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O Cruzeiro possui muitas histórias e funcionalidades. A cruz, de maneira esotérica, é reconhecida como objeto que representa os quatro elementos e a conexão entre o plano material e o plano espiritual.
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O Cruzeiro possui muitas histĂłrias e funcionalidades. A cruz, de maneira esotĂ©rica, Ă© reconhecida como objeto que representa os quatro elementos e a conexĂŁo entre o plano material e o plano espiritual. Todas essas funçÔes foram absorvidas pelo vĂłrtice da Quimbanda, porĂ©m a representação que tem o significado mais entrelaçado e que pode explicar as atuaçÔes do reino do Cruzeiro foi genuinamente desenvolvida durante o perĂodo de crescimento urbano no territĂłrio brasileiro.
Nos primĂłrdios da construção da đ”đŠđłđłđą đŁđłđąđŽđȘđđȘđŽ, cruzeiros começaram a ser erguidos em estradas prĂłximas Ă s entradas de novas cidades que estavam em seu estĂĄgio inicial de construção, e Ă© natural que hoje ainda encontremos um cruzeiro na entrada de uma cidade antiga, principalmente em cidades baianas e mineiras.
Esses cruzeiros acabaram se tornando poderosos vĂłrtices de passagens espirituais, significando a linha tĂȘnue que corta a estrada (Reino das Almas) com uma nova cidade (portal/cruzeiro). Desta forma, no astral os espĂritos entendiam e usavam os cruzeiros como uma referĂȘncia de acesso, e assim, onde quer que estivesse um cruzeiro, existia um novo vĂłrtice/ponto de energia que dava acesso a novos locais delimitados (cidades) repletos de diferentes Reinos e sub-Reinos.
A partir desta premissa, os Cruzeiros da Quimbanda começaram a ganhar significado e os homens começaram entender melhor suas funçÔes. Não vou adentrar estreitamente no assunto, mas vale ressaltar que os cruzeiros erguidos na morada dos mortos (Kalunga) possuem a mesma função e serviram de base para a correlação e entendimento dos cruzeiros das estradas, vistos também como o limiar da vida e da morte e da relação dos vivos com os mortos. Neste ponto, associam-se também os cruzeiros de outros reinos, como o Reino da Mata e da Praia.
Os cruzeiros do Reino da Praia podem ser representados pelos grandes farĂłis costeiros: seu formato em cruz Ă© caracterizado pela estrutura vertical que simboliza o plano material, e a luz, que Ă© emanada pelo farol simboliza a linha horizontal e espiritual. Eram utilizados pelos navegadores como uma forma de, em meio ao mar aberto (Kalunga Grande/Mar das Almas), encontrar um local habitado e delimitado por terras (cidades/terra firme).
Dentro da Quimbanda, o cruzeiro Ă© visto como uma estrutura/portal por onde espĂritos, almas e energias transitam, bem como pedidos e sĂșplicas podem ser atendidas e banimentos podem ser realizados. O Exu Rei e Pombagira Rainha do Cruzeiro juntamente com Exu Rei das Trevas e todo o povo do Cruzeiro, Almas e Kalunga sĂŁo os sustentadores e guardiĂ”es destes pontos de forças, pois tais portais sĂŁo sempre utilizados como atalhos para que os espĂritos viagem de um local para outro com maior rapidez e fluidez.
OraçÔes, sigilos e oferendas de frente para um cruzeiro podem conter cĂłdigos espirituais capazes de abrir portas totalmente novas, que jamais imaginarĂamos que terĂamos acesso. Segundo o Exu Rei da Kalunga, o Cruzeiro nĂŁo Ă© apenas uma porta, mas a possibilidade para inĂșmeros portais, cujo acesso depende unicamente das chaves/cĂłdigos que o adepto possui. Partindo desta premissa existe um cĂłdigo especĂfico para cada porta que um cruzeiro pode abrir, e elas podem ser acessadas com chaves especificas quando se necessita de uma energia que uma dessas portas pode conferir.
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Os cruzeiros naturais sĂŁo pontos de passagens formados pela natureza que sĂŁo portas astrais poderosĂssimas.
Um tipo de cruzeiro natural sĂŁo os vulcĂ”es, tambĂ©m conhecidos como bocas infernais. Esses portais Ăgneos eram cultuados por povos antigos e suas preces eram voltadas Ă s divindades para que estas nĂŁo aplacassem a ira e o desgosto sobre a vida das tribos localizadas na mesma regiĂŁo.
