora, mas o seu destino já havia sido traçado pelos orixás, e foi convocada para assumir o trono do Gantois. Filha caçula de Mãe Menininha, Mãe Carmen de Oxaguian foi iniciada aos 7 anos de idade, nasceu e cresceu dentro da Casa do Candomblé, e viveu grande parte de sua vida como Iyalaxé do Gantois. É mãe de 2 filhas, Ângela Ferreira Iyakekerê e Neli Cristina Iyadagan; tem 3 netos, sendo todos iniciados no candomblé, e uma bisneta. Desde 2002, está no comando do Candomblé do Ilé Iyá Omi Asé Iyamasé – Terreiro do Gantois, na cidade de SalvadorBahiaBrasil,quando assumiu o posto de Iyalorixá.
Ao longo dessa trajetória, desempenha um papel fundamental na preservação das tradições de sua família, que possui ancestralidade africana, dando seguimento com muito respeito, amor e firmeza à missão que os Orixás designaram.
Recebeu a Medalha 02 de Julho, pela Prefeitura Municipal de Salvador, entregue a personalidades baianas de destaque. E, pelo Governo do Estado, possui o título de Grã Mestre Comendadora. Em virtude de todo o trabalho que tem desenvolvido para preservação das tradições numa perspectiva de diálogo inter-religioso, Mãe Carmen foi agraciada com a “Medalha dos 5 Continentes ou da Diversidade Cultural”, comenda entregue pela Unesco, através Presidente do Conselho Executivo da Unesco e Delegado Permanente do Benin, Embaixador Olabiyi Babalola Joseph Yai, em maio de 2010. Além da comenda,Mãe Carmen recebeu do Embaixador as faixas da Sociedade Secreta Gueledés, por ser uma liderança que salvaguarda a ancestralidade de matriz africana em sua comunidade.
Participou da coletânea de textos para o livro “Recomeços”, da jornalista e escritora Lina de Albuquerque, pela Saraiva Editora, com um depoimento de vida, relatando a trajetória determinada pela ancestralidade.
Além da parte religiosa, Mãe Carmen também promove ações sócio-educativas junto a comunidade do Gantois, realizando, juntamente com a Associação de São Jorge Ebé Oxossi, benfeitorias para o bairro.
Na parte cultural, empreendeuações voltadas para acessibilidade à memória da religiosidade de matriz africana na Bahia, com cursos de ritmos e toques, dança, bordados tradicionais, dentre outros, intercâmbio com instituições culturais do Brasil e do exterior, principalmente ÁfricaCubaFrança e Estados Unidos, que possuem eixos de trabalho e pesquisa voltados para a problemática social do negro. Com o tombamento do Gantois, em 2002, também voltou-se para os cuidados com a questão patrimonial material e imaterial existente no Memorial Mãe Menininha, cujo resultado pode ser conferido com a obra “Memorial Mãe Menininha do Gantois – Seleta do Acervo”, da qual é autora e que foi lançada em julho de 2010. Ainda no campo artístico, Mãe Carmen foi homenageada com a composição da música “A Força do Gantois”, composta pelo sambista Nelson Rufino, lançada em agosto de 2011. Em março de 2013 retornou ao cargo de Presidente da Associação de São Jorge Ebé Oxossi, entidade mantenedora da Casa do Gantois, tendo sido eleita pelos associados integrantes e pela comunidade-terreiro.[

Mãe Nitinha de Oxum

Mãe Nitinha de Oxum
Nascimento12 de setembro de 1925
Morte4 de fevereiro de 2008 (82 anos)
CidadaniaBrasil
OcupaçãoIyalorixá
ReligiãoCandomblé
Areonite da Conceição Chagas ou Iyá Nitinha - (12 de setembro de 1925 - 4 de fevereiro de 2008) foi IyakekerêIyatebexê, e Ojuodé da Casa Branca do Engenho Velho em Salvador e Iyalorixá em sua casa no Rio de Janeiro, Terreiro de Nossa Senhora das Candeias, em Miguel Couto na Baixada fluminense.[1]
Mãe Nitinha faleceu na tarde do dia 04 de fevereiro aos 83 anos, no Hospital Evangélico, em Brotas, onde estava internada há 12 dias, vítima de insuficiência respiratória, foi sepultada dia 05/02/2008, às 14h, no Cemitério Jardim da SaudadeSalvadorBahia. No terreiro da Casa Branca tiveram início no dia seguinte os rituais do Axexê, que tem duração de vários dias.[2] O axexê em Miguel Couto teve início aos 12 de março de 2008, sob a direção do babalorixá Air José, do Terreiro Pilão de Prata e Pai Valdemar Ogunssy do Ilê Axé Alarabedê Terreiro Alarabedê.

