POMBAGIRA MARIA KAINANA
Sim vocês não leram errado, é uma Pombagira indígena.
A Umbanda é uma religião que nunca restringiu os espíritos indígenas de se manifestarem, e se você acha que espírito indígena é so caboclo você se enganou.
POMBAGIRA MARIA KAINANA
Sim vocês não leram errado, é uma Pombagira indígena.
A Umbanda é uma religião que nunca restringiu os espíritos indígenas de se manifestarem, e se você acha que espírito indígena é so caboclo você se enganou. Em todas as linhas de Umbanda os indígenas estão presentes, eles são os donos desta terra e a Umbanda nunca lhes negou o merecido espaço.
A história da Pombagira e do Exu Kainana não foi extamente criada na Umbanda, na verdade essas duas divindades existem na cultura popular amazônica, no culto de mestres de Jurema e até mesmo no folclore, a Umbanda também os absorveu dando a eles um lugar na linha de esquerda, mas se deve lembrar que mesmo nós os chamando de Exu e Pombagira eles na verdade são mais que isso.
O Exu Kainana na verdade se chamava Norato, e Pombagira Kainana se chamava Maria.
Maria, serpente malvada.
A história:
Muito tempo atrás
Quando os deuses indígenas ainda
Reinavam nesta terra
O maior entre eles criou
Três espiritos que tinham
A forma de serpentes.
Esse deus se chamava Yamandú
E era ele quem governava
Sobre todas as divindades.
As três serpentes sagradas eram
Boiçú a cobra grande
Boiúna a cobra negra e
Boitatá a cobra de fogo.
As três eram muito temidas pelos
índios pois eram terríveis.
Certo dia a serpente Boiçú estava
Nadando nas águas de um rio quando
Viu próximo a margem uma belíssima
Índia que se banhava.
Boiçú tinha o hábito de engolir
Todos os homens que encontrava
Mas a Índia era tão bela que ele
Se apaixonou.
Boiçú usou seus poderes para se
Transformar em um homem e
A beleza de sua forma humana era
Tão diferenciada que a índia
Quando o viu também se apaixonou.
Ela tentou falar com o homem mas
Ele não falava nada,
Apenas a olhava com uma expressão
De desejo no olhar.
Boiçú e ela se amaram ali mesmo
Nas águas do rio.
Após terem se envolvido sexualmente
O feitiço se desfez e o homem
Voltou a sua forma de serpente.
A india quando percebeu que
Estava abraçada a uma serpente
Ficou assustada e desnorteada
desesperada correu para longe.
Dias depois ela descobriu
Que estava grávida.
Como a ela era jovem
Não teve coragem de contar
Para os seus familiares sobre
O que havia ocorrido.
Com o passar dos meses
A barriga cresceu e a
A aldeia inteira quis saber
Quem era o pai da criança
Mas ela se negava a falar.
Foi então que chamaram
O Pajé para falar com ela.
Como ele era um homem versado
Em magia antiga
E nos segredos da natureza
Usou de meios para fazer
Ela dizer a verdade.
O Pajé ficou muito preocupado
Quando soube que ela
Estava grávida da serpente Boiçú.
Ele acompanhou toda a gestação
usando de sua pajelança para
Apaziguar os espíritos
Que estavam crescendo dentro
Do útero da jovem.
No dia do parto houve uma surpresa,
Não haviam crianças,
O que saiu de dentro dela
Foram duas cobras
Uma branca macho
E uma preta fêmea.
O Pajé quando viu a Índia na esteira
E as cobras ali no chão diante
Das pernas abertas da mãe
Viu que elas rastejavam sem
Enconstar com as cabeças no solo,
E por isso as chamou de
"Boi-Caninana"
Que significa
"serpente que tem a cabeça erguida"
A india então as batizou de Caninana.
Ela manifestou o desejo de ficar
Com as duas Caninanas
Mas o Pajé a alertou que
Elas teriam o caráter de Boiçú
Seriam traiçoeiras
E que era muito perigoso ficar
Com elas na aldeia.