Os vulcĂ”es tem uma estreita ligação com Vossa Santidade Maioral. Suas lavas sĂŁo os fogos do Grande DragĂŁo que consomem a sujeira fĂsica e espiritual. O Brasil, apesar de nĂŁo possuir vulcĂ”es ativos, Ă© repleto de pedras de origem vulcĂąnica que podem ser ativadas para evocar as forças de Maioral e das armadas espirituais.
Outro tipo de cruzeiro natural sĂŁo ĂĄrvores, que se transformam em portais a partir do momento em que se tornam grandes e robustas ou pertencem a uma classe poderosĂssima, tais como a figueira, mangueira, entre outras. Seus galhos formam diversas cruzes e teias por onde transpassam diversos espĂritos. As ĂĄrvores quando se tornam cruzeiros começam a ter uma estreita relação com Exu Morcego, e acabam servindo de interseção entre o Reino do Cruzeiro e o sub-Reino da Praça.
Os cruzeiros nĂŁo naturais, mas pĂșblicos, sĂŁo os cruzeiros que estĂŁo localizados nas estradas, nas matas, na praia e na Kalunga. Esses cruzeiros podem ser facilmente utilizados como uma via de acesso espiritual. Apesar de dentro da Kalunga possuir vĂĄrios cruzeiros que estĂŁo fincados sobre as lombas dos Mortos, para uma solicitação espiritual sĂŁo mais adequados os cruzeiros centrais (grandes cruzeiros) onde nĂŁo possuem corpos embaixo e que possivelmente nĂŁo possuem o nome do morto escrito ou gravado.
Um detalhe importante: quando um adepto necessita de um poderoso Cruzeiro, pode “comprar” espiritualmente uma cruz dentro destes reinos mencionados, porĂ©m ao comprar um Cruzeiro deverĂĄ confeccionar outro para colocar no lugar do que foi retirado. Como foi dito anteriormente, os cruzeiros sĂŁo teias e portais espirituais: quando removidos, desestabilizam as conexĂ”es e pontes astrais. Sendo assim o adepto, ao substituir a cruz que foi retirada, restabelece o fluxo energĂ©tico daquele reino.
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Os cruzeiros internos sĂŁo os sete pontos de força que possuĂmos, e pode ser entendido e correlacionado aos sete chacras da tradição hindu. Cada cruzeiro interno possui sua função particular cujo prĂłprio estado e essĂȘncia norteia a vida das pessoas.
Esses cruzeiros internos constantemente são influenciados por forças externas e se modificam conforme a maneira que lidamos com o mundo. Esses vórtices internos podem tanto atrair bons fluxos energéticos, quanto fluxos nocivos.
Quando Exu incorpora em um adepto pode influenciar seus cruzeiros internos de tal maneira que traga uma sensação de alĂvio e desobstrução. Por outro lado, em uma possessĂŁo, os espĂritos de baixa vibração acabam por se alimentar dessas energias e trazer transtornos energĂ©ticos Ă vida da pessoa.
Em diversas tradiçÔes existe o conceito de corpo aberto e corpo fechado. Quando uma pessoa estĂĄ de corpo aberto, esotericamente significa que os cruzeiros internos dela estĂŁo suscetĂveis a todo tipo de energia externa, e quando muitas vezes o escudo energĂ©tico falha por ser constantemente atacado, os cruzeiros começam a atrair diversos tipos de energia do ambiente ao qual estĂŁo expostos.
Dessa forma, as portas internas de um adepto podem ser corrompidas e danificadas por energias nocivas acumuladas e maldiçÔes recebidas. Exemplo: um indivĂduo chega em casa sentindo problemas de saĂșde e nĂŁo entende o porquĂȘ de sua condição; entretanto, o fato dele se sentir mal pode ter sido ocasionado por ter consumido um alimento preparado por uma pessoa que estava bastante enfurecida e cheia de pensamentos nocivos. A pessoa, por meio de suas mĂŁos e intençÔes, passou sua fĂșria /doença para aquele alimento de tal maneira que afetou a energia espiritual do indivĂduo que o consumiu, danificando suas conexĂ”es internas e gerando um mal estar (resposta do corpo ao adoecimento espiritual).
