Mitos e lendas da Esfinge do Egipto
Hoje decidimos falar de alguns dos muitos mitos e lendas da Esfinge do Egipto. Isto porque, para falarmos da estranha estátua mas não contarmos várias das histórias que iremos incluir abaixo (que são das mais famosas relativas ao local), se perderia uma excelente oportunidade para todo esse tema comum.
Primeiro, qual é o verdadeiro nome desta estátua? Não sabemos, ninguém o parece ter preservado, mas a referência a uma lenda no local - e já a contaremos, ali mais abaixo - refere-se à figura representada no local como Hor-em-akhet. O problema é que essa lenda tem cerca de 3400 anos e já se referia à estátua como muito mais antiga, até porque já estava então esquecida e coberta pelas areias do deserto. Portanto, o seu nome original é agora desconhecido, mas ela recebeu o nome de "Esfinge" mais tarde, na cultura da Grécia Antiga, aparentemente por uma ligação directa com o mito de Édipo, em que a criatura defrontada pelo herói, que nos poderá parecer semelhante a esta, também tinha cara humana e um corpo que parece leonino.
E isto leva-nos ao ponto seguinte - afinal, que estranho animal é este? Será que é mesmo um leão com cabeça humana, como se costuma dizer? Vista pela frente, a criatura até poderá parecer uma espécie de cão - não são eles, mais do que os leões, que têm por hábito deitarem-se assim? - o que poderia indicar tratar-se de uma representação de uma figura como Anúbis, deus dos mortos, mas quem lhe prestar mais atenção poderá aperceber-se que ela tem patas muito diferentes de qualquer um desses animais, bem como uma cauda bastante longa, quase serpentesca. Então, por essa junção de estranhas características, talvez seja mais justo afirmar-se que esta é uma criatura puramente mitológica, composta por diversas partes de animais distintos, como Ammit ou o Hipogrifo.
Assim, falar da Esfinge do Egipto é, como se pode inferir do que já foi dito acima, falar de mistérios. Podemos aqui falar de dois deles, já que discuti-los a todos seria provavelmente enfadonho para a maior parte dos leitores.
Um primeiro diz que foi Napoleão que destruiu o nariz da Esfinge do Egipto, disparando um canhão contra ela. Desconhecemos sequer porque o faria, quando até tentou preservar muitas outras obras do mesmo país, mas no seu tempo o famoso nariz já tinha desaparecido há muito tempo. Seguindo esse contexto, é provável que este estranho mito tenha surgido porque em diversas obras de meados do século XVIII esta estátua até pode ser vista com um nariz, cuja forma varia de gravura para gravura, enquanto que outras a mostram sem ele, dando a (falsa) ideia de que ele possa ter sido destruído nessa altura.
Então, na verdade, o que lhe aconteceu? Lemos e ouvimos várias opiniões, mas a mais convincente é que algures nos primeiros séculos da nossa era algum devoto do Cristianismo ou do Islão viu cidadãos locais a venerarem esta estátua. Como tal, procurando agir da mesma forma que o fariam no caso de uma pequena estátua de um deus pagão, destruíram então parte do "deus", como que desejando fazê-lo perder o seu poder. É, para que também estiver com curiosidade, por essa mesma razão que muitas das estátuas agora encontradas, originárias da Grécia Antiga ou do tempo dos Romanos, têm a face destruída, por se acreditar que isso impedia os "demónios" que as habitavam de verem, falarem, ou - de um modo mais geral - interagirem com o nosso mundo.
Outro mistério associado à Esfinge do Egipto diz que existe "algo" por baixo dela... que, na versão mais famosa do mito, se diz que é uma espécie de biblioteca com todo o conhecimento místico e secreto deste mundo, que nos poderia levar a todos a uma nova idade de ouro. Será verdade? É curioso que até existam passagens, agora quase todas elas fechadas, que permitem entrar em dadas partes da enorme estátua e/ou explorar parte do que existe por baixo dela, mas não existe, até à presente data, qualquer prova real de que exista algo de significativo num local como o proposto pelo mito, até porque seria muitíssimo difícil aceder à totalidade do local sem danificar ainda mais toda a estrutura milenar...
Por isso, terminamos hoje com uma importante lenda da Esfinge do Egipto. Quem tiver prestado atenção a uma das imagens acima - se não o fizeram, reproduzimo-la aqui novamente - poderá notar que existe uma estela precisamente entre as duas patas frontais de toda esta estrutura. É a chamada "Estela do Sonho", que se pensa ter sido erigida por volta de 1400 a.C., e que nos conta uma história muito curiosa, que faz todo o sentido recordar aqui.
Segundo essa estela, num dia de muito calor um dos filhos de um faraó, vendo apenas a cabeça desta figura a espreitar das areias, deitou-se à sua sombra e adormeceu. A misteriosa figura apareceu-lhe em sonhos, revelou que tinha o nome de Hor-em-akhet, e disse-lhe que quem a desenterrasse das areias do deserto obteria o trono do Egipto. Este jovem assim o fez, e apesar de não ser o primogénito acabou mesmo por tornar-se faraó, depois imortalizando toda a estranha ocorrência na estela, agora parcialmente destruída (não contém o final da história, mas pelo contexto depreende-se que o desafio proposto nesse sonho tenha sido aceite), que chegou aos nossos dias.
Enfim, como se pode ver são muitos os mitos e lendas da Esfinge do Egipto que chegaram aos nossos dias, provavelmente porque, como no também-famoso caso da Atlântida, teremos sempre mais questões do que respostas em relação a esta estranha e antiga estrutura, o que muito tende a aguçar a imaginação humana...