Makota Valdina

Valdina de Oliveira Pinto, conhecida como Makota Valdina (Salvador15 de outubro de 1943[1] — Salvador19 de março de 2019), foi uma Anciã, educadora, líder comunitária e ativista brasileira. Valdina atuou boa parte da sua vida na luta pelo combate a Intolerância religiosa, como porta-voz das religiões de matriz africana, bem como dos direitos das mulheres, do meio ambiente e da população negra. Com a iniciação seu nome religioso passou a ser Makota Zimewaanga

Vida[editar | editar código-fonte]

Makota nasceu no bairro do Engenho Velho da Federação, na cidade de Salvador, Bahia, era filha de Eneclides de Oliveira Pinto e de Paulo de Oliveira Pinto.[1]
Formou-se em 1962 pelo antigo Instituto Educacional Isaías Alves (IEIA), atual ICEIA, entretanto, bem antes desta data já atuava na comunidade. Ensinou na Associação dos Moradores de Bairros, em escolas, e até na sua própria casa. Por conta da sua atuação na comunidade através do viés educacional, foi convidada a lecionar português nas Ilhas Virgens a um grupo de estrangeiros que viriam ao Brasil pelo Corpo da Paz[1]
No início da década de 70 Makota abandonou o catolicismo, e em 1975, iniciou-se no Candomblé. No Terreiro Tanuri Junsara, liderado pela Sra. Elizabeth Santos da Hora, foi confirmada para o cargo de Makota – assessora da Nengwa Nkisi (Mãe-de-Santo). Com a iniciação, recebeu seu nome de origem africana, tornando-se a Makota Zimewaanga.[1]
Foi membro do Conselho Estadual de Cultura da Bahia. Exerceu a função religiosa de Makota (assistente de mãe de santo) do Terreiro Nzo Onimboyá, no Engenho Velho da Federação, bairro em que nasceu e cresceu.[2] Desde a década de 1970, Valdina lutava contra a Intolerância religiosa e o racismo.
Durante os mais de cinquenta anos de ensinamentos e atividades em prol da preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, Makota Valdina recebeu diversas condecorações, como o Troféu Clementina de Jesus (UNEGRO), Troféu Ujaama, Medalha Maria Quitéria e Mestra Popular do Saber.[3]
Em 2013, ela lançou o livro Meu Caminho, Meu Viver, durante um evento no Forte da Capoeira, no Largo Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador. O mês escolhido para o lançamento da obra simbolizou a morte de Zumbi dos Palmares, representante da resistência negra à escravidão no Brasil. Na ocasião, Makota disse esperar que o livro motivasse as pessoas a registrar suas histórias, principalmente os negros. "A história de vida de cada negro é parte de uma história coletiva que ainda está por ser verdadeiramente conhecida por muitos", escreveu na obra.[3]
Dirigido por Joyce Rodrigues, o documentário Makota Valdina - Um jeito Negro de Ser e Viver, retratou sua vida e recebeu o primeiro Prêmio Palmares de Comunicação, da Fundação Cultural Palmares, na categoria Programas de Rádio e Vídeo.[4] Em 2013, Makota Valdina publicou o livro de memórias intitulado "Meu caminhar, meu viver".[5]
Foi homenageada com os prêmios: Troféu Clementina de Jesus, da União de Negros Pela Igualdade (UNEGRO), Troféu Ujaama, do Grupo Cultural Olodum, Medalha Maria Quitéria, da Câmara Municipal de Salvador, e Mestra Popular do Saber, pela Fundação Gregório de Mattos.[6]
A religiosa, faleceu na madrugada do dia 19 de março de 2019, Segundo a família, Makota estava hospitalizada há um mês, no Hospital Teresa de Lisieux. Ela teria dado entrada na unidade com dores causadas por pedras no rim, mas, durante a internação foi constatada um abcesso no fígado e, no domingo, Makota sofreu uma parada cardio-respiratória. Ela entrou em coma e não resistiu.[7] Seu corpo foi velado no Cemitério Jardim da Saudade, Makota não deixou filhos biológicos

Pulchéria Maria da Conceição

Pulchéria Maria da Conceição
Nascimento1840
Morte1918 (78 anos)
CidadaniaBrasil
OcupaçãoIyalorixá
ReligiãoCandomblé
Pulchéria Maria da Conceição Nazaré ou Mãe Pulchéria, (1840-1918), foi a segunda Iyálorixá do Terreiro do Gantois.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Sucessora de Maria Júlia da Conceição Nazaré, como não teve filhos, o cargo foi transmitido em 1918 para sua sobrinha, Maria da Glória Nazareth a mãe carnal de Mãe Menininha do Gantois.
Sua mãe, Maria Júlia, moradora da antiga rua da Assembleia, no atual Centro Histórico de Salvador, pertencia ao Candomblé da Barroquinha (depois transferido para o Engenho Velho com o nome de Ilé Iya Nassô Oká) e, tendo sido preterida na sucessão da casa, resolvera fundar sua própria, onde hoje fica a Federação, em terreno alugado por seu pai, Francisco. Era o terreiro do Gantois - nome derivado da família belga de traficantes de escravos que era dona do local[1].
Pulchéria assumiu o Gantois no ano de 1910[2], ampliando os trabalhos iniciados pela mãe. Frequentava o Gantois, neste período, o célebre médico Nina Rodrigues, vindo posteriormente a se tornar ogã[1]. Além dele, Pulchéria conseguiu ampliar os trabalhos e dar grande notoriedade ao Gantois, tendo mais tarde registrado o jornal O Estado da Bahia, depoimento de Severiano Manoel de Abreu (o Jubiabá do romance de Jorge Amado) que "Pulcheria, Nana e Nicácio tiveram as suas roças frequentadas por destacadas figuras sociais da cidade, políticos eminentes, secretários de governos passados, etc., durante os dias de festa, rodeando as camarinhas onde as filhas de “Xangô”, “Oxalá” e “Oxóssi” faziam o seu noviciado com filhas de santo, trajando de branco e de cabeça rapada"[3]
Segundo ainda o mesmo jornal, no Gantois o "terreiro da Pulchéria" continuou, mesmo após sua morte, a ter este nome como reconhecimento junto ao grande público. Assim foi que, a 26 de maio de 1937, publicou O Estado da Bahia, a seguinte nota:
Um novo “terreiro” no Gantois
Será lançada manhã, às cinco horas da tarde, a pedra fundamental do novo “terreiro” do Gantois, ampliando a construção antiga.
Fará essa festa, os “Ogãs” e as pessoas gradas do candomblé estão convidando todos os seus amigos.
Depois dessa cerimônia, começará a festa no velho “terreiro” da Pulcheria, pela noite a dentro. 

