terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Oxum – A Orixá Mãe do Amor

 

Oxum – A Orixá Mãe do Amor




Deusa do amor, Orixá das águas, Oxum é aquela que mantém em equilíbrio as emoções, da fecundidade e da natureza. Mãe gentil dos povos antigos e dos novos, é ela que renova e intercede por nós em todas as situações.

Por ter recebido o título como a Orixá do amor, é ela a mais procurada para as questões de união e relacionamentos. Todos aqueles que procuram por paz e estabilidade em uma relação, podem pedir à Oxum a sua benção para essa questão.

Também conhecida como Osúm, Osún ou Oxun, ela é a representação da sensibilidade, da delicadeza feminina e da paixão para motivar a essência da vida. Mamãe Oxum adora as águas calmas, e é através de sua energia que ela tranquiliza os corações dos apaixonados.

Durante as incorporações dessa Orixá, é de costume haver choro, pois sua sensibilidade é transferida aos seus filhos e aqueles que buscam por seu carinho e atenção.

Aprendendo a desvendar os búzios

Uma moça muito curiosa, filha de Oxalá, que tinha uma forte preferência pelo pai que sempre fazia tudo o que ela desejava.

Oxalá, pai de Oxum, era muito sábio e quando possuía algum questionamento ele cuidadosamente consultava Ifá, Deus da Adivinhação, para que ele auxiliasse no prosseguir do destino, por sua vez Oxum a acompanhar queria saber também como desvendar o Oráculo. Mas muitas foram as vezes que Ifá dizia a Oxum para que perguntasse a Exú suas dúvidas pois ele possuía o dom de ver o destino através dos búzios.

Curiosa e intrigada com essa questão a Orixá Oxum pediu ao pai que a permitisse enxergar o futuro, mas Oxalá de prontidão explicou que somente Ifá teria o dom de ler e interpretar os búzios.

Oxum, a filha de Oxalá, não se deu por satisfeita e foi diretamente a Exú pedir para que ele a ensinasse pois ela sabia que ele conhecia o segredo de Ifá. Obviamente Exú recusou-se.

Foi então que ela decidiu partir para a floresta e pediu para que as feiticeiras Yámi Oroxongá, a ensinassem. Mas o que Oxum não sabia é que as feiticeiras desejavam pegar Exú em uma brincadeira.

As Yámi ensinaram-lhe uma magia e pediram para que sempre que ela fizesse esse feitiço que ela lhes prestasse uma oferenda.
E então Oxum com as mãos cheias de um pó brilhante foi até Exú e pediu para que ele adivinhasse o que tinha em suas mãos. Quando Exú chegou perto e fixou o olhar Oxum soprou o pó no rosto dele deixando-o temporariamente cego.

E então Exú ficou preocupado com os búzios e pediu para que ela – que fingia preocupação – o auxiliasse. E então, pouco a pouco, ele foi respondendo os questionamentos do Oxum para que ele pudesse compor o jogo novamente. E todos os Odus passaram a ficar conhecidos por Oxum.
Ao retornar ao reino do pai Oxalá, Oxum contou ao seu pai o que havia acabado de fazer. Ifá, admirado por sua coragem, presenteou-a com a mão de jogo e disse que ela seria regente do Oráculo junto com Exú.

Foi então que Oxalá perguntou para a filha o motivo daquilo tudo. A Orixá, com toda a sua doçura disse que fez tudo isso por amor a ele.

Impondo suas vontades

Era comum que os Orixás masculinos se reunissem para discutir assuntos sobre a humanidade. Oxum sempre achou isso muito injusto, pois sabia que tinha sabedoria e poder o suficiente para opinar sobre as questões dos homens, mas mesmo insistindo nunca conseguiu espaço para se expressar.

Como última escolha, decidiu usar a sua astúcia. Como não existiam homens se não fossem as gestações das mulheres, a Orixá então tirou a graça da fertilidade de todas e assim a humanidade começou a minguar-se e não haviam nascimentos. Notando que algo de errado acontecia na terra, os Orixás decidiram consultar Olorum, que os revelou que a Mãe Oxum havia tirado o dom da maternidade de todos.

