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sábado, 16 de abril de 2022

Folhas frescas foram jogadas com delicadeza sobre mim - para receber os caboclos com alegria. Jurema girou e bradou com segurança, me fazendo relembrar de quantos caboclos vi renascer.

 Folhas frescas foram jogadas com delicadeza sobre mim - para receber os caboclos com alegria.
Jurema girou e bradou com segurança, me fazendo relembrar de quantos caboclos vi renascer.


Nenhuma descrição de foto disponível.Folhas frescas foram jogadas com delicadeza sobre mim - para receber os caboclos com alegria.

Jurema girou e bradou com segurança, me fazendo relembrar de quantos caboclos vi renascer.

Não sei ao certo o rosto de quem as jogou, mas acredito que era uma menina de oxum, talvez pelo pisar macio e a saia rendada com cheiro de perfume doce.

Aprendi a reconhecer as pessoas pelo pisar.

Na humanidade há quem lê mãos, há quem lê cartas, eu leio pés e, sendo assim, conheço todas as plantas dos pés, e as vezes a ponta do salto fino da vaidade ao me pisar.

Eu conheço também cabeças, que se prostam diante de mim em sinal de reverencia ao sagrado, mas confesso que a parte do corpo humano que mais gosto são os joelhos!
Joelhos muitas vezes dizem mais do que que a boca com reza decorada.

Joelhos no chão é suplica diante da dor, agradecimento diante da graça e devoção diante da fé.

É o reconhecer que vocês humanos são partículas de um criador, aprendendo todo dia à sobreviver!

Joelhos no chão é pedido de perdão.

Joelhos no chão e coração aberto é a melhor oferenda - se assim não fosse, quem não tem dinheiro não teria a oportunidade de ser abençoado pelos deuses.

Você renasce e eu estou ali com você, quando seu corpo me aquece junto à esteira. Recebo suas oferendas, seus ebós e sua cabeça que em mim repousa com os pensamentos que seguem até o òrún.

Eu perdi as contas de quantos santos vi nascer e de quantas pessoas já foram embora daqui sem olhar para trás.

Já vi criança engatinhar, orixá dançar e absorvi muitas lágrimas da babá.

Vocês me tocam com a ponta dos dedos, ao sair e ao chegar - como se pedissem licença para em mim pousar.

Guardo segredos - eu estou aqui antes de você e estarei depois - sou ancestral e descendente e sobre mim descansa o teu corpo, feito ventre materno, para que morras para uma vida e renasça para o santo.

Sou testemunha de sua nova oportunidade.

Posso ser de areia, cimento ou piso frio.

Posso ser de Umbanda, Omolokô e Candomblé.

Não importa onde estejas - irás me reverenciar .

Sou o chão do seu terreiro.

Sou solo sagrado do orixá.

Me respeite antes de em mim pisar.

Com amor,

Texto de Mãe Emanu