quarta-feira, 18 de maio de 2022

OTIN: A Guerreira de Okuku A cidade de Okuku fica dentro do estado de Osun, onde o culto de Otin nasceu. Esta cidade foi fundada por Oladile, que era familiar de Oduduwa.

 OTIN: A Guerreira de Okuku


A cidade de Okuku fica dentro do estado de Osun, onde o culto de Otin nasceu. Esta cidade foi fundada por Oladile, que era familiar de Oduduwa.


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A cidade de Okuku fica dentro do estado de Osun, onde o culto de Otin nasceu. Esta cidade foi fundada por Oladile, que era familiar de Oduduwa. Se conta que Oladile saiu de Ile-Ifé e fundou uma cidade chamada Kookin, porém Kookin entrou em guerra com Ilesa (Ijexá) e ao ser derrotada os seus sobreviventes fugiram para o norte onde fundaram a cidade de Okuku.

Otin era uma mulher ilustre de uma nobre familia de Otan (há 37 quilômetros de Osogbo), não se sabe precisar o periodo em que Otin viveu na região, mas pelo tamanho de sua tradição se deduz que foi em um tempo longínquo.

Se conta que Okuku estava sendo atacada por cidades vizinhas e então dois de seus moradores passaram a lutar para defende-la, eram eles os homens Oluku e Oke-Agbona.
Quando Otin fica sabendo sobre a guerra em Okuku, ela sai de Otan e vai até a dupla de guerreiros defensores da cidade, e eles após testemunharem a grande bravura de Otin formam com ela o trio de guerreiros que salvou Okuku da guerra.
Oluku, Oke-Agbona e Otin ficaram muito famosos pelo feito de sozinhos terem enfrentado todas as batalhas e ganhado absolutamente todas as lutas.

Passado a guerra, Otin vendo que Okuku estava agora em segurança se despediu de Oluku e Oke-Agbona, e voltou para sua terra natal, Otan.

No periodo em que Otin estava longe de Okuku, Oke-Agbona faleceu. Oluku temendo ficar sozinho para defender a cidade convida um famoso guerreiro das terras de Ilobu para morar na cidade, era ele Erinlé.

Otin fica sabendo então da fama de Erinlé e sai de Otan indo para Okuku na intenção de conhecer o guerreiro.

Quando Otin conhece Erinlé eles se apaixonam e ele a pede em casamento, ela aceita e os dois formam um ilustre casal. Otin passa a residir em Okuku na casa do marido.

Se sabe que Otin era abastada, e que nisto ajudou financeiramente Erinlé em várias de suas empreitadas. Erinlé em retribuição jamais exigiu de Otin um comportamento de esposa (as esposas tinham por dever servir o marido trabalhando para o bem estar do homem), ele permitiu que Otin continuasse a viver como uma mulher livre sem ter obrigações com tarefas domésticas ou atividades que não condiziam com a sua personalidade.

Apenas no periodo do casamento com Erinlé que Otin aparece acompanhando um caçador, seu marido. Porém Otin nunca foi uma caçadora. Uma das formas de se referir ao casal era com a expressão "Otin bòrò Ode", que significa básicamente "Otin ajuda o caçador", e se refere a seu companheirismo com seu marido Ode Erinlé. Mas devemos frisar novamente, Otin era uma guerreira e não uma Ode.

O casamento de Otin e Erinlé era similar ao de Sango e Oyá, sendo que nos dois casos a esposa era mais famosa que o marido, e a união dos dois era muito grande.

O amor de Otin por Erinlé era tão denso que após anos de casados tiveram uma briga onde Erinlé levantou a possibilidade de deixar Otin, e ela extremamente triste com as palavras do marido fugiu de sua casa correndo para o centro de Okuku onde abandonou sua forma física se transformando em um rio, Odo Otin.

O rio Otin é tributário do Rio Erinlé.

O culto de Otin como Orisa começa logo ai, em Okuku onde sua fama de guerreira misturou-se com a de divindade das águas a elevando a ser Deusa da cidade.

Logo foi estabelecido o culto de Otin.

O culto de Otin possui um sacerdote supremo que recebe o título de Aworo, uma segunda sacerdotisa que recebe o título de Iyangba, um iniciado de confiança que recebe o título de Elemoso-Otin e uma Arugba.

O Aworo é um cargo vitalício, quando
uma um homem é eleito Aworo de Otin, este será sacerdote por toda a vida. Cabe a ele liderar o culto, organizar os festivais e também ter o transe, a possessão com Otin.

A Iyangba é uma mulher escolhida pela alta sociedade da cidade para estar ao lado de Aworo em todas suas atividades voltadas a Otin.

O Elemoso-Otin é responsável por auxiliar o Aworo, a Iyangba e a Arugba. Otin tem um tabú onde a Arugba é proibida de caminhar para dentro do rio, nisto é dever do Elemosó carregar a Arugba nos ombros até o meio do rio onde ela realiza suas atividades perante Otin.

A Arugba é uma moça jovem que carrega o assentamento ou apetrechos sagrados de Otin em uma grande e pesada bacia colocada sobre sua cabeça chamada Igba-Otin. Somente o Aworo pode colocar ou remover o Igba-Otin da cabeça da Arugba. A Arugba quando atinge idade adulta deixa o cargo, e este cargo é passado para a próxima na linha de sucessão. As Arugba descendem de duas famílias ilustres da cidade, as famílias Ojomo e Odofin.

Fora estes sacerdotes, a primeira esposa do Aworo também possui autoridade no culto.

Otin possui três assentamentos, um dentro da casa do Aworo, outro no centro da cidade e o principal na margem do rio.

O mês sagrado para Otin é outubro, quando ocorre seu festival anual.
O numero sagrado para Otin é o sete, tudo seu é entregue em quantidades de sete.

Assim que o Aworo marca a data do festival, dez dias antes ele envia convites as cidades a vilarejos vizinhos avisando do festival. Dez dias antes também as mulheres e crianças da cidade passam a cantar e dançar pelas ruas louvando a Otin.

Cinco dias antes uma grande procissão de devotos vai até o rio limpar o assentamento de Otin.

No dia do festival todas as mulheres usam o penteado SUKU (coque alto trançado) nos cabelos pois este era o penteado preferido de Otin. Todas se vestem com roupas coloridas e partem em procