terça-feira, 17 de maio de 2022

Omar era filho de imigrantes turcos. A familia tinha uma tecelagem E também contatos com Outros tecelões da Europa e assim Vendiam tecidos para as modelistas E costureiras do sul do pais.

 Omar era filho de imigrantes turcos.
A familia tinha uma tecelagem
E também contatos com
Outros tecelões da Europa e assim
Vendiam tecidos para as modelistas
E costureiras do sul do pais.

Omar era filho de imigrantes turcos.
A familia tinha uma tecelagem
E também contatos com
Outros tecelões da Europa e assim
Vendiam tecidos para as modelistas
E costureiras do sul do pais.
Entre todas as clientes
A principal era Maria Quitéria,
Que através dos turcos encomendava
Os mais belos e finos tecidos
Que mandava trazer de todas
As partes do mundo
Para fazer os magestosos vestidos
Dela e das moças.
Como Quitéria era uma cafetina
Ela não podia ir até a loja
Escolher ou fazer as encomendas.
O velho Salin mandava seu filho
Único Omar de noite para o Cabaré
Com amostras de todos os tecidos
Que estavam em alta.
Quitéria escolhia e assim que os rolos
Chegavam ele levava para ela.
Dentro do Cabaré havia uma velha
Costureira que fazia a mão
As roupas ou ajustava as que
Ja eram compradas feitas.
Quitéria gostava muito de Omar
Pois ele era muito veloz,
Ia de um canto para o outro
E agilizava as chegadas dos tecidos.
Ele era sempre recompensado
Com muitas moedas de ouro.
Quando Quitéria morreu
Ele passou a fazer encomendas
Para Maria Padilha, a substituta.
Tudo corría bem
Os negócios iam de vento em polpa.
Porém Omar cometeu um erro,
Um erro horrível...
Ele se apaixonou por uma dançarina,
Chamada Sete Saias.
Ela dançava no palco do Cabaré
E mesmo que não fosse oficialmente
Uma prostituta ainda assim
Era muito assediada pela
Enorme beleza que tinha.
Omar passou a namorar Sete Saias,
Ela o adorava, ele era muito belo.
Uma noite ele estava na porta
Do camarim esperando ela sair
Quando ouviu fortes barulhos,
Era vidro quebrando e
A mobília sendo derrubada.
Ele entrou e viu o capitão da guarda
Agarrando Sete Saias.
Ela tentava se desvenciliar
Mas não gritava.
Sete Saias era da Noite,
Ela sabia que se ela o acusasse
Ela é que sairia como culpada,
Já que marafonas nunca eram
Ouvidas pela polícia.
Quando Omar entrou
Ele viu o capitão rasgar o busto
Do vestido e deixar a moça
Com os seios a mostra.
Ela disse em voz baixa
"Omar vá chamar Maria Padilha"
Mas Omar interferiu por si mesmo,
Sacou uma garrocha e estourou
Os miolos do capitão.
Com o som do tiro
Maria Padilha chegou até lá
E viu a cena.
Omar tentou explicar que so estava
Defendendo a honra de sua amada,
Mas Padilha disse que a situação
Era por demasiada grave.
Ela teria que rebolar muito
Para conseguir resolver aquilo.
O jeito foi chamar os superiores
Do capitão.
O superiores eram um Major
E acima dele um Coronel.
Este Coronel era chamado
Popularmente de Tranca-Ruas
Pelo seu modo de dominar a região.
Ele foi o maior dos amantes de
Maria Padilha.
Tranca Ruas resolveu tudo,
O capitão seria dado como morto
Em serviço, algum inocente
Seria acusado da morte e enforcado.
Pronto, Omar estava livre.
Mas agora ele devia a própria vida
A Maria Padilha.
Um tempo depois ela teve uma
Desavença com a esposa de um
Cliente da casa,
A mulher ofendeu Padilha
No meio da rua e fez um escândalo.
Padilha costumava resolver
As coisas passando o punhal
Na garganta dos que lhe aborreciam,
Mas como a briga foi a luz do dia
Seria muito suspeito a fulana
Aparecer morta ali na cidade.
A mulher viajou, foi para o litoral
Para ver parentes.
Padilha então chamou Omar
E disse a ele que havia chegado
A hora de pagar a sua dívida
Para com ela.
Padilha encomendou a morte
Da mulher.
Omar a pegou no meio da estrada
Da serra, simulou um roubo
E atirou nela e no cocheiro.
Estava morta.
Esta foi a segunda vez que ele matou.
Anos depois a linha férrea
Chegou na cidade,
Ninguém mais encomendava
Tecidos com o velho Salin,
Todos pegavam o trem e iam
Para as grandes lojas de São Paulo
E do Rio de Janeiro
Que eram muito mais baratas.
Salin faliu.
Omar ficou sem dinheiro.
A casa foi a penhora,
A dispensa ficou vazia,
Salin e a mãe ficaram doentes
E não havia dinheiro para remédio.
Omar pediu ajuda a todos que podia
Mas ninguém ajudou.
Ele então foi até Maria Padilha,
Ela era rica, poderia emprestar
Algum dinheiro.
Ela o recebeu e ouviu o pedido,
Mas ao invés de emprestar um tostões
Ela ofereceu uma bolsa
Cheia de dobrões de ouro
E disse que seria o pagamento se
Ele matasse um homem para ela.
Ele aceitou
Pegou um navio até a França
E matou o irmão de Quitéria com
Um tiro no peito.
O Cabaré era um grande casarão,
Um palacete,
A propriedade não era de Padilha,
Era ainda de Quitéria,
Que havia vindo da França
E investido tudo para construi-lo.
Com ela morta o irmão era
O único herdeiro
E ja havia mandado a ordem de despejo para Padilha sair de lá.
Com ele morto, a dona da casa
Era aquela que pagava os impostos,
O Cabaré era agora de Maria Padilha.
Omar voltou, mas o velho Salin
Havia falecido
Enquanto ele estava fora.
Muito triste ele mandou a mãe
Para uma casa de repouso para ser
Bem cuidada mas era
Caro manter ela lá.
O dinheiro que Padilha deu acabou,
E ele precisava de mais.
Ela não precisava dos serviços dele,
Mas tinha uma conhecida
Que precisava de um matador.
Padilha enviou Omar para o norte,
Para fazer um serviço a mando
De uma cafetina de lá.
Ele matou muita gente a mando dela.
Quando voltou ele continuou
Matando por dinheiro,
Centenas de vidas ele tirou,
Ia para qualquer lugar do país
Ou do mundo,
Matava e não deixava rastros.
Foram decadas assim.
Um dia ele recebeu uma
Enorme oferta de Maria Mulambo,
Ela pedia para ele matar
Maria Padilha.
As duas eram rivais,
O Cabaré de Mulambo tinha
Muito mais moças,
Mas ela queria ter tudo
O que era da inimiga.
Mulambo era muito mais rica
Mas ainda assim era invejosa.
Ela ofereceu a ele
Ouro em quantidade exorbitante.
Ele foi ingrato, aceitou.
O jovem Omar não existia mais,
A vida de matador o transformou
No famigerado GIRA-MUNDO,
Que matava sem dó.
Ganhou esse nome por ser
Um matador viajante.
Ele foi até o Cabaré e disse
Que precisava falar com Padilha,
E ela o recebeu em seu quarto.
Lá ele tentou atirar nela,
E atirou.
Mas ele não sabia que Maria Padilha
Não era uma mulher comum,
Ela era uma feiticeira.
Existe uma magia chamada
Troca de cabeça, e ela deixa
O corpo fechado.
Padilha sempre fazia essa magia,
Quando ela se machucava
Outra pessoa é que sentia a dor.
Quando ele deu o tiro
Alguem morreu, mas não ela.
Ponta de faca ou balaço não a feria
Nada disso podia ela matar.
