O que são os Falangeiros e os Capangueiros de Umbanda.
O que são os Falangeiros e os Capangueiros de Umbanda.
Muito se vê falar da incorporação nas giras, mais sera que todos sabem quem realmente baixa no terreiro, existem três formas de manifestação dentro da Umbanda, são as Falanges de Caboclos, de Pretos Velhos e crianças.
Dentro de cada uma delas, existe uma hierarquia espiritual entre Orixás: Orixás menores Guias e protetores, existe também uma quarta forma de imcorporaçãop aceita pelo movimento Umbandista, que atua mais no campo da execução das leis regidas pelos Orixás, são as falanges dos Guardiões Exus, que atuam no limite da luz para as sombras e destas para as trevas.
Dentro deste grupo de entidades, também há uma hierarquia, que já foi explicada em estudos anteriores, onde dei os devidos esclarecimentos.
Na concepção umbandista, quem incorpora numa gira de Umbanda não são os Orixás propriamente ditos, mas seus falangeiros ou Capangueiros, em nome dos próprios Orixás.
Tal concepção está de acordo com o conceito de ancestral (espírito) divinizado ou evoluído vivenciado pelos africanos que para cá foram trazidos como escravos. Mesmo que essa visão não seja consensual, ao menos se admite no meio umbandista que Orixá que incorpora possui um grau adequado de adaptação à energia dos encarnados, o que seria incompatível para os Orixás hierarquicamente superiores.
Os Orixás são intermediários entre Olórum, e os homens. Muitos deles são antigos reis, rainhas ou heróis divinizados, os quais representam as vibrações das forças elementares da Natureza, como os raios, trovões, ventos, tempestades, água, fenômenos naturais como o arco-íris, atividades econômicas primordiais do homem primitivo, caça, agricultura ou minerais, como o ferro, que tanto serviu a essa atividade de sobrevivência, assim como às de extermínio na guerra.
Vejamos então a diferença entre o Falangeiro e o Capangueiro de um Orixá, que é o que vamos explicar a partir de agora!
Falangeiro é todo espírito que atua dentro de uma falange de trabalho, seu significado segundo nossa gramática, tem o sentido de grupo organizado, com objetivos em comum, e na Umbanda, esse termo é utilizado para designar conjuntos de espíritos que trabalham dentro de uma mesma vibração ou de um mesmo Raio Divino, realizando o mesmo trabalho e representando uma mesma força ou o Orixá.
Nesse ponto, vale lembrar que os Orixás são forças irradiadas de Deus, através dos Sete Raios Divinos; não são espíritos e não são deuses, mas apenas manifestações distintas do mesmo Criador e que, por isso, não incorporam e não baixam em terreiros, já que não há como qualquer um de nós receber o próprio Deus, embora haja quem acredite nisso.
Mas, se não há como receber Deus, há, ao menos, como captar parte dessas vibrações divinas chamadas Orixás através de espíritos com alto nível consciencial que, pela sua condição evolutiva, se organizam em falanges e se propõem ao nosso auxílio, intermediando o nosso contato com essas vibrações de tão alta frequência; e fazem isso durante o trabalho mediúnico, captando-as do Cosmos e direcionando-as aos nossos Chakras enquanto estão incorporados.
Por trabalharem com as vibrações dos Orixás, esses espíritos assumem, para nosso melhor entendimento, o arquétipo que esperamos daquele Orixá, traduzido no seu comportamento, dança, formas de expressão e até mesmo na aparência percebida pelos clarividentes.
Pelo trabalho que desempenham de forma tão organizada e estruturada, representando cada tipo de Orixá, nós os chamamos de Falangeiros dos Orixás.
Dentro do Raio Vermelho, há a profusão das vibrações do Orixá Ogum, sendo irradiadas diretamente de Deus sobre toda a Criação.
Espíritos que trabalham com essa vibração e que, por isso, são especialistas no manuseio das energias que ela traz, de atividade, luta, impulso e persistência, dentro do trabalho umbandista assumem o arquétipo do Orixá, mantendo, durante a incorporação, a postura que esperamos da personalidade de um Guerreiro, através da aparência perispiritual, de danças, gestos e comportamento.
Enquanto executam sua performance, sintonizam o campo vibratório do médium com as vibrações de Ogum irradiadas de Deus, facilitando-lhe a absorção de tudo que essas vibrações divinas podem prover.
Esse é o trabalho que milhares de espíritos desenvolvem com seus médiuns ao representarem a vibração divina chamada Ogum.
E, ainda, se dividem em representantes dos vários tipos de vibrações desse Orixá conhecidas na Umbanda, como Ogum Iara, Ogum Beira Mar, Ogum Sete Espadas, Ogum Megê e tantos outros.
O mesmo acontece com todos os outros Orixás irradiados de Deus.
Quando os atabaques tocam louvando o Orixá Iansã, espíritos falangeiros dessa Orixá se aproximam de seus médiuns e, incorporando, dançam conforme esperamos do arquétipo da mulher guerreira e que comanda os ventos, evoluindo de forma leve e esvoaçante, mas firme e decidida.
