Esquemas de tiragem com três cartas são provavelmente os mais populares entre aqueles que praticam cartomancia. Tiragens de três são simples e flexíveis, ao mesmo tempo em que abrem espaço para ampla interpretação.
Tiragens de três cartas! Quem é que estuda Tarot e nunca aprendeu leituras com três cartas? Eu mesmo sempre gostei delas, particularmente por sua simplicidade. Pensando nisso, decidi pesquisar um pouco e listar aqui algumas das diversas maneiras de se ler com três cartas, e é isso que vamos ver hoje.
Esquemas de tiragem com três cartas são provavelmente os mais populares entre aqueles que praticam cartomancia. Tiragens de três são simples e flexíveis, ao mesmo tempo em que abrem espaço para ampla interpretação. É o número de cartas ideal para se ter uma leitura consistente, concisa e enriquecedora. Talvez a raiz para o seu sucesso esteja mesmo no número de elementos empregados. Não é nem demais, nem de menos. Analisar uma questão com uma única carta oferece pouca possibilidade de expansão; a adição de uma segunda carta ajuda, mas forma-se certa tensão entre as duas; uma terceira carta remedia tal tensão, substituindo-a por uma interação dinâmica.
Abaixo, listo alguns dos mais interessantes métodos de leitura com três cartas que conheço. Alguns deles já uso há algum tempo, enquanto que outros, descobri com a pesquisa para o post. Sempre que possível, darei exemplos simples para ilustrar seu funcionamento. Aproveitarei os exemplos para também falar sobre as várias formas possíveis de se lerem as cartas.
- Há certamente várias formas de se sortearem as cartas para a leitura. Uma que eu acho especialmente interessante – e rápida – consiste em cortar o maço em três montes (um saindo do outro) e abrir a primeira carta de cada monte. Essas cartas serão, então, as cartas sorteadas.
- Uma coisa importante – o sucesso de uma leitura depende da clareza das atribuições que cada posição recebe. Não abra as cartas antes de estar certo que entendeu bem isso. Quanto mais isso for definido, mais facilmente você será capaz de identificar a resposta.
Agora, as disposições –
1+2, minha disposição de três cartas pessoal
- Respostas rápidas para perguntas simples;
- Bom método para leitura livre sobre um assunto;
- Abrir consultas;
- Exercitar livre associação com as cartas.
Criei esse layout a partir da leitura com uma única carta. Ao longo do tempo, comecei a acrescentar mais duas cartas à leitura de uma só carta, para obter informações complementares – daí o nome “1+2”. No layout, duas cartas são posicionadas logo abaixo da primeira, uma de cada lado, formando um triângulo. As posições não têm funções ou atribuições muito definidas.
A primeira carta é a principal, basicamente responde a questão. As duas cartas restantes são secundárias, fornecendo informações extras para a resposta da primeira. Frequentemente é percebido que se forma certa oposição entre as duas cartas secundárias, ainda que essa não tenha sido minha intenção inicial. Ambas podem vir a indicar aspectos favoráveis e desfavoráveis de uma questão, ou fatores que ajudam versus fatores que dificultam. Porém, não há nada como uma posição de “recursos” e outra de “desafios”; quando essa tensão surgir, vai ser natural, e você vai perceber. É também bom lembrar que elementos opostos são também complementares – duas cartas opostas podem indicar não problemas, mas oportunidades de conciliação.
Exemplo prático
Tirei três cartas no meu layout 1+2 para verificar as possibilidades de resultado em um estudo ao qual tenho pensado em dedicar mais atenção.
Cartas – Ás de Ouros + O Mundo e Nove de Espadas
O Ás de Ouros indica realmente o inicio de um novo projeto, a materialização de algo em seu estágio inicial – como o broto de uma flor. Existe aqui toda força e potencial de realização necessários. A situação é estável, as bases são sólidas, e os meios para se obterem resultados estão à mão. Ele, em si, já dá a resposta – resultados são possíveis, e mesmo esperados. O Mundo reforça a indicação de disponibilidade de recursos em profusão, e da consistência das bases – o conhecimento adquirido anteriormente é sólido. As duas cartas (Ás de Ouros + O Mundo) também sugerem o fechamento de um ciclo e o começo de outro, como se esse projeto fosse um novo estágio do meu aprendizado, ao mesmo tempo realização e início. Enquanto isso, o Nove de Espadas, adverte para uma tendência a preocupação em demasia e ansiedade. A carta indica que esse novo projeto pode trazer alguma preocupação e stress, que vêm principalmente de uma postura que exige demais de si mesmo. O Nove de Espadas indica uma forte propensão à obsessão – ficar pensando incessantemente sobre um mesmo assunto.