Matava sim, mas so a pessoa
Usada da feitiçaria.
Ele atirou e achou que ela
Havia morrido
Então saiu do aposento caminhado
Normalmente.
Quando chegou na beira da escada
Sentiu um baque forte nas costas e
Caiu, rolou a enorme escadaria
E quebrou a perna.
Quando chegou lá em baixo
Vou uma moça jovem caida com
A marca da bala no peito.
Padilha tinha usado os
Fios de cabelo dela na feitiço,
O tiro dado em Padilha
Pegou foi nela.
Ele estranhou, e ao olhar para o topo
Da escadaria viu Maria Padilha
Em pé, sem um ferimento sequer.
Ela desceu lentamente
Dando aquela gargalhada
Que só ela sabe dar.
Chegou até ele e se abaixou,
Puxou o punhal que trazia entre
Os seios e pós bem no pescoço
De Omar.
Ele não consiguia fugir,
A perna estava quebrada e
A queda havia tirado a força
Do resto do corpo.
Ela se inclinou e sussurrou
Uma praga no ouvido dele
Ela disse
"Eu fui a única a te estender a mão todas a vezes que precisou, e você me pagou com traição. Homem não trai, homem é leal aos seus, por isso eu te condeno a não ser homem, você a partir de agora vai ser um bicho..."
Ela passou a lâmina do punhal
No pescoço dele e cortou.
Ele virou os olhos, deu o ultimo
Suspiro e morreu.
Quando ele acordou
Na terra dos mortos
Sentiu que estava diferente.
Ele tentou ficar em pé
Mas mancou,
Tentou falar mas sua voz
Estava diferente, a boca estava
Toda diferente.
Ele foi mancando até ver o seu
Reflexo nas águas negras daquele
Terrível lugar e viu
Que não era mais um homem.
A perna que ele quebrou na queda
Da escada se tornou um pé de bode,
As unhas de suas mãos se tornaram
Garras negras grossas como cascos,
Suas orelhas eram pontudas
Como as de um morcego
E seus dentes eram enormes
Como o de um tigre.
Ele estava animalesco, deformado.
A praga de Padilha pegou.
Irado ele voltou em espírito
Para se resolver com a bruxa
Que havia lançado a maldição.
Quando ele veio para a terra
Foi direto no cabaré de Maria Padilha
E se aproximou dela.
Ele iria fazer mal, iria usar sua força
Para maleja-la,
Mas quando chegou perto
Ele a viu sentada na penteadeira
Fechando um envelope
cheio de dinheiro,
E leu no verso o nome da
Casa de repouso onde estava
A sua mãe, a velha Fátima
Esposa do falecido Salin.
Gira Mundo foi tomado
Por um remorso enorme
Ao ver que Padilha ainda o estava
Ajudando.
Padilha pagou a casa de repouso
Até a mãe dele falecer.
Ele reconheceu que a sua única
Amiga verdadeira na vida
Havia sido ela.
Gira Mundo se foi,
Voltou para o mundo dos mortos
E tentou evoluir o máximo possível.
Quando Padilha morreu
Ele passou a andar com ela,
É um dos Sete que a cerca
E ao contrário da vida de matador,
Agora na morte ele se tornou
Um justiceiro que ajuda
Todos os que clamam por justiça.

Esse é meu Exú Guardiã

"VOU FAZER FIGA
PARA QUEM DE MIM FALAR...
ZUM ZUM ZUM GIRAMUNDO,
POE AQUI PRA GIRAR
MINHA MAE ME DISSE UM DIA
NA LINHA DO CANDOMBLE
QUE A LINGUA QUE FALA MUITO
A GENTE PISA COM O PÉ
VOU FAZER FIGA
PARA QUEM DE MIM FALAR
ZUM ZUM ZUM GIRAMUNDO, POE AQUI PRA GIRAR
ENQUANTO O SUJEITO DORME
O MEU PAI TÁ NA CURIMBA
TÔ TÔ TÔ SEU DOUTO
COURO NÁGUA PEDRA EM CIMA
VOU FAZER FIGA
PARA QUEM DE MIM FALAR
ZUM ZUM ZUM GIRAMUNDO,
POE PRA GIRAR"

Saravá Gira Mundo!
https://www.facebook.com/photo/?fbid=1781484258768802&set=pb.100044267957648.-2207520000..