Os espíritos que se apresentam como Pedrinho e Mariazinha são falangeiros do Orixá Ibêji, o Orixá infantil; Tranca-Ruas e Maria Padilha são falangeiros do Orixá Exu; espíritos que representam o papel de Xangô Sete Pedreiras e de Xangô Agodô são falangeiros do Orixá Xangô; e os Caboclo e as Caboclas, que trabalham dentro do Raio Verde com as vibrações das matas, são falangeiros de Oxóssi e Ossâin. Todo espírito, portanto, que baixa representando o arquétipo de um Orixá é, em suma, falangeiro daquele Orixá!
Mas, além de representarem o arquétipo de Orixás, há falangeiros que representam arquétipos definidos para grupos de trabalho, e não de Orixás propriamente ditos, ainda que esses grupos ou falanges possam ter alguma ligação com a força de algum Orixá.
O falangeiro que representa um Orixá, trabalha com as vibrações desse Orixá, e o que representa arquétipo de grupos de trabalho, trabalha sob a vibração daquele Orixá.
O espírito que se apresenta como Martin Pescador, por exemplo, é falangeiro do grupo de trabalho ou falange dos Marinheiros.
Ele usa o arquétipo que esperamos do marujo e trabalha sob a vibração de Iemanjá, Orixá com o qual sua falange tem relação vibratória.
A Cigana Sarita é uma falangeira do Povo Cigano e trabalha sob a vibração do Povo do Oriente; Zé do Coco é falangeiro dos Baianos trabalha sob a vibração de Iansã, e Pai Joaquim e Vovó Maria Conga são falangeiros dos Pretos-Velhos ou das Santas Almas Benditas e trabalham sob a vibração de Xapanã.
O falangeiro, portanto, é aquele que integra um grupo de trabalho, onde todos os espíritos daquele grupo representam o arquétipo de um mesmo Orixá, trabalhando com suas vibrações, ou que representam o arquétipo próprio de sua falange, trabalhando sob a vibração de um Orixá.
No entanto, aquele espírito que trabalha com as vibrações da mata e se apresenta como Caboclo, e que, só por ser Caboclo, já é falangeiro de Oxóssi, poderá estar, eventualmente, atuando através de um médium que seja filho de Ogum.
Nesse caso, apesar de ser falangeiro de Oxóssi, ao trabalhar através daquele médium, especificamente, ele terá a incumbência de servir a Ogum, de orientar seu filho a partir de suas ordens e de trazer para o médium seus recados e orientações.
Nesse caso, então, ele continuará sendo e sempre será um falangeiro de Oxóssi porque é um Caboclo, mas estará atuando, através daquele médium, como Capangueiro de Ogum! A palavra Capangueiro tem o mesmo sentido de servidor ou ordenança.
Isso significa que, mesmo trabalhando com o elemento mata e dentro das vibrações do Raio Verde, aquele Caboclo atuará sobre esse médium servindo a Ogum, que é o seu Orixá principal.
Imagine um caboclo. Esteja onde estiver, ele sempre será um caboclo integrante da falange das matas ou, em outras palavras, podemos dizer que ele é um falangeiro de Oxóssi, pois integra essa falange de trabalho e representa esse papel devido aos seus conhecimentos e habilidades específicas.
Contudo, esse mesmo caboclo poderá, ora estar atuando para Xangó, ora para Ogum. Ele sempre sera um Caboclo Falangeiro de Oxóssi, porque, afinal, é sua natureza, quando estiver atuando para Xangó, terá que seguir as determinações de Xangó; terá que se adaptar à sua vibração, vez ou outra, terá que transmitir aos diretrizes e orientações dadas por Xangó. Enquanto estiver trabalhando nessa vibração, portanto, ele será o Falangeiro Oxóssi, e Capangueiro Xangó, pois estará a seu serviço e disposição. Quando estiver na vibração de Ogum, continuará a ser o mesmo Falangeiro Oxóssi, mas agora Capangueirode Ogum, e assim por diante.
Caboclo é sempre falangeiro dos Orixás Oxóssi ou Ossâin, porque Caboclo é entidade ligada ao elemento mata e, por isso, trabalha com as vibrações do Raio Verde, regido por esses dois Orixás!
Da mesma forma, a entidade Exu é sempre falangeira do Orixá Exu! Mas o mesmo Caboclo que aqui é capangueiro de Oxalá, ali poderá ser de Xangô ou Ogum; assim como o Exu, dependendo apenas do Orixá principal do médium com quem trabalha.
Aliás, não há razão específica para tal mas, normalmente, para Exus, pouco se usa o termo capangueiro. Para eles, é mais comum o uso dos termos servidor ou até mesmo escravo.
Pela observação da denominação com a qual se apresenta a entidade, já fica fácil saber de quem aquele espírito é falangeiro, pois a dica está em seu próprio nome: a palavra “Caboclo” indica que é falangeiro de Oxóssi ou Ossâin, e as palavras “Ogum” e “Exu” já são auto-explicativas.
