A Mediunidade na Lei de Umbanda
( Parte 3º de 3 partes)
A Mediunidade na Lei de Umbanda
( Parte 3º de 3 partes)Continuando, estes fatos acontecem quando uma pessoa tem Relamente o Dom, na mecânica de incorporação, mas não devemos confundir essas duas variantes de uma qualidade, com a de Irradiação Intuitiva, que transformaram, por ignorância ou conveniência ou mesmo por sugestão, em puro animismo, quando alimentam criaturas inexperientes nessas lides com o ilusório título de Médiuns Conscientes.
Vejamos então, para melhor compreender nossa dissertação, por onde atua um Orixá, Guia ou Protetor, num aparelho de incorporação:
1º - Na Parte Psíquica, quando transforma os caracteres mentais próprios do médium, pela conversação, inteligência, conceitos e pelo alcance incomum de casos e coisas.
2º - Na Parte sensorial, quando, por intermédio do corpo astral, atua diretamente no cérebro para coordenar o psiquismo.
3º - Na Parte Motora, quando domina o corpo pelos braços, pernas e demais movimentos de quaisquer órgãos dos quais quer servir-se.
Estas características imperam no chamado, erroneamente, médium consciente ou, mais acertadamente, no médium de Irradiação Intuitiva? Não.
Neste caso, as partes psíquica e motora ficam livre de dano ou perigo; apenas a sensorial, pelo cérebro como órgão interior, imanta do corpo astral certa sensação que põe o mental em receptividade às instruções.
O aparelho, desta qualidade, nem é dirigido nem semi-dirigido.
Fica apenas irradiado pelas vibrações afins de uma Entidade que achando seu mental em harmonia, flui nele sua inteligência, e ele, aparelho, livre e desembaraçado, sem a menor alteração em sua parte motora, com todo controle psíquico, conscientemente transmite tal como um radiotelegrafista quando recebe mensagem.
Segundo nos consta, até o momento, não há nenhuma publicação que ensine como se processa o mecanismo de Fixação e Ligação na mediunidade de incorporação.
A apreensão exata dessas verdades somente poderá ser compreendida na Sintomatologia Descrita por aqueles que verdadeiramente forem médiuns incorporativos, porque lhes é comum também a de irradiação intuitiva e sabem, com segurança, a diferença existente nessas modalidades.
Devemos chamar a atenção dos leigos e dos aspirantes em desenvolvimento mediúnico, para não se deixarem confundir e olharem com muita reserva certas Manifestações excitadas da mente instintiva, pelos tambores atordoantes e pelo bater de palmas incessante, aliados à desregrada cantoria, que alvoroçam, com eficiência, sensações adormecidas e inatas ao Eu inferior, e tampouco se deixem embaraçar pelas orientações de Chefes de Terreiros diplomados apenas nas Milongas que não sabem explicar.
Estes chefes, não permitem, nem estão em condições de sintonizarem as transmissões de legítimos Guias.
Possivelmente, seus próprios Protetores já tentaram Penetrá-los e foram afastados pelos fluidos desarmônicos, ficando a observar as consultas serem dadas em seus nomes, Porém, o mais triste em tudo isso, é vermos pessoas cuja mediunidade os situa numa modalidade desse Dom, quererem forçá-la para outras que desejam, mas que não lhes são imanentes.
Não poderíamos deixar, nesta altura, de focalizar uma teoria nossa sobre a mediunidade em relação à parte orgânica propriamente dita, produto de experiências pessoais e próprias, que, cremos, abrirá caminho ao estudo e à pesquisa a outros mais aparelhados cientificamente que nós,
Começaremos por Auscultar a opinião de dois autores considerados luminares, no gênero.
Diz Edgard Armond: “No que respeita, porém, à mediunidade ser um fenômeno orgânico, desde já divergimos, em parte, para dizer que a mediunidade normal, natural, é uma circunstância toda pessoal que decorre do grau de evolução de cada um de nós, evoluindo, conquista o indivíduo crescente percepção espiritual que lhe vai permitindo cada vez maiores contatos com a criação divina, conquanto possa também, em certos casos, obter tais percepções como dádivas, como graça, conforme veremos mais tarde.
Mas quanto à faculdade em si mesma, julgamo-la toda espiritual, não orgânica e todos nós a possuímos e estamos exercendo, nos limites de nossas possibilidades próprias,
é claro, analisamos nós agora, que a mediunidade em si mesma, como Dom, faculdade, vem como condição do espiritual, e, de qualquer maneira, é uma injunção karmânica, da pessoal quando se torna atuante.
Mas, esta injunção do karma condicionado a um estado espiritual, seja pela mediunidade Natural ou pela de Prova, é assim que Edgard Armond classifica a mediunidade, tem que se Manifestar ou Exteriorizar por um Corpo Físico, e este, sendo matéria, organismo, tem que ter Aptidões Especiais, para receber-imantar-exteriorizar a mediunidade, através de seus vários fenômenos.
