BARÁ
É o Orixá que recebe suas oferendas em primeiro lugar. Nada se faz sem antes agradar a Bará, pois ele é o intermediário entre os homens e os Orixás, é o dono das chaves que abrem ou fecham os caminhos.

Se estiver atrapalhado, sem emprego, sem rumo, ou deseja realizar qualquer tipo de negócio se apegue com este Orixá, o Bará pode te dar a solução.
Não existe nenhum terreiro de tradição africana que não tenha o assentamento do Bará. Ele é o princípio e o fim de tudo, até após a morte de um iniciado na religião, o primeiro a receber ritual é o Bará.
Bará em Yorubá quer dizer força; se for bem tratado reage favoravelmente em prol de quem lhe oferendou. Olorum concedeu ao Bará o privilégio de receber as oferendas em primeiro lugar. Sem ele nossas orações não seriam ouvidas por nenhum outro Orixá, nem mesmo no orum.
Seus símbolos são a chave, a corrente de aço ou ferro, moedas.
Sua cor é o vermelho.
Sua oferenda consiste de milho torrado, batata assada, pipoca, azeite de dendê.
O dia da semana é Segunda-Feira.
Seu número é o 7.
Sua Saudação: "alupo" ou "lalupo".
Adjuntós - Elegba com Oiá Timboá, Lodê com Iansã ou com Obá, Lanã com Obá ou com Oiá, Adague com Oiá ou com Obá, Agelú com Oxum Pandá e as vezes com Oiá
Ferramentas - corrente, chave, foice, moeda, búzios e garfo.
Ave - galo vermelho
Quatro pé - cabrito branco, marrom, vermelho ou de cor escura, preto e branco.
Sincretismo Religioso:
Bará Lodê - São Pedro.
Bará Lanã - Santo Antônio do Pão dos Pobres
Bará Adague - Santo Antônio
Bará Agelú - Menino no colo do Santo Antônio
Os Arquétipos (filhos):
Os filhos de Bará possuem um caráter ambivalente, ora são pessoas inteligentes e compreensivas com os problemas dos outros, ora são bravas, intrigantes e ficam muito contrariadas. As pessoas de Bará não têm paradeiro, gostam de viagens, de andar na rua, de passear, de jogos e bebidas. Os filhos de Bara Lodê quase sempre estão envolvidas em intrigas e confusões. Guardam rancor com facilidade e não aceitam ser vencidos. Por isso para conviver com filho de Bará é preciso muito jeito e compreensão ao tratar-se com ele.
Lenda:
Conta a lenda que houve uma demanda entre Bará e Oxalá para que pudesse saber quem era o mais forte e respeitado, e foi aí que Oxalá provou a sua superioridade pois, durante o combate, Oxalá apoderou-se da cabaça de Bará a qual continha o seu poder mágico transformando-o assim em seu servo. Oxalá então permitiria que Bará a partir de então recebesse todas as oferendas e sacrifícios em primeiro lugar. A importância de Bará é fundamental, uma vez que ele possui o privilégio de receber todas as oferendas e obrigações em primeiro lugar, nenhuma obrigação deve ser feita sem primeiro saudar a Bará. É o dono de todas as encruzilhadas e caminhos, é o homem da rua, quem guarda a porta e o portão de nossas casas, quem tranca, destranca e movimenta os mercados, os negócios, etc. Bará também nos confirma tudo no jogo de IFÁ (Búzios).
Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca. Seus campos estavam secos e a chuva não caia. As rãs choravam de tanta sede e os rios estavam cobertos de folhas mortas, caídas das árvores. Nenhum Orixá invocado escutou suas queixas e gemidos. Aluman decidiu, então, oferecer a Bará grandes pedaços de carne de bode. Bará comeu com apetite desta excelente oferenda. Só que Aluman havia temperado a carne com um molho muito apimentado. Bará teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha, e que tinham, em suas casas e dos vizinhos, não foram suficientes para matar sua sede. Bará foi á torneira da chuva e abriu-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem parar. Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua glória:
• Dono dos dendezeiros, cujos cachos são abundantes;
• Dono dos campos de milho, cujas espigas são pesadas!
• Dono dos campos de feijão, inhame e mandioca!
E as rãzinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar!
Aluman, reconhecido, ofereceu a Bará carne de bode com o tempero no ponto certo da pimenta. Havia chovido bastante.