Quando forças muito densas sĂŁo absorvidas internamente, apenas fortes limpezas e trabalhos de cura interna podem libertar e purificar os cruzeiros de uma pessoa. Quando a vida de um ser humano estĂĄ em completa estagnação pode ser que um ou mais de seus cruzeiros se solidificaram de tal maneira que o adepto sofreu severas alteraçÔes no seu estado de saĂșde e caminhos, nesses casos sĂŁo necessĂĄrios “choque-tĂ©rmicos” com ervas, ou seja, um banho de ervas quentes e, logo em seguida, um banho de ervas frias, para assim desobstruir os canais energĂ©ticos do indivĂduo e o libertar da estagnação/petrificação energĂ©tica.
Os cruzeiros pessoais de uma pessoa dizem a respeito sobre a vida sexual, fertilidade, sobre seus anseios, sobre seus sentimentos, sobre sua capacidade oratĂłria, seu intelecto, sua conexĂŁo espiritual, entre outras inĂșmeras funçÔes. Ter uma destas funçÔes comprometidas pode ser um problema que implica de maneira implĂcita atĂ© mesmo nos caminhos de uma pessoa. Segundo o Mestre Exu Bola Oito, existem momentos onde o problema de uma pessoa tem que ser observado sob aspectos diferentes. Por exemplo, o problema de um homem que nĂŁo consegue bons negĂłcios nĂŁo necessariamente estĂĄ conectado a sua condição material ou ao que se imagina serem caminhos fechados, mas pode ser decorrĂȘncia de uma impotĂȘncia sexual como a raiz deste mal, pois o homem com este problema pode se sentir infeliz e nĂŁo possuir Ăąnimo para gerar bons frutos onde quer que ele vĂĄ. E desta maneira a resolução do atrito estĂĄ em enxergar e resolver este mal oculto.
Partindo deste ponto, os cruzeiros internos de uma pessoa reafirmam que muitas situaçÔes dependem do homem e a interação dele com si mesmo e o mundo, e o que muitas vezes se chama de caminhos fechados e uma vida obstruĂda sĂŁo apenas reflexos daquilo que o interior emana.
Vemos as açÔes dos cruzeiros internos tambĂ©m atravĂ©s do sopro do indivĂduo, pois se trata da reuniĂŁo de todas as fagulhas que residem em seus portais, por isto muitas vezes quando se realiza um orĂĄculo, solicita-se que o indivĂduo sopre nos bĂșzios, pois desta maneira estĂĄ doando parte daquilo que carrega internamente, que quando visto sobre uma tĂĄbua consagrada, tornam-se diagnĂłsticos de sua condição carnal, material e espiritual.
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As firmezas/firmaçÔes sĂŁo as portas pessoais de relação entre o adepto e os mestres que estĂŁo em sua coroa. Estes vasos (corpos) cautelosamente analisados podem ser vistos como uma espĂ©cie de cruzeiro, pois Ă© por onde possuĂmos um canal de comunicação direto e tambĂ©m por onde o Kiday Ă© espiritualmente absorvido.
Uma das visualizaçÔes obtidas por meio de conexĂ”es espirituais nos revelaram que a firmação de Exu simboliza tambĂ©m um vulcĂŁo ativo (boca que tudo come), que a panela/vaso ao ser conectada ao solo cria raĂzes Ăgneas que se conectam Ă Primeira Encruzilhada de Fogo / Maioral (Magma). EntĂŁo embaixo de cada Panela de Exu, tem uma porta de conexĂŁo com Maioral e sua essĂȘncia infernal. Desta forma as firmaçÔes/panelas de Exu podem ser enxergadas como pequenos vulcĂ”es que necessitam de zelo e sacrifĂcios para permanecerem estabilizados. O Ătan “Exu, a boca que tudo come” pode ser interpretada tambĂ©m como a boca de Exu sendo um vulcĂŁo, que tudo dissolve, que tudo consome.
Em uma firmação pessoal sĂŁo inseridos diversos elementos, utilizados por nossos mestres para manipular melhor determinadas energias e cargas densas do plano material, bem como favorecer nosso desenvolvimento. Estas firmaçÔes, por conterem diversos tipos de fetiches, suprem inĂșmeras necessidades.
Por exemplo, uma pessoa sem firmação de Exu dificilmente alcançarĂĄ um estĂĄgio avançado de incorporação ou de amplitude material, haja vista que exu requer uma estrutura fĂsica (vaso) para atravessar esse plano com maior força e sorver melhor algum tipo de energia para manter um equilĂbrio energĂ©tico, se o adepto nĂŁo possui nenhuma fonte de alimentação externa (firmação) alĂ©m da prĂłpria energia chacral e fĂsica pode acabar sofrendo desgastes energĂ©ticos.