Com efeito, forma-se aqui uma oposição entre as duas cartas secundárias. Enquanto o Mundo é a total abundância que transcende o ser/estar (sendo que essa abundância vem exatamente dessa transcendência), o Nove de Espadas é a crise existencialista que vem da falta – essa carta representa um processo de concentração intensa na ausência, na falta, naquilo que não existe. O Mundo, sendo um arcano maior, mostra uma força supra-pessoal, enquanto o Nove de Espadas representa uma postura pessoal ou uma situação. A propensão à ansiedade e ao stress desnecessário são minhas; a conclusão de um estágio são da minha vida – maiores que eu. Assim, num nível ainda mais profundo, uma carta realmente complementa a outra. Falando simplesmente, elas mostram que eu vivo um novo estágio dos meus estudos, onde disponho de todos os recursos para fazer um bom trabalho nesse projeto, que trará resultados concretos e crescimento; uma propensão a duvidar e exigir demais de si mesmo, focando-se na deficiência mais do que na vantagem, pode trazer a esse processo uma angústia desnecessária.
Uma outra interpretação das duas cartas secundárias seria a mensagem de que a ansiedade deve ser combatida com a graça e a espontaneidade do Mundo.
Passado/Presente/Futuro
- Verificar o andamento de uma situação;
- Obter uma compreensão maior do momento atual;
- Revelar as causas de algo, e ver aonde isso vai dar.
Esse é, muito provavelmente, o layout de três cartas mais popular. Levando em conta que a visão corriqueira do tempo o divide nessas três partes, nada mais natural que uma leitura que consista em uma carta para cada “face” do tempo. De fato, essa disposição é ótima para examinar rapidamente uma situação, observando o fluir do tempo através dela. A função de cada posição é óbvia, mas é interessante também fazermos um exercício de expansão do significado dessas posições. O Passado guarda a causa, enquanto o Futuro é portador do fim, da resolução da situação. O presente é a chave e o elo que une ambos, causa e fim; híbrido e mutável, ele é simultaneamente conseqüência do passado e causa/raiz do futuro. Podemos fazer algo como –
1, Passado – a origem da situação, razões, motivações, raízes. O que motivou/ocasionou a situação atual? Quais são suas origens?
2 – Presente – como está, no que deram aquelas raízes e motivações. Aqui temos a indicação de como se encontra a situação. A partir daí, podemos tirar proveito dessa informação para orientarmos nossas ações de maneira adequada. O presente é o palco onde o ator age, é o palco da ação.
3 – Futuro – como a situação vai se desenvolver, como ela vai ficar, quais serão os resultados. O que o estado presente atual se tornará? Qual o próximo capítulo da trama?
Essa tiragem também pode ser uma ótima opção para um rápido exame da vida do consulente – para iniciar uma leitura, por exemplo. Poderíamos colocar mais uma carta sobre a carta do presente, para indicar a ação a ser tomada.
Situação/ação/resultado I
Essa disposição pode ser lida de duas formas. Essa primeira variação, mais analítica e descritiva, é indicada para examinar a participação do consulente em determinada situação, e o impacto que sobre ela têm suas ações. O papel do Tarot aqui é examinar como a ação do consulente afeta a situação que ele vivencia.
Posição I – a situação em questão;
Posição II – como o consulente age;
Posição III – o impacto, a consequência que sua atitude provoca na situação.
Exemplo
Martha está apaixonando-se por um rapaz comprometido, e vivencia um conflito entre seus desejos e suas noções de certo e errado.
Cartas: Ás de Ouros – Nove de Espadas – Ás de Copas
A situação – Ás de Ouros – Martha sente que esse rapaz é como uma joia preciosa encontrada por sorte – ele parece ser perfeito. Ela sabe que essa relação pode ser proveitosa e gratificante, e está de fato encantada pelo homem.
A atitude (como a consulente lida com o fato indicado na posição um, e como ela age/reage a isso) – Nove de Espadas
– Preocupação, angústia, stress – drama. Martha não consegue tirar esse assunto da cabeça, e isso está afetando sua vida demais. Essa situação pegou-a de surpresa e Martha sente-se vulnerável e fragilizada. Como na imagem da carta, é possível que Martha literalmente passe as noites em claro por causa disso. Apesar de parecer uma carta muito emocional, o Nove de Espadas retrata um conflito mental – nesse caso, o conflito moral que a garota vivencia; Martha sente-se em uma situação sem saída.
O resultado – Ás de Copas – o resultado desse comportamento de Martha é que seus sentimentos vão continuar aumentando. No drama em que vivencia, Martha só está, como na imagem da carta anterior, tapando seus olhos para a realidade. Enquanto se joga de um lado para o outro em seu desespero, a menina não percebe o fato de que está apaixonada.
Em suma, vemos aqui que, enquanto Martha se desespera, a vida acontece. Em vez de agir, Martha prefere entregar-se ao drama. Os ases são forças naturais intensas, e difíceis de controlar. Martha terá dificuldade em lidar com seus sentimentos e a situação justamente por se sentir tão fragilizada e incapaz de lidar com os problemas de maneira controlada. Nessa leitura, é importante perceber que a presença dos ases só indica potencial – nada aqui diz que Martha realmente vai ter uma relação boa com esse rapaz, ou que será feliz com ele. Isso dependerá de outros fatores, que a leitura não se presta a verificar.
Situação/ação/resultado II
Nessa segunda variação do método, o enfoque muda sensivelmente. De cunho mais orientador, essa jogada usa o Tarot mais como uma ferramenta de conselho. Eu não diria que esse método serve exatamente para responder a perguntas diretas, do tipo “Vou conseguir xx?”; essa tiragem funciona melhor quando você deseja saber qual a ação mais adequada a se tomar em uma situação.
Posição I – a situação em questão;
Posição II – como o consulente deve agir;
Posição III – a consequência de sua ação, ou em quê isso vai dar.
Exemplo II
Vamos usar o mesmo exemplo – Martha está apaixonando-se por um rapaz comprometido, e vivencia um conflito entre seus desejos e suas noções de certo e errado.
Cartas: Rainha de Ouros – Três de Ouros – O Carro
A situação – Rainha de Ouros – na situação, Martha está mantendo seus pés no chão, esforçando-se para ser responsável e realista. A Rainha de Ouros indica uma atitude que valoriza a segurança e o que é garantido. Martha pensa antes de tomar uma decisão. Por outro lado, essa carta também indica segurança de si mesmo, ou seja, a garota não tem medo da situação. A Rainha de Ouros também sugere atratividade e beleza.
A ação – Três de Ouros – longe de recriminar essa atitude, o Tarot parece incentivá-la. Prova disso é que ambas as cartas pertencem ao mesmo naipe, o que sugere que a atitude a ser tomada é uma questão de direcionar a energia da Rainha de Ouros de uma determinada maneira. Um fato interessante aqui é que tanto a Rainha quanto o Três de Ouros associam-se ao signo de Capricórnio, sendo que o Três de Ouros é Marte em Capricórnio. A ação aqui deve ser rápida e decisiva; Martha deve manter-se firme ao seu plano e continuar com os pés no chão. O Três de Ouros também fala sobre trabalho em grupo e ajuda dos outros. Falar com pessoas sobre isso pode ajudar – especialmente com profissionais, como terapeutas; mesmo uma simples conversa com um amigo pode ser positiva.
O resultado – O Carro – mantendo os pés no chão e sendo prática em relação aos seus sentimentos e à situação, Martha conseguirá adquirir maior controle sobre a situação, e sobre si mesma. O Carro mantém a temática da vaidade e do orgulho, deixando no ar que toda essa situação envaidece Martha. Sugerindo movimento, essa carta também poderia indicar que Martha vai superar essa situação e distanciar-se do homem.
