Naquele dia Odé Ibualama chorou.
Dia muito triste e de profunda injustiça.
Odé Ibualama é velho
Mas quando era mais novo era conhecido
Pelo nome Erinlé ou Odé Inle,
Mas agora velho era só o rabugento Ibualama.
Naquele dia Odé Ibualama chorou.
Dia muito triste e de profunda injustiça.Odé Ibualama é velho
Mas quando era mais novo era conhecido
Pelo nome Erinlé ou Odé Inle,
Mas agora velho era só o rabugento Ibualama.
Ele nunca havia chorado na vida
Mas aquilo foi demais para suportar.
"Não quero mais ficar aqui... não quero..."
Ele chorava ajoelhado nos pés da arvore Iroko.
Ele havia sido difamado.
O povo da cidade tinha muita inveja dele,
Ele era velho mas forte
Com a casa cheia de filhos
E sendo caçador tinha fartura em sua mesa.
Nenhum outro caçador da região podia se equiparar
Ao velho Ibualama.
Na aldeia proxima as mulheres o odiavam
Pois elas eram mães de jovens caçadores
Que nunca tinham alcançado fama
Por serem sempre ofuscados por Ibualama.
Um dia antes as mulheres malvadas
Acordaram ainda na madrugada,
Invadiram o palácio do Rei na surdina
E roubaram os animais raros que haviam lá,
Mataram e esconderam as peles na casa de Ibualama.
Logo ao amanhecer o rei deu falta de seus bichos
E mandou os guardas investigarem,
Quando ouviram o tropel dos cavalos
As mulheres correram e gritaram
"Nós vimos! Nós vimos! Foi Ibualama que roubou os bichos!"
Os guardas foram até a casa de Ibualama.
"Caçador, as pessoas da aldeia disseram que você é o responsável pelo roubo dos bichos do rei."
O guarda falou imponente.
Ibualama muito ofendido gritou
"Pois podem revirar toda a minha casa, eu não tenho nada a temer! Eu sou um homem honesto!"
Os guardas entraram na casa
E com pouca procura
Acharam as peles dos animais roubados.
Ibualama sem acreditar
Ficou mudo, não disse nada
Ele foi pego de surpresa.
Foi levado preso.
Todos os caçadores ao saberem disto
Se reuniram e foram até o rei
Testemunhar a favor de Ibualama.
"Ele não precisa roubar nada de ninguém! Ele sabe caçar muito bem!"
Disse um.
"Ele é pessoa honesta e honrada, jamais faria isso!"
Disse outro.
"Ele é nosso lider, nós o temos como se fosse nosso pai, a índole dele nao é a de um ladrão!"
Disse mais um.
Mas as mulheres da aldeia também foram testemunhar
E acusaram Ibualama.
O rei também conhecia Ibualama
E sabia o quão correto ele era,
Desconfiando que haviam armado a situação
O rei o libertou e retirou a acusação.
Ibualama foi pra casa
Mas por mais que tivesse sido inocentado
Ele não havia conseguido comprovar sua inocência,
O rei apenas se pautou pela boa reputação dele
Mas não houveram provas reais
Para apontar quem realmente era o ladrão.
O velho Ibualama saiu da cadeia
Mas enquanto ia caminhando pelas ruas da aldeia
As mulheres o iam perseguindo e lançando
Gritos cheios de ofensas e palavras baixas.
"Ladrão! Vagabundo! Criminoso!"
Elas berravam a plenos pulmões.
Quando chegou em casa
Ibualama não quis falar com ninguém,
Apenas apanhou uma quartinha de agua
E a sua bilala (chicote de couro trançado)
E entrou na mata
Até chegar na árvore mais velha,
O grande iroko.
Nos pés de iroko ele se ajoelhou
E começou a chorar e soluçar
Pois estava se sentindo tão humilhado
Que não suportava mais.
"Olorum... eu não quero mais ficar aqui..."
Ele ia rezando e chorando,
Então de tão frustrado
Se despiu e começou a bater com a bilala
Em si mesmo,
A auto flagelação motivada pela tristeza profunda
Fez o corpo velho do caçador se encher de feridas.
Olorum ouviu as palavras cheias de dor
Que ele dizia e observou como ele feria a si mesmo
E nisso se compadeceu,
De repente o corpo de Ibualama brilhou
Como se fosse feito de luz,
Olorum sabendo que Ibualama
Era verdadeiramente digno
O elevou, o transformou em Orixá.
Ibualama desapareceu.
Os filhos deram falta do pai
E passaram a procurar em toda parte
Até que decidiram ir até Iroko
Pois ali era o lugar predileto do velho caçador.
Lá eles encontraram apenas a quartinha cheia de água,
Mas a reconheceram ela
Sabiam que era de Ibualama,
Então começaram a gritar o nome dele
Na esperança que ele estivesse por ali.
"Erinlé! Odé Ibualama! Babá!"
Eles gritavam mas não houve resposta,
Pelo menos não resposta audível,
Mas um dos filhos reparou que a quartinha de agua
Estava transbordando
E então olhando para ela
Chamou o nome do pai mais uma vez
"Erinlé Ibualama?"
Foi então que a quartinha jorrou agua
E era tanta água que os filhos tiveram de sair do caminho,
E a água continuou jorrando até formar um largo rio,
O rio Erinlé, que por sinal existe até hoje
Jorrando agua nas terras da mãe África.
O rio Erinle é o puro Axé do Orixa
Que vive dentro das águas
E na parte mais profunda do rio mora
Odé Ibualama
Que é um Orixá muito metódico
Mas um pai amoroso com todos
Que dedicam a ele o devido respeito.
Okê!
Que Odé Ibualama seja louvado todos os dias
E que ele saiba que depois de tanto tempo
Nós ainda lembramos dele.
Espero que tenham gostado, quem quiser encomendar desenhos, brasões ou telas pode me chamar no whatsapp 11944833724
Obrigado