PERGUNTA: - Existem regiões especiais para cada tipo de sofrimento?
PERGUNTA: - Existem regiões especiais para cada tipo de sofrimento?ATANAGILDO: - Embora a alma desencarnada possa se servir das energias e dos socorros que lhe vêm do exterior, o seu verdadeiro mundo é o produto exato dos seus
pensamentos, sentimentos e desejos. No seio da vida cósmica, tudo se rege pela
maravilhosa lei de atração, pois a afinidade ainda é o segredo da mecânica celeste, visto que aquilo que é amor entre os seres torna-se coesão entre os astros. Daí o motivo por que
as criaturas se reúnem por simpatia entre si, tanto na ventura como no sofrimento ou na maldade. Os charcos pestilenciais do astral inferior são zonas de "absorvência" curativa,
que limpam o perispírito da sujeira tóxica que se lhe apega devido à malignidade psíquica. O espírito vitimado por tais substâncias deletérias, além das dores atrozes e dos espasmos dantescos, que incessantemente o acicatam, ainda pode ficar privado da faculdade de se
movimentar. Então se faz necessária a drenação contínua dessa escória acumulada em demasia, produzida pela combustão das paixões aviltantes, do mesmo modo como se fosse preciso limpar o lodo das asas do pássaro aflito para voar. Depois da desencarnação, verificamos surpresos que a mais sutil impressão mental do espírito, na carne, sempre gasta um "quantum" de energia que se transfere para a consciência em vigília no mundo físico, e
por isso a sutilização ou condensação do perispírito depende do uso superior ou inferior
dessa energia.
As almas se agrupam no astral inferior por afinidade de sentimentos; lembram, por isso, a afinidade existente entre os malfeitores do mesmo tipo, tão comuns no mundo
material, que formam grupos especializados para a prática de determinados crimes. Como há um padrão semelhante e uma disposição psicológica igual entre todos esses espíritos
delinqüentes, o que os obriga a, se reunirem por afinidade, podereis considerar as regiões inferiores como divididas em vales, sob cuja jurisdição purgam os suicidas, os invejosos, os
avarentos, os caluniadores, os hipócritas, os luxuriosos, os ciumentos e cruéis. Esses espíritos, além de se purgarem de seus males, evoluem nessa operação profilática porque,
além da ação do meio absorvente, que os purifica, o Carma os obriga a atritos entre si mesmos, para resgate dos mesmos delitos e colheita do que semearam.
PERGUNTA: - Como poderíeis nos descrever, por exemplo, o sofrimento dos avarentos, nesses charcos do astral inferior?
ATANAGILDO: - A massa fluídica muito densa, desses vales, à semelhança de uma tela cinematográfica, materializa com facilidade os quadros mentais projetados por
seus infelizes moradores, fenômeno que os torna mais infortunados ainda. Desse modo, os avaros se digladiam em cruéis sortidas, porque revêem na tela do meio em que atuam as imagens alucinadas de sua cupidez e avareza. O ouro, as moedas, as jóias e os valores titulares do mundo transfiguram-se na lama nauseante ou nos detritos repugnantes que os cercam. Então esses espíritos torturados se debatem furiosamente no lodo repulsivo,
tomadas de alienação, quais aves recém-engaioladas, ante o desespero de terem sido despojados dos seus tesouros, revividos na loucura astral, que os conserva num cruciante
pesadelo! Depois que passam as suas crises, muito parecidas às miragens enganadoras do deserto calcinante, sobrevêm-lhes, então, atrozes desenganos de natureza impressionante.
Depois, desenganadas pela miragem das coisas vãs, terminam caindo na realidade e verificam, estarrecidos, que as moedas cintilantes e as jóias cobiçadas transformaram-se no lodo viscoso e nos repugnantes detritos dos vales em que se revolvem enauseados!