Resumindo, Martha mantém uma postura realista e responsável sobre seus sentimentos pelo rapaz comprometido. O Tarot diz que essa atitude estrita e mesmo severa deve ser mantida. Assim, o controle sobre si mesma será estabelecido, e Martha sobrepujará os problemas.
Relacionamento
Usos
- Analisar um relacionamento;
- Responder a perguntas simples sobre um relacionamento;
Outro layout que eu inventei – se bem que, pela simplicidade, muitas outras pessoas devem ter tido essa mesma ideia antes de mim. A carta central, a principal, representa o relacionamento em si, e as duas laterais representam as duas partes da relação – ou seja, o casal. Logicamente, uma delas interpreta o consulente, e a outra seu parceiro. A relação entre cada uma das cartas secundárias com a carta principal vai indicar como cada parceiro lida com o relacionamento. A relação entre as duas cartas que representam o casal vai indicar a interação entre as duas pessoas, qual a dinâmica do relacionamento. Ao considerar a interação das duas cartas do casal, você pode atentar aos seguintes pontos –
- Existe alguma tensão entre as cartas, ou elas se complementam?
- As cartas pertencem a um mesmo naipe, ou a naipes diferentes? Se diferentes, qual a relação entre os naipes?
- Alguma das duas cartas – ou as duas – é um arcano maior? Alguma carta é uma figura da corte?
- Qual a relação elemental entre as cartas (amigável, neutra ou antagônica)?
- Comparando as imagens nas duas cartas, você percebe alguma coisa que sugere uma relação simbólica? Veja os desenhos e tente criar uma historinha com eles.DicaVocê pode estender essa jogada adicionando mais cartas para cada parceiro, com temas como “as expectativas da cada um”, “pontos fortes/fracos”, etc. Só certifique-se de incluir o mesmo número de cartas para os dois lados. A mesma coisa pode ser feita com a carta central – você decide o que pode ser mais relevante saber.
Vamos a um exemplo prático nessa leitura hipotética que fiz. Entre as cartas secundárias, a da esquerda representa o consulente, e a da direita, seu parceiro. [para os menos pacientes, os dois parágrafos seguintes serão suficientes; os parágrafos posteriores são mais especulativos]
Na leitura, os dois parceiros passam por um momento de poderosa transformação pessoal, que os leva a uma consciência nova sobre o relacionamento entre eles. A coisa ficou mais séria, um novo passo está prestes a ser dado, e ambos os parceiros vislumbram novos horizontes para sua relação.
A princípio, o relacionamento entre essas duas pessoas é estável e feliz; a maioria das pessoas concorda que o Dez de Copas é a carta ideal para questões sobre amor. A presença de duas cartas tão significativas para os parceiros indica que ambos passam por um momento decisivo tanto na relação quanto pessoalmente. Ambos podem estar considerando dar um passo maior no relacionamento – um casamento, ou mesmo morarem juntos. A sensação aqui é a de que os dois parceiros percebem que é preciso mudar. Para o consulente, a mudança vem mais como um despertar, ou uma renovação da forma que ele enxerga as coisas; para seu parceiro as mudanças são mais súbitas e menos subjetivas.
Entre as duas cartas dos parceiros, existem tanto coisas em comum quanto pontos de oposição:
- As duas cartas retratam processos de transformação profunda. O Julgamento e a Morte ligam-se perfeitamente – no arcano 13 acontece a morte, o desfalecer, enquanto que o arcano 20 marca o renascimento, a ressurreição;
- Ambas as cartas associam-se astrologicamente também, já que o Julgamento é regido por Plutão, e a Morte está ligada ao signo de Escorpião (Plutão é o planeta regente de Escorpião). Isso evidencia uma forte presença da energia profundamente transformadora de Plutão e Escorpião;
- Elementalmente, existe certa oposição entre as duas cartas, pois a Morte pertence ao elemento Água (devido à sua associação com Escorpião), enquanto o Julgamento está associado ao Fogo (Plutão). Nesse sentido, uma carta enfraquece a outra. Apesar de os dois parceiros estarem encarando transformações pessoais, existe certo conflito entre eles. O consulente está mais entusiasmado, e seu parceiro esboça um pouco de medo e hesitação;
- De fato, as duas cartas se opõem no sentido de que uma é o fim, a morte, enquanto outra é o recomeço, o renascimento, a nova vida. De acordo com isso, podemos auferir que, enquanto o consulente passa por um momento de renovação, e percebe novos horizontes no relacionamento, seu parceiro encara o fim de uma vida e o começo de outra, de maneira mesmo um pouco traumática.
