segunda-feira, 16 de maio de 2022

EXU MEIA NOITE Esta entidade tem muitos pontos em comum com o Exu Veludo, se parecem na forma de agir e na personalidade, mas a história deles é muito diferente.

 EXU MEIA NOITE


Esta entidade tem muitos pontos em comum com o Exu Veludo, se parecem na forma de agir e na personalidade, mas a história deles é muito diferente.


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Esta entidade tem muitos pontos em comum com o Exu Veludo, se parecem na forma de agir e na personalidade, mas a história deles é muito diferente.

Se conta que a mais ou menos
Quatro séculos atrás
A familia dele veio para o Brasil,
Eram Armênios e vieram para cá
Com a esperança de ter uma nova vida
Já que havia muita propaganda sobre
O novo mundo.
A história da família remonta
Quatro séculos mas Meia Noite
É bem mais jovem
Quando ele nasceu a família já estava
Estabelecida e ja tinham
Vida financeira estabilizada no nosso país
Pois haviam construído
Uma tecelagem tradicional
E tinham muito exito nos negócios.
O nome dele era Rubens
E desde muito jovem foi imposto
O casamento por conveniência.
A familia tinha por tradição casar
Primos com primos
Para assim manter o dinheiro entre eles.
Rubens estava prometido a prima Ruth
Uma doce moça que ele amava com uma irmã.
A infância foi rigida, a família era cristã ortodoxa
E ele foi criado nos moldes da igreja.
Quando completou vinte e um anos
O casamento começou a ser organizado
Mas para a surpresa de todos
Ruth disse que não se casaria.
Rubens não compreendeu,
Toda a criação que recebeu dizia
Que a vida dele seria essa
Se casar com Ruth e gerir a tecelagem
E que os filhos dele e os filhos dos filhos dele
Teriam a mesma vida.
Mas Ruth não queria.
Certa vez ele e os pais foram visitar
A casa de Ruth e a encontram machucada.
Quando ele indagou o motivo
O pai dela e tio dele disse que Ruth
Continuava com a idéia de não se casar
E que ameaçava dizer não na frente
Do padre se forçada a ir até o altar
E por isso ele havia batido nela
Como castigo.
Ruth era jovem e bonita
Mas era lastimável ver ela assim.
Rubens pediu para falar a sós com ela
Afim de entender o que estava acontecendo
E então ela mostrando grande confiança
Contou estar apaixonada por outro.
Rubens achou um absurdo
E passou a seguir ela toda vez
Que saia de casa afim de descobrir
Quem era o homem.
Logo ele descobriu, Ruth voltava
Para casa com a barra das saias sujas de barro
E o cheiro de madeira vivia impregnado
Nos espartilhos da moça
E o motivo era que ela estava a se
Encontrar com um lenhador,
Um homem simples que vivia
De cortar árvores e vender como
Lenha as casas da cidade.
Rubens ficou irado
E na mesma noite contou ao pai dela
Quem era o homem.
Dias depois o lenhador foi encontrado
Morto esfaqueado.
Ruth confrontou o pai
E este confirmou que tinha
Mandando matar.
Na época as coisas se resolviam deste modo.
Ruth desolada entrou em depressão profunda
Mas foi forçada a se casar.
O casamento foi cheio de pompa e circunstância
Após a cerimônia na igreja
Ela e Rubens foram para uma fazenda
No inteirior para a lua de mel.
Na noite de Núpcias ela pediu o para
Se arrumar sozinha antes
De consumarem
O casamento e ele concordou
Ficou esperando do lado de fora
Do quarto, mas ela demorou demais
E quando deu meia noite ele entrou.
Ela estava em pé sobre uma cadeira
O laço no pescoço atado a uma das vigas do telhado.
Quando ele se aproximou ela chutou
A Cadeira e caiu
E o força da queda apertou
A forca no pescoço quebrou
A coluna e ela morreu de imediato.
Ele foi até ela e a retirou da corda
Mas quando tocou no corpo morto
Teve uma indescritível sensação de medo.
Ruth havia deixado uma carta
Onde culpava e maldiçoava
A vida de Rubens e dos pais
Dizendo que eles nunca seriam felizes
E que o tormento que ela sentiu
Ao ter a vida destruída seria mil
Vezes aplicado sobre eles.
E assim foi, pouco tempo depois
O a mãe dela faleceu de tuberculose
E o pai tal como ela fez
Se enforcou.
A vida de Rubens andou bem financeiramente
Mas só esse lado funcionava
Pois ele vivia soterrado em sensações