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As firmezas/firmaçÔes de cruzeiros no culto de Exu possuem uma representação similar ao descrito sobre cruzeiros em entradas de cidade, uma das funçÔes desta firmação Ă© proteger o espaço sagrado onde se possuem outras firmaçÔes e onde se exerce os trabalhos da Quimbanda. PorĂ©m o Cruzeiro, apesar de agir como Porteira, nĂŁo se limita apenas a esta função (efeito bloqueador), mas tambĂ©m age como vĂłrtice que traz banimento, riqueza, força e saĂșde. TambĂ©m atua descarregando energias que sĂŁo trazidas por adeptos e pessoas que acumularam cargas energĂ©ticas nocivas, bem como tambĂ©m leva a energia densa que Ă© deixada apĂłs uma incorporação (bebida e fraqueza).
Nosso corpo não possui estruturas fortes o suficiente para todo tipo de energia externa, e necessita que cruzeiros externos atuem de maneira coletiva sobre muitas cargas que não suportamos. Por este motivo, tais cruzeiros passam a atuar sobre as energias de um ambiente, regulando as pressÔes sofridas pelos adeptos durante os seus desenvolvimentos.
Alegoricamente, Ă© como se o Cruzeiro ativo estivesse exalando um perfume no ambiente que, ao ser respirado coletivamente, equilibrasse e conectasse as pessoas Ă frequĂȘncia vibratĂłria (energia do chĂŁo) de uma casa. Enquanto que os cruzeiros internos sĂŁo portas espirituais que sĂŁo alimentadas e desenvolvidas individualmente, as firmaçÔes de cruzeiros trabalham como vĂłrtices que absorvem e descarregam energias em Ăąmbito coletivo.
Cada cruzeiro possui um Exu ou Casal de Exu e Pombagira revelados pelo Exu Chefe da casa ou por meio de um orĂĄculo. Estes mestres guardiĂ”es manipulam as energias de um espaço conforme seus tĂtulos e seus campos de açÔes. As funçÔes de um Cruzeiro podem variar de um determinado Templo para outro, mas as principais funçÔes descritas permanecem diante a necessidade espiritual.
A grande diferença do Cruzeiro de Exu (firmação) e o cruzeiro em pontos de forças naturais Ă© que nos cruzeiros naturais tanto os espĂritos e qualquer classe de almas podem passar para encontrar alguma via de acesso (mundo) no astral, enquanto que os cruzeiros firmados possuem restrição altĂssima de passagem, nĂŁo deixando que os espĂritos que nĂŁo estĂŁo conectados com Vossa Santidade Maioral atravessem seus portais.
Um espĂrito que nĂŁo Ă© conectado de maneira equilibrada com as energias do culto apenas pode passar por um cruzeiro por dois motivos:
1Âș - A firmação de Cruzeiro nĂŁo foi realizada de maneira correta, de tal maneira que astralmente hĂĄ rachaduras que os espĂritos nocivos puderam se beneficiar e passar;
2Âș - Quando o Exu guardiĂŁo do Cruzeiro deseja revelar dentro do templo ritualĂstico um mal oculto que uma pessoa estĂĄ sofrendo, seja por larvas astrais ou kiumbas.
A relação individual de cada adepto para com os mestres do Cruzeiro da casa pode facilitar seus desenvolvimentos, haja vista que os mestres do cruzeiro podem decidir intervir melhor na vida daqueles que tem relaçÔes mais estreitas e compromissos com a casa. Outra função do Cruzeiro Ă© a de punir um adepto quando existem falhas comportamentais graves, muitas vezes desrespeitosas (faladas durante incorporação), fechando o cruzeiro e nĂŁo permitindo que o Exu do adepto venha por meio da incorporação atĂ© que este adepto reveja suas falhas e se redima com os espĂritos da casa. Quando uma incorporação ocorre mesmo com o fechamento do cruzeiro, nĂŁo passa de apenas uma incorporação fantasiosa ou uma dupla personalidade criada pelo prĂłprio indivĂduo das quais as teias do cruzeiro irĂŁo se beneficiar.
Em suma, os cruzeiros possuem diversas funçÔes alĂ©m das descritas, e cada cruzeiro pode revelar uma porta nova de atuação, assim como chaves para outras portas desconhecidas, e isto apenas pode ser explorado por meio das relaçÔes espirituais entre adepto e espĂrito.
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