A História de um certo ZÈ PILINTRA
A História de um certo ZÈ PILINTRA
Rio de Janeiro, verão de 1897,mês de Dezembro,dia 08 do ano que Zuleica Bonifácio da Silva,deu a luz a José Raimundo Bonifácio da Silva,(Pilantrinha), como sua mãe o chamava carinhosamente,tornou-se travesso e espertinho.Desde criança andava de mansinho,leve,desenhando os passos como se dançasse.
Sua sutileza ao falar ,sempre chamava a atenção das pessoas,moreno alto e magro ,prazeirava a dançar desde muito novo,a paixão pelo carteado,jogar cartas exercia-lhe um dom de gratuito domínio.
Aos 14 anos aprendeu com os amigos do colégio a jogar capoeira e manusear o lenço de seda, empunhar uma navalha.
Pilantrinha,como era tratado entre os amigos e colegas cultuava um fascínio exuberante,quando se tratava de mulheres,na época namoradas,meninas adolescentes ,glamourosas ,graciosas,porém afeiçoavam-se às mais atrevidas....
Sua maestria ao falar mansamente dominava as lindas princesinhas da Lapa.
Dobravam-se aos seus pedidos ,por mais absurdos que pudessem parecer.
O tempo foi passando e José foi crescendo ,amadurecendo e dando forma ao seu individualismo astuto e envolvente.
Ao completar 16 anos, ganhou do seu pai,( o Rainha),pois assim era conhecido na Lapa,um baralho de plástico vindo da frança ,(o Rainha) conhecia bem o (Cais do Porto),(Praça Mauá) e suas místicas de mulheres de vida fácil mas ,que não era tão fácil assim,por vezes recebia alguns,por vezes recebia alguns presentes por favores prestados as primas da noite.
José foi crescendo em todos os sentidos de sua vida ,jogava futebol,roda de capoeira que lhe custou o apelido de “Ensaboado” pois não conseguiam segura-lo de forma alguma,ele escorregava das mãos dos amigos como um sabonete em baixo ao chuveiro.
O outro detalhe era que:
Embora esguiu e forte, conseguia torna-se pequeno de tal forma que quando encolhido ao chão parecia minúsculo,uma técnica que ou dominava com pura e única maestria.
Ele não agredia ninguém defendia-se rindo,dava tombos nos colegas puxando-os pelos calcanhar e vendo os cair suavemente ao chão ,José parecia não ter ossos em seu corpo.Parecia ter cartilagem como os ratos os amigos bem que tentavam,mas, era em vão acabavam sempre em desvantagem .
José trazia em seu interior a percepção do domínio de qualquer atividade que resolvesse participar ou aprender.
Certa noite foi convidado a aprender jogar sinuca ,lógico, o Pilantrinha achou a idéia genial, assim partiram para Lapa, centro do Rio de Janeiro,reduto dos malandros e cafetões,lá conseguiam boas mulheres,dinheiro e brigas também,.
Cada um tinha suas mulheres que trabalhavam para mantê-los,bem vestidos,bebendo e vivendo uma vida de verdadeiros malandros.Havia um código de respeito,um homem respeitava a área do outro,Quando havia invasão ou desrespeito,era resolvido na tapa.Era um mundo relativamente novo para José.
Em 1913, o novo milênio estava apenas começando .
Os bondes ,motorneros ,cobradores que andavam equilibrando-se pelos balaustres e estribos.Sofriam com os malandros,pois os mesmos nunca pagavam passagens eram muito rápidos.
Quando o cobrador chegava,eles já haviam saído para o lado oposto ou outro vagão.Assim era o romantismo da malandragem.
Voltando a sinuca ,Pilantrinha ficou assistindo uma partida,observava atentamente todas as tacadas.Ficou encantado com o jogo,mas não se atrevia a entrar nele.
O dinheiro da aposta era casado e colocado dentro da caçapa,como é chamado até hoje.
O vencedor levava a grana toda ,que não era pouca.Foi quando conheceu Zé Carijó,não havia quem o vencesse.
A cada votoria mandava servir conhaque e cerveja preta aos observadores presentes.Isso enquanto aguardava outro desafiante.Pilantrinha ficou olhando para a cara do Zé Carijó como se quisesse o desafiar,mas era muito jovem,julgou que poderia ser entendido como desacato ao “Rei da Sinuca”.
Pó sua vez ,Zé Carijó passou a observar atentamente o jovem malandrinho em formação.
Foi até ele e ofereceu-lhe um copo de barriguda,como era apelidado a cerveja preta na época.Pilantrinha agradeceu, mas disse que iria beber uma portuguesa,pois não gostava de cerveja preta.
Carijó riu,mas disse para pedir ao garção ,ele pagaria,foi retrucando com um sorriso de malandro que Pilantrinha falou: Que ninguém pagava bebida para ele,beberia e pagaria com o próprio dinheiro.
Bom a esta altura dos acontecimentos todos já imaginavam que o tapa ia comer.
Os Amigos de Pilantrinha queriam ir embora, o chamavam, mas o jovem permaneceu olhando serio para carijó:
O Malandro nada falou,sorriu,andou de um lado para o outro,pensou,parou repentinamente,virou-se e falou para Pilantrinha que isso não podia ficar sem solução,se sentia ofendido com a recusa,mas lançou um desafio:
Vou colocar 5.000 mil réis na caçapa.Você Pilantrinha,coloca 2.00 se me vencer o dinheiro é seu!Se perder vai beber comigo e vai passar a ser meu aluno,vai fazer tudo que eu mandar,um dia quem sabe será igual a mim.
E riu! Os olhos de Pilantrinha brilhava profundamente ,mas como sempre no paço dançante e calmo bailou circulando a mesa ,escorregando a mão no pano da mesma, como se fosse um carinho amoroso ao centro da disputa.
Parou ,olhou,profundamente para carijó e respondeu!
-Tudo bem, mas tem mais uma coisa.
-Sei que você tem várias mulheres a servi-lo ,gostaria de dormir com uma após vencer o jogo,concorda?
-Ah! Meu dinheiro já esta na caçapa!
-Carijó caiu na gargalhada e disse a Pilantrinha que sonhar não era pecado, mas vencer era praticamente impossível!
Mas disse também gostar de ver a audácia dele ,apesar de jovem tinha atitude,seria um homem malandro e virtuoso na essência de viver. Ninguem se mexia ou falava nada,todos estavam curiosos com o que iria acontecer dali por diante.
Os dois apertaram as mãos ,saiu um para cada lado.Pilantrinha pegou um taco que estava todo empoeirado ,jogado entre o balcão do bar e a parede.
Pediu um pano ao balconista e limpou-o cuidadosamente ,em seguida colocou o avental azul, colocou a viseira, para a luz não atrapalhar sua visão.
Passou o giz branco ao longo do taco,o azul na cabeça do mesmo, depois pegou o apagador do quadro e começou a engizar as duas mãos.
O garção já havia arrumado as bolas apagando as pontuações e estava pronto para registrar a pontuação da disputa ( o garção pensava) “ Se ele conseguir usar o taco!Pobre Jovem! Não sabe em que se meteu”.
A moeda foi tirada do bolso de Carijó que perguntou:
Cara ou coroa?
Pilantrinha respondeu prontamente:
Cara!
A moeda foi lançada ao ar ao cair nas costas da mão esquerda de Carijó rapidamente foi coberta pela direita quando descobriu a moeda tinha dado Cara!
Carijó fez questão de percorrer e mostrar a todos em volta do salão .
Assim com a vantagem da saída, Pilantrinha começou a partida ,Foi lentamente seguindo a rotina numérica do jogo e acumulando pontos. Carijó observava e aguardava de forma ansiosa um erro do estreante .
Mas isso não estava acontecendo, a bola 7 voltou a mesa 6 vezes, só ai havia 42 pontos, a 6, 2vezes,a 5, 3 vezes, as demais seguiram as seqüências.
Pilantrinha,estava frio,já há esta altura o chamavam de Pilantrinha ,Pilantrinha,Olhava meticulosamente o jogo e pensava em sua estratégia.Estava com 77 pontos e Carijó ainda não havia sequer usado o taco.Na verdade o jogo havia acabado,mas ousadamente ,Pilantrinha matou a bola cinco e errou a bola 7 sem dar mancada, foi de propósito!
O jovem contava 82 pontos .Ao errar, afastou-se da mesa e pediu outra portuguesa.
Ninguém acreditava no que assistia acontecer, bem ali! Na frente de todos. Bem abaixo dos seus olhos ,Carijó estava em apuros, mas não perdia a pose, arranjou uma saída de Lord ,arriscou a bola 7 não encaçapou, se suicidou na caçapa do meio do lado esquerdo.Com isso deu a votótia incontestável a Pilantrinha.
Cumprimentaram-se com um sorisso sarcástico, Zé Carijó foi em direção a caçapa da aposta,pegou o dinheiro e entregpu ao jovem vencedor.
Em seguida foi até o centro do salão e anunciou a todos que:
-Daquele dia em diante ,Zé Pilintra era como seria chamado daí por diante,seria seu pupilo e que nada e nem ninguém ousaria desacata-lo embora tivesse a pura certeza que ele saberia se defender.
Seriam doravante:
-Sócios em tudo, inclusive nas mulheres.......
Ele passaria a ter um grupo que lhe prestariam trabalhos e préstimos que desejasse.
Nasceu um homem naquele momento ,Pilantrinha agora Zé Pilintra, sócio de Zé Carijó,juntos formaria a” Fraternidade da Gameleira” hoje Marçonaria.
Zé Carijó era conhecido por vestir terno de linho branco com camisa quadriculada em preto e branco ,gravata vermelha e os sapatos bico de pato de duas cores, preto e branco, meias de seda branca, lenços de lapela pretos de seda pura.
O do bolso traseiro era feito de tricoline com suas iniciais bordadas em dourados, perfume só francês, unhas polidas, cabelos bem cortados, bigode afinado nas pontas e um mínimo cavanhaque, as costeletas eram levemente grossas.
Usava chapéu panamá e cigarros americanos, isso fora a ervinha que o deixava relaxado.
Havia um africano na lapa o “Tobrusse” que cultivava só para malandros e donos de posição,cordão de ouro com a imagem de São Jorge, anel de ouro com um rubi no dedo da mão esquerda, o dedo da aliança, pulseira de ouro e um verdadeiro Omega (relógio) ferradura com corrente de ouro, que ficava no bolso do colete, Este era Zé Carijó, havia ainda o baralho francês, a navalha suíça e um revolver calibre 32 colt cavalinho, Lógico, a carteira de pelica onde guardava os milhares de réis que mantinha o seu status de malandro.
Os dois sentaram-se na Capela para conversar após o jogo, Carijó, realmente o apadrinhara. Entregou-lhe um cartão do seu alfaiate o “Pierre Gemon”.
Disse a Zé Pilintra que não queria vê-lo na Lapa novamente como um homem comum, havia de demonstrar a todos seu status de malandro, daquele dia em diante.
Sobre o jogo, disse que foi sorte de iniciante e Zé Pilintra foi quem deu gargalhadas, mas, concordou.
Daí nasceu a amizade que levaria a vida do jovem ao auge dos limites dos viventes comuns.
Zé Pilintra era um homem que não se deixava levar pelo preciosismo ou ambição, o nervosismo não fazia parte de sua vida, Foi um malandro diferente, simples mas, bem diferente,gostava de carne seca, com farrofa, sardinha frita, torresmo bem crocante, sua portuguesa bem gelada.
Ouvia muitas reclamações dos mais desfavorecidos e honestos. Ao contrario.
Não enrolava ninguém, nunca foi um malandro 171, como diz o vulgo popular, Ganhava a vida com o jogo, mulheres, contrabando e sua sorte, Ele abandonou cedo o banco escolar mas falava como um príncipe, o dom de poetizar as palavras com sua voz melodioza que encantava a todos, principalmente as mulheres.
Com o nascimento da “ Fraternidade da Gameleira “ muitos malandros foram ganhando apelidos e convivendo com galhardia suas vidas, mas tudo dentro do “ Código” de respeito e disciplina de malandros. Zé Carijó e Zé Pilintra viviam seus dias entre mulheres lindas, fogosas, dançavam a noite toda ,lógico com as escolhidas.
As demais trabalhavam para dar sustento às suas famílias a aos malandros, tinham o direito de ser livres e não serem atacadas ou molestadas nem mesmo pela policia, os “ Homens Brancos de Canelas Pretas “
Rainha” seu pai morreu em um acidente de bonde em santa tereza, dona Zuleica sua mãe, perdeu a graça e o prazer de viver, logo passou a ser uma pessoa doente, vindo a morrer de enfarto.
Zé Pilintra andava nos últimos anos com uma grande preocupação. Sua amada Sheila Sirena, mulher que o enfeitiçou....Ele sempre foi de muitos amores, todas fieis e respeitosas,temiam a calma de Zé e além do mais , ele tinha uma maneira sutil de convence-las a serem cordiais e fieis aos seus caprichos.
Ajudava a todas elas em suas dificuldades, podia ser comida, roupas,médicos para elas ou seus filhos, obrigava a mante-los no colégio regularmente.
Dia de Cosme e Damião destribuia doces, brinquedos, cadernos ,mas existia uma Sheila em sua vida.
Um dia conversando com Carijó ouviu do amigo que estava preocupado. Carijó disse a Pilintra que aquela Sheila iria destruí-lo.
Mas como sempre Zé Pilintra riu muito, mas havia algo errado realmente no emtanto ele sempre julgou as pessoas com serenidade e justiça .
A não ser os canalhas que não eram poucos, sempre acabavam na terra de pés juntos como eles gostavam de deixar claro..
Natal de 1935, uma noite atípica, chuvosa, lá estava Zé Pilintra na capela ,havia fechado o restaurante para comemorar o natal com as mulheres e os amigos da Fraternidade.
Distribuiu presentes as mães e seus filhos, Apesar de prostitutas tinham caráter e viviam do trabalho a primeira profissão do mundo, isso ele nunca ignorou.
Lá pelas três horas da manhã, Carijó chamou Zé Pilintra para conversar em um botequim fora do quarteirão,Conversaram demoradamente,Carijó disse a Zé Pilintra que uma amiga em comum havia ouvido Sheila comentar que:
- Ele é um babaca
- Aquelas putas faziam ele de idiota e ele vivia de paparicos
-Aquelas vadias sem vergonhas
Mas uma vez Zé Pilintra sorriu e disse:
-Carijó meu amigo e irmão, você conhece as mulheres, minha loura era como ele chamava sheila morre de ciúmes de mim, mulher é assim mesmo.
Mas vou tomar cuidado e prestar atenção.Foi além, disse estar meio cansado de tudo, achava que precisava viajar de férias uns quinze dias para recuperar as energias, os dias estavam difíceis,com a segunda guerra mundial havia muitos turistas, mas pouco dinheiro.As mulheres estavam reclamando de muito maus tratos dos caras.
Ele estava começando a achar que não dava para deixa-las entregues ao azar!
Estava pensando em montar um restaurante para poder controlar melhor a situação, faria um cassino para a segurança, observar os caras e saber como agir no caso de ignorância contra elas.
A Policia estava implacável ,não davam quase espaço nenhum para as primas trabalharem sossegadas.
Carijó estava realmente preocupado com o amigo e sentia que ele seria atraiçoado pela puta da Sheila, mas não adiantava ,Zé Pilintra confiava demais na mulher, ele estava enfeitiçado.
O destino havia colocado Sheila em seu caminho .não poderia fazer nada a não ser avisar o amigo o que já estava acontecendo de verdade.
Carijó não aceitava perder a amizade de Zé Pilintra por causa de uma mulher, que iria destruí-lo, mas havia de respeitar a decisão do irmão e amigo.
Zé Pilintra resolveu viajar, sozinho para petrópolis e passar uns dias fazendo reflexão dos acontecimentos.
Foi a gota d’agua para Sheila ,ela falou muito, disse-lhe que estava largando ela para ficar com uma puta qualquer, que ele nunca há amou, que ia embora da vida dele.Com isso Zé Pilintra foi se irritando, aos poucos foi vendo que Carijó falava a verdade,apesar de nunca ter duvidado da amizade dele .
