GAIA, GRANDIOSA MÃE TERRA
Oh, Gaia, poderosa deusa cósmica.
Que, tranquila, suporta quando Úrano a cobre.
Lançando-te as sementes celestes que fecundas.
Originando os seres e os animais.
Oh, receptiva fêmea que o arado penetra.
Que às sementes acolhe, indiscriminadamente.
Mulher ardorosa que a chuva fecunda.
Qual sêmen do Céu, teu amante fiel
Da mansão dos deuses, deusa talentosa.
Que comanda a vida: o nascimento e a morte.
Em teu seio fértil acolhe-nos serena.
Obscura e generosa senhora Doce Mãe,
Mãe de doçura infinita.
Dá-nos teu colo amoroso.
Sustenta-nos em teus calorosos braços.
Contém-nos, oh, guardiã da vida
Soberana entre as soberanas.
Força geradora de todos os seres.
De tuas virtudes, ensina-nos e regenera-nos.
Dá-nos de tua fertilidade, o grão Magna Mãe, Mãezinha dileta.
Ama-nos como filhos prediletos.
Como à tua Core, filha mais que amada.
De teu seio, por Hades raptada Grande útero, deusa poderosa
Perdoa-nos o mau uso, os abusos.
E contém a tua ira, na ronda fervorosa.
Em que, impiedosa, negas florescer Recolhe a triste lágrima que escorre.
De tuas entranhas expulsa o lamento.
E dá um fim ao rude tormento.
Que a mão do homem cruelmente te impõe
Contém teu pranto e a revolta
Usando a força feminina que te é própria.
Perdoa teus filhos, segura-lhes a mão.
Corta-lhes o ímpeto de desonrá-la em vão
E permanece bela, encantadora mulher
Envergando os trajes de tua origem divinal.
Corrige teus filhos e dá-lhes a compreender.
A sagrada harmonia do teu ritmo natural
Se tanto doas, se és fonte de fartura.
Se, pois, complacente e perdoa.
Majestosa senhora, teus filhos inconscientes
Mantendo intacto o ciclo das estações
Concede-nos teu imperecível amor.
E a facilidade incrível com que geras.
Abandona o teu luto e rancores.
E protege-nos, grandiosa Mãe Terra!
(Flori Jane)
(autoria desconhecida)
Gaia, Géia ou Gê era a deusa da Terra, como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora quase absurda. Segundo Hesíodo, ela é a segunda divindade primordial, nascendo após Caos.
Tal como Caos, Gaia parece possuir uma natureza forte, pois gera sozinha, Urano, Pontos e as Montanhas. Hesíodo sugere que ela tenha gerado Urano com o desejo de se unir a alguém semelhante a si mesma em natureza. Isso porque Gaia personifica a base onde se sustentam todas as coisas, e Urano é então o abrigo dos deuses "bem-aventurados".
Com Urano, Gaia gerou os 12 Titãs após,os Ciclopes e os Hecatônquiros (Gigantes de Cem Mãos). Sendo Urano capaz de prever o futuro, temeu o poder de filhos tão grandes e poderosos e os encerrou novamente no útero de Gaia. Ela, que gemia com dores atrozes sem poder parir, chamou seus filhos Titãs e pediu auxílio para libertar os irmãos e se vingar do pai. Somente Cronos aceitou. Gaia então tirou do peito o aço e fez a foice dentada. Colocou-a na mão de Cronos e os escondeu, para que, quando viesse Urano, durante a noite não percebesse sua presença. Ao descer, Urano - para se unir mais uma vez com a esposa - foi surpreendido por Cronos, que lhe agarrou os testículos e o castrou violentamente. Do sangue de Urano derramado sobre sua vagina, nasceram Os Gigantes, As Eríneas e as Melíades.
Após a queda de Urano, Cronos subiu ao trono do mundo e libertou os irmãos. Mas vendo o quanto eram poderosos, também os temia e os aprisionou mais uma vez. Gaia, revoltada com o ato de tirania e intolerância do filho, tramou uma nova vingança.
Quando Cronos se casou com Réia e passou a reger todo o universo, Urano lhe anunciou que um de filhos o destronaria. Ele então passou a devorar cada recém nascido por conselhos do pai. Mas Gaia ajudou Réia a salvar o filho que viria a ser Zeus.
Já adulto, Zeus declarou guerra ao pai e aos demais Titãs com a ajuda de Gaia. E durante 10 anos nenhum dos lados chegava ao triunfo. Gaia então foi até Zeus e prometeu que ele venceria e se tornaria rei do universo se descesse ao Tártaro e libertasse os 3 Ciclopes e os 3 Hecatônquiros.
Ouvindo os conselhos de Gaia, Zeus venceu Cronos, com a ajuda dos filhos libertos da Terra e se tornou o novo soberano do Universo. Todavia, Zeus realizou um acordo com os Hecatônquiros para que estes vigiassem os Titãs no fundo do Tártaro. Gaia pela terceira vez se revoltou e lançou mão de todas as suas armas para destronar Zeus.
Num primeiro momento, ela pariu os incontáveis Andróginos, seres com quatro pernas e quatro braços que se ligavam por meio da coluna terminado em duas cabeças, além de possuir os órgãos genitais femininos e masculinos. Os Andróginos surgiam do chão em todos os quadrantes e escalavam o Olimpo com a intenção de destruir Zeus, mas, por conselhos de Têmis, ele e os demais deuses deveriam acertar os Andróginos na coluna, de modo a dividi-los exatamente ao meio. Assim feito, Zeus venceu.
Em uma outra oportunidade, Gaia produziu uma planta que comida poderia dar imortalidade aos Gigantes; todavia a planta necessitava de luz para crescer. Mas ao saber disto Zeus ordenou que Hélios, Selene, Éos e as Estrelas não subissem ao céu, e escondido nos véus de Nix, ele encontrou a planta e a destruiu. Mesmo assim Gaia incitou os Gigantes a colocarem as montanhas umas sobre as outras na intenção de subir o céu e invadir o Olimpo. Mas Zeus e os outros deuses venceram novamente.
Enfim, Gaia cedeu e acordou com Zeus que jamais voltaria a tramar contra seu governo. Dessa forma, ela foi recebida como uma deusa Olímpica.
Gaia é a personificação do antigo poder matriarcal das antigas cultura Indo-Europeias. É a Grande Mãe que dá e tira, que nutre e depois devora os próprios filhos após sua morte. É a força elementar que dá sustento e possibilita a ordem do mundo.