Karê o! Karê o! Yeye omi Karê o!
O sol se põe, o céu laranja crepuscular,
O leopardo preguiçoso dormindo
No galho da árvore
Na margem do rio acorda
Abrindo seus olhos cor de mel
E ergue a cabeça para ouvir
Karê o! Karê o! Yeye omi Karê o!
O sol se põe, o céu laranja crepuscular,O leopardo preguiçoso dormindo
No galho da árvore
Na margem do rio acorda
Abrindo seus olhos cor de mel
E ergue a cabeça para ouvir
O farfalhar das folhas na copa da árvore.
O leopardo fêmea é quase
Do tamanho da pantera
Porém mais esguio.
A noite cai e o leopardo salta do galho
Mas quando bate no chão
Não é mais bicho, é gente,
É uma moça bonita
De pele preta e cabelos trançados
Erguida sobre um par de pernas grossas
De corpo torneado,
Ela enfia a mão dentro do buraco
No tronco da árvore
E de lá tira o arco e as flechas,
Corre no meio da mata
Ate achar o homem alto, e então grita
"Arakurin!"
Sim ele é seu arakurin, ou seja irmão.
Os dois são gemeos, filhos de Yemoja
Eles são são caçadores, filhos de Erinlé.
Ela é Oxum, mas não tem a pose de princesa,
Nesta vida ela não nasceu em palácio
Nem desfrutou do conforto da riqueza,
Nesta vida ela é Kare, caçadora
Que herdou da mãe o poder de ser feiticeira
E com essa força ela é
Meio moça meio bicho,
É leopardo de garra afiada
É mulher de cintura fina,
Ela é caçadora e anda com passo macio
Para não fazer barulho.
Ela vê ao longe a garça branca na beira do lago,
Ela se ajoelha no meio da touceira,
Estica o braço cuja a mão segura o arco
E retesa o outro puxando a corda,
A flecha posicionada,
Ela fecha um dos olhos
E trás as penas da flecha
Até perto de sua bochecha,
"Fiuuuuuuuuuuuu"
A flecha é dispara
E a garça cai sem vida.
Ela corre ate lá e pega o animal abatido
E leva para o irmão ver
"Hoje vamos comer bem!"
Ela comemora
E os irmãos vão para casa
Cantando no meio da floresta.
Ela é Oxum Kare,
Ela é feliz por ser simples,
Ela é feliz mesmo sozinha.
Então o tempo voa, o tempo corre
E a terra gira milhares e milhares de vezes
Até uma época que Oxum Kare
Não existe mais na mata,
Ela não é mais moça
Ela não é mais bicho,
Ela agora é a luz que norteia
Seus descendentes
Para que não se percam das raízes,
Agora ela é Orixá.
Seus descendentes filhos dos filhos de seus filhos
Filhos do sangue ou da alma,
E em uma outra época
Uma noite do nosso tempo
Tem muita gente reunida
Uma menina está no terreiro
O os três atabaques vibram
Sob as mãos de homens fortes
E as vozes cantam
"Yeye Kare, korin Ijexá, ô yeye Kare, Kare Omó!"
A menina está feliz,
Dança movendo os ombros e os quadris
Em uma alegria só,
Mas logo seu corpo não é mais seu,
Os olhos fecham
Ela da um pulo alto e volta dando
Vários pulos mais baixos para trás
Até parar com as mãos nas costas,
E então o grito fino sai de sua boca
E o povo explode em gritos de saudação,
Os cânticos prosseguem e
Oxum Kare possuindo sua filha
Dança diante do povo
Muito satisfeita em ser lembrada.
A ancestralidade está ali, visível na frente de todos,
E eles ainda se lembram,
Nós ainda nos lembramos.
Por mais que o mundo esteja diferente
Nos ainda somos o mesmo povo de antigamente
E pertencemos aos orixas
Tal qual os frutos pertencem as árvores.
Kare o!
Ore Yeye Oxum Kare!
Espero que tenham gostado, quem quiser encomendar desenhos, brasões ou telas pode me chamar no whatsapp 11944833724
Obrigado