quarta-feira, 13 de abril de 2022

Um pouco sobre o Reino das Almas ( Que muitos confundem ser o Reino da Calunga "cemitério ") Alma (em latim, "anima", em grego antigo: ψυχή psychḗ) tem diferentes tipos de visões e entendimentos filosóficos e religiosos.

 Um pouco sobre o Reino das Almas

( Que muitos confundem ser o Reino da Calunga "cemitério ")
Alma (em latim, "anima", em grego antigo: ψυχή psychḗ) tem diferentes tipos de visões e entendimentos filosóficos e religiosos.


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Um pouco sobre o Reino das Almas
( Que muitos confundem ser o Reino da Calunga "cemitério ")

Alma (em latim, "anima", em grego antigo: ψυχή psychḗ) tem diferentes tipos de visões e entendimentos filosóficos e religiosos. Existem obras e diferentes tipos de manifestações místicas espalhadas pelo mundo que explanam e concebem informações sobre aquilo que é entendido como alma.
A alma na psicologia, é a “Psique” (Do grego psukhe.ês, 'sopro, vida') humana e comumente é associada por psicólogos e filósofos como um aspecto ou parte da mente humana.
Segundo Homero, a Psique (alma) apenas existia até a morte chegar ao corpo. A alma era vista como algo integrado a uma unicidade que se relacionava mutuamente e animava o corpo. Sendo assim, os indivíduos após morrerem deixavam de existir.
Sob o ponto de vista de Pitágoras, a alma era uma essência pura que era contraposta ao sôma (corpo físico) impuro e limitado:

"Para Pitágoras, o que permanece fora da soma não é um resto miserável, como em Homero, mas o verdadeiramente vivo. A existência terrena do homem é só uma das suas vidas possíveis. A Psychê é o que de mais importante existe e está temporariamente prisioneira de uma soma. Por isso, a Psychê vai aos poucos amadurecendo e tomando consciência de que o sôma é um obstáculo para sua ascensão, porque ela é o perfeito, o sôma o vulgar."
Paulo, Margarida Nichele. Indagação sobre a imortalidade da alma em Platão, Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.

Existe também o termo “Anima Mundi” usado por Platão e expresso em outras obras filosóficas, que enxerga o mundo como algo Vivo que possibilita uma consciência coletiva e interligada onde o Caos e a Ordem agem mutualmente. Posteriormente a Alquimia passou a desenvolver maneiras em que o ser humano se desenvolvesse com o intuito de compreender e melhorar o mundo (anima mundi) ao redor. A partir disto surgiram os estágios alquímicos conhecidos como “Nigredo”, “Albedo”, “Citrinitas” e “Rubedo”.
Na obra “O Homem e seus Símbolos” de Carl Jung, o autor considera a alma (Seele) sendo parte da consciência e das faculdades mentais do ser humano, ressaltando a “perda da alma” como uma dissociação do homem com sua capacidade de raciocinar. Ressalta também que as representações expressas pelo homem por meio da arte (seja ela rústica ou moderna), é também uma desvelar daquilo que carrega dentro da inconsciência e percepção.
Jung em suas obras denota alma e corpo como duas coisas que estão unidas, pois todas as experimentações do ser humano são psíquicas, bem como as percepções do mundo, sendo elas realidades ou ilusões. "...o medo que tenho de fantasmas é uma imagem psíquica de origem espiritual, tão real quanto o fogo, porque o medo que eu sinto é tão real quanto a dor causada pelo fogo." (JUNG, A Natureza da Psique, 1984, §681).
Segundo as tradições hebraicas o corpo do homem ao ser criado recebeu o alento divino (ruah) e passou a ser animado (em latim animātus, o que possui vida).
Para os gnósticos os seres humanos possuem divisões individuais que são separadas em Corpo, Alma e Espírito. Sendo o corpo e alma criações cósmicas e o Espírito como algo não-criado, que não possui qualquer vínculo com o cosmos e está aprisionado a ele por meio de um corpo-alma.

A Visão da Alma e o Reino das Almas na Quimbanda Brasileira :

Um dos reinos mais extensos e de grande poder na Quimbanda Brasileira é o Reino das Almas. Diferente do Reino da Kalunga (reino onde as almas encontram invólucros que promovem estágios de decomposição e transformação), o Reino das Almas é composto por todos os lugares e energias que promovem um encaminhamento quando uma pessoa morre e inicia seu processo de caminhada em busca dos Cruzeiros (portais espirituais).
Dentre os pontos de força deste reino estão as estradas, igrejas, hospitais, ruas, velórios etc. Sob nosso entendimento, o Reino das Almas se estende além dos locais físicos e perceptíveis, pois as legiões pertencentes a estes reinos são compostas por poderosos espíritos que têm forças e influências sobre as emoções e impulsos dos seres humanos.
A “Psique”, diferente do que muitas pessoas concebem, não só possui ligações com os planos mentais (consciência), mas sim com os planos inconscientes e sentimentais do ser vivo. Durante a vida, a alma/psique recebe por meio do corpo físico todos os adventos e sensações da vida; por mais que os desejos de uma pessoa não sejam externalizados, é na alma que as feridas e ressentimentos estão guardados, bem como, outros sentimentos como a felicidade e o amor. Muitas pessoas acumulam rancor, ódio e dores sentimentais, que muitas vezes não são expressas pelo seu corpo. Grande parte da civilização moderna absorve frustrações, crises e doenças ligadas à psique e aos sentimentos que são constantemente alimentadas durante suas vidas.
Segundo os espíritos, quando uma alma desencarna e se desprende do corpo, os primeiros impulsos que são aflorados são os do medo, tristeza, raiva, ódio e dor que uma pessoa guardou dentro de si, pois o corpo físico ao morrer, rompe as barreiras grosseiras que antes impediam que tais sentimentos surgissem.

Muitas almas ao deixarem o plano material afloram suas tristezas, mágoas, arrependimentos e se tornam encarceradas em seus próprios limbos sentimentais. Essas muitas vezes são denominadas como “almas perdidas”. Outras despertam sentimentos como ódio, fúria, rancor e se tornam extremamente agressivas buscando destruir instintivamente tudo o que estiver ao seu alcance. Tais almas são denominadas como “vampiros astrais”, “obsessores” ou “Kiumbas”.

Dentro da Quimbanda, não vemos a alma como estágio final na divisão dos corpos, mas sim o Espírito (fagulha divina) como algo que, assim como descrito pelos gnósticos, está além das barreiras limitantes do ciclo de reencarnação. Enquanto a Alma é representada pelos impulsos, sentimentos, doenças e emoções absorvidos que foram gerados pelo corpo físico enquanto em vida, o espírito é visto como algo que absorveu os conhecimentos, gnoses e poderes da vida e da morte durante vários ciclos. O espírito, portanto, é o “pneuma” que transita entre várias vidas e várias mortes.
Toda alma detém dentro de si um espírito que pode vibrar em pequena ou grande intensidade. A alma é passível de padecimento, enquanto o espírito é reciclado no processo de reencarnação. Quando um espírito é integrado a um dos Sete Reinos da Quimbanda é porque vibrava uma força latente na qual se sobressaía os impulsos e sentimentos da alma. Muitos desses espíritos viveram combates, guerras, tristezas profundas e se tornaram vitoriosos e poderosos em suas vidas. Quando morreram, foram atraídos pelos vórtices (cruzeiros) da Quimbanda, e passaram pelo processo de lapidação por outros Mestres conectados a V.S Maioral até suas essências interiores sobressaírem completamente todos os impulsos, fraquezas e moralidades, e estarem aptos ao trabalho espiritual. É somente quando um espírito vence os impulsos da alma, que alcança a gnose ou consciência de todas as vidas vividas pela sua fagulha interna e assim burla o processo de reencarnação.

Nos reinos astrais muitas almas são drenadas e usadas para propósitos obscuros, seja por espíritos obsessores ou por Grandes Mestres. A alma/corpo astral por ser passível de padecimento gerou os “vampiros astrais”, conhecidos como kiumbas, que se alimentam do derramamento de sangue, dos vícios e impulsos por meio da absorção da energia de seres humanos que estão suscetíveis à ataques e vibram em sintonias (vícios, brigas, depressões etc.) análogas à essas almas. Essas práticas são realizadas por esses seres como uma forma instintiva de manterem sua “segunda vida” nos planos astrais.
Diferente dos kiumbas, os espíritos conectados à Quimbanda ao se desprenderem dos impulsos gerados pela alma, são integrados aos reinos, onde possuem alimentação direta da fonte magmática chamada de “Maioral”. Desta forma, dispensam o vampirismo impulsivo e instintivo de sobrevivência como o dos “obsessores”.

Obs: Muitos confundem os sacrifícios e oferendas espirituais como atos que mantém Exu vivo do outro lado, no entanto, tais liturgias apenas servem para fortalecer os laços e a jornada, bem como estreitar as barreiras que separam o Vivo (Adepto) do Poderoso Morto (Exu ou Pombagira).

Assim como os demais reinos da Quimbanda, o Reino das Almas possui soberanos denominados de “Exu Rei das Almas” e “Pombagira Rainha das Almas”. Não existe dor, sofrimento ou qualquer tipo de impulso que estes espíritos não conheçam, pois ao longo de suas jornadas vivenciaram todos os tipos de sofrimentos e adversidades.
Além dos Reis e Rainhas, existem grandes legiões de Exu e Pombagiras. As mais conhecidas e abrangentes no território brasileiro tratam-se de “Exu Tranca Rua das Almas” e “Maria Padilha das Almas” responsáveis pelo encarceramento de muitas almas e esgotadores e libertadores dos impulsos nocivos. Exu Tranca Rua das Almas por ter grande domínio sobre as almas, se tornou um grande Espírito guardião das entradas de muitas casas, templos e terreiros.

Em suma, a alma do homem é um filtro que detém aquilo que ele absorve e emana por meio do corpo físico, sendo a alma um “corpo astral” que permite ao ser humano a comunicação do corpo físico com o corpo espiritual e vice-versa (gnoses). Após o desprendimento do corpo, a alma pode ser vista como mais uma etapa, cujos impulsos necessitam de superação para a ascensão do Espirito (raríssimos são os espíritos que logo quando desencarnaram ascenderam imediatamente ao posto de Exu).

Os espíritos que compõe o Reino das Almas têm domínio sobre os corpos astrais e a psique, conhecem muitos segredos sobre os vivos e mortos, portanto sabem lidar com os desejos e sentimentos de todas as almas. São grandes tutores e professores e podem nos ensinar a ter controle sobre tudo aquilo que machuca, acorrenta e escraviza. Desta maneira, são exímios condutores astrais que promovem a ascensão Espiritual.

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