Mas, nem sempre, é tão fácil descobrir de quem ele é capangueiro pois, na maioria das vezes, os espíritos não incluem em seu nome pistas que deixem clara essa identificação; mesmo porquê, como já dissemos, isso é uma condição variável, e o mesmo Caboclo que é sempre falangeiro de Oxóssi, poderá, eventualmente, ser capangueiro de Ogum, de Xapanã, de Oxalá, ou até mesmo de Oxóssi, dependendo apenas de quem seu médium seja filho.
Contudo, em alguns casos é, sim, possível chegarmos a alguma conclusão pelo nome que utilizam.
Os falangeiros de Ibêji, por exemplo, costumam incluir em seus nomes citações ao local de regência do Orixá a quem estão servindo através daquele médium.
Rosinha da Cachoeira, é uma provável capangueira de Oxum, mas pode ser também de Ogum Iara, o Ogum que rege nos rios; Juquinha da Mata, é possível que seja de Oxóssi ou de Ogum Rompe-Mato; Zezinho da Pedreira, de Xangô; Mariazinha do Jardim, de Xapanã, já que o jardim é forma atenuada de referência a cemitérios; e Aninha da Praia, de Iemanjá, de Oxalá, que também rege na praia, ou mesmo de Xapanã, já que o mar é a grande calunga.
Já no caso dos falangeiros do Orixá Exu, como Maria Padilha, Tranca-Ruas e Tiriri, por exemplo, a identificação dos Orixás a quem servem é um pouco mais difícil.
Pelo nome com que se apresentam, no máximo conseguimos identificar se servem a Orixás que rejam dentro ou fora das calungas grande ou pequena, porque eles costumam adicionar ao seu nome, não o local específico de regência do Orixá a que servem, como mata, cachoeira e pedreira, mas apenas a indicação de fora e de dentro do cemitério.
Sendo de dentro, podem se apresentar como “da Praia” ou “do Cais” em referência à Calunga Grande , ou “do Cruzeiro”, “das Almas”, “da Encruzilhada da Calunga”, “da Catacumba”, e outros semelhantes, em relação à Calunga Pequena.
Exus que atuam nesses locais, obviamente, terão maior condição de servir a Orixás que ali também rejam, como Xapanã, Iansã de Balé, Iemanjá que rege na Calunga Grande, Ogum Megê, Xangô das Almas, e alguns tipos específicos, e raros de Oxóssi, de Oxum e também de outros Orixás.
Quando os Exus não trabalham nas calungas, apresentam-se como sendo “da Encruzilhada”, “do Cabaré”, “da estrada” e de outros lugares similares, e costumam servir a Orixás que também não têm ligação com cemitérios, como a maioria dos tipos de Oxum, de Oxóssi, de Xangô e outros mais.
O que determina, portanto, se aquele Exu pode ou não servir a um Orixá é o seu local de trabalho, embora esse local de trabalho não especifique, dentre vários Orixás possíveis, a qual deles, exatamente, aquele Exu serve.
Assim, se o Exu Tranca-Ruas das Almas serve a Omolu em determinado médium, em outro poderá servir à Iansã de Balé, à Iemanjá ou a Ogum Megê.
O mesmo valendo para Exu Caveira, Sete Catacumbas ou qualquer outro Exu do cemitério; mas nenhum desses servirá a um Orixá que não atue sobre as calungas.
Se Maria Padilha do Cabaré serve à Oxum em um médium, em outro poderá servir a qualquer outro Orixá que também reja fora da Calunga, mas nunca poderá servir a um Orixá que atue dentro da Calunga, já que no cemitério não tem cabaré.
Além dos Exus, dos Caboclos e das Crianças, os falangeiros Pretos-Velhos, Boiadeiros, Baianos, Ciganos, Malandros e Marinheiros também servem como capangueiros dos nossos Orixás.
O normal é que, com o transcorrer do desenvolvimento mediúnico, passemos a conhecer os capangueiros do primeiro e do segundo Orixá e, é possível que, cada um deles tenha até mais de um capangueiro.
Mas não necessitamos trabalhar com todos eles.
Somente os mais importantes ao nosso equilíbrio é que se manifestarão no decorrer do trabalho mediúnico.
O mais comum é que, se trabalhamos com um casal de Pretos-Velhos, um deles seja capangueiro do primeiro Orixá e outro do segundo, e o mesmo acontecendo com Caboclos e Caboclas, Exus e Pombagiras, Ciganos e Ciganas, Baianos e Baianas e Crianças (meninos e meninas). No caso de Boiadeiros e Marinheiros, como a própria representação desse grupo de trabalho é apenas masculina, não há a formação de casais.
De forma resumida, portanto, podemos dizer que falangeiro é aquele que representa uma força ou um Orixá vestindo o arquétipo e comportando-se como ele, e Capangueiro é aquele que serve a uma força ou a um Orixá obedecendo e cumprindo suas ordens.