sábado, 17 de setembro de 2022

O Guardião Catacumba Por Danilo Lopes Guedes

 O Guardião Catacumba 
Por Danilo Lopes Guedes


 


 O Guardião Catacumba 

15px; text-align: center;">Por Danilo Lopes Guedes 

Antes de iniciar o meu relato de quem sou e o que sou, vou voltar muitos anos atrás e tentarei resumir a minha existência e a minha história. 

Por muitos anos fui responsável pelo descanso de várias pessoas, durante muito tempo preparei o leito para repouso eterno desde os mais nobres até os mais humildes. Sempre tratei todos com o devido respeito, pois neste momento somos todos iguais, e o que muitos esquecem, é que o fim será sempre o mesmo.  Pois bem, em meu ofício fui responsável por inúmeras e gigantescas cavernas, grutas. Pois antigamente estes eram os locais determinados para o descanso eterno dos justos e dos injustos.  

A minha grande mãe “Terra” foi minha companheira em quase todos meus momentos, principalmente no momento da minha passagem. Aquela que é o nosso início e o nosso término, tudo provém do solo e para o solo voltará.  Podemos entender como o gigantesco ventre onde se inicia nossos sustentos e nossas vidas, mas também é a grande finalizadora onde voltaremos para seu ventre e renasceremos para a eternidade.  

Como o meu ofício era justamente trabalhar diretamente com a “Terra”, então vimos, ela e eu, muitas lágrimas de dores, de saudades serem derramadas ao solo, e infelizmente até mesmo lágrimas de felicidades, de alegrias derramadas por pessoas que não tinham o menor pudor, o menor respeito com o descanso do próximo, principalmente familiares, que por motivos de heranças e disputas de terras, poderes, se felicitavam nestes momentos. Isso me deixava indignado, até mesmo constrangido, mas não podia esquecer que era o meu “Ofício”.  Fazia o sepultamento daqueles que já estavam desencarnados, mas também o sepultamento daqueles que ainda não, ou seja, ainda estão em momento de passagem e nem dando-lhes a oportunidade do tempo para seu acolhimento, do rompimento natural de seu fio da vida. 

Este foi o maior dos meus erros, de certa forma, isso era tão cruel quanto quem mandava, mesmo que naquela época isso era comum aos doentes, velhos ou considerados inválidos por seus familiares (como se alguém tivesse o poder decisão da vida de seu próximo).  Até que um dia, eu passeava por meus domínios, posso chamar assim, pois me tornei realmente o dono, minha Mãe “Terra”, balançou seu solo como se reclamando de ter engolido tanta maldade, tremeu, tremeu, mas tremeu tanto que tudo desmoronou, e não tive tempo de sair. Pois bem voltei ao ventre de minha sagrada Mãe. Agora estava renascendo para a minha vida eterna, onde comecei a construir meus domínios do lado espiritual.

Eu sou o responsável por seus aposentos do seu “descanso” eterno, sou aquele que te recebe quando o seu leito é depositado em meus domínios, sou aquele que fica lhe observando, medindo cada movimento, visualizando em cada buraco que entrou e saiu, atento aos seus passos. 

Poderá me encontrar dentro das calungas, dos túneis, das passagens subterrâneas, tumbas, e em todo e qualquer “buraco” abaixo da terra, isso mesmo, estou também presente nos túneis das minhocas de metais, pois isso não deixa de ser uma Catacumba.  

Meu mistério continua sendo escondido e protegido pelos poderes da mãe Terra, aquela que germina, mas que também termina. Lugar na qual todos um dia brotaram e secarão.  Eu vivi como “sentinela” durante muito tempo de minha encarnação, com a morte eu acordava e dormia, e com a eterna transmutação do dia a dia eu vivia, pois sou o responsável pela concha terrestre que envolve o sono daqueles que não residem mais no plano terrestre, e quando não estava olhando pelos que descansam, estava justamente colocando-os em vossos devidos locais de descanso, como disse neste solo vi muita lágrima de dor ser derramada, vi muitas lágrimas de saudades serem absorvidas pela terra, vi muita gente feliz em ver seu irmão ser enterrado (já mortos ou ainda vivos) e mesmo assim eu os fazia, pois este era o meu ofício.  

Nos meus domínios tinha a responsabilidade de guardar pelas almas daqueles que se encontravam em repouso eterno, as grutas profundas eram repletas de cuidados e eu, conhecia cada parte, cada cova, cada pedra, cada entrada e saída, pois minha vida passara por aquele local. 

Podia sentir o sono tranquilo dos justos nas cavernas, mas também ouvia os berros dos infames e dos malditos que estavam sepultados ou aprisionados em meus domínios.  Sou responsável por este campo santo, por esta concha que envolve cada um que entra em meus domínios, sou o guardião de todas estas pequenas grutas individuais que envolvem vossos corpos carnais nestes momentos de “descanso” eterno.  

Sou eu, que lhe acolho por toda a eternidade, sou eu que lhe liberto indicando a saída das grutas ou lhe aprisiono jogando a chave fora para que nunca mais encontre a saída.  

Trabalho, a favor da evolução de todos e com a força da transmutação, justamente para: clarear a escuridão de sua gruta interior, tratar suas enfermidades, fortalecer-te, encorajando-te diante de sua caverna repleta de medos, mostro suas catacumbas escuras e escondidas dando-lhe o apoio para liberdade, a luz e lhe ajudo a encontrar a saída, SE FOR MERECEDOR e se não for.... Entrego-lhe a própria sorte.  


ESTE SOU EU: Sr. Exu Catacumba.