O AMOR DE OXÚM E EXÚ.
Oxúm sempre foi mulher vaidosa, bela e elegante, ofuscava a todos com seu brilho vistoso. Uma coisa, porém, fazia-lhe falta, queria muito saber sobre os mistérios de Ifá.
Tinha sede do conhecimento dos oráculos, precisava conhecer o passado, presente e futuro, somente assim se sentiria realizada. Pensou bastante a respeito e resolveu procurar Exú, usou toda sua doçura e encanto para que ele lhe ensinasse os segredos.
Exú sentiu-se atraído pela bela mulher, mas não era de entregar nada gratuitamente e lhe propôs um trato; Se ela ficasse junto dele por sete anos, fazendo todos os serviços de sua casa, entregaria os mistérios que ela tanto desejava. Oxúm aceitou e durante todo o tempo do trato, lavou, passou e cozinhou para Exú. No final do período tratado, Exú cumpriu o que havia prometido e liberou-a. A moça, entretanto, havia se apaixonado e, mesmo com os segredos em mãos, preferiu continuar morando com ele.
Assim viveram por muito tempo em perfeita harmonia.
Um dia Oxúm estava à beira de um rio cantando com maravilhosa voz, enquanto penteava os cabelos. Xangô, que por ali passava, escondeu-se para ver de onde vinha tão maravilhosa melodia. Ao deparar-se com a beleza encantadora da bela mulher, enamorou-se perdidamente. Impetuoso, como sempre, foi até ela e declarou-se. Ela, porém, explicando sua condição de casada e feliz, recusou o amor que o homem dizia sentir. Tomado de fúria, não admitia ser contrariado, agarrou a mulher e levou-a para seu reino onde a trancafiou no alto de uma torre de onde somente sairia para unir-se a ele.
Dias e noites sem fim se passaram e Oxúm, em sua masmorra, apenas chorava em desespero. Enquanto isso, Exú vasculhava por todos os cantos do mundo a procura da mulher que aprendera a amar e respeitar. Quando já estava para desistir, resolveu descansar à sombra de uma árvore, quando ouviu um canto melancólico e reconheceu imediatamente a voz que tanto amava. Rapidamente subiu até a torre e tomou conhecimento de tudo que acontecerá.
Tentou de todas as formas tirá-la dali, mas Xangô havia sido previdente, usará de um artifício mágico que deixava a mulher presa dentro de um circulo e somente ele conseguiria libertá-la. Sentindo-se derrotado, Exú foi embora jurando que voltaria. Andou sorumbático pelos caminhos, a cabeça em turbilhão, quando se deparou com um velho que perguntou o porquê daquela tristeza. Onde estava a alegria tão comentada de Exú?
Ele não teve forças para responder, apontou o alto da torre que se via ao longe.
O velho era Orunmilá e não precisou de mais detalhes, apenas queria saber o tamanho do amor que unia aqueles dois e a resposta do rapaz foi o suficiente. Tirou um saquinho de sua vestimenta e entregou a ele, recomendando que aspergisse seu conteúdo sobre Oxúm. Cheio de alegria e esperança, Exú voltou correndo à prisão de sua amada. Sem dizer nada, apenas jogou sobre ela todo o pó que Orunmilá lhe dera. No
mesmo instante Oxúm transformou-se em uma linda pomba dourada e saiu voando direto para seu lar onde mais tarde se reencontraram e viveram felizes por muitos anos.
Laroyê Exú! Mojubá!
Yêyê Oxúm!
.
Texto autoria desconhecida