quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Khabs Am Pekht

 

Khabs Am Pekht

Banner

[As citações nesta Epístola são de Liber Legis
– O Livro da Lei. – Ed.]

Filho,

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Primeiramente, que a tua atenção se volte para este planeta, como o Êon de Hórus se manifesta pela Guerra Universal. Este é o primeiro resultado grande e direto do Equinócio dos Deuses, e é a preparação dos corações dos homens para receber a Lei.

Deixa-Nos lembrá-lo de que esta é uma fórmula mágica de escopo cósmico, e que é dada em detalhes exatos na lenda do Velocino de Ouro.

Jasão, que nesta história representa a Besta, primeiro preparou um navio guiado pela Sabedoria ou Atena, e esta é sua aspiração à Grande Obra. Acompanhado por muitos heróis, ele chega ao lugar do Velocino, mas eles não podem fazer nada até que Medeia, a Mulher Escarlate, coloca em suas mãos uma bebida “drogada com sonolência, sonífera com papoula e heléboro branco” para o dragão. Então, Jasão é capaz de subjugar os touros, sagrados para Osíris, e simbólicos de seu Êon e da Fórmula Mágica do Auto Sacrifício. Com estes, ele ara o campo do mundo e semeia ali “os terríveis dentes da aflição, o estoque cadmiano da velha miséria de Tebas”, que se refere a uma certa fórmula mágica anunciada pela Besta que é familiar para ti, mas inadequada para o profano e, portanto, não mais indicada neste lugar. Dessa semente, homens armados ganharam vida; mas, em vez de atacá-Lo, “a loucura mútua atinge os guerreiros desenfreados e a ira feroz invade seus corações de fúria e, com os braços ocupados, eles caem uns sobre os outros silenciosamente, e matam e matam”. Agora, então, o Dragão estando adormecido, podemos passar silenciosamente por ele e “dobrando os galhos daquele feiticeiro Carvalho, com um forte puxão arrancar o Velocino de Ouro”.

Vamos apenas nos lembrar de não repetir o erro de Jasão e desafiar Ares, que é Hórus em seu humor de guerreiro, que o guarda, para que Ele também não nos ataque com loucura. Não! mas que tudo seja feito para a glória de Ra-Hoor-Khuit e o estabelecimento de Seu reino perfeito!

Agora, ó meu filho, tu sabes que é Nossa vontade estabelecer esta Obra, cumprindo plenamente o que Nos é ordenado no Livro da Lei, “Ajuda-me, ó guerreiro senhor de Tebas, em meu desvelar diante das Crianças dos homens!” — e é Tua Vontade, manifestando como tu fizeste na Esfera de Malkuth, o mundo material, fazer a mesma coisa de um modo ainda mais imediato e prático do que naturalmente apelaria para alguém cuja manifestação está no Céu de Júpiter. Portanto, agora Nós respondemos à Tua petição filial que Nos pede bom conselho sobre os meios a serem empregados para estender a Lei de Thelema para todo o mundo.

Portanto, dirija agora a atenção para mais perto do próprio Livro da Lei. Nele encontramos uma regra de vida absoluta, e instruções claras sobre todas as emergências que possam acontecer. Quais são então as próprias direções Dele para a frutificação Daquela Semente Inefável? Rogo-te que note a confiança com a qual podemos prosseguir. “Eles reunirão minhas crianças em seu cercado: eles trarão a glória das estrelas para dentro dos corações dos homens”. Eles “hão”; não há dúvidas. Portanto, não duvides, mas ataca com toda a tua força. Rogo-te também que note esta palavra: “A Lei é para todos”. Portanto, não “escolha pessoas adequadas” de acordo com a tua sabedoria mundana; pregue a Lei abertamente para todos os homens. Em Nossa experiência, Nós descobrimos que os meios mais improváveis produziram os melhores resultados; e de fato é quase a definição de uma verdadeira Fórmula Mágica que os meios devem ser inadequados, racionalmente falando, para o fim proposto. Rogo-te que note que Nós estamos obrigados a ensinar. “Ele deve ensinar; mas ele pode fazer severos os ordálios”. No entanto, isso se refere, como é evidente no contexto, à técnica da nova Magia, “os mantras e encantamentos; o obeah e o wanga; o trabalho da baqueta e o trabalho da espada”.

Rogo-te que note a instrução em CCXX I:41–44, 51, 61, 63 κ.τ.λ. sobre a qual Nós entramos em detalhes em nosso folheto “A Lei da Liberdade”, e em cartas privadas destinadas a ti e a outros. A pregação aberta desta Lei, e a prática destes preceitos, despertará discussão e animosidade, e assim te colocará sobre uma tribuna de onde tu poderás falar ao povo.

Rogo-te que note este conselho: “Lembrai-vos todos vós de que existência é pura alegria; de que todos os sofrimentos são apenas como sombras; eles passam & estão acabados; mas existe aquilo que resta.” Pois esta doutrina confortará muitos. Também há esta palavra: “Eles se regozijarão, nossos escolhidos: quem se lamenta não é de nós. Beleza e força, riso pulante e langor delicioso, força e fogo, são de nós.” De fato, de todos os modos, tu podes expor a alegria da nossa Lei; ou melhor, tu transbordarás de sua alegria, e não terás necessidade de palavras. Além disso, seria impertinente e tedioso chamar novamente a tua atenção para todas aquelas passagens que tu conheces tão bem. Rogo-te que note que em matéria de instrução direta há o suficiente. Considere a passagem “Escolhei uma ilha! Fortificai-a! Cercai-a de instrumentos de guerra! Eu vos darei uma máquina de guerra. Com ela vós golpeareis os povos; e nenhum ficará de pé diante de vós. Espreitai! Retirai-vos! Sobre eles! esta é a Lei da Batalha de Conquista: assim será minha adoração em volta de minha casa secreta.” A última frase sugere que a ilha pode ser a Grã-Bretanha, com suas Minas e Tanques; e é notável que certo irmão envolvido com a A∴A∴ esteja no mais secreto dos Conselhos de Guerra da Inglaterra neste instante. Mas é possível que toda esta instrução se refira a algum tempo futuro quando a nossa Lei, administrada por alguma Ordem como a O.T.O., que se ocupa de assuntos temporais, terá peso nos conselhos do mundo, e será desafiada pelos pagãos, e pelos seguidores dos deuses caídos e dos semideuses.

Rogo-te que note o método prático de superar a oposição dado em CCXX III:23–26. Mas isto não é para o Nosso propósito imediato nesta epístola. Rogo-te que note a instrução nos versículos 38 e 39 do Terceiro Capítulo do Livro da Lei. Ela deve ser citada na íntegra.

“De forma que tua luz está em mim; & sua chama rubra é como uma espada em minha mão para impelir tua ordem.”

Isto é, o próprio Deus está em chamas com a Luz da Besta, e ele mesmo impelirá a ordem, através do fogo (talvez significando o gênio) da Besta.

“Existe uma porta secreta que Eu farei para estabelecer teu caminho em todos os quadrantes (estas são as adorações, como tu escreveste), como é dito:

A luz é minha; seus raios me
       Consomem: eu fiz uma porta secreta
Para o Lar de Rá e Tum,
       De Khephra e de Ahathoor.
Eu sou teu Tebano, Ó Mentu,
O profeta Ankh-af-na-khonsu!

Por Bes-na-Maut meu peito bato;
       Pela sábia Ta-Nech lanço meu feitiço.
Mostra teu esplendor-estrelado, Ó Nuit!
       Convida-me para dentro de tua Casa habitar,
Ó cobra alada de luz, Hadit!
Mora comigo, Ra-Hoor-Khuit!”

No comentário no Equinox I VII esta passagem é virtualmente ignorada. É possível que essa “porta secreta” se refira aos quatro homens e quatro mulheres mencionados posteriormente no “Trabalho de Paris”, ou pode significar a criança noutro lugar predita, ou alguma preparação secreta dos corações dos homens. É difícil decidir sobre tal ponto, mas podemos ter certeza de que o Evento mostrará que as palavras exatas foram sombreadas de modo a nos provar a presciência absoluta da parte Daquele Anjo Santíssimo que proferiu o Livro.

Além disso, rogo-te que note, no verso 39, como o assunto procede:

“Tudo isto” — ou seja, o próprio Livro da Lei.

“e um livro para dizer como tu chegaste aqui”, ou seja, algum registro como no The Temple of Solomon the King.

“e uma reprodução desta tinta e papel para sempre”, ou seja, por algum processo mecânico, com possivelmente uma amostra de papel semelhante ao empregado.

“— pois nisto está a palavra secreta & não apenas no Inglês —”

Compare com CCXX III: 47, 73. O segredo ainda é secreto para Nós.

“e teu comento sobre este o Livro da Lei será impresso belamente em tinta vermelha e preta sobre belo papel feito à mão;”, ou seja, explique o texto “para que não haja tolice” como diz acima, CCXX I:36.

“e a cada homem e mulher que tu encontras, fosse apenas para jantar ou beber a eles, esta é a Lei a dar. Então talvez eles decidam permanecer nesta bem-aventurança ou não; não tem importância. Faze isto rápido!”

A partir disso, é evidente que um volume deve ser preparado como indicado — a Parte IV do Livro 4 pretendia cumprir esse propósito — e que esse livro deve ser distribuído amplamente, de fato para todos com quem se tem relações sociais.

Não devemos adicionar pregação e coisas semelhantes a este presente. Eles podem aceitá-lo ou recusá-lo.

Rogo-te que note o versículo 41 deste capítulo:

“Estabelece em tua Kaaba um escritório; tudo deve ser bem feito e com jeito de negócios.”

De fato, esta é uma instrução muito clara. Deverá haver uma organização de negócios centralizada e moderna na Kaaba — que Nós achamos que não quer dizer Boleskine, mas sim qualquer sede conveniente.

Rogo-te que note no verso 42 deste capítulo, a injunção: “Sucesso é tua prova; não discutas; não convertas; não fales demais!” Isso não é nenhum obstáculo para uma explicação da Lei. Podemos ajudar os homens a arrebentar seus próprios grilhões; mas aqueles que preferem a escravidão devem poder fazê-lo. “Os escravos servirão.” A excelência da Lei deve ser demonstrada por seus resultados sobre aqueles que a aceitam. Quando os homens nos veem como os eremitas de Hadit descritos em CCXX II:24, eles se determinarão a imitar nossa alegria.

Rogo-te que note toda a implicação do capítulo de que, mais cedo ou mais tarde, devemos quebrar o poder dos escravos dos deuses-escravos por meio de lutas reais. Em última análise, a Liberdade deve contar com a espada. É impossível tratar nesta epístola dos vastos problemas envolvidos nessa questão; e eles devem ser decididos de acordo com a Lei por aqueles em autoridade na Ordem quando chegar a hora. Tu notarás que Nós te escrevemos mais como um membro da O.T.O., do que em tua capacidade como membro da A∴A∴, pois a primeira organização é coordenada e prática, e se preocupa com coisas materiais. Mas lembre-se disto claramente, de que a Lei vem da A∴A∴, não da O.T.O. Esta Ordem é apenas o primeiro dos grandes corpos religiosos a aceitar esta Lei oficialmente, e todo o seu Ritual foi revisado e reconstituído de acordo com esta decisão. Então agora, deixando o Livro da Lei, rogo-te que note as seguintes sugestões adicionais para estender o Domínio da Lei de Thelema em todo o mundo.

1. Todos aqueles que aceitaram a Lei devem anunciar o mesmo no intercurso diário. “Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei” será a forma invariável de saudação. Estas palavras, especialmente no caso de estranhos, devem ser pronunciadas com uma voz clara, firme e articulada, com os olhos francamente fixos na pessoa saudada. Se o outro for de nós, que ele responda “Amor é a lei, amor sob a vontade”. Esta última sentença também deve ser usada como saudação de despedida. Por escrito, onde quer que saudações sejam usuais, deve ser como acima, abrindo “Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei”, e fechando “Amor é a lei, amor sob vontade”.

2. Reuniões sociais devem ser realizadas sempre que for conveniente, e nelas a Lei deve ser lida e explicada.

3. Os folhetos especiais escritos por Nós, ou autorizados por Nós, deveriam ser distribuídos a todas as pessoas com quem aqueles que aceitaram a Lei possam estar em contato.

4. Enquanto se aguarda o estabelecimento de outras Universidades e Escolas de Thelema, bolsas de estudo e grupos de leitura e coisas do tipo devem ser fornecidos nas Escolas e Universidades existentes, de modo a assegurar o estudo geral dos Nossos escritos, e aqueles autorizados por Nós, como pertencentes ao Novo Êon.

5. Todas as crianças e jovens, embora não sejam capazes de compreender os céus mais exaltados do nosso horóscopo, podem sempre ser ensinadas a governar as próprias vidas de acordo com a Lei. Nenhum esforço deve ser poupado para levá-los a essa emancipação. A miséria causada às crianças pela operação da lei dos deuses escravos foi, pode-se dizer, o primum mobile da Nossa primeira aspiração de derrubar a Lei Antiga.

6. Todos se esforçarão constantemente, por todos os tipos de meios, em aumentar o poder e a liberdade da Sede da O.T.O .; pois assim haverá eficiência na promulgação da Lei. Instruções específicas para a extensão da O.T.O. são dadas em outra epístola.

A prática constante dessas recomendações desenvolverá a habilidade naquele que pratica, de modo que novas ideias e planos sejam desenvolvidos continuamente.

Além disso, é correto que cada um se ligue a um Juramento Mágico para que ele possa tornar a Liberdade perfeita, mesmo que por uma amarra, como em Liber III está devidamente escrito. Amém.

Filho, agora rogo-te que note de que casa Nós escrevemos estas palavras. Pois é uma pequena cabana vermelha e verde, no lado oeste de um grande lago, e está escondida na mata. Portanto, o Homem está em desacordo com a Madeira e a Água; e, sendo um magista, Se determina a tomar um desses inimigos, a Madeira, que é tanto o efeito quanto a causa daquele excesso de Água, e o compele a lutar por Ele contra o outro. Então o que Ele faz? Ele toma para si o Ferro de Marte, um Machado e uma Serra e uma Cunha e uma Faca, e por meio deles Ele divide a Madeira contra si mesma, cortando-a em muitos pedaços pequenos, de modo que ela já não tenha mais força contra a Sua vontade. Ótimo; então Ele pega o Fogo de nosso Pai o Sol, e o coloca diretamente em linha de batalha contra aquela Água por Seu exército de Madeira que ele conquistou e perfurou, construindo com ela uma falange como um Cone, que é a mais nobre de todas as figuras sólidas, sendo a Imagem do Próprio Falo Sagrado, que combina em si a Linha Reta e o Círculo. Filho, assim Ele faz; e o Fogo acende a Madeira, e seu calor afugenta a Água. No entanto, esta Água é um adversário ardiloso, e Ele fortaleceu a Madeira contra o Fogo, impregnando-a com muito de sua própria substância, como se fosse por espiões na cidadela de um aliado que não é totalmente confiável. Portanto, o que o Magista deve fazer agora? Ele deve primeiro expulsar completamente a Água da Madeira por uma invocação do Fogo do Sol nosso Pai. Ou seja, sem a inspiração do Mais Alto e Santo, nem mesmo Nós poderíamos fazer qualquer coisa. Então, filho, o Magista começa a colocar Seu Fogo na Madeirinha seca, e ela acende a Madeira de tamanho médio, e quando esta arde intensamente, finalmente os grandes troncos, apesar de totalmente verdes, são incendiados.

Agora, filho, escutai esta Nossa repreensão, e empresta o ouvido do teu entendimento à parábola desta Magia.

Temos para todo o Começo do Nosso Trabalho, louvor eterno ao Seu Santo Nome, o Fogo do nosso Pai o Sol. A inspiração é nossa, e é nossa a Lei de Thelema que incendiará o mundo. E Nós temos muitas varinhas secas, que acendem rapidamente e queimam rapidamente, deixando a Madeira maior sem queimar. E os grandes troncos, as massas da humanidade, estão sempre conosco. Mas a nossa maior necessidade é daqueles feixes de lenhas médias que por um lado são prontamente inflamadas pelas pequenas Madeiras e, por outro, perduram até que os grandes troncos queimem.

(Veja como é triste, disse o Macaco de Thoth, que alguém seja tão santo que não possa cortar uma árvore e cozinhar sua comida sem preparar um discurso Moral longo e entediante!)

Que esta epístola seja copiada e circulada entre todos aqueles que aceitaram a Lei de Thelema.

Receba agora Nossa bênção paterna: que a bênção do Criador-de-Tudo esteja sobre ti.

Amor é a lei, amor sob vontade.

ΘΗΡΙΟΝ
9=2A∴A∴

Dado sob Nossa mão e selo neste dia de An XII, o Sol nosso Pai estando em 12° 42′ 2″ do signo de Leão, e a Lua em 25° 39′ 11″ do signo de Libra, da Casa do Prestidigitador, próxima do Lago Pasquaney, no Estado de New Hampshire.