Entretanto, é imageticamente que as três cartas da leitura exibem as relações mais curiosas. Podemos começar com o fato de que as três cartas exibem figuras humanas que, de alguma forma, sugerem alguma estrutura familiar – o casal e as crianças no Dez de Copas; o homem, a mulher e a criança no Julgamento; e a mulher, a criança e o rei na Morte. Similarmente, nas três cartas, todas as figuras direcionam sua atenção a uma entidade sobrenatural de presença numinosa – o anjo com cabelos de fogo no Julgamento, o cavaleiro da morte na carta 13, e o arco-íris com as taças no Dez de Copas. Todas as três entidades possuem traços e atributos que as associam à figura do mensageiro – tanto o anjo quanto o cavaleiro portam bandeiras, símbolos de mensagens; anjos sempre são vistos como mensageiros de Deus; a figura da Morte montada em um cavalo dá essa mesma impressão. O arco-íris, presente no Dez de Copas, carrega essa mesma conotação de ligação entre o céu e a terra. Na mitologia grega, Íris é a mensageira dos deuses, que viaja tão rápido quanto o vento. Seu voo no céu deixa um rastro colorido no céu – daí a palavra arco-íris, o arco de Íris. Todos esses sinais apontam para a ideia de que o casal vivencia um momento de despertar. A presença de figuras grupais podem indicar tanto que esse despertar é integral, quanto inserir um elemento social na questão.
O Semáforo
Essa é uma das tiragens mais legais que eu descobri recentemente. Encontrei-a no forum de Tarot do Aeclectic.net. Sua estrutura é bem simples e direta, o que a torna ideal para consultas rápidas. Mesmo assim, como todas as jogadas de três, o valor de suas posições pode ser expandido se quisermos investigar mais a fundo a jogada. As denominações das posições são descritas abaixo –
Posição I – Sinal Vermelho – Não faça isso – atitudes, ações ou pessoas que devem ser evitadas; coisas que podem prejudicar ou atrapalhar; perigos e ameaças;
Posição II – Sinal Verde – Vá em frente e faça isso – o caminho a seguir, a coisa mais adequada a fazer, as portas que estão abertas para você;
Posição III – Sinal amarelo – Atenção, cuidado, ou esteja consciente disso – coisas das quais você precisa estar consciente ou tomar cuidado, prestar a atenção; coisas que você não tem muito conhecimento, ou não tem considerado o suficiente.
Embora seja possível analisar qualquer tipo de questão com essa disposição, ela funciona melhor com perguntas abertas. A terceira posição dessa tiragem recebe destaque extra por ser mais neutra. A informação que ela oferece pode ser usada como referência para as outras duas posições. Isso quer dizer que você pode confrontar as cartas das posições 1 e 2 com a da posição três, exatamente para saber o que manter em mente enquanto não fazer isso e fazer aquilo.
Exemplo
Consulente deseja saber sobre seus planos de lançar-se num novo projeto. [Observe como a pergunta não questiona sobre algo específico, ela apenas lança o tema da leitura, que é o novo projeto do consulente]
Cartas – Oito de Ouros – Rainha de Paus – Seis de Ouros
O consulente deve evitar ser muito meticuloso e metódico; em vez disso, deve confiar em si mesmo e manter uma atitude direta e ousada. A oposição entre o Oito de Ouros e a Rainha de Paus (o aprendiz versus a soberana) indica que o consulente não precisa ter medo de errar ou de acreditar em sua própria verdade, seguir sua intuição. A Rainha de Paus também fala sobre uma necessidade de afirmar-se e impor mais suas opiniões. Além disso, o consulente deve estar consciente do constante câmbio de valores indicado pelo Seis de Ouros. Ele tem muito a ensinar e a aprender com esse projeto, e é uma via de mão dupla. Por fim, o Seis de Ouros pede equilíbrio e parcimônia, tanto no dar quanto no receber; as medidas exatas devem ser mantidas para que haja um equilíbrio. O que o consulente não percebe é o potencial de troca, intercâmbio que esse novo projeto oferece.
Como eu disse, as duas primeiras cartas podem ser lastreadas pela segunda. No exemplo, o Seis de Ouros serve como perfeito ponto de equilíbrio entre a meticulosidade e a cautela do Oito de Ouros, e o idealismo passional da Rainha de Paus. A Rainha de Paus pode ser muito egocêntrica, e o Seis de Ouros a lembra de pensar nos outros também.
Escolha entre duas alternativas
Você pode usar essa tiragem para jogar luz em uma situação onde é preciso escolher entre duas coisas, dois caminhos, ou duas opções diferentes. A tiragem começa analisando o próprio consulente, e depois apresenta as alternativas –
Posição I – O Eu – o indivíduo como sujeito da situação: seus desejos, o que ele realmente quer, como ele está diante da escolha que deve fazer.
Posições II e III – As alternativas – as duas alternativas diante das quais o sujeito se encontra. As cartas revelarão o caráter de cada alternativa, ou seja, o que cada uma representa para o consulente e o que cada uma lhe oferece.
A melhor alternativa pode ser verificada por meio das possíveis afinidades que surgirão entre cada uma das cartas das escolhas e a carta do consulente. Caso a resposta não fique clara com as três cartas, uma quarta pode ser posta cruzada sobre a primeira carta para indicar o que o consulente deve fazer.
Essa jogada, claro, também pode ser usada em situações onde o consulente se vê em dúvida entre duas possibilidades de relacionamento, ou dois parceiros românticos.
Exemplo
Jocasta está prestes a comprar uma nova casa, porém está em dúvida entre dois imóveis que lhe agradaram muito. Agora ela só precisa escolher entre as duas para começar a dar andamento ao processo de compra. [tiragem hipotética]
Cartas – A consulente – Quatro de Espadas; Alternativa A – Rainha de Copas; Alternativa B – O Diabo.
O que Jocasta realmente quer é tranqüilidade. O Quatro de Espadas indica que ela busca por um lugar onde pode descansar e sentir-se longe de preocupações. Essa carta também indica que a consulente analisa e pesa os prós e os contras de cada opção. Na segunda posição, a primeira casa parece ser mais tranquila, como Jocasta quer. A Rainha de Copas, regida por Câncer, realça justamente a ideia de lar, paz e proteção. Enquanto isso, o Diabo na segunda posição sugere que o maior apelo que a segunda casa tem sobre Jocasta está relacionado ao status que ela pode conferir-lhe. A casa pode ser mais moderna ou mais bonita, pode parecer mais cara ou ser mais impressionante. O que mais conta aqui é a aparência, o status. Jocasta pode estar sentindo-se atraída por essa casa por motivos mais egoístas, de valor mais efêmero. Examinando as três cartas, percebemos que a primeira casa é a melhor escolha.
Na figura ao lado temos a representação da tiragem de acordo com os elementos a que pertence cada carta. A segunda posição, Água, harmoniza-se bem melhor com a primeira, Ar, do que a segunda, Terra.
Um exemplo de leitura diária com três cartas
Fonte – TarotTeachings.com
Aqui vai um bom exemplo de como você pode usar uma tiragem de três cartas em leituras diárias. A prática de leituras diárias é frequentemente sugerida para quem está começando a estudar o Tarot, e pode realmente ser bastante benéfica. Praticando diariamente, você tem a oportunidade de estreitar seus laços com o Tarot, exercitar combinações de cartas, com a prerrogativa de ter o resultado real na sua frente, no final do dia.
Posição I – Você – como você está, suas disposições, sua situação atual;
Posição II – As influências do dia – o que esse dia lhe reserva, que acontecimentos esperam por você nesse dia.
Posição III – Resultado – como você vai lidar com as influências do dia, como isso vai ser.
A posição III é chave por ilustrar o produto da combinação das duas posições anteriores. É como a quintessência da disposição, pois descreve a ação em si. A posição III pode também dar ideias sobre como lidar com as influências indicadas na posição anterior.
Exemplo
Cartas – Seis de Paus – Seis de Ouros – Julgamento
Posição I – momento de sucesso, realização pessoal, êxito. O consulente está seguro de si, e exibe algum orgulho e vaidade. Respeito e reconhecimento vindo das pessoas ao seu redor.
Posição II – troca, ajuda, generosidade, abundância. A coisa mais direta que essa carta sugere é transações financeiras – compra/venda, troca de dinheiro, empréstimos. Ela também pode mostrar ajuda generosa partindo de você ou chegando a você.
Posição III – renovação, revelação, renascimento, surpresas. Sempre que eu vejo essa carta eu penso numa folha em branco, novinha em folha, como se uma folha velha fosse jogada fora. A carta sugere transformações profundas, surpresas e novidades, acontecimentos inesperados que resolvem o quebra-cabeças.
As duas primeiras cartas se combinam, mostrando que a atitude otimista e segura do consulente terão eco no mundo externo: ambas as cartas ilustram figuras em posição superior. Levando em conta que a própria carta do consulente retrata-o numa posição acima, a carta seguinte mostra oportunidades que ele terá de beneficiar os outros com essa posição. O Julgamento indica surpresas a caminho – ele poderá perceber algo com isso, ou sentirá um chamado interior forte.
Equilíbrio Interior
Fonte: TarotTeachings.com
A disposição de que tratarei a seguir faz um grande uso da qualidade balanceadora do número 3, e tem como objetivo encontrar uma linha de equilíbrio entre as deficiências e potenciais do consulente. Ao executar essa leitura, procure manter o espaço livre para uma exploração ampla na resposta, já que a tiragem funciona melhor descrevendo temas gerais, em vez de questões específicas.
Posição I – Deficiências – suas fraquezas, falhas, áreas onde tem problemas, sentimentos/pensamentos que tem dificuldade em lidar;
Posição II – Forças – seu poder, coisas em que você é bom, suas capacidades, potenciais pessoais que podem ser usados ao seu favor;
Posição III – Orientação – como conciliar suas fraquezas e forças, o caminho do meio.
Exemplo
Lucas deseja saber sobre dinheiro. [pergunta real, nome fictício]
Cartas – I Sete de Copas; II Seis de Ouros; III Nove de Ouros.
Posição I Deficiências – Sete de Copas – essa carta na posição I indica basicamente que o consulente lida de forma literalmente libertina com seu dinheiro. O consulente usa seu dinheiro de forma mais espontânea, sem muito planejamento, para preencher seus desejos mais imediatos. Seu fluxo monetário é instável, e há aqui uma tendência considerável a gastar dinheiro com coisas que apelam mais aos sentidos e ao prazer do que a necessidades reais. Na mão de Lucas, o dinheiro não para muito – ele gasta logo, assim que recebe. Contextualizado dessa forma, o Sete de Copas também sugere uma relação superficial e viciosa com o dinheiro. Há uma forte ideia de que ele pode trazer a satisfação esperada, quando fica claro que isso não acontece, já que a busca por mais é incessante.
Posição II – Forças – Seis de Ouros – por outro lado, Lucas nunca realmente fica sem dinheiro. O Seis de Ouros é uma carta que fala muito de abundância e riqueza. O ponto forte de sua relação com o dinheiro tem a ver com a constante movimentação que Lucas mantém. O consulente não se importa em gastar com outras pessoas, tanto por diversão quanto quando elas precisam de alguma ajuda. Lucas realmente não vê o dinheiro como um fim, mas como um meio. Essa postura garante-lhe certa compensação financeira – de alguma forma, por mais que gaste, Lucas sempre tem.