Sylvia de Oxalá

Sylvia EgydioIyá Sylvia de Oxalá[1] (São Paulo, 15 de julho de 1935 - São Paulo, 8 de agosto de 2014)[2], foi Iyálorisá do terreiro de Candomblé paulista Axé Ilê Obá de 1986 a 2014.Paulista nascida no bairro da liberdade, uma pessoa de fibra, concentrada, estudiosa e trabalhadora, com formação acadêmica multidisciplinar: enfermagem, administração, relações internacionais, empresária de sucesso, mas nascida, preparada e destinada a ser Ialorixá do Axé Ilê Obá e substituir Pai Caio de Xangô, na importante tarefa de preservar e ensinar o modo de vida, a valorização e desestigmatização da religião da orixalidade – o Candomblé.
De fevereiro de 1986 a agosto de 2014 Mãe Sylvia de Oxalá esteve no comando deste importante espaço religioso, consagrado e reconhecido como 1º espaço de Candomblé tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio  Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) como patrimônio Histórico e  cultural – Espaço de preservação das tradições ligadas à Orixalidade, como resultado do esforço desta importante líder religiosa.
Foram 32 anos de dedicação total ao Axé Ilê Obá sempre pronta a resgatar as tradições da raça negra e fortalecer os territórios negros de forma a romper com todo e qualquer tipo de preconceito e intolerância. Ressaltou a importância da sociabilidade do terreiro e a manutenção da identidade negra na cidade de São Paulo.
Mãe Sylvia de Oxalá foi uma importante liderança religiosa, cultural e política. Sempre muito atuante junto a comunidade e preocupada em difundir os trabalhos desenvolvidos através de participação em palestras, conferências e congressos com foco no trabalho de Durban (tratado concebido em Congresso, 2001, na África do Sul), no compromisso em prevenir, combater e erradicar o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância.
Idealizadora e fundadora do “Acervo da Memória e do Viver Afro Brasileiro Caio Egydio de Souza Aranha”, importante território conquistado para preservar e divulgar a cultura afro-brasileira, respeitando suas características ligadas à oralidade, o respeito a ancestralidade e a comunidade que deve se apropriar do conhecimento e compartilhá-lo para crescer e cada vez mais se reconhecer e fortalecer. Espaço este que requer luta constante para a sua autonomia e cumprimento de seu destino.
Os trabalhos de Mãe Sylvia de Oxalá em defesa das tradições e atuação em obras sociais junto à comunidade  renderam inúmeras homenagens e prêmios, no Brasil e exterior:
  • Prêmio Luiza Mahin 2012 – Câmara Municipal de São Paulo;
  • Homenageada na exposição Raízes: Mulheres d´África, 2012 pelo Governo do Estado de São Paulo e Secretaria de  Cultura por sua atuação no combate ao racismo junto à sociedade;
  • Diploma de Gratidão de São Paulo, 1998;
  • Medalha Anchieta, 1998;
  • Prêmio Niños de la Calle, em Madrid;
  • Prêmio Humanista, da Universidade de Ciências de Moscou, entre outros.
De 26 de Julho a 1º agosto de 2014 participou do importante evento I Seminário Internacional para Preservação do Patrimônio Compartilhado Brasil – Nigéria, que aconteceu em Salvador, Bahia.