Horríveis de medo e pavor
E ninguém conseguia se aproximar
As pessoas sentiam horror a presença dele.
Rubens era atormentando por um
Medo e uma angústia enorme
Que não vinha de canto algum
E ele sabia que a raiz do problema
Era Ruth.
Alguns anos se passaram
Ele emagreceu e estava praticamente
Irreconhecível
Era uma sombra do homem
Que havia sido
E ele não queria ser assim
Não queria perecer desta forma.
Foi então que tomou a decisão
De ir em busca da cura
De remover a maldição.
Ele foi até padres catolicos
E bispos protestantes
E foi batizado e exorcizado
Mais de uma dúzia de vezes
Porém não houve resultado.
Foi então que o último padre
Fez o comentário dizendo
"Esta bruxaria somente uma bruxa pode remover"
E isso despertou a vontade de Rubens
Ir atrás da uma
Mas na época a inquisição
Não tinha oficialmente acabado
E as pessoas envolvidas com ocultismo
Viviam escondidas.
Mas ele precisava encontrar
Alguém entendido de feitiçaria
E a busca não parou.
Finalmente ele encontrou
No inteirior do país uma mulher
Da descendência das Feiticeiras da árvore
A Feiticeira Lúcia
E ela conseguiu de imediato
Remover a maldição de Ruth.
Rubens quis ficar mais um tempo
Com ela e pois havia ficado fascinado
Com os poderes ocultos dela.
Ele foi ficando, e ficando a ficando
E dez anos depois
Eles estavam amasiados
E ela havia ensinado a ele
Tudo o que sabia
Mas era notório que a feitiçaria
De Lúcia era apaziguadora
Era algo chamados "magia branca"
E quando Rubens leu nos livros
Sobre o alcance inimaginável da
Magia negra ficou com muita vontade
De aprender.
Lúcia o aconselhava a não lidar
Com isto pois a magia negra
Deixa marcas na alma
E quem toca nela nunca tem paz.
Sem dar ouvidos ele
Ele foi atrás de um homem
Que Lúcia citava as vezes
Era ele Samuel, um espanhol
Que morava no Rio de Janeiro.
Quando Rubens chegou até ele
E manifestou desejo de aprender
A magia profunda
Samuel constatou que a maldição de Ruth
Havia deixado resquícios,
Não de afligir desespero nele
Mas sim a vontade dele afligir nos outros e isso poderia ser explorado.
Rubens ja passava
Dos trinta e cinco anos de idade
E ingressou de vez na Magia Negra.
O poder é como opium
Vicia e enerva.
Rubens começou a atender clientes
E só os recebia a Meia Noite
Um por vez
E por isso ficou conhecido pela alcunha
De "Feiticeiro da Meia Noite"
E ele que propagava este nome
Ja que nao queria manchar o sobrenome
Da sua familia tão religiosa.
Ele mergulhou profundamente
Dentro do universo dos espíritos sem luz
De modo que se sentia parte dele.
O orgulho foi subindo
E ele foi criado a idéia de ser
O maior dos maiores entre os feiticeiros.
Se ele realmente era?
Com certeza não.
Mas a vaidade é humana e
Toma conta dos fracos.
Quando Samuel morreu
Por idade avançada
O irmão dele Thomas
Veio ao Brasil afim de tomar
Para si a herança
Mas Meia Noite tinha recebido
Tudo com o herdeiro.
Meia Noite ainda era rico
A tecelagem lhe rendia muito dinheiro
Mas a questão de querer os bens
Que Samuel havia deixado
Era questão de orgulho para ele
E ele não abriu mão.
Como poderia? passou anos ao lado
Do velho aprendendo sim mas
Também dando assistência a tudo
Que ele pedia.
Samuel não tinha posses caras
Na verdade tinha pouco
Mas os livros, a casa
E principalmente os apetrechos usados
Em magia eram de valor inestimável.
Quando Thomas chegou
Uma herdaria guerra começou.
Meia Noite e ele disputaram a herança
Fizeram bruxaria um contra o outro
E até mesmo chegaram as vias de fato
Por mais de uma vez
Mas Thomas era mais velho
Mais experiente e mais forte
Mas Meia Noite achava que não.
Um dos grandes defeitos de Meia Noite
Era ser mulherengo,
Ela tinha ciência da própria beleza
E se valia disso para
Conquistar a moças.
Mas Thomas enviou a ele aquela moça.
Meia Noite estava pelas madrugadas
Voltando para casa quando a viu
Pela Primeira vez,
A mulher mais linda que ja havia visto,
Era tão jovem que o rosto ainda
Tinha formato redondo de adolescente.
Ele nunca soube o nome dela,
Sabia que era prostituta
Mas nao se importava,
Ela se auto denominava Menina,
Só Menina