Para isto, esta faculdade, quando em Atividade, ou somente quando atuante, é que faz um indivíduo ser Médium propriamente dito, pois que, sabemos, são bem poucos os portadores ativos deste Dom e incontáveis ou que não apresentam condições mediúnicas imediatas, ou melhor, encarnam e desencarnam sem jamais terem manifestado qualquer sintoma de Mediunidade Ativa.
Portanto, vamos convir que a mediunidade pode ser dividida em:
a) parte espiritual-karmânica;
b) parte animal ou orgânica.
Uma é o complemento da outra e, sem essa união, jamais poderia exteriorizar-se no médium, uma só é possível com a outra, e para que esta mediunidade seja viável num indivíduo, é necessário que seu corpo físico tenha Aptidões Especiais, através do qual os fenômenos possam se processar ou realizar.
O mesmo autor, entretanto, adianta que: É difícil localizarmos, no corpo físico, a região ou órgão por intermédio do qual se exerce a intuição, o órgão do intelecto é o cérebro e podemos dizer que a razão tem sede neste órgão, mas, quanto à intuição, a não ser que se exerça pela glândula pineal, órgão das manifestações mediúnicas, talvez sua sede seja no plexo solar, que é uma complexa rede de neurônios sensorial supranormal, intimamente ligado ao coração, que é também a sede do sentimento e do amor.
Portanto, deduzimos nós, admite ou supõe que a glândula pineal ou hipófise, seja um órgão que faculta as manifestações mediúnicas ou espiríticas, bem como a Intuição, ou que o plexo solar seja, talvez, o local que forneça elementos para que o mental possa fixar a dita intuição, que não vem pela mente instintiva e sim pela espiritual, pois que ele mesmo afirma ser esta Intrínseca, Ilimitada, independente, acima de qualquer lei, pleniciente.
Deixa entrever, desta forma, necessitar a mediunidade, que o veículo físico tenha Aptidões Especiais, em seu próprio organismo, para que os fenômenos se processem.
Revela também serem necessárias estas Aptidões o Sr. Francisco Cândido Xavier (André Luís), quando, examinando médiuns concentrados, diz que Os Veículos Físicos apareciam quais fossem correntes eletromagnéticas em elevada tensão.
O sistema nervoso, os núcleos glandulares e os plexos, emitiam luminescência particular, e, justapondo-se ao cérebro, a mente surgia como esfera de luz característica, oferecendo em cada companheiro, determinado potencial de radiação.
Em concordância com o exposto, a mediunidade tem por base o magnetismo, não sendo resultante da sugestão, nem do sono hipnótico, tendo antes uma origem una ou multiforme, em consequência da condensação e concentração de fluidos existentes no Espaço, em estado de irradiação da matéria, que, por afinidade especial ou força de atração, se reúnem no médium.
Assim, podemos consolidar nossa Teoria afirmando que a mediunidade, na sua parte de manifestação animal, isto é, como fenômeno que atua no organismo, é a propriedade criada por uma precipitação ou abundância de Força-Vital ou seja, de Prana ou Pranas, cuja energia circulante, entrando em superatividade, produz então, por esta dita energia em maior circulação ou atividade, determinadas substâncias fluídicas ou protoplásmicas, indispensáveis ao processo de manifestação dos fenômenos inerentes a esta mesma medi unidade.
Estas substâncias fluídicas apropriadas são os elementos geradores que dão ao indivíduo a propriedade de ser médium e que ainda determinam ou particularizam as diferentes modalidades deste Dom.
Prana é a força vital ou energia fornecida diretamente pelo Sol, seta energia ou Prana, Enfeixa em Si, cinco modalidades de Forças ditas solares, chamadas também de os Cinco Ares Vitais, os Cinco Ventos da Vida, que penetram pelos Centros Nervosos, ou melhor, pelo sistema cérebro-espinhal e pelo sistema simpático, distribuidores destas Forças ou destas correntes de Energia.
Estas cinco modalidades de Prana são chamadas, pelos hindus, de Vyana, Apana, Samana, Prama, Udana.
Para melhor nos fazer entender, criamos o termo Prama, para identificar a operação que se processa nos médiuns quando a superabundância de um Prana, de dois e mesmo de três, atua sobre o citoplasma através de um dos Plexos ou Chakras, para gerar certas substâncias fluídicas.
Portanto, os fenômenos espiríticos, em sua parte animal, são facultados e determinados pelas condições geradas da imantação que um Plexo, ou dois, fazem de um Prana, que, atuando no citoplasma da região, produz uma espécie de protoplasma ou substância fluídica apropriada, que determina a modalidade medianímica.