Posição III – Orientação – Nove de Ouros – nesta posição, essa carta pede mais foco. O Nove de Ouros combina perfeitamente as das cartas anteriores. Na imagem, as uvas estão maduras no canteiro, prontas para serem colhidas – ainda existe o deleite do Sete de Copas (as uvas, o vinho dionisíaco que excita as sensações) mas esse é desfrutado na medida certa. Lucas deve cuidar para focar sua busca pelo prazer nos lugares e na medida certos. Essa carta também me sugeriu que o consulente deveria reconhecer melhor sua fortuna, e saber valorizá-la; isso em si já leva a um uso mais consciente do dinheiro. O prazer do Sete de Copas está presente na carta (uma rica dama desfrutando uma tarde nas vinhas de sua mansão), mas ele é vivenciado de forma mais refinada e madura. A orientação aqui é moderação, mais consciência, e mais pés no chão.
Leitura de três cartas de RedEarth
Fonte: TarotForum.net
Encontrei esse método em um fórum de Tarot online, exposto pelo usuário RedEarth, e achei incrível. Nas próprias palavras de RedEarth (não sei seu verdadeiro nome) é uma boa disposição para aqueles momentos em que você “está num estado tal que nem sabe o que perguntar, ou qual é a verdadeira questão”. Ainda de acordo com a autora, “O propósito por trás da leitura é esclarecer e ajudar a pessoa a superar seu estado de confusão (…) e confortá-la, mostrando que ela não se sentirá assim para sempre”.
As descrições abaixo são uma mistura de tradução e interpretação que eu fiz das descrições para cada posição feitas pela própria RedEarth. Pra quem quiser ver o tread na íntegra, seu link está aqui.
Posição I – Qual a verdadeira questão? – Esta posição neutraliza a complicação de se ter várias possíveis questões problemáticas em uma situação, afirmando de maneira categórica e definitiva a real questão que deve ser considerada;
Posição II – O que eu preciso fazer? – Esta é a posição da ação, que mostra onde a energia deve ser direcionada. Sua função é te apresentar uma tarefa, algo que você pode fazer para sair do estado de confusão e sobrepujar seus problemas;
Posição III – Aonde isso tudo vai me levar? – A terceira posição fornece um senso de propósito, de razão, bem como aponta para a direção certa além de seus sentimentos imediatos.
Fast Solution – Solução Rápida
Fonte: TarotForum.net
Outra jogada ótima para quem não gosta de perder tempo; e também outra que eu achei no forum do Aeclectic.net. Segundo Kath, a usuária que postou o tread sobre essa (e outras) tiragem, o esquema foi tirado do livro Power Tarot, de Trish MacGregor, Phyllis Vega. As posições dispensam descrições –
Posição I – A natureza do problema
Posição II – A causa do problema
Posição III – A solução para o problema
Se você não distinguiu bem a diferença entre as duas primeiras posições, a posição I define em que consiste o problema; já a posição II mostra suas origens, o que o provoca. Essas duas informações, preciosíssimas, preparam o campo para o golpe final da solução, que pode ser interpretada tanto como um imperativo (um conselho, orientação) como uma mera indicação do caminho de saída da complicação.
Exemplo
Posição I – Ás de Ouros – a natureza do problema é de ordem material. A carta pode apontar para uma dificuldade em dar corpo para alguma ideia, ou mesmo uma insuficiência de recursos para realizar algo.
Posição II – Roda da Fortuna
– a julgar pelas duas cartas mencionadas, estamos diante de uma situação que envolve o início de algo. A Roda da Fortuna sugere que a causa do problema está justamente na mudança – ela pode ter sido brusca demais, por exemplo. A carta 10 também refere-se a intensa atividade, então sua presença poderia indicar também instabilidade.
Posição III – A Estrela
– a solução para o problema está em refinar a visão, olhar mais alto. É importante que se tenha fé e confiança. A instabilidade, mencionada anteriormente, é aqui confirmada com mais uma carta de Ar, o que deixa o jogo com duas de Ar contra uma de Terra. Existe mesmo instabilidade e falta de chão, mas o consulente deve aproveitar isso para voar mais alto e ser mais livre e inovador.
https://manimaneon.wordpress.com/2010/05/09/jogadas-com-tres-cartas/