RAINHA DO CABARÉ
Esta Pombagira é muito bonita, muito vaidosa. Ela é famosa por fazer feitiços onde mistura amor e interesse financeiro.
A história:
Esta Pombagira é muito bonita, muito vaidosa. Ela é famosa por fazer feitiços onde mistura amor e interesse financeiro.
A história:
Muitos séculos atrás quando
O Brasil começou a exploração de ouro
A região de Minas Gerais era anexada
A de São Paulo
E nessa grande região havia
A corrida do ouro, a febre do garimpo.
Em uma aldeia no meio do nada
Exitia um pequeno bordel,
Uma casa suja cheia
De prostitutas que atendiam
Os garimpeiros.
Entre elas havia uma moça jovem
De apenas 14 anos, que tinha
O nome de Manuela.
Ela era órfã, e vivendo nas ruas
Acabou indo parar naquele inferno.
Manuela era sem dúvida a mais bonita da casa
Mas tinha poucos cliente
Pois a cafetina dona do lugar
Não queria que ela ficasse "estragada"
Já que mesmo com poucos
Clientes ela rendia mais que
As outras.
Mas Manuela era gananciosa,
Ela estava longe de ser uma
Menina inocente.
Uma noite o dono do garimpo
Apareceu para conferir o trabalho
Dos garimpeiros e dos escravos
E também para recolher o ouro
Extraído na semana.
Na volta ele passou pelo bordel
E desejou se divertir com Manuela.
Ela aceitou afinal ele era rico.
O velho não se separava da bolsa de couro por nada,
Naquela bolsa estavam alguns
Quilos de ouro, pepitas.
Ele foi com Manuela para o quarto
Mas levou a bolsa junto.
Uma hora se passou e nada
Do velho sair de lá.
Um dos empregados estranhou
E bateu na porta,
Mas ninguém atendeu.
Esperaram mais um pouco
Porém como não havia o menor sinal
De movimentação
O empregado arrombou a porta.
Quando ele entrou no quarto
Viu o velho em cima da cama
Com o punhal ainda fincado no
Pescoço.
A janela estava aberta mas
Tanto Manuela quanto a bolsa de couro haviam sumido.
O empregado chamou todos os
Jagunços a começaram
A vasculhar a região atrás
Da menina e do ouro,
Mas nada acharam.
Durante dois dias eles procuraram
Mas nada encontram.
Eles vasculharam as aldeias vizinhas,
As matas, as grutas, as estradas
De toda região mas nada acharam,
Nem sequer rastros.
No bordel haviam uma escrava
Chamada Fátima,
E ela havia combinado tudo
Com Manuela.
Manuela nunca saiu do bordel,
Ela estave escondida o tempo todo no
Porão sujo onde Fátima dormia.
Na hora do assassinato
Manuela abriu a janela para
Parecer que havia fugido para fora
Mas na verdade ela havia removido
Uma das táboas do assoalho
E entrado por baixo do piso
Indo para o porão.
Enquanto os jagunços vasculhavam
A região ela nunca havia saído
Do local do crime.
Fátima e Manuela eram muito
Amigas e então uma semana depois
Quando a poeira já havia assentado
Elas fugiram.
O destino? Rio de Janeiro.
O sonho de Manuela era abrir
Um grande cabaré.
Mas quando chegou lá
Viu que já existiam cabarés demais.
Ela desistiu de abrir um ali
Mas ficou um tempo na cidade
Para tentar aprender como ser
Uma dama refinada.
Foi então que ela conheceu
Um homem chamado José,
Um negro muito bem afeiçoado
Que era o dono da vida noturna.
Ele entendeu o que manuela queria
E levou ela para conhecer
Uma mulher que poderia ajudar.
Esta mulher era Madame Maria Quitéria
Uma legítima francesa
Dona do maior cabaré da cidade.
Quitéria não fazia caridade,
Ela não ensinaria nada de graça.
A beleza de Manuela chamava
Muito a atenção,
Então Quitéria disse que só
A ensinaria os bons modos de cortesã
Se ela trabalhasse na casa
Por um ano.
Manuela aceitou,
Fátima também arranjo emprego ali,
Nenhuma das duas revelou
Que possuiam grandes quantidade
De ouro
Elas continuavam a agir como
Duas mulheres sem eira nem beira,
Era mais seguro assim.
Porem esse um ano se esticou.
Manuela entrou no cabaré com
Quase quinze anos,
E saiu de lá com mais de vinte e cinco.
Dez anos sob a asa de Quitéria.
Quitéria ensinou a falar bem
A escrever, a tocar piano
A cantar, a dançar, a fazer contas
A se vestir com classe.
Quitéria ensinou também a arte
Da bruxaria.
Foi um longo aprendizado
Mas o dia de ir embora chegou.
Manuela abandonou o nome
E adotou outro, um "nome de guerra",
Agora ela era Madame Clarice.
Ela pensou em ir para muitos
Lugares mas o lugar mais movimentado
Era o rio de janeiro.
Clarice havia dito a Quitéria
Que iria para longe fundar um cabaré, mas o que ela fez foi o contrário,
Ela mandou fazer um casarão
Poucas quadras do cabaré de Quitéria.
O cabaré de Clarice seria ali.
Que afronta!
O cabaré que ela construiu era maior
Que o de Quitéria
E Clarice passou
A chamar as moças de Quitéria
Para trabalhar ali em sua casa
Prometendo regalias que Quitéria
Não dava.
O Cabaré de Clarice foi um sucesso
Estava lotado de gente
E o dinheiro entrava como água.
Quitéria não fez nada,
Quando via Clarice na rua
Ela apenas sorria
E a comprimentava com gentileza.
Todos os homens passaram a falar
Dos dois cabarés e sempre
Os comparavam dizendo
Que o Cabaré da francesa
Já não podia se igualar ao
Palácio do novo cabaré.
Algum tempo se passou
E Clarice começou a se sentir mal,
No inverno ela reclama de calor
No verão reclamam de frio.
Ela usava estava desesperada
Por seu cabelo estar caindo,
Via no espelho a cabeça quase pelada
Mas quem olhava para ela
Via o cabelo todo ali.
Quase toda noite chamava o
Médico para estancar os sangramentos
Que tinha
Mas o médico nunca viu sequer uma
Gota de sangue verter dela.
Ela brigava muito com moças
Da rua que invadiam o cabaré
Mas todos que presenciavam as brigas
Só viam Clarice berrando sozinha.
Ela estava louca.
Quitéria... Cobra venenosa...
Mas Fátima percebeu que a loucura
Da amiga não era natural
E a levou em uma rezadeira,
Uma mulher que era filha da Angolano
E sabia fazer coisas inimagináveis.
A rezadeira quebrou o feitiço
De Quitéria e Clarice ficou sã novamente
Mas o que se sucedeu após isso
Foi uma guerra declarada.
Clarice investiu pesado em
Homens armados
E mandou atacar o Cabaré de Quitéria.
Satisfeita, Clarice ficou esperando
Os capangas voltarem
E tarde da noite ela ouviu
O tropelo dos cavalos
E foi ver com os homens
Se o ataque tinha dado certo.
Mas na porta de sua casa estava
Estava Quitéria viva e sem um arranhão.
Clarice e Quitéria brigaram,
Lutaram como duas leoas
E enquanto lutavam
Os capangas de Quitéria ateavam
Fogo ao cabaré de Clarice.
Da luta das duas apenas uma
Saiu vitoriosa, e não foi Clarice.
Ela morreu, sentiu como navalha
De Quitéria era afiada.
Depois da morte ela acordou
No mundo dos mortos.
Aquelas que provaram de magia negra
Não encarnam nunca mais
Ficam estagnadas.
Nessa estagnação ela foi
Transformada em Pombagira.
Até hoje quando perguntam a ela
Quem ela é
Ela responde que foi a dona
Do maior cabaré dessa terra,
Ela é a rainha do Cabaré!
Esperam que tenham gostado
A próxima da lista será Pombagira Maria Navalha
Aguardem.