"OYÁ KARÁ"
Esta é a Oyá mais famosa de todas, mundialmente conhecida por ser a esposa de Sango.
"OYÁ KARÁ"
Esta é a Oyá mais famosa de todas, mundialmente conhecida por ser a esposa de Sango.
Por ser largamente conhecida ela é a Oyá que possui o maior número de mitos. Eu aqui vou fazer um apanhado de algumas histórias e contar elas juntas como se fosse uma única lenda.
Esta Oyá no Brasil se veste de vermelho, em cuba usa uma saia com as sete cores do arco-irís e na Nigéria usa geralmente vermelho escuro, vinho ou marsala, por isso eu fiz o desenho dela com varios tons para abranger todas as culturas onde ela existe.
Esta Oyá só existe ao lado de Sango.
Se conta que a principio Oyá
Morava longe
Ela vivia na cidade de Irá.
Lá ela ja era um feiticeira poderosa.
Oyá um dia insatisfeita
Se tranformou em um enorme
Redemoinho de vento
E dentro dele desapareceu das terras
De Irá aparecendo então
Nas terras de Oyó.
Oyá era parente de Sango
Mas não o conhecia.
Ambos tinham descendencia materna
Da familia real de Nupê
Mas nunca haviam se visto.
Sango era Rei de Oyó
E tinha duas esposas,
Uma era Obá Yamú
A outra era Osun.
Sango era bem cuidado
Por Obá
E era muito orgulhoso por ter
Se casado com a famosa Rainha Osun,
Mas mesmo tento duas deusas
Dentro de sua casa ele ainda
Sentia falta de amor.
Foi então que Sango conheceu Oyá
E ficou absolutamente deslumbrado
Com a beleza e a postura dela
Mas a princípio não se envolveram
Justamente por ele já estar
Casado com duas mulheres ciumentas.
Obá tinha muito ciúme de Sango
E Osun tinha ciúme da coroa.
Oyá percorreu outros caminhos
Andou com os caçadores e
Com os guerreiros
Até que encontrou o filho
Mais velho de Oduduwa.
Este filho era Ogun.
Ogun descobriu o segredo
De Oyá se transmutar em búfalo
E para que ele não revelasse
A ninguém esta façanha
Ela aceitou se casar com ele.
O casamento durou o suficiente
Para Oyá marcar a vida de Ogun.
Ele a amava mais do que a si mesmo.
Ogun era filho de Oduduwa
E Sango era neto,
Logo eram tío e sobrinho.
Sango foi até a casa de Ogun
E se surpreendeu em encontrar lá
Sua parente Oyá
Casada com o tio.
Oyá tinha carinho por Ogun
Mas não o amava.
Sango era muito mais jovem
E muito mais belo que Ogun.
Ogun era áspero.
Sango era galante.
Oyá não resistiu as investidaz de
Se Sango e fugiu ele para Oyó.
Ogun não se conformou com a traição
E perseguiu o casal
Até que os encontrou.
Ogun chamou Sango para um duelo.
Pensava ele que se matasse Sango
Oyá sería sua novamente.
O duelo foi aceito mas não
Por Sango, quem lutou foi Oyá.
Ogun era um ferreiro
E havia produzido para si
Uma espada mágica que
Em tudo que tocava despedaçava
Em sete partes.
Porém por amar Oyá
Ele havia produzido uma outra
Espada mais poderosa que a
sua própria.
Esta espada cortava tudo que tocava
Em nove pedaços
E Ogun a deu para Oyá.
Na batalha a espada que ela
Empunhava era mais forte do que
A dele e sem chance de vencer
Ele pereceu.
Ogun ficou para trás
Oyá seguiu sua vida se casando
Com Sango.
Agora Oyá era Ayabá, Rainha de Oyó.
Osun ficou muito desgostosa
Pois Oyá era tão bela e tão famosa
Quanto ela.
Já Obá mesmo sendo ciumenta
Nunca teve problemas com Oyá.
Oyá era brava mas sempre respeitou
A autoridade de Obá por ser
A primeira esposa e rainha legítima.
Obá ficava em casa e cuidava de tudo.
Osun tinha seus próprios interesses,
Ela nunca esteve de fato ao lado
De Sango.
A pessoa que Osun amava era a que
Ela via quando olhava no espelho.
O casamento de Osun com Sango
Foi por ele estar apaixonado
E ela estar interessada em
Aumentar suas riquezas.
Já Oyá ia com Sango para a guerra,
Lutava lado a lado.
Ela era a companheira dele,
Mais do que esposa ela
Era também sua melhor amiga.
Algumas vezes Sango se irritava
Por Oyá lutar melhor que ele.
As vezes Sango se enfurecia
Por Oyá ser mais querida pelo
Povo do reino do que ele próprio
Que era o Rei.
Mas Sango amava Oyá.
Oyá era diferente das outras mulheres.
Ele era um rei que ansiava
Ter poderes mágicos.
Sango era muito forte fisicamente
Mas não possuia poderes.
Oyá era cheia de dons prodigiosos
Ela podía controlar os ventos
E fazia chover,
Também falava com os mortos
E com os espíritos da floresta.
Ela tinha poder sobre os animais
E sobre as coisas que os olhos
Humanos não conseguem ver.
Mas ele não tinha nada.
Foi então que Sango soube
Que na terra dos Baribas
Haviam feiticeiros que faziam
Coisas maravilhosas.
Ele encomendou uma poção
Que o faria cuspir fogo e
Controlar as chamas.
Sango incumbiu Oyá de buscar
O preparado mas a advertiu
Que era algo no qual ela não
Poderia tocar.
Oyá tem alguns defeitos,
E um deles é não aceitar regras,
Ela gosta de contrariar.
Se Sango tivesse dado a ela a poção
Talvez ela nem quisesse,
Mas por ele ter proibido que
Ela a tocasse
Oyá ficou ouriçada em
Fazer justamente o oposto.
Assim que pegou a poção
Ela abriu o pacote e viu que
Era um pó vermelho como sangue.
Os Baribas disseram que
Este pó era para Sango comer,
Se ele ingerirse iria criar
Fogo nas entranhas.
Oyá não resistiu e comeu metade.
Oyá ficou com o corpo quente
Como se fosse uma própria fogueira.
Quando chegou em Oyo
Ela entregou o pacote a Sango
E ele perguntou porque a embalagem
Estava violada.
Oyá quando foi falar
Abriu a boca e dela saiu
Uma enorme labareda.
Sango se enfureceu!
Ele entendeu o que Oyá tinha feito
E se revoltou.
O único poder que seria somente
Dele agora era de Oyá também.
Ao ver que o marido estava furioso
Ela correu para longe.
Sango comeu o pó mágico
E saiu na porta do palácio
Berrando o nome de Oyá
Querendo encontra-la.
Ela se escondeu longe
No meio de um rebanho de carneiros
Até o marido se acalmar.
Sango a partir deste dia
Adquiriu poder sobre o fogo da terra
E também sobre o fogo do céu (raios).
Sango soube tempos depois
Que em Irawo havia um homem
Que tinha poder sobre todas as folhas.
Ele podia curar ou afligir qualquer
Doença do corpo ou da alma.
Sango invejou muito esse homem e
Quis saber quem ele era.
Oyá foi atrás para investigar
E contou que ele se chamava Osanyin
E que era muito sábio.
Sango desejou ter as folhas
E os poderes de Osanyin e
Oyá foi até ele pedir que contasse
Os segredos das folhas.
Sem rodeios ela o questionou,
Pediu que ele ensinasse a fazer
A magia das folhas.
Osanyin se negou.
Oyá ficou brava!
Ela não gosta de ouvir "não".
Ela levantou um vento muito forte
Que sacudiu a floresta e levou
Todas as folhas que Osanyin tinha
Direto para Sango.
Oyá pensava que tinha conseguido
Tomar as folhas para si e para
O marido, mas Osanyin
Gritou palavras mágicas
E as folhas voltaram todas
Para a floresta.
Sango e Osanyin nunca foram amigos
Por conta desse caso.
Oyá e Osanyin logo esqueceram
Este caso e ficaram amigos.
Ele até deu algumas folhas
Para ela usar em suas coisas.
Oyá e Sango eram muito respeitados,
Eram guerreiros muito poderosos.
Em todos os reinos Sango havia
Enviado parentes seus para
Trabalharem como embaixadores.
Mas um reino não aceito,
Este era o reino dos Malês,
Os muçulmanos.
Sango enviou seus parentes
Para viver entre eles mas
Os Malês os expulsaram
Com a desculpa de que
Não aceitavam pessoas que não
Tinham o mesmo sangue que eles.
Sango e Oyá tomaram isso como
Um grande sinal de desrespeito
E resolveram atacar a cidade.
Quando os Malês viram Oyá
Voando no céu cuspindo fogo
E Sango atrás atirando raios
Ficaram apavorados e se renderam
A autoridade do casal do Dendê.
Os Malês não comem carne de porco
E por terem se submetido com
Tanta subserviência ao Sango e Oyá
Os dois pararam de comer carne
De porco em homenagem a eles.
Sete anos depois Oyá era
A pessoa que mais influênciava Sango
No controle da cidade.
Ele possuia dois generais
Um chamado Timi Agbale
Que era um poderoso feiticeiro
Que usava um Ofá do qual
Atirava flechas de fogo,
O outro era Gbonka,
Tão poderoso quanto o outro.
Oyá disse a Sango que estes
Dois eram poderosos demais
E por isso era perigoso te-los
dentro do Palácio.
Se eles quisessem trair Sango?
Quem seria pariu contra eles?
Em uma situação Sango deu
Uma ordem mas os dois
desobedeceram.
Em uma batalha ele ordenou
Que não lutassem,
Mas os dois ignoraram e lutaram.
Vendo a insubordinação
Sango concordou com Oyá
E separou os dois os enviando
Para governarem cidades
Tributarias de Oyó nas fronteiras.
