Monstros interiores: conhecê-los ou não?
Monstros interiores: conhecê-los ou não?
Certa vez, recebi um recado, ou melhor dizendo, um conselho de um Preto Velho, ao qual tenho muito respeito, amor e gratidão. Esse conselho me deixou muito encabulada.
O conselho foi o seguinte: "Não tente vencer os seus monstros interiores".
Na hora me perguntei: mas como não tentar vencer meus monstros interiores? O que será que ele quis dizer com isso?
Como foi dito anteriormente, esse conselho me deixou muito encabulada. Como eu iria fazer aquilo?
Foi chegado então o dia da engira de Preto Velho - ao qual esperei ansiosamente - na Casa de Umbanda ao qual eu fazia parte. Pensei: é hoje que acabo de vez com essa aflição.
Quando finalmente acabaram os atendimentos para com a consulência, corri e sentei no toco de frente para ele e fui logo pedindo a bênção e em seguida perguntando o que ele quis dizer com aquelas palavras, porque passei a semana toda pensando e mesmo assim não havia conseguido entender.
E ele, com toda doçura do mundo, me respondeu, meio a uma risadinha de canto de boca, que era muito simples, era só eu viver acima deles, ou seja, era só eu viver acima dos meus monstros interiores que tudo ficaria bem.
Pronto! Agora é que a coisa complicou de vez.
Como é que eu iria conseguir viver acima desses monstros?
Só que, ainda tinha outro problema. Eu estava esquecendo de um pequeno detalhe - ou enorme detalhe, dependendo do ponto de vista de quem analisa.
Primeiro eu teria que identificar quais eram esses monstros que residiam em meu interior, para depois pensar em como viveria acima deles.
Agora meus irmãos, é que a verdadeira jornada, a verdadeira batalha se inicia. Descobrir e encarar os meus monstros, os meus vícios, as minhas mazelas espirituais. Era chegada a hora de conhecer um por um, e conhecer a fundo mesmo, fazer uma verdadeira varredura, pois, só assim, eu poderia descobrir como viver acima deles, e finalmente me libertar das prisões em que eu mesma me coloquei no decorrer das sucessivas encarnações que tive.
Essa viagem ao nosso interior é muito íntima, totalmente particular, ou seja, ninguém pode fazê-la por nós. No máximo podemos contar com a ajuda daqueles que nos assistem, os guias, mentores, anjo da guarda e claro, nosso amado Pai Olorum.
Mas o apoio daqueles que convivem conosco também é fundamental, os familiares e amigos. Não tenham medo ou receio de falar com eles sobre o que estão querendo fazer. Abram o jogo, falem a verdade, peçam ajuda, peçam que tenham um pouco mais de paciência que de costume, ou muita se for o caso.
Porque uma coisa digo a vocês, não vai ser fácil, haverão dias de muita dor, muito arrependimento, muita frustração, muito choro e, às vezes, até desespero.
Mas vale a pena cada lágrima derramada, cada fio de cabelo branco adquirido, vale muito a pena.
O resultado é maravilhoso. E olha que estou falando só do "conhecer a fundo os seus monstros interiores", porque viver acima deles já é outra história que vai ficar para uma próxima vez.
Deixo aqui meus irmãos nestas páginas, todo meu amor fraterno por vocês. E desejo do fundo dos meu corações que vocês criem coragem e façam essa maravilhosa viagem de encontro ao início do melhoramento interior, ao início do trabalho que vos tornará seres humanos de verdade, tal qual, o "Pai" deseja que sejamos, seres "Divinos".
E ainda deixo aqui uma pergunta para reflexão: vocês sabem quais são os seus monstros interiores?
Texto: Danúbia Damasceno.