Avisou a Sheila que estava cansado e havia problemas a serem resolvidos, nada tinha a ver com outra mulher, além do mais, precisava de uns dias a sós para recuperar-se do cansaço dos últimos anos de trabalho.
Assim Zé Pilintra fez, O táxi já o aguardava à porta de sua casa em santa tereza.Na rua da Amargura, beijou Sheila e partiu para seu destino.Em casa Sheila era puro ódio.
“A empregada só olhava e balançava a cabeça reprovando o palavriado odioso direcionado a Zé, causava-lhe indignação, mas não podia fazer nada”
Na Lapa, Carijó estava a frente de tudo nos negócios e da Fraternidade, Carijó pediu a Lucila sua mulher preferida para se incumbir de saber tudo sobre o que Sheila planejava, se tivesse que ir ao extremo que fosse, mas Zé nunca poderia saber de nada.
Assim foi feito, Lucila foi ao encontro de Sheila e incendiou sua ira falando mal de Zé Pilintra. Mas, Sheila era muito sagaz falou muito, mas não revelou nada, que já não soubesse, no entanto Lucila percebeu uma ponta de fogo no olhar de Sheila, sentiu um arrepio mortal percorrer sua dorsal, Lucila ficou apavorada, mas.....deixou as coisas seguirem naturalmente.
Já pelas tantas, Lucila perguntou a Sheila o que ela faria se Zé Pilintra morresse, Sheila representou como uma atriz profissional, mas Lucila assistiu o fogo no olhar de Sheila ,aumentar.
Teve a certeza que tanto queria ter.
Sheila ansiava matar Zé´Pilintra , mas como?
não seria tarefa fácil, conhecia bem Pilintra era impossível acha-lo para tentar atingi-lo, ela não teria a menor chance, nem ela e nem ninguém.
A Fraternidade vigiava as fronteiras em todos os sentidos, nada passava sem ser percebidos. A segurança de Zé Carijó e Zé Pilintra era até de surpriender a muitos.
Lucila despediu-se de Sheila e partiu e foi falar com Carijó .
A duvida era muito grande.sumir com Sheila era coisa mais fácil do mundo,mas explicar isso ao Zé Pilintra era um oceano de distância e riscos sérios de mais.
Mas Carijó reuniu a Fraternidade da Gameleira e expôs o assunto em pauta sobre promessa jurada de silêncio total.
Todos chegaram a mesma conclusão. Exterminar Sheila o quanto antes, Então formaram a estratégia de como aconteceria, dia, hora e local, tudo armado ,só aguardando a volta de Zé Pilintra ,para não acontecer sem a presença do camarada e irmão.
Eles contratariam dois assaltantes de fora do Rio de Janeiro,Depois do crime eles seriam assassinados para não deixar rastros.
A segurança sabia como agir rápido.
Todos eram fraternos e fiéis, não havia chance de traição ,além do mais o grupo era pequeno e muito restrito,Assim foi decidido e assim foi feito.
Zé Pilintra chegou de petrópolis todo eufórico,descansado com o projeto do restaurante pronto e todos os utencilios do cassino comprados e pagos.Restava agora o local e a decoração,Carijó também vibrava em ver Zé Pilintra vivo para o trabalho novamente.
Quase se esqueceu do dia 17 de Fevereiro de 1936,Era o aniversario dele mesmo,Zé Carijó!
Ele faria 50 anos, tudo era perfeito para o acontecimento ,festa na lapa, tudo enfeitado,samba de breque a vontade, MOREIRA DA SILVA cantando “madame satã e camisa preta “, no pedaço.
Em quanto isso Zé Pilintra encontrou o lugar perfeito, próximo aos Arcos da Lapa, uma casa imensa de fundos, tudo discreto e tranqüilo, até a policia já estava no contexto e solucionado,As obras foram aceleradas, Zé Pilintra parecia correr contra o tempo.
Lapa, 15 de Fevereiro de 1936, 22:00 hs, começa a funcionar a Taberna,tudo era muito bem decorado, flôres , luzes ,garçãos vestidos puro linho,champanhes,uísques,vinhos,vodkas,conhaques,b acalhau tudo do melhor.
A noite foi longa e cansativa, mas Zé Pilintra era só alegria ,Sheila estava realmente linda impecável! Parecia uma deusa flutuando pelos corredores da Taberna.