Como somente ela poderia resolver essa questão, eles a convidaram para participar da reunião e desde então, a Orixá se tornou figura presente em todos acordos e decisões tomadas pelos Orixás, e a humanidade passou a se multiplicar mais uma vez.

Qualidades de Oxum

Oxum possui dezesseis qualidades que podem ser encontradas em sua personalidade, dons e formas de agir como Orixá. Vale lembrar que estas qualidades são costumeiramente cultuadas nas Nações de Candomblé, não sendo tão comuns na umbanda.

1.    ÒSUN ABALÔ – É uma velha Oxum, de culto antigo, considerada Iyá Ominibú, tem ligação com Oyá, Ogum e Oxóssi, veste-se de cores claras, usa abebé e alfange.

2.    ÒSUN IJÍMU ou Ijimú, é outro tipo de Oxum velha. Veste-se de azul claro ou cor de rosa. Leva Abèbé e Alfange, tem ligação com as Iyamís, é responsável por todos os Otás dos rios.

3.    ÒSUN ABOTÔ  também uma velha Oxum de culto antigo, ligada as Iyamís, feiticeira, carrega Abèbé e Alfange, tem ligação com Nanã, Oyá de culto Igbalé.

4.    ÒSUN OPARÁ Oxum Opará ou Apará seria a mais jovem das Oxum, é um tipo guerreiro que acompanha Ogum, vive com ele pelas estradas; dança com ele quando se manifestam juntos numa festa; leva uma espada na mão e pode vestir-se de cor de marrom-avermelhada. Conhecida também como a Senhora da Espada.

5.    ÒSUN AJAGURA ou AJAJIRA, outra Oxum guerreira que leva espada, jovem, tem ligação com Yemanjá e Xangô.

6.    YEYE OKE Oxum jovem guerreira, muito ligada a Oxóssi, carrega Ofá e Irukerê.

7.    YEYE ÌPONDÁ  é também uma òsun Guerreira ligada a Ibuálàmò. Yeye Pondá é rainha da cidade que leva seu nome Ìponda, leva uma espada e veste-se de amarelo ouro e branco quando acompanha Oxaguiã.

8.    YEYE OGA é uma Oxum velha e muito guereira, carrega Abèbé e Alfange.

9.    YEYE KARÉ é um Oxum jovem e guereira, ligada a Odé Karè, Logun edé.

10. YEYE IPETU é uma Oxum de culto muito antigo, no interior da floresta, na nascente dos rios, ligada a Ossaim e principalmente a Oyá dada a sua ligação com Egun.

11. YEYE AYAALÁ- é talvez a mais ancestral dentre todas, veste-se de branco, ligada a Orunmilá e as Iyamis, considerada a avó.

12. -YEYE OTIN- Oxum com estreita ligação com Ínlè, ligada a caça e usa Ofá e Abèbé.

13. -YEYE IBERÍ ou merimerin- Oxum nova,  concentra a vaidade e toda beleza e elegância de uma Oxum, dizem que ser a Oxum de mãe menininha do Gantois.

14. –YEYE MOUWÒ- Oxum ligada a Olokun e Yemanjá, grande poder das Iyamís, veste-se de cores claras e usa Abèbé e Ofange.

15. –YEYE POPOLOKUN- Oxum de culto raro, ligado aos lagos e lagoas.

16. -YEYE OLÓKÒ- Oxum guerreira , vive na floresta nos grandes poços de água, padroeira do poço.

Oferenda para Oxum

IMPORTANTE: toda oferenda deve ser orientada por alguém responsável do Candomblé ou Umbanda, cada Orixá possui suas peculiaridades que devem ser respeitadas e guiadas por quem os conhecem após anos de prática na religião.

Mel, frutas, flores e elementos doces. A doçura desse Orixá se expressa pelas oferendas que são entregues a ela nas beiras dos rios. Como é a Deusa do amor ela é extremamente conectada à natureza e aos elementos da Terra.

Quando se oferta algo a um Orixá os agradecimentos pelas energias a eles destinados ficam cada vez mais latentes e claros. Esse é o momento de entrega do filho da divindade àquele que cuida de todos os fios do seu destino. Abaixo seguem duas receitas de oferendas que podem ser feitas para Oxum.

1a Oferenda

3 cachos de uvas (claras tipo Itália) regados com mel
3 rosas amarelas (abertas e sem espinhos)
3 velas amarelas (número 0 ou 1)
mel, o suficiente para regas as frutas e as rosas
1 garrafa de água mineral
7 folhas de couve, arrumadas em círculo, com os cabos para fora, para servirem de suporte para a oferenda.

Entrega
Arrumar as frutas e as rosas no centro do círculo feito com as couves. Regar tudo com água mineral, depois com mel acender a vela (deixe-a firme dentro da terra, ou leve uma forminha de alumínio para suporte). Se possível, espere a vela queimar para evitar incêndios e aproveite para sentir o Axé da oferenda.

2a Oferenda

7 folhas de couve, para forrar o chão (arrumar em círculo, com os cabos para fora)
7 espigas de milho (in natura, não precisa cozinhar)
7 rosas amarelas (abertas e sem espinhos)
7 velas amarelas (número 0 ou 1) (leve 7 forminhas, para suporte, espere queimar e as recolha, podendo reaproveitá-las).
1 garrafa de água mineral

Entrega
Arrumar as espigas e as rosas intercaladas, em forma de cículo, em cima das couves, regar com a água e acender as velas.

Características das Filhas e Filhos de Oxum

Pessoas que dão muito valor à opinião das pessoas e não querem, de forma alguma, desagradar os demais. Por isso conseguem lidar com as diferenças e divergências de opinião politicamente e com muita diplomacia.

Os filhos e filhas de Oxum são pessoas obstinadas, focadas e que sabem exatamente o passo-a-passo que precisa ser feito para alcançar seus objetivos e ideais. São pessoas honestas, dedicadas, doces e carinhosas.

Não são levados por paixões arrebatadoras. Preferem a calma, o equilíbrio e a tranquilidade do amor. Guardam a sete chaves as traições de outros com relação a eles e – mesmo que não guardem mágoas – jamais perdoarão essas pessoas.

Os filhos de Oxum são dengosos, maternais e oferecem àqueles que convivem com eles um bom espaço de amor e calmaria. São também muito vaidosos e possuem a característica de sempre cuidarem da beleza. Por essas características e grande dedicação ao relacionamento, é costume dizer que filhas de Oxum tem sorte no amor.

Saudação à Oxum

A saudação à Oxum é: Ora Yê Yê Ô! Que significa: Olha por nós mãezinha!

Logun Edé - O Orixá da caça e também da pesca

 

Logun Edé - O Orixá da caça e também da pesca

Logunedé, Orixá masculino, da pesca e da caça, considerado um dos mais belos e não poderia ser por menos, ele é filho de Oxóssi e Oxum. Ele herdou o jeito meigo e a graça de Oxum e a felicidade e o espírito caçador de Oxóssi, portanto Logun edé apresenta em suas características expressões femininas e masculinas, o que o faz aparecer em algumas representações da Umbanda e Candomblé como uma figura jovem.

Ele divide sua vida em dois períodos no ano, durante 6 meses ele acompanha o seu pai nas matas, o que o garantiu grande habilidade com a caça, sendo muito ágil e carregando também o axé da prosperidade, nos outros 6 meses ele convive com sua mãe nos rios, onde desenvolveu técnicas de grande pescador e absorveu as características belas e delicadas de Oxum. Seu temperamento devido ao axé dos seus pais é bem contraditório, pois em um momento ele se apresenta terno, amável e benevolente e em outro instante ele prefere a solidão e assume uma posição séria que lembra Oxóssi.

