MARIA VISITA JUDAS E DÁ A NOTÍCIA DE SUA NOVA ENCARNAÇÃO
- Do livro "Momentos de Ouro", Maria Dolores (Espírito), Francisco C. Xavier (psicografia)
MARIA VISITA JUDAS E DÁ A NOTÍCIA DE SUA NOVA ENCARNAÇÃO
- Do livro "Momentos de Ouro", Maria Dolores (Espírito), Francisco C. Xavier (psicografia)
Depois de ter passado muito tempo sobre os quadros sombrios da crucificação no Calvário, Judas, o traidor do Cristo, agora cego no Além, estava solitário e profundamente triste...
Era triste também a paisagem, o céu se mostrava nevoento...
Cansado de remorso e sofrimento, sentou-se e as lágrimas brotaram quentes de seus olhos melancólicos...
Naquele instante, nobre mulher, vinda de planos superiores, envolta em celestes esplendores, que ele quase nem conseguia perceber, chega e afaga a cabeça do infeliz.
Em seguida, num tom de carinho profundo, quase que em oração, ela diz:
- Meu filho, por que choras?
- Por acaso não sabes? - Responde o interpelado, claramente transtornado. Sou um morto-vivo. Matei-me e novamente estou de pé, sem consolo, sem lar, sem amor, sem fé...
- Não ouvistes falar de Judas, o traidor? Fui eu que aniquilei a vida do Senhor...
A princípio, julguei poder fazê-lO Rei, mas apenas Lhe impus sacrifício, martírio, sangue e cruz. E, em flagelo e aflição eis a que minha vida se reduz agora, nobre senhora... Afasta-te de mim, deixa-me padecer neste inferno sem fim... Nada me perguntes, retira-te, pois nada sabes do remorso que me agita. Nunca penetrarás minha infinita dor... O assunto que lastimo é unicamente meu...
No entanto, a dama calma respondeu:
- Meu filho, sei que sofres, sei que lutas. Sei a dor que te causa o remorso que escutas. Venho apenas falar-te que Deus é sempre amor em toda parte...
E acrescentou serena:
- A bondade do céu jamais condena. Venho como mãe, buscando um filho amado. Sofre com paciência a dor e a prova. Terás, em breve, uma existência nova... Não te sintas sozinho ou desprezado.
Judas interrompeu-a e bradou, rude e irritado:
- Mãe? Não quero ouvir falar de mãe. Depois de me enforcar num galho de figueira, para acordar na dor, sem poder fugir à verdadeira vida, fui procurar consolo nos braços de minha pobre mãe, que teve medo de meus sofrimentos e expulsou-me depressa. Por favor, não me fales de mães, nem me fales de amor. Sou apenas um ser solitário e sofredor...
- Ainda assim - disse a dama docemente - por mais que me recuses, não me altero. Eu te amo, meu filho, e quero te ver feliz. Terás, filho, o coração banhado pelas águas do esquecimento numa nova existência de esperança. Eu te levarei e te conduzirei ao regaço de outra mãe. Pensa nisso e descansa.
E Judas, naquele instante, como quem esquece a própria dor ou como quem se desgarra de pesadelo atroz, perguntou:
- Quem és, que me falas assim, sabendo-me traidor? És divina mulher, irradiando amor ou anjo celestial envolto em luz?
No entanto, ela a olhá-lo frente a frente, respondeu simplesmente:
- Meu filho, eu sou Maria, sou a mãe de Jesus.
E quem teria sido Judas, nessa existência?
R: Admite-se que foi Joana D’Arc (1412-1431) que, à semelhança de Jesus, foi traída, humilhada e morta. Só não foi crucificada. Morreu numa fogueira
Disse Judas no livro Crônicas de Além Túmulo para Humberto de Campos pela psicografia de Chico Xavier: "(...) já fui absolvido pela minha consciência, no tribunal dos suplícios redentores. Quanto ao Divino Mestre, infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas vendendo-O aos algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado