Ossanhe , Ossaim ou Ossãe é o Orixá das plantas medicinais e litúrgicas.
Divindade das folhas medicinais e liturgicas. Detentor do axé (força, poder, vitalidade).
Ossanhe , Ossaim ou Ossãe é o Orixá das plantas medicinais e litúrgicas.
Divindade das folhas medicinais e liturgicas. Detentor do axé (força, poder, vitalidade). Seu símbolo é uma vara de ferro com sete pontas dirigidas para cima, com a imagem de uma pomba na ponta central também chamado de Opassanìyn.
Quando este Orixá vem ao mundo, usando da possessão de filho, fica dançando algumas rezas (principalmente as suas mesmas) numa perna só, sem colocar o pé no chão, isso mostram o poder do orixá e a confirmação da possessão, pois ninguém conseguiria dançar tempo apoiado numa só perna.
Ossanha representa a sabedoria ancestral do homem, que permite o domínio da natureza. Em quase todos os feitiços e axés feitos para a saúde que se envoca Ossanha, que além de ser o orixá da cura também é de índole bondosa e jamais deixaria de atender um pedido. Sua importância é tão fundamental, que nenhuma cerimônia pode ser feita sem a sua presença. Sua principal ligação é com as folhas e todos os tipos de vegetais. Ele conserva o segredo da cura através das plantas, seja de forma mágica ou medicinal. É o protetor das plantas, e tem um mistério em torno de si; é reservado e transmite somente para seus iniciados toda a magia de sua medicina. Considerado a Divindade da medicina, é o médico da natureza, o pai da homeopatia e exige respeito em seus domínios. O forte sumo verde escuro extraído das ervas, é considerado o sangue das folhas. Ele vive na floresta, sozinho; é ligado aos pássaros e à preservação da natureza.
É fundamental sua importância porque detém o reino e poder das plantas e folhas, imprescindíveis nos rituais e obrigações de cabeça e assentamento de todos os Orixás através do omieró ou abô (banho feito de ervas), assim como sobre todas as cabeças. Também a ele pertencem os ossos, nervos e músculos.
Detalhes do Orixá:
Pais mitológicos: Nanã e Oxalá
Irmãos mitológicos: Omolú, Oxumarê Yewá e em algumas lendas Oyá.
Cônjuges mitológicos: Se relacionou com Obá, Oxum, Oyá e Oxóssi.
Dia da semana: Segunda, quarta, quinta ou sexta-feira.
Cor: Verde e branco, verde e preto, verde.
Come : Amendoim torrado, sem casca, pipoca, apeté, chuleta de rês, inhoque, polenta.
Doce: doce de figo.
Bebida : Vinho tinto.
Ave: Galo arrepiado ou de pescoço pelado ou galo branco, pombo escuro, angolista.
Peixe: pintado.
Bicho de estimação: Cágado, bode, cabrito malhado claro e formiga.
Função: demanda, doença.
Fruta: Abacate, Banana do mato, Fruta do conde, pêssego, bergamota.
Flor: Todas silvestres.
Ervas: pitangueira, arruda, eucalipto cheiroso.
Guias: 01 conta verde e 01 conta branca ou sete em sete
Ferramentas: corrente, búzios, moeda, canivete, muleta, coqueiro, bisturi, cágado e búzios
Metal:Ferro, prata, estanho.
Doenças : Aids, doenças nos membros inferiores, nos ligamentos e articulações.
Apelido: perneta
Parte do corpo que Ossanha rege: pé e pernas.
Santos que o representa: São Marcos e São Roque
Dia do ano: 25 de abril.
Chacra: Esplênico e gástrico
Saudação: Eu eu assa! ou ewê assao eruéje
Oferenda: Pipoca, linguiça de porco frita, figo e opeté de batata inglesa esmagada com uma pitada de azeite-de-dendê, a qual se dá forma de um cone
Lugar de oferendas: mata ou cruzeiro
Sobrenome dos Orixás: Guê, Ebi, Tola, Olobomi, Dilá, Dupé, Erumalé, Oruele, Ologumani, Tae, Edemi, Iborô, Talabi, Emi-cô, Guiní, Bomí, Dei, Omioã.
CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS
As folhas são divididas em quatro, correspondentes aos quatro elementos, classificação idêntica a que se processa com os Odu, Destino, os elementos naturais: água, ar, terra e fogo.
Outras classificações que temos em relações as folhas são: masculinas e femininas. Diurnas e noturnas.
Cumprindo o papel de reforçar a essência dos elementos, ou seja, as folhas ao veicularem seu axé, ativam a força dos elementos ao qual o Orixá correspondente esta ao indivíduo ligado.
Ewe Afeefe: Folhas trepadeiras, folhas do ar-vento.
Ewe Inon: Folhas que usada desorganizadamente pode matar, folhas do fogo.
Ewe Omi : Folhas que aguaicas, folhas da água.
Ewe Ile ou Ewe Igbo : Folhas nativas, folhas da terra e da floresta.
Erô : Calmantes.
Gun : Excitantes.
Amendoim : Suas sementes são estimulante e fortalecem as vistas e a pele, além de ser em excelente afrodisíaco. Nos rituais, é empregado cozido e utilizado em sacudimentos, com excelentes resultados.
Celidônia : É medicamento nas doenças dos olhos, usando a água do cozimento para banhos. Seu chá também é de grande eficácia para banhar o rosto e dar fim às manchas e panos.
Coco de Dendê: É a chamada manteiga de karité. Este coco é muito prestigiado pela medicina caseira, contra cefaléias, anginas, fraqueza dos órgãos visuais e cólicas abdominais.
Erva de Passarinho: É muito aplicada principalmente no abô do orixá. Na medicina popular, esta planta é empregada com sucesso as moléstias uterinas, corrimentos e também para dar fim às úlceras. As folhas e flores são usadas em caso de diabetes, hemoptises e hemorragias diversas.
Erva de Santa Luzia: Usada nas obrigações de cabeças, ebori, lavagem de contas, feitura de santo e tiragem de Egun. De igual maneira, também se emprega nos abô, banhos de descarrego ou limpeza dos filhos dos orixás. A medicina popular a consagrou como um grande remédio, por ser de grande eficácia contra o vício da bebida. O cozimento de suas folhas é empregado contra doenças dos olhos e para desenvolver a vidência.
Guabira: Aplicada em todas as obrigações de cabeça, nos abô de uso geral e nos banhos de purificação e limpeza dos filhos dos orixás. A medicina caseira a indica no sentido de pôr fim aos males dos olhos conjuntivites. Em banhos, favorecem aos que sofrem de reumatismo e devem ser feitos em banheiras ou bacias, sendo mais ou menos demorados.
Lágrima de Nossa Senhora: É usada nas obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de descarrego ou limpeza. Diurético, em chá. Os banhos debelam o reumatismo e reduzem as inchações.
O culto de Ossaim está intimamente ligado ao culto de Irôko, que rege as obrigações de santo e todas sem excessão; são feitas com as folhas deste orixá. Traz também a influência das folhas para as operações da adivinhação, acompanhando sempre Ifá, ajuda também nas consultas ao Jogo de Búzios.
O culto deste orixá é tão importante que existe um cargo só para ele: o Babalossain, mas no Brasil, poucas casas tem seu próprio Babalossain ou Olossain. Normalmente essa função é dada a um filho de Ossain, a um Ogã ou o próprio Babalorixá ou Yalorixá (Mãe de Santo) a executa.
A comemoração vem do dia do santo católico ligado a Ossaim pelo sincretismo religioso, associado a São Benedito, o mouro, santo protetor dos negros. Neste dia é realizada a Sassayin ou Sasanha, nome que se dá ao ritual da Umbanda para retirar a energia vital das folhas e extrair o seu sangue (sumo da planta), que é chamado “sangue de origem vegetal”, no sentido de purificar e alimentar os objetos sagrados e o corpo dos iniciados, possibilitando o equilíbrio e a renovação das energias da Casa de Umbanda.
O orixá Ossaim, dono dos segredos de todas as folhas é saudado em todas as cantigas deste ritual.
O ato de cantar as folhas sagradas ou rezar as folhas, com cantigas específicas para cada folha (ewe), e seu conteúdo que é o atributo da folha, é utilizado principalmente na preparação do abô, chamada de água sagrada na feitura de santo.
Ossain Miró – grande conhecedor das folhas sagradas, veste-se de verde escuro com verde claro. tem fundamento com o tempo. É assentado em um vaso de barro cru ou com tabatinga ( angola), carrega o peregum (folha de Ossain), come acacá vermelho.
Ossain Birigan – tem fundamento com Osóssi, traz na cabeça uma pluma branca de ema, num torso, veste verde claro com rosa, ou verde e branco. Seu igbá possui um par de pequenos chifres
Ossain Atulá – tem fundamento com Osolufan é um orixá do efum (branco) por isso veste branco, conhecido como “Ossain do sol”, pois só come de dia.
Ossain Aroni – é o mais velho, tem fundamento com Iansan. veste-se de verde escuro com rajadas vermelhas é o guardião da floresta da morte.
Ossain Modun – feiticeiro, é quem conhece todas as magias da cura e da morte, ligado à Nanã e Omolú.
Ossain Agué – usa roupas e contas rosa rajadas com verde, tem ligação com Oyá e Osumaré.
Ossain Mokossu – velho, vive escondido na mata, fuma e bebe em demasia, tem fundamento com Esú.
Ossain Gayaku – é novo, muito ágil, só vive no cume das árvores. nunca aparece em lugares habitados. Come com Osóssi, e aparece na roda do padê (ato de despachar Esú).
Agbènigi – velho e feiticeiro, dono do pássaro sagrado, é o único que se aproxima de Yamì Ossorongá (mãe da fertilidade, o poder feminino), dono absoluto do poder das ervas, come diretamente com Esú no qual muitas vezes é confundido.
Os Arquétipos (filhos):
Os filhos de Ossanha são calmos, ingênuos e pacíficos. Defendem a ecologia. Os filhos de Ossãe são, de um modo geral, pessoas equilibradas, controladas tanto em suas emoções como em seus sentimentos. Agem de maneira racional, não deixando que a amizade, a inimizade ou opiniões próprias suas interfiram em suas decisões para com os outros, e sim do que de fato é direito de ser. Possuem grande capacidade e eficiência.
Filhos do orixá Ossaim são pouco vistos por aí, talvez por serem raros, mesmo que não tão raros como os filhos de Iroko, o orixá Tempo; ou talvez por herdarem do próprio orixá seu jeito muito reservado.
Apesar de ditar todos os rituais da Umbanda e ter as receitas e segredos das folhas, o orixá-feiticeiro Ossaim, dá a seus filhos uma fonte de curiosidade que os leva a contestar as mais antigas tradições e buscar a fundo a real razão de as coisas serem como são.
Ossaim deixou cair suas folhas sobre o mundo e todos os orixás se apossaram delas, mas, sem seus conhecimentos, nada é feito.
Alguns pequenos segredos das folhas de Ossaim nos permite conhecer e usar as folhas e plantas em nosso cotidiano, como tomar um chá de camomila para relaxar num dia frio ou um bom café para nos dar energia para trabalhar. Seus mais valiosos conhecimentos, porém; não estão em manuais e nunca saíram de sua posse.
Características da personalidade dos filhos do orixá Ossaim
Despidos de preconceito, outra característica rara hoje em dia; os filhos de Ossaim não se deixam levar pela primeira sensação que tenham sobre alguém ou sobre uma situação e, deixando de lado suas impressões pessoais, tratam de avaliar friamente tudo quanto possível. Senhor do poder das folhas e ervas. Honestos e obstinados, assim como o detetive, os filhos de Ossaim sabem o que querem, pensam bem em sua estratégia, conhecem seu caminho e vão atrás. E nem é preciso dizer que quase sempre conseguem.
Os filhos do orixá Ossaim são pessoas meticulosas, que normalmente nunca se deixam levar pela pressa ou pela ansiedade, pois são caprichosos, por isso; as profissões dos filhos de Ossaim são aquelas que não requeiram pressa.
São pessoas que não gostam de trabalhar em conjunto, a não ser quando somente o conjunto pode gerar o resultado esperado. Muitas vezes, pela necessidade de isolamento e independência, os filhos de Ossaim podem abraçar profissões artesanais, que exijam o trabalho lento e meticuloso, como um ritual que, quando não é feito de maneira correta e meticulosa, pode colocar tudo a perder.
Os filhos do orixá Ossaim são aqueles que não permitem que suas simpatias e antipatias intervenham em suas decisões ou influenciem as suas opiniões sobre pessoas e acontecimentos.
Ossaim é reservado, pouco intervindo em questões que não lhe digam respeito. Os filhos do orixá Osssaim são introvertidos, e não se fazem notar pela atividade social.
Os filhos de Ossaim são individualistas no sentido de não se preocuparem com o que acontece fora da sua esfera de atuação.
São aquelas pessoas muito ligadas a religiosidade e pelos aspectos ritualísticos, a ordem, os costumes, as tradições e os gestos marcados e repetitivos os fascinam.
Em termos físicos, são pessoas elegantes e esguias, mesmo quando tem como ajuntó (orixás que acompanham o orixá principal) Iemanjá ou Oxum. Não aparentam grande força física, mas detém uma grande energia reservada para uso quando necessário.
Uma particularidade física muito comum são os cabelos lisos e compridos, geralmente.
São capazes de amar, mas não o tempo todo. O silêncio, porém, não pode ser entendido como sinônimo de falta de carinho: mas é apenas seu gosto pela ausência de sons, pois, quando há algum problema, ele dificilmente esconde seu ponto de vista e podem ser bastante críticos, mas em contrapartida, não gostam que outras pessoas critiquem suas atitudes.
Lenda:
Ifá foi consultado por Orunmilá que estava partindo da terra para o céu e que estava indo apanhar todas as folhas. Quando Orunmilá chegou ao céu Olódùmaré disse:
- eis todas as folhas que queria pegar o que fará com elas ?
Òrùnmílá respondeu que iria usá-las para beneficio dos seres humanos da Terra. Todas as folhas que Òrunmílá estava pegando, Orunmilá carregaria para a Terra.
Quando chegou à pedra Àgbàsaláààrin ayé lòrun (pedra que se encontra no meio do caminho entre o céu e a terra) então Orunmilá encontrou Ossãe e perguntou:
- Ossãe onde vai?
Ossãe disse;
- Vou ao céu, vou buscar folhas e remédios
Orunmilá disse que já havia ido buscar folhas no céu para benefício dos seres humanos da terra. Disse, olhe todas essas folhas, Ossãe pode apenas arrebatar todas as folhas.
Ele poderia fazer remédios (feitiços) com elas porém não conhecia seus nomes.
Foi Orunmilá quem deu nome a todas as folhas. Assim Orunmilá nomeou todas as folhas naquele dia.
Ele disse:
- você Ossãe carregue todas as folhas para a terra, volte, e iremos para terra juntos.
Foi assim que Orunmilá entregou todas as folhas para Ossãe naquele dia. Foi ele quem ensinou a Ossãe o nome das folhas apanhadas. Olodumaré deu a Ossãe todo o poder das folhas, o qual ele guardava em uma cabaça pendurada em um galho de árvore.
Um dia Xangô se queixou a sua mulher Oyá (Iansã), deusa dos ventos, que só Ossãe conhecia o segredo de cada uma das folhas e que os demais Orixás estavam no mundo sem possuir nenhuma planta. Oyá levantou sua saia e agitou-a, um vento violento começou a soprar e derrubou a cabaça de Ossãeno chão quebrando-a.
Ossãe, ao perceber o que aconteceu, gritou – Ewéo! (Oh! As folhas! As Folhas!) Eu Eu o, mas não pôde impedir que os demais Orixás pegassem as folhas e as dividisse entre eles, mas os Orixás não tinham o conhecimento das ervas e até hoje precisam de Ossãe para usá-las em seus rituais, ficando seu segredo a salvo.