Tanto na Umbanda quanto no Candomblé, Logunedé é um exímio caçador, seja em terra ou águas ele sabe usar a paciência e sabedoria para alcançar o que deseja e a sua beleza encanta e arranca suspiros e prende olhares.

História de Logunedé

A história dos Orixás se cruzam em sua maioria com a vida de Logunedé, pois ele foi filho de vários pais e de várias mães. O nascimento de Logunedé – Oxossi com Oxum
Mesmo se amando, Oxóssi e Oxum não viveram juntos, pois seus costumes, gostos e interesses eram muito diferentes, ao saber que sua amada estava grávida, Oxóssi disse à ela: “Oxum, pelo amor que tenho por ti, gostaria de ficar com o menino e criá-lo da melhor forma possível, o ensinarei a ser um grande caçador e guerreiro e ele aprenderá sobre todos os segredos das matas.” Impossibilitada de se separar do filho que tanto amava, Oxum respondeu: “O menino ficará 6 meses com o pai e 6 meses com a mãe, comerá de caça e de peixe. Ele será Oxum e Oxóssi, sem deixar de ser ele mesmo Logunedé: o príncipe da floresta e exímio caçador”.

Recebeu de presente de sua mãe um espelho, o abebé, no qual ele se admira e de seu pai ganhou ofá, arco e flecha para aprender os dons da caça. Esses objetos o mantém sempre próximo aos seus pais, já que a silenciosa floresta nunca pode seguir o esperançoso e vivaz fluxo de um rio.

Separado da mãe
Logunedé era uma criança muito ativa e por isso Oxum vivia a adverti-lo para não ir onde as águas eram profundas e turbulentas (pois Obá habitava essas águas e em seu ódio por Oxum com certeza faria algo a criança). Mas, por ser muito curioso um dia, na distração de sua mãe, a desobedeceu, Obá notando a presença do garoto em suas águas, despertou a fúria do rio para afogá-lo. Desesperada, e sem saber o que fazer pois a criança estava fora de seus domínios, Oxum suplicou a Olorum o seu auxílio, que salvou a criança mas a entregou para Iansã cuidar, pois não achava seguro ele ficar em uma área de confronto entre Oxum e Obá.

Nesta época, Iansã era esposa de Ogum e os dois criaram Logunedé como seu filho. Sem saber do que havia acontecido com a criança, Oxum o considerou morto. Enquanto ele crescia, suas visitas a Oxóssi continuavam, mas devido a frieza do Orixá, ele nunca o falou sobre a sua mãe e, quanto mais perto da adolescência Logunedé chegava, mas a imagem de Oxum se perdia em sua memória.

Um belo dia a se lembrar de um rio vagamente, Logunedé decide procurá-lo, chegando próximo as suas águas ele avistou uma linda mulher, tão bela que ele não conseguia parar de olhá-la e a sua visão aquecia o seu peito de uma forma inexplicável, decidiu então, ficar escondido atrás de uma moita a espiando. Oxum logo sentiu que estava sendo observada e repentinamente saltou sobre a moita, para a sua surpresa, ao ver o jovem rapaz ela logo reconheceu que era o seu filho perdido. A emoção foi tamanha que ela não conseguiu conter, assim o falou tudo que havia acontecido e os dois passaram o dia brincando e conversando a beira do rio. O problema era que nessa época Oxum já havia se casado com Xangô, e ele não admitia que nenhum homem chegasse perto de suas iabás, por isso Logunedé nunca mais pode morar com sua mãe, pois deveria manter distância do castelo de Xangô e então passou a encontrá-la escondido nas águas do rio.

Mais tarde Logunedé também perdeu sua mãe de criação Iansã, que abandonou Ogum para se entregar a sua paixão por Xangô.

Qualidades de Logunedé

Logunedé é metá, não possui qualidades, ele é único e transforma-se no que quiser, pois ele concentra em si 3 energias diferentes :a dele mesmo, de Oxum e Oxóssi.

