quinta-feira, 28 de abril de 2022

A Umbanda (Parte 1º de 13 partes) Nessas próximas postagens farei um estudo pragmático sobre os diversos tipos de Umbanda, sobre os seus terreiros e sobre suas doutrinas.

 A Umbanda

(Parte 1º de 13 partes)
Nessas próximas postagens farei um estudo pragmático sobre os diversos tipos de Umbanda, sobre os seus terreiros e sobre suas doutrinas.


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A Umbanda
(Parte 1º de 13 partes)

Nessas próximas postagens farei um estudo pragmático sobre os diversos tipos de Umbanda, sobre os seus terreiros e sobre suas doutrinas.

A Origem da Umbanda
A palavra "umbanda" pertence ao vocabulário quimbundo, de Angola, e quer dizer "arte de curar".

A umbanda é uma religião surgida nos subúrbios do Rio de Janeiro. Em 15 de novembro de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, nascido em São Gonçalo/RJ, teria incorporado do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Este espírito o teria ajudado a criar a religião de Umbanda. Rapidamente, ela se espalhou por todo Brasil e outros países da América Latina.
Suas crenças misturam elementos do candomblé, do espiritismo e do catolicismo. Por isso, para muitos estudiosos, a Umbanda seria apenas o candomblé sem sacrifícios de animais que seria mais aceito pela população branca e urbana. Ainda pegou conceitos do kardecismo, que estava chegando ao país, como o de “evolução” e “reencarnação”. Também tem Jesus como referência espiritual e não é raro encontrar sua imagem em lugar destacado nos altares das casas ou de terreiros de umbanda. É fundamentada em 3 pilares que são sua base de sustentação: O Amor; A Caridade e a Humildade, composta de um Deu único (Olorum), que é o criador de tudo e todos, onde seus frequentadores (chamados também de "filhos de fé") reverenciam entidades superiores denominados Orixás sendo o principal Jesus (Oxala).

A Umbanda foi confundida durante muito tempo com a “macumba carioca” ou "Quimbanda". Em 1905, João do Rio (1881-1921), publica suas reportagens que resultaram no livro "As Religiões do Rio" e menciona ritos onde se incorporava espíritos de caboclos e preto-velhos.
Muitos terreiros nasceram do kardecismo, tal como a “Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade”, em 1908.
Mas adiante, entre os anos de 1920 e 1930, a repressão às religiões africanas levou a união de várias casas e terreiros.
Era necessário organizar e uniformizar o culto umbandista, padronizando algumas diretrizes doutrinárias para evitar perseguições.

Era comum, naquela época, a utilização do termo "espírita" como forma de evitar a perseguição às novas religiões afro-brasileiras.

Contudo, para legitimar-se a Umbanda buscou se “desafricanizar” e embranquecer. Para tanto, em 1939, surge a primeira Federação de Umbanda, a União Espiritista de Umbanda do Brasil (UEUB), quando a origem da Umbanda foi estabelecida no Oriente ou na África Oriental.

Por outro lado, no contexto da Ditadura Militar (1964-1985), a Umbanda irá servir como instrumento de legitimação para o projeto nacionalista. Assim, a religião ganha as manchetes de jornais e revistas.

Por fim, durante a década de 80, com a ascensão das igrejas neopentecostais, as religiões de matriz africana voltam a ser alvo de ataques por parte de alguns fiéis.

Ainda hoje em pleno Século XXI ainda é alvo da Intolerância, do Preconceito e da Ignorância, sofrendo ataque a seus Templos e seus Seguidores.

Atualmente, a Lei 11.635 de 27 de dezembro de 2007, torna esse o "Dia Nacional de Combate ao Preconceito Religioso" e passa a proteger as religiões de matrizes africanas.

O local para a realização das cerimônias da umbanda chama-se Casa, Terreiro ou Barracão. Igualmente, são feitas várias celebrações ao ar livre, junto à natureza, em rios, cachoeiras ou na praia. Essas cerimônias são presididas por um “pai” ou “mãe”, um sacerdote que dirige os ritos e comanda a casa. Também é responsável por ensinar a doutrina e os segredos da umbanda aos seus discípulos.

Nestes locais realizam-se cerimoniais, sessões de “passe”, no qual a entidade reorganiza o “campo energético astral” da pessoa. Igualmente são feitas sessões de “descarrego”, quando é captada a energia negativa da pessoa e transferida para os fundamentos do templo.

Note que não é permitido qualquer tipo de remuneração por esses trabalhos espirituais.

As vestes mais usadas nestas cerimônias são de cor branca porque é a cor neutra que agrada todos os orixás e guias.
Na Umbanda não se pratica o sacrifício de animais e se celebra rituais de batizado, consagração e casamento.

A Umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamento de Orixás, e não tem nessa prática legítima do Candomblé um dos seus recursos ofertatórios às divindades, pois recorre às oferendas de flores, frutos, alimentos e velas quando as reverencia.

A fé é o principal fundamento religioso da Umbanda e suas práticas ofertatórias isentas de sacrifícios de animais, é uma reverência aos Orixás e aos guias espirituais recomendando-as aos seus fiéis, pois são mecanismos estimuladores do respeito e união religiosa com as divindades e os espíritos da natureza ou que se servem dela para auxiliarem os encarnados.

Os pontos de umbanda são cantigas para louvar, chamar e se despedir do orixá e as linhas de entidades. Acompanhadas por instrumentos de percussão como o atabaque é importante conhecer o ritmo de cada orixá/entidade. Este aprendizado começa na infância do iniciado. Igualmente é preciso saber uma infinidade de canções.

Os pontos de umbanda e do candomblé influenciaram diretamente a música popular brasileira.

Hino da Umbanda
Apesar da Umbanda variar de acordo com cada região do Brasil e de cada casa/terreiro, ao menos uma canção é muito popular: o Hino da Umbanda. Composta por José Manoel Alves (letra) e Dalmo da Trindade Reis (música) foi oficializada como hino em 1961.

Refletiu a Luz Divina
Com todo seu esplendor
É do reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
A Umbanda é paz e amor
É um mundo cheio de Luz
É a força que nos dá vida
É a grandeza que nos conduz
Avantes, filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá

Antes de iniciar as cerimônias na Umbanda é comum uma pessoa iniciada riscar o chão com símbolos diversos: estrelas, cruzes, tridentes, traços retos ou curvos, etc.
Estes podem variar de acordo com a casa de Umbanda, mas o sentido é o mesmo. Ou seja, chamar as entidades que vão ser trabalhadas, garantir a chegada dos guias a serem incorporados, homenagear os orixás, trazer bons fluidos e energias aos participantes.

Crenças

Como todas as religiões politeístas, a umbanda não adora um único Deus, mas várias personificações de elementos da natureza e de energia chamadas de orixás.

Porém, na Umbanda, existe o conceito de um Deus supremo, denominado “Olorum” ou “Oxalá”. Creem na imortalidade da alma, na reencarnação e nas leis kármicas.

Acreditam nos orixás e em guias espirituais. Estes podem se incorporar durante certas cerimônias e vir a Terra para ajudar as pessoas que necessitam.

Os guias são denominados “entidades” e cada orixá possui uma linha de entidades que o auxilia.

Os orixás encontrados na Umbanda são: Oxalá, Xangô, Iemanjá, Ogum e Oxossi, Oxum, Iansã, Omulú e Nanã.
Aqui listamos as principais entidades que se manifestam na Umbanda.

Caboclos: são espíritos de índios que voltam ao mundo terreno para ajudar pessoas com problemas de saúde.

Pretos velhos: são pessoas que foram trazidos da África para serem escravos no Brasil. Apesar de terem sofrido em vida, agora são espíritos ditos evoluídos que dão ótimos conselhos a quem os procuram.

Baianos: pessoas que viveram na Bahia e que escolheram serem guias e ajudar a quem precisa. Trabalham com emprego, saúde, força moral.

Marinheiros/Marujos: em algumas regiões essa linha não existe. Trabalham com limpeza psicológica, física, espiritual, que sabem o que fala, sempre falam a verdade. Estão sempre balançando por que vem do mar, tiveram uma vida sofrida, mas de muito aprendizado.

Erês: são os espíritos das crianças. Risonhos e adoram brincar. Consolam os aflitos, os pais e mães e, às vezes, cometem algumas travessuras.

Zé Pilintra: Nasceu em Pernambuco e foi para Recife e tinha quatro irmãos. Ficou órfão de pai e mãe e para sobreviver começou a realizar pequenos roubos e trapaças. Veio para o Rio de Janeiro onde continuou a frequentar o ambiente da malandragem e prostitutas. Cuida das mulheres viciadas, das maltratadas, das prostitutas, esquecidas.

Maria Padilha: em vida foi uma prostituta de luxo e cafetina. Sempre retratada como mulher sensual, bem-vestida e sedutora. Uma pomba gira que ajuda as mulheres em depressão, com seus problemas, solitárias.

Há também outras entidades como os Boiadeiros, Ciganos, Orientais, etc.

Para exercer o trabalho espiritual, os responsáveis pela ligação entre o mundo espiritual e material, os médiuns, irão receber (incorporar) estas entidades e assim ajudar o consulente.

Deste modo, percebemos que a Umbanda alcança um equilíbrio entre o sincretismo e as religiões afro-brasileiras.