E era assim que todos as chamavam.
Ele nao se apaixonou de imediato
Mas a vaidade humana é uma fraqueza
E pouco a pouco ela foi derrubando
As barreiras do coração
E o dominou por completo.
Uma Menina má ela era.
Thomas viu nesta moça
Uma coisa que hoje em dia
Chamam de mediunidade
Mas na época era chamado apenas
De tino para a bruxaria
E nela ele chamou o espírito da mulher morta, Ruth.
Ruth era uma suicida
E todos sabem que esse tipo de alma
Nao vai nem para cima e nem para baixo
Pois é condenada a vagar por ai
E para sempre reviver a agonia.
Ruth não podia mais se vingar do pai
Este morreu
Mas Meia Noite estava ali, vivo
Rico e bonito
E ela o odiava.
Menina estava incorporada com Ruth
Vinte e quatro horas por dia
Mas não era uma incorporação total,
O que acontecia era algo como
As duas juntas
E Ruth a influenciar tudo.
Meia Noite não percebeu nada,
A beleza de Menina o cegava.
Uma noite ela pediu a ele
Que a levasse para um passeio
E ele prontamente concordou.
A cegueira era tão densa
Que ele nem percebeu que
Ela o guiava para um lugar ermo
No meio do nada.
Na casa onde ficaram
E lá Ruth se revelou, através da boca
De Menina ela falou
E com uma força sobre humana
Ela tentou matar Meia Noite.
Ela quase conseguiu
Mas ele após muita luta fugiu
Para o meio da mata
E correu como o Diabo foge da cruz,
Correu até chegar a casa de Lúcia
Que cuidou dele o quanto podia.
Ela viu nas cartas que toda a questão
Era culpa de Thomas
E logo partiu para a cidade
E e o encontrou dentro da casa
De Samuel crente que Meia Noite
Havia sido devorado pela Menina má.
Os dois lutaram
E cada um se valeu
Da sabedoria que Tinha
E a casa se tornou palco
Das invocações demoníacas
E dos conjuros diabólicos
Que um lançava no outro
E a briga foi tão intensa
Que parte da casa se incendiou.
Por mais que Thomas fosse muito mais inteligente
A sua força física se esvaia
Devido a idade
Já Meia Noite esbanjava vitalidade
E resistia firme e forte.
A última magia usada por Thomas
Não foi dirigida a Meia Noite
Ele do nada clamou palavras de maldição
Contra a casa
E no fim já fraco
Meia Noite deu cabo da vida dele.
Satisfeito ele chutou o corpo do morto
E correu para recolher
Todos os bens valiosos da casa
Pois o fogo estava se alastrando.
Quando já tinha reunido tudo
O que importava perto da entrada
Ele tentou abrir a porta para sair
Mas a porta não abria.
Nem as janelas
Nem a grade da lareira
Nem o alçapão do porão
Nada abria
A casa estava lacrada por Magia negra.
Meia Noite tentou folhear os livros
Afim de achar uma resposta
Para desfazer aquilo
Mas se lembrou
Que o último pedido de alguém
Feito na hora da eminente morte
Tende a ser cumprido.
As portas nunca se abriram para ele sair
Mas abriram para Menina entrar
E ela vinha com o laço da forca na mão
E deu a Meia Noite duas opções
Ou se enforcava
Ou queimava.
A casa era banhada pelas luzes vermelhas
Das chamas mas já sentia o calor
Do inferno vindo por todos os lados.
Ele disse a Menina que não se suicidaria
E ela nao se fez de rogada
Ao ajudar, ela laçou o pescoço dele
E ela chutou a Cadeira na qual
Ele se apoiava.
Assim que ele estava morto
O fogo se apagou
Ruth deixou o corpo da Menina
E ela herdou a casa e todas as coisas.
Enquanto a Meia Noite?
Ele não consta como suicida
Mas ainda assim nao foi nem para cima
Nem para baixo
Pois todos aqueles que se banham
Nas trevas da Magia negra
Nunca serão nem condenados
Nem absolvidos
Pois a magia torna a alma do feitiço
Algo não natural e não reconhecível
Pela natureza do mundo.
Meia Noite ainda esta por aqui
É um galante feiticeiro
Capaz de fazer coisas inimagináveis.
Ao contrário da maioria das entidades
Ele não busca nem redenção
E não está nem um pouco preocupado
Com a evolução.
Ele quer é continuar por aqui
De braços dados com Maria Mulambo
Que foi quem o acolheu e ajudou depois da morte.
Ele não é um Exu que anda sozinho,
É na barra da saia da moças que ele gosta de estar
E por isso casa onde ele entra
Elas entram junto.

Saravá Exu Meia Noite!

Espero que tenham gostado
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