Oferenda para Logunedé

Primeiramente, as quizilas (ewó) de Logunedé são: mel, manga espada, galo, cabrito e bode.

Observação: toda oferenda deve ser orientada por alguém responsável do Candomblé ou Umbanda, cada Orixá possui suas peculiaridades que devem ser respeitadas e guiadas por quem os conhecem após anos de prática na religião.

Axoxó para Logunedé

Ingredientes: 400 grs de camarão seco triturado, 4 cebolas grandes raladas, 1 quilo de feijão fradinho, 6 ovos cozidos e descascados de forma perfeita, 1 quilo de milho vermelho, 1 coco, sal a gosto e 500 ml de azeite de dendê.

Modo de preparo: cozinhe o feijão fradinho, em seguida refogue com um pouco do azeite de dendê o camarão com a cebola e sal, adicione o feijão cozido ao refogado e acrescente aos poucos o azeite até que o tempero se misture com os ingredientes. Cozinhe separadamente o milho vermelho em água e sal, o escorra e espere até que esfrie. Em um alguidar coloque do lado direito o milho e do lado esquerdo o feijão com camarão, da forma mais uniforme possível. Em cima do feijão colocar os ovos descascados com a ponta fina para baixo e o coco em cima do milho, distribua tudo de maneira uniforme.

Omolukun para Logunedé

Ingredientes: 500 grs de feijão fradinho, 500 grs de milho, 4 ovos cozidos, azeite de oliva e 1 cebola e lascas de coco.

Modo de preparo: cozinhe o feijão com água, cebola e azeite e enquanto isso cozinhe também separadamente o milho. Pegue o feijão bem cozido e amasse até virar um purê e o coloque em um alguidar ocupando somente o lado esquerdo, na outra metade coloque o milho cozido. Por cima do feijão coloque os 4 ovos descascados perfeitamente, sem ferir a clara com a ponta mais fina para baixo, por cima do milho coloque as lascas de coco de forma uniforme.

Características das Filhas e Filhos de Logunedé

Os Orixás de cabeça determinam suas principais características e, os filhos de Logunedé possuem uma essência peculiar, eles são pessoas muito indecisas, nunca sabem o que realmente querem e até mesmo suas emoções e formas de agir são um pouco indefinidas.

Isso se deve ao fato de que as características de Oxum e Oxóssi estão presentes nestas pessoas, mas de maneira superficial, ou seja, filhos de Logunedé são sensuais, carismáticos, elegantes, belos como Oxum e objetivos e seguros como Oxóssi, mas tudo isso é de forma menos incisiva como o dos próprios filhos desses Orixás. Essa mistura os tornam pessoas soberbas e arrogantes, eles possuem olhar de felino, aquele que prende pela beleza mas ao mesmo tempo intimida, gostam de mandar e não são nem um pouco modestos. Por serem naturalmente belos, eles sustentam tudo com a confiança em sua aparência. Mas, se eles se tornarem pessoas conscientes de seus defeitos e de seus pontos fortes se tornarão extremamente agradáveis e nascidas para o sucesso.


Saudação a Logunedé

Sua saudação é: Logun ô akofá! ou Loci Loci Logun

Significado: Brada, Principe Guerreiro.

Tudo Sobre Ogum – O Orixá Ferreiro e Grande Guerreiro

 

Tudo Sobre Ogum – O Orixá Ferreiro e Grande Guerreiro

Ogum é símbolo de luta e conquistas, um Orixá muito respeitado e cultuado aqui no Brasil. Tem um dos mais fortes sincretismos, representado por São Jorge, também destemido guerreiro e que nunca abandonou sua causa.

Ele é a figura do comandante supremo, e quem necessitar de proteção em momentos de perigo chame por Ogum, pois esse Orixá ferve seu sangue no momento de batalha e lutará a sua frente com todas suas forças.