Os quartos que não eram poucos, todos reservados, eram um total de dez unidades, havia até celebridades políticas querendo aparecer.
Uma noite realmente linda, a lua iluminava os becos mais escuros da velha Lapa. As estrelas pareciam cair ao chão de contentamento .
A brisa acalentava os rostos iluminados pela luz do amor e das noites glamourosas da velha madrinha, diversão, poesia e contos de fadas.
Zé Pilintra,dançava em braços de Sheila,estava extasiado de contentamento,seu coração era só amor,uma inocência de criança causada pelo amor que sentia por Sheila.
Assim as horas foram se esvaindo ,a noite foi cedendo lugar ao luzir do novo dia.
Os casais começaram a seguir o rumo de casa ou hotéis da redonda Lapa,muitos ainda bebericando em bares.Esperando para assistir o nascer do sol, Ao longo via-se a Esplanada do Castelo, o mar a maresia, o sol com seu fulgor aquecia os corações e almas boêmias, apaixonadas, assim como o de Zé Pilintra. Desta maneira, o casal partiu em direção a santa tereza, para a rua da amargura numero 77...Lá amaram-se até o longo da tarde.
Zé Pilintra estava tranqüilo, só trabalharia a noite, seus meninos estavam de plantão para a Taberna funcionar como um relógio, sem atrazo nenhum todos teriam que se sentir satisfeitos e bem atendidos.
Era o seu lema.
Lapa, dia 17 de Fevereiro de 1936, aniversario de Zé Carijó, o Largo dos Arcos estava todo enfeitado, palanques para os músicos da orquestra, o samba de breque era o ponto maximo da malandragem lapiana.muito chopp, churrasco para todos, mesas espalhadas por toda parte.
Zé Pilintra estava impecável, terno de linho branco,camisa de seda branca,gravata vermelha italiana,cinto vermelho,sapato bico de pato vermelho e branco,barba suíça muito bem aparada,chapéu panamá com uma cinta vermelha ao redor da cúpula central, o prendedor de ouro na gravata reluzia a distância, o omega ferradura ao bolso do colete, o anel da fraternidade.
A bengala, uma arma mortífera á mão esquerda do Pilintra,ela se desencaixava e virava uma pequena espadinha,tão afiada quanto uma navalha.
O lenço de seda vermelho,tudo era realmente glamour e poesia.Zé Pilintra e Zé Carijó desfilavam ao ar livre, tudo era comemoração e Zé fazia as pessoas pararem de respirar pela suavidade que conduzia os seus passos, parecia estar voando.
Os pés pareciam não tocar ao chão,O s dois irmãos fraternos afastaram-se e foram tomar um uísque,trocaram comprimentos, afinal Carijó chegara aos 50 anos de vida.
Logo voltaram para o centro da festa, foi assim, tão repentino que quase não foi notado inicialmente pelos convidados.
Dois homens de armas em punho ameaçando e pedindo as jóias de Sheila ,Zé Pilintra apesar de seus 45 anos usou de destreza e agilidade de tal forma que com a espadinha derrubou mortalmente um dos homens, só que o outro fez um desparo certeiro, atingiu o ombro de sheila, não teve tempo pra mais nada.
A segurança e o próprio Zé Pilintra, deu fim ao individuo, pois o outro já estava morto com a interferência do Pilintra.
Tudo foi um alvoroço socorreram logo Sheila, levaram-na ao hospital para ser medicada, o projétil foi retirado, assim a que era festa transformou-se em pânico, policia a todo lado, os corpos cobertos, aguardavam o rabecão para leva-los ao necrotério.
Veio a noite e Zé Pilintra despediu-se de Zé Carijó e seguiu, para a Rua da Amargura numero 77,lá ficou com Sheila, deitada choramingando, mas entre beijos e abraços tudo virou sexo, Zé Pilintra se deixou dominar pelo sono, mas não acordou foi encontrado nu,com 17 facadas nas costas, sua casa saqueada e o vazio perdurou pela eternidade,foi traído pela loura que tanto amava, ele chorava por essa mulher,chorava por um amor terminal da loura que ele tanto amava,lá na Rua da Amargura......