Mãe Juju D’Oxum

Juvergínia Cerqueira de Amorim dos Santos ou Mãe Juju D’Oxum (MuritibaBahia, 23 de junho de 1936 - ), Iyalorixá do candomblé Ilê Maroketu Axé Oxum localizado no Jardim Iva, São Paulo. Filha biológica de Pai Nézinho de Muritiba, e filha de santo de Mãe Menininha do Gantois.[1]
Ìyálóòrìsà Juju T’Ọ̀ṣùn
"Fui iniciada na roça da Muritiba, Ibecê Alaketu Axé Ogun Megêge, casa de papai, pela minha Mãe Menininha do Gantois” conta Mãe Juju. Era fevereiro de 1940, acontecia à festa anual do Ògún de Pai Nezinho, um dos mais importantes sacerdotes da história do candomblé e pai carnal de Mãe Juju. Era 1936, exatamente, dia 23 de junho, nascia Juvelgínia Batista do Amorin, no Recôncavo baiano e quatro anos mais tarde dá-se início a trajetória espiritual desta Iyalorixá, tão querida por todos. Mãe Menininha se deslocava do bairro da Federação na capital baiana à roça da Muritiba para celebrar os festejos em homenagem a Ògún. No auge da juventude, Mãe Juju, envolvia-se com as atividades da roça, mas não se sentia à vontade. A mocidade falava mais alto. Pai Nezinho mantinha pulso firme com Mãe Juju, sua filha carnal. “Eu me sentia obrigada a seguir a religião” desabafou Mãe Juju."
Casou-se e morou em Salvador. Em meio das festividades da independência do Brasil chega à cidade de São Paulo com o marido e o filho Valdir, o primogênito, exatamente no dia 07/09/1959. “A principio tudo parecia estranho: o frio, as trovoadas e a saudade da família eram companheiros constantes”. Durante 10 anos residiu na Rua Serra da Piedade, 177, no bairro da Vila Prudente da zona leste paulistana. “Eu jogava búzios escondida, meu marido não gostava da religião” afirma a Iyalorixá. Além de Valdir, a sacerdotisa deu à luz Vera, Valmir e Vânia nascidos em São Paulo.
Pai Nezinho, vendo a dificuldade da filha, a presenteia com o terreno onde, posteriormente, foi construído o Ilê Maroketu Axé Oxum. Ìyá Juju muda-se definitivamente para o Jardim Iva em Sapopemba. Apesar dos obstáculos, principalmente os financeiros, a casa é inaugurada em julho de 1974. Infelizmente, antes da inauguração a Iyalorixá sofre uma grande perda, em junho de 1973, não somente ela, todos os filhos do Axé Muritiba perdem o grande pai Nezinho de Ogun.
A inauguração estava marcada para julho daquele ano, mas devido ao luto e aos preceitos da religião, a casa é inaugurada no ano seguinte, em julho de 1974. Conta Mãe Juju que vários amigos e irmãos ajudaram muito nos primeiros anos. Ela destacou Mãe Bida e seus irmãos e grandes amigos Tata Pérsio e Pai Waldomiro, que a auxiliaram no começo da casa como também seu irmão Jorge Amorin. O primeiro filho a ser iniciado foi Felix de Ògún, já falecido. O Ilê Maroketu Axé Oxum foi frequentado por várias personalidades do candomblé. Atualmente Mãe Juju tem mais de mil e duzentos filhos espirituais espalhados pelo Brasil e pelo Mundo.
O advento dos 70 anos proporcionou a Mãe Juju algumas marcantes homenagens. Foi agraciada, em 2010, pela Câmara Municipal de São Paulo como a maior representante das religiões de matriz africana da cidade de São Paulo, na comemoração dos 450 anos do parlamento paulistano. No mesmo ano recebeu do mandato do saudoso Deputado José Cândido e d’As Águas de São Paulo o título de Iyá Agba, a Mãe Anciã do candomblé Paulista.
Com 70 Anos de iniciação, Mãe Juju é uma das sacerdotisas mais antigas em atividade no país. Com toda a idade, a Iyalodê ainda se permite acariciar os filhos e lhes proporcionar palavras de conforto e sabedoria nos momentos mais difíceis. Sete décadas que deram a Mãe Juju a soberania de uma rainha, digna de toda pompa e honrarias. Mãe Cacho de OmoluTio Jorge de OxóssiMãe Bem de Oxoguiã são, junto aos incontáveis filhos espirituais, o porto seguro desta Iyá Nilá que com sua graça irreverência e autenticidade encanta São Paulo e fez com que nesta cidade todos nós também sejamos filhos de Oxum”.

Juliana da Silva Baraúna

Juliana da Silva Baraúna ou Mãe Teté de Iansã (Oya Tumkecy) [1](Salvador 19 de junho de 1916 - Rio de Janeiro 2 de março de 2006) - foi Iyakekerê da Casa Branca do Engenho Velho em Salvador e Iyalorixá em sua casa no Rio de Janeiro.
Mãe Teté faleceu em 2 de março de 2006, no hospital Carlos Chagas no Rio de Janeiro, aos 71 anos de iniciação para Yansan e seu corpo foi velado em sua Casa de Candomblé em Guadalupe, Rio de Janeiro.
Ela foi uma importante figura da Casa Branca do Engenho Velho, conhecedora de tradições antigas que estão se perdendo com a passagem para o Orun de ilustríssimas personalidades como esta doce egbomi que Olorun levou para seu reino.

Terreiro do Alaketu


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Terreiro do AlaketuIlé Maroialaji AlaketuIlé Axé MariolajéIlê Maroiá Lájié, é um terreiro brasileiro de Candomblé. Está localizado à Rua Luiz Anselmo, bairro do Matatu em Salvador e foi fundado em 1636 por Maria do Rosário, Otampê Ojaro, descendente da Familia Real de Ketu.[1][2] Também conhecido como "Casa de Mãe Olga do Alaketu", a qual lidera o terreiro como ialorixá. É um dos terreiros mais antigos do Brasil, havendo relatos orais que apontem sua fundação no século XVII, e documentos formais de 1858.[3]
Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sob o processo n.º 1484=T-01, de 2005.[1]
O Alaketu é uma comunidade que a sucessão do sacerdócio se processa sempre dentro da línhagem de descendência direta de sua fundadora.
A quarta sacerdotisa a ocupar o trono desta casa dedicada a conservar a tradicão mais pura do candomblé foi a ialorixá Olga Francisca Regis (Oyáfúnmi), conhecida internacionalmente por ter filhos de santo em outros países da América do Sul e na Europa.

História[editar | editar código-fonte]

As primeiras donas do Alaketu eram gémeas e foram capturadas na beira do rio de Minas Santé, que eram fundos do reinado do Ketu. Vieram para o Brasil não como escravas e ali foram criadas até a idade de dezesseis anos, quando voltaram para a África.
Casaram com 22 anos de idade e voltaram para o Brasil abrindo então o terreiro do Alaketu no dia 8 de Maio de 1616.
A dona do Alaketu, que fundou o terreiro, chamava-se Iyá Otampé Ojarô, e a irmã chamava-se Iyá Gogorisa. Sua filha chamou-se Iya Acobiodé. Esse é o primeiro nome que tem qualquer pessoa que seja a primeira filha de um reinado em Ketu.
Depois de Acobiodé vieram dois filhos homens de nome Babá Aboré e Bábá Olaxedom. Baba Aboré foi pai de Obá Oindá, que quer dizer “mulher de rei”, Todas as mulheres desta família tem nomes de Iyaba e os homens de Obas, pertencentes ao reinado de Ketu. Informação dada por D. Olga de Alaketu.[2]

Tradição[editar | editar código-fonte]

tradição oral da casa sugere sua fundação no fim do sec.XVIII. O documento oficial mais antigo ligado à casa é a escritura do terreno da roça extraída por ocasião do inventário do neto da fundadora da casa em 1867.
A tradição diz que o terreiro foi fundado por uma africana originária de ketu, no Daome, que veio para o Brasil com a idade de 9 anos, recebeu o nome de Maria do Rosário. Seu nome africano era Otampé Ojaro. A roça foi consagrada a Oxossi – um dos antigos e principais orixas de Ketu – e a casa de culto construída na roça foi dedicada a Osumare. iro Otampe Ojaro a fundadora e primeira mãe do Alaketu era filha de Osumare, orisa nago intimamente associado ao arco-íris.
Conta a tradição da casa que foi este orisa quem se apresentou no mercado de escravos “na figura de um senhor de posses, alto e simpático” e comprou Otampe Ojaro e sua irmã gémea que com ela viera, alforriando-se em seguida. Otampe Ojaro voltou mais tarde para África onde se casou com Baba Laji em nome de branco “Porfírio Regis”.
Voltou então Otampe Ojaro á Bahia onde comprou o terreno da roça – “por seis patacas” – e fundou o terreiro a que deu o nome de Ilé Maroialaji. A tradição da casa fala no rapto das duas irmãs “em um riacho perto de ketu” pelos daomeanos numa das suas incursões predatórias.
A genealogia de Olga Francisca Regis remonta a cinco gerações, e os claros na sua diagramação foram explicados por se referirem “a pessoas que não tiveram muita obrigação na casa”.
O nome Ojarô, uma abreviatura de Ojá Aro, é o nome de uma das cinco famílias reais conhecidas em Ketu e de onde ainda são escolhidos os Alaketu, num sistema rotativo.

Sacerdotes[editar | editar código-fonte]

Nome de sacerdotes e o período em que exerceu o cargo:
  • Otampê Ojá Arô e Babá Alaji - Porfírio Regis - Maria do Rosário (Otampê Ojaro)
  • Odé Akobi - João Regis - Chiquinha (Ode Acobi ou Acobiodé)
  • Babá Aboré - José Gonçalo Regis (Babá Boré) - Iyá Merenundé
  • Bira da Oxum, 1987
  • Etelvina Francisca Regis (Ogun Lonan)- iyá kèkèré do Alaketu
  • Dionísia Francisca Régis - João Nepomuceno - Maria Francisca (Makende) - Dionísia (Oba Dindá)
  • Olga de Alaketu, Olga Francisca Regis (Oyáfúnmi) - José Cupertino Barbosa - 2005
  • Jocelina Barbosa Bispo, mãe Jojó de Alaketu, 2005
  • José, Louriel, Gérson, Joselina, Joselita, Josenira, Genival e Jonilson