Ogum é temido guerreiro que sempre lutou sem parar contra todos que o desafiassem ou procurassem por sua fúria. É também irmão amoroso, filho de Iemanjá, irmão mais velho de Exú Oxóssi, pelo qual sempre teve grande estima, ele que fez suas armas com suas próprias mãos.

Ogum passou para todos os seres humanos o conhecimento sobre batalhas e o trabalho com o metal, trazendo a evolução para toda a humanidade.

História de Ogum

história Ogum sobre como esse guerreiro virou Orixá conta que um dia, ele foi requisitado para uma batalha que não havia data certa para finalizar. Sendo assim, ele solicitou para seu filho que era o dono do trono de Irê dedicar um dia no ano em seu nome enquanto ele estivesse em batalha, toda população deveria jejuar e fazer silêncio. Dessa forma ele partiu e permaneceu durante sete anos em batalha.

Ao retornar sedento e faminto, bateu em diversas casas pedindo bebida e comida, mas ninguém o atendia, o silêncio na cidade era absoluto. Enfurecido pela falta de consideração da população, Ogum não se controlou e dizimou toda a aldeia a fio de espada. O Orixá só parou quando seu filho apareceu e com a ajuda de Exú, controlou a fúria do pai sem entender o que o motivou a tamanha atrocidade. Ogum então se explicou, disse que as pessoas deveriam ter-lhe recebido com festa e presentes, mas ao contrário quando pediu uma bebida pois estava morto de sede, eles o ignoravam.

Seu filho então o lembrou do pedido que ele fez antes de sair da vila, de um dia de homenagem em silêncio, e aquele era o dia. Tomado por vergonha e remorso, Ogum abriu o chão com sua espada e se enterrou de pé.

A Paixão de Ogum por Oxum

Uma vez, Ogum se cansou de produzir armas de metal e decidiu fugir do vilarejo, se escondendo no meio da floresta. Todos os Orixás fizeram de tudo para chamá-lo de volta, mas nenhum conseguiu. Oxum, ao saber do acontecido, resolveu tentar o feito, os Orixás desacreditaram dela, mas Oxum disse que tinha seus truques.

Chegando no meio da floresta e avistando o guerreiro ao longe, Oxum começou a dançar e cantar espalhando seus encantos pela mata. Assim que Ogum a viu, se apaixonou perdidamente, e começou a segui-la. Fingindo não vê-lo, enquanto ele a seguia, Oxum o levou até a vila. O Orixá não teve outra escolha ao não ser voltar a trabalhar como ferreiro.

Iansã e Obá deixam Ogum por Xangô

Iansã e Obá foram esposas de Ogum, mas ambas se apaixonaram pelos encantos de Xangô e o abandonaram. Para conhecer suas histórias clique em: História de Iansã e História de Obá.

Ogum e sua quizila de quiabo

Ogum não suporta quiabo porque foi devido a esse legume que ele perdeu uma batalha para o Orixá que ele mais detesta: Xangô. Ela foi pego em uma armadilha, uma pasta feita com quiabo, preparada por Xangô, na qual ele pisou e escorregou durante a batalha, o que o levou a derrota.

Qualidades de Ogum

Ogun AkoróUsa coroa e roupa de mariwó, ele toma conta da casa de Oxalá,
ligado a Oxossi e também não come mel.
Ogun MejéLigado a Exú, toma conta das 7 entradas do Irê
Ogun WárisLigado a Oxum, muito requintado, é ferreiro de metais dourados.
Ogun OniréSenhor do Irê, filho de Oniré
Ogun AmenéLigado a Oxum, possui uma conta verde clara
OgunjáSomente na África essa qualidade recebe cães como oferenda,
está ligado a Yemanjá
Ogun AlagbedéLigado a Yemanjá, é o Ogun dos ferreiros.

Oferendas para Ogum

IMPORTANTE: toda oferenda deve ser orientada por alguém responsável do Candomblé ou Umbanda, cada Orixá possui suas peculiaridades que devem ser respeitadas e guiadas por quem os conhecem após anos de prática na religião.