Sango enviou Gbonka para Edé
Mas pediu para Timi ficar em Oyo
Por mais um tempo.
Ele então ordenou que Timi
Fosse para Edé prender Gbonka.
Oyá havia orientado Sango a
Por um contra o outro.
Timi e Gbonka lutaram
Mas Sango não acreditou,
Ele pensava que ambos fingiram
Lutar mas não tinham se enfrentado
De verdade.
Oyá novamente diz a Sango
Que os dois deviam lutar na frente
Dele para não haver chance de
Dissimularem uma falsa luta.
Timi e Gbonka foram para Oyó
E diante de Sango foram obrigados
A lutar.
Timi venceu Gbonka.
Sango ordenou que o perdedor fosse
Queimado vivo.
E assim se fez.
Dias depois Gbonka surgiu
Das cinzas,Vivo!
Diante de todos acusou
Sango de ser covarde e traidor de
Seus próprios subordinados.
Gbonka contou a todos que
Sango e Oyá haviam arquitetado
A briga dele com Timi
Por medo dos dois.
Sango se levantou para enfrenta-lo
Mas Gbonka fugiu.
Sango correu até uma pedra alta
E invocou do céu raios
Para atacar o inimigo, mas
Nenhum raio atingiu Gbonka.
Porém varios raios
Atingiram o palacio
E as casas do reino causando
Um enorme incêndio.
Obá e Osun correram desesperadas
Ao ver o palácio pegando fogo.
O incêndio queimou todo o palácio
E metade do reino.
Osun furiosa ao ter suas roupas
E suas joias queimadas
Foi embora, se separou de Sango
E foi morar em Igede onde
Tinha o seu vasto rio.
Obá ficou um pouco mais mas
Também estava muito desgostosa
Pela humilhação de perder tudo
Foi para Igbon e nunca mais
Viu Sango.
Obá amava Sango, ela chorou até
Se tornar um rio de lágrimas.
Oyá ficou.
Agora Sango só tinha uma esposa.
O povo odiou Sango por saber
Que o incêndio era culpa dele.
A população de Oyó exigiu que
Ele abdicasse do trono.
Oyá e Sango tiveram de fugir
De Oyó, foram para a terra de seus
Parentes em Nupê.
Lá Sango soube que seu irmão
Dadá Ajaká havia retomado
O trono.
Sango havia roubado a coroa
de Dadá mas o destino foi
A favor dele.
Dadá era rei novamente.
Sango tempos antes pediu para Oyá
Esconder a coroa de Oyó na terra
Dos espíritos mortos
Para que Dadá não pudesse pega-la
De volta.
Mas o general que protegía Dadá
Era ninguém menos que Ayrá Gbona.
Ele se vestiu com os vestidos
De Oyá e acendeu um tacho com fogo,
Pôs sobre a cabeça
E entrou na terra dos mortos
Fingindo ser ela.
Quando Ayrá berrou tal qual Oyá
Berrava os espíritos pensaram
Que ele era ela e o deixaram passar.
Ayrá pegou a coroa e entregou
A Dadá que voltou triunfante
Para Oyó exibindo a coroa real.
Sango estava exilado e sem dignidade.
Não suportou, entrou na floresta
Com uma corda e na árvore Ayan
Ele se enforcou.
Uns dizem que Oyá foi procurar Sango
E ao ve-lo morto não aguentou
A dor e também se suicidou
Se afogando no rio Niger.
Mas existe outra história que diz
Que o Oyá amava Sango de tal modo
Que ao ve-lo morto não se conformou.
O nome desta Oyá é Kará por que
Isto significa "brasa".
Havia uma comida que esta Oyá
Tinha recebido para ser sua
E se chamava "Akara-Nje" (acarejé)
Que significa "brasa comestível".
Esta era a comida que ela mais
Gostava de comer, era seu simbolo.
O Akara era frito em dendê e por
Isto era vermelho.
Oyá fez um Akara diferente,
Ela o fritou em azeite doce
Para que ficasse claro, branco.
Ela subiu em uma montanha
E no topo dela clamou a presença
De Olodumare, o grande Deus.
Ele apareceu para ela e perguntou
O que ela queria.
Oyá ofereceu para ele o Akara-Nje
Branco que havia feito
E ele entendeu que aquilo
Era tudo o que ela tinha.
Oyá chorou e pediu a Olodumare
Que a deixasse ver Sango
Uma vez mais.
Ele disse que Sango estava morto
E que era um suicída,
Que não seria possível.
Oyá desesperada chorou como
Olodumare nunca havia visto
Uma mulher chorar,
Ele se comoveu pelo enorme amor
Dela por ele.
Oyá era uma Deusa poderosa
E estava se humilhando a Olodumare
Por causa de seu amor.
Ele decidiu atender o pedido dela
E fez de Sango um Orisa.
Desde então Ele e Oyá estão
Sempre juntos dançando nas nuvens
De tempestade.
Oyá Kará é uma mulher
Intensa.
Eepa Heiy!
Existem muitas outras histórias desta Oyá.
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