segunda-feira, 30 de maio de 2022

ARQUÉTIPO: YARA - MÃE D'AGUA (A Mulher Encantada- A Senhora dos Rios)

 ARQUÉTIPO: YARA - MÃE D'AGUA
(A Mulher Encantada- A Senhora dos Rios)


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(A Mulher Encantada- A Senhora dos Rios)

Iara, Iuara ou Uiara é uma entidade folclórica de origem indígena que habita nas águas profundas do Rio Amazonas no Brasil. As lendas contam que ela era uma guerreira imponente, filha do pajé da tribo e reunia habilidades de combate incomuns para uma mulher. Toda a tribo a venerava e ela era saudada com honras somente atribuídas aos guerreiros homens por sua força e maestria.

Por esse motivo, os dois irmãos de Yara com consentimento do pai pajé primeiro tentaram em vão arranjar-lhe casamento e obrigá-la a fazer as lides comuns as mulheres, mas ela não cedia e sempre que saía para guerrear voltava vitoriosa. Um dia, os invejosos lhe armaram em segredo uma emboscada e a surpreenderam durante o sono. Entretanto, ela conseguiu superá-los na luta e acabou por os matar.

Temendo o severo julgamento da tribo e sabendo que mesmo sendo filha do guardião maior não escaparia a morte, ela optou por fugir. Mas o seu pai envergonhado perante seu povo e empenhado em usar a filha como exemplo, reuniu os melhores guerreiros para capturá-la e trazê-la a julgamento.

Yara foi condenada por todos os conselheiros homens e sua punição foi ser atirada as águas entre os afluentes Negro e Solimões da bacia amazônica. Amarrada pelos pés e mãos com pedras nos pés, foi lançada ao leito aquático para se afogar lentamente. Mas a mãe Terra se compadeceu do seu lento sofrimento e deu ordem aos peixes para roer as cordas e soltá-la das pedras. Foi nesta noite que de índia humana, Yara libertada vislumbrou a face da deusa e sob uma grande lua cheia se transformou numa sereia com longos e sedosos cabelos.

Os pescadores dizem que ela entoa uma melodia hipnotizante que os desorientada e faz as embarcações irem ao fundo. Por isso sempre rezam a Yara antes de entrar no seu reino. Os mais dedicados levam ofertas para que ela não cante.

Os nativos também dizem que todas as noites, as águas dos rios param por alguns segundos e os peixes adormecem. Neste instante, Yara surge do seu mundo aquático e procura uma canoa vazia ou uma pedra para pentear seus lindos cabelos. Neste tempo, a mãe d'água abre o véu entre os mundos com a permissão das divindades possibiltando que as almas dos que morreram afogados se libertem e partam para o reino dos espíritos.

Outra vertente da lenda diz que Yara reúne a face masculina da magia. Também pode aparecer como um homem, o IPUPIARA, que devora pescadores e os leva para o fundo dos rios, sempre que a pesca é exploratória ou que algum animal aquático é ferido.

Mas é consenso que a sereia das águas doces também abençoa as populações ribeirinhas e que quando agradada com presentes, os recompensa com pesca farta.

Convocação a Yara: para celebrar e fazer pedidos a esta entidade é preciso levar aos cursos de água doce coisas como flores, perfume, espelhos, pentes e bijouterias com brilhos. A ela se pede amores, habilidades de sedução, fartura de comida, força em casos de perseguição masculina e fertilidade.

Sempre na lua cheia e preferencialmente vestidos de verde. Não é correto fazer esse ritual no mar.

Imagem: eusouaiara.blog ( acesso em 11/04/2022).

Sandra Bezerril e Mulheres de A Távola de Morgana