Ogum aprecia muito a manga, feijão fradinho, camarão e cerveja clara. São as oferendas mais simples dentre os Orixás, elas podem ser entregues em beira de cachoeira, praias, estradas de terra, mato e até mesmo em um jardim. Sua quizila é o quiabo, então muito cuidado!

Mangas para Ogum

Ingredientes:

  • 7 cravos vermelhos
  • 7 mangas espadas sem descascar
  • 1 água mineral
  • 1 cerveja clara.

Material para montagem: 7 folhas de couve que serão arrumadas como um círculo, 1 coité para a cerveja e 7 velas intercalando brancas e vermelhas.

Modo de preparo: colocar as folhas de couve como se fossem um prato, formando um círculo, com o cabo sempre para fora. Divida as mangas em duas partes sem tirar a casca nem o caroço e coloque sobre as couves, regue com a água mineral para se manterem frescas, coloque os cravos, as velas e o coité com cerveja para completar.

Oferenda de pedido de prosperidade para Ogum

Ingredientes:

  • 250 grs de feijão de cavalo crú
  • 250 grs de feijão fradinho crú
  • 8 ovos cozidos (descascados e inteiros)
  • 8 azeitonas verdes
  • 8 folhas de louro, azeite de dendê
  • 8 moedas douradas limpas (lavadas com sabão)
  • 1 cerveja clara.

Material para montagem: 1 coité para a cerveja, 4 velas brancas (0 ou 1), 4 velas vermelhas (0 ou 1), 7 folhas de couve para fazer o suporte e 8 formas de empadinha para as velas.

Modo de preparo: Dispor as 7 folhas de couve como um prato, formando um círculo com os cabos para fora. Colocar o feijão cavalo no centro e o feijão fradinho envolta dele. Enfeitar tudo com os ovos, azeitonas e folhas de louro, regue tudo com dendê. Colocar as velas envolta e acendê-las em cima das formas.

A História de São Jorge

Jorge era de família cristã e lutava no exército de Roma desde jovem, após a morte de seu pai, ele mudou com a sua mãe para a Palestina. Aos 23 anos foi promovido a capitão do exército, ágil e muito habilidoso com a espada, despertou inveja em diversas pessoas. Ao se mudar para a corte em Roma para exercer altos cargos, tornou-se de seu conhecimento que o imperador Diocleciano estava organizando uma extermínio aos cristãos. Ao ver o mandato, Jorge apresentou-se e disse que os ídolos que eles cultivavam eram na verdade falsos deuses e que Jesus era o único caminho e salvação. O imperador não pensou duas vezes e mandou torturá-lo,  ele acreditava que perante a dor, Jorge abandonaria o seu Deus. Mas isso não aconteceu, ele insistiu em sua fé.

Outra lenda de São Jorge é sobre o seu simbolismo em matar um dragão. Um reino na Europa estava correndo perigo devido a um dragão que aparecia sempre para tentar quebrar o muro da cidade e destruía tudo a sua volta. Para conter a sua fúria, ele queria o sacrifício de uma jovem moça virgem. Certo dia, a filha do Rei foi a sorteada para servir de oferenda ao monstro. Enquanto esperava a beira do lago sem esperança de ser salva, apareceu um jovem cavalheiro de espada na mão que transformou o dragão em um cordeiro e o entregou a menina dizendo para ela voltar para casa e dizer a todos para que nunca perdessem a fé nos milagres de Deus, pedindo para que todos se convertessem.

Na Bahia Ogum também ficou conhecido como Santo Antônio.

Saudação a Ogum

A saudação a Ogum é: Ògún ieé! Que possui o significado: Salve a Ogum, cabeça coroada. Também pode ser mencionada como Ogunhê.

Apesar da imagem de guerreiro temido, Ogum na verdade é a vida em sua plenitude. Poderoso protetor, temido lutador, sua força e garra inspiram muitos filhos e seguidores.