A india muito triste
Foi até um rio e deixou as duas
Na margem.
O Pajé fez feitiços para fazer
As serpentes se afastarem
E elas foram embora.
O tempo passou e elas cresceram,
Ficaram gigantescas do tamanho
Do pai Boiçú
E assim como ele
As duas cobras tinham o poder
De se transformar em gente.
Eles então se transformavam
E iam para as festas nas aldeias
E também nos povoados dos
Homens brancos.
Por viverem muito
Entre esses homens brancos
A cobra macho recebeu deles
Um nome português, Norato
E a fêmea também, Maria.
Maria Caninana e Norato Caninana.
Eles dois eram como
Unha e carne, viviam juntos
Norato era um galante
Ele amava se transformar em gente
Para seduzir as moças.
Já Maria era perversa
Ela quando em forma de cobra
Ou em forma de gente só fazia
Maldades.
Quando ela estava em forma de cobra
Matava os bichos da floresta
E os peixes do rio,
Virava as embarcações
E engolia os pescadores.
Quando estava em forma de mulher
Ela seduzia os homens e
Então os levava para o matagal
Onde os matava a sangue frio
Ou os levava para o rio
Onde os afogava.
Norato amava Maria
Mas ele mesmo tinha medo dela.
Ela fazia coisas monstruosas,
Maldades inimagináveis
Com todas as criaturas que
Cruzavam seu caminho.
Um dia Norato tomou coragem
E quando Maria Caninana estava
Dormindo em forma de cobra
Ele a matou.
Foi o único jeito que ele achou
Para parar os massacres.
Maria Caninana deixou sua
Forma física e se transformou
Em um espírito encantado.
Norato seguiu sozinho
Com uma meta na cabeça,
Ele queria deixar de ser cobra
E virar homem para sempre.
Toda vez que ele se transformava
Em homem ele deixava o seu
Corpo de serpente dormindo na
Margem do rio e seguia em forma
Humana para os festejos,
Porém ele só podia ser homem
Durante a noite.
Norato tomou coragem e voltou
A aldeia de sua mãe
Durante uma madrugada
Ele procurou o Pajé
E perguntou a ele como fazer
Para abandonar a sua forma
De Cobra Caninana.
O Pajé consultou os espíritos
E revelou que havia um rito
Bem simples,
Norato devia pedir para alguém
Ir até seu corpo de serpente e
Colocar leite dentro da boca,
Depois cortar a pele da cobra
O suficiente para faze-la sangrar.
Norato foi até sua mãe
E implorou a ela para ir
No Rio fazer o rito,
Ela aceitou ajudar e foi
Mas quando viu a cobra gigantesca
Não teve coragem de se aproximar
E desistiu.
Norato passou então a ir
Todas as noites nas aldeias
E nos vilarejos para pedir ajuda
Para suas muitas namoradas
Mas nenhuma delas teve coragem.
Foi então que ele conheceu um
Homem muito valente.
Norato era tão belo que até
Os homens o olhavam de um modo
Diferente.
Esse homem disse a ele que
Teria sim coragem para fazer
O rito, e ele fez!
Ele jogou leite na boca da cobra
E a cortou com um facão.
O corpo da cobra pegou fogo
E desapareceu,
Norato se tornou humano.
Ele viveu a sua vida cheia
De amores e de festas
Até que morreu de velho.
Quando morreu se tornou
Um espírito encantado e
Voltou para junto de Maria.
São uma dupla encantada
Maria Caninana e Norato Caninana.
Dentro da Jurema e da Umbanda
Eles se tornaram também entidades.
Aqui no sudeste o nome Caninana
Virou "Kainana"
Maria a Pombagira Kainana
E Norato o Exú Kainana.
Saravá!
Salve eles que são meio gente meio serpente!
Espero que tenham gostado, a próximo da Série sera a Pombagira Maria Quitéria.
Quem quiser encomendar desenhos pode me chamar no meu whatsapp 11944833724
Obrigado
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