SÓ UM PASSE?
“Era sexta feira, dia de gira. Os guardiões estavam em Terra, quando mais uma pessoa se posicionou para conversar com seu Sete Caveira.
Após a saudação habitual, perguntou: ‘O que busca hoje nesta casa, moço?’. E este lhe respondeu: ‘Eu quero apenas um passe’.
O seu médium, que embora incorporado, observava a cena, escutou o Exu dizer-lhe em seus pensamentos: ‘se ele soubesse quanta coisa ruim está carregando não diria só um passe’. Em seguida, soltou a gargalhada que apenas seu cavalo conhecia e continuou o atendimento, sem que o consulente jamais soubesse todo o bem foi feito pra ele aquele dia.“
Durante uma consulta com uma entidade, muitas operações energéticas são executadas. Algumas vezes, pode, aos nossos olhos, parecer uma atividade simples, no entanto, do ponto de vista espiritual, muito acontece.
O guia, em seu profundo olhar, sabe o que precisamos. Tal como um médico, produz seu diagnóstico, e manipula as vibrações necessárias para o nosso bem-estar. Afinal, para ser falangeiro de Umbanda, é preciso domínio dos processos magísticos.
É comum o consulente chegar acompanhado de outras presenças astrais. Espíritos sofredores, obsessões simples ou graves, assim como amigos espirituais, guias e mentores. Neste mundo nunca estamos verdadeiramente sozinhos. Ao mesmo tempo que a entidade trata o assistido, ajuda também as almas necessitadas. O passe é direcionado para ambos.
Alguns são facilmente encaminhados para postos de tratamento ou demais locais de ressonância vibratória. Outros, são doutrinados no astral e podem até, com o tempo, passar a trabalhar pela luz. Porém, algumas situações de obsessão somente podem ser desfeitas a partir de uma profunda transformação do consulente. É por isso que o espírito acaba retornando, mesmo após o guia afastá-lo.
Durante o atendimento, é buscado o equilíbrio energético do assistido. Primeiro, descarrega-se as energias nefastas. Pensamentos e sentimentos negativos, memórias dolorosas, traumas, mágoas e rancores, tensões e desgastes que acumularam no seu campo astral.
E depois que estas vibrações pesadas são retiradas, a sensação de alívio e leveza são perceptíveis. Pessoalmente, lembro de quando conheci a Umbanda e recebi o passe, senti como se tivesse tomado banho pela primeira vez na vida.
Paralelamente à limpeza astral, é promovido, no consulente, o equilíbrio e harmonização dos chakras. Os chakras, palavra sânscrita que significa “roda", são, resumindo a grosso modo, centros de força localizados em pontos específicos, responsáveis, entre outras coisas, pela captação e exteriorização de energias, além de regular importantes funções de nossos corpos astrais. Quando eles estão em desequilíbrio, alguma área de nossa vida também é afetada.
Um bom exemplo são as chamadas pessoas “esponjas", que absorvem as vibrações das pessoas e ambientes que se envolvem. Habitualmente, recebem energias negativas dos outros, gerando uma série de infortúnios na sua vida interior. Não se enganem, isto não é positivo. Esta sensibilidade desequilibrada é fruto, em geral, de um desalinhamento do chacra do umbigo. Quando a entidade ministra seu passe e identifica este problema, trata essa área. Dessa maneira, ela fortalece as defesas naturais do consulente contras as energias exteriores.
Além do descarrego e alinhamento dos chakras, os guias também exercem a energização do indivíduo. É como uma transfusão de sangue, mas usando energia. Cada pessoa possui uma necessidade específica e de acordo com isso pode ser trabalhado uma vibração particular. Além disso, cada linha de trabalho possui as suas especialidades.
Dessa maneira, por exemplo, em uns podem ser desenvolvidas as forças de Ogum, a fim de que sejam firmados a força, a proteção, a abertura de caminhos. Em outros, Oxóssi, para plantar o conhecimento, o direcionamento, a fartura. Ou mesmo a energia dos pretos velhos, para que ele vibre a paciência, a tranquilidade, a sabedoria. Tudo de acordo com o que cada um necessita no momento.
O passe faz o que está oculto se manifestar. Nada escapa dos olhares da espiritualidade. Aquilo que tenta esconder, dos outros e de si mesmo, será chamado para que você o enfrente. Estamos ali para evoluir espiritualmente e isto exige nos libertarmos das cascas que pesam nossa alma. A nossa essência é divina, mas para que sua luz irradie, é preciso eliminar as sujeiras. Nem sempre isto é fácil, porém no momento certo tudo se resolve.
E entenda, é um tratamento longo a ser realizado. Não basta ir em apenas uma gira e esperar que todos os problemas da sua vida se resolva de uma vez. Gradualmente, você assentará, no espírito, as bases sólidas para uma vida em sintonia com os guias, os Orixás e o Pai Maior. Não adianta pular etapas. E se a estrada é longa, que caminhemos o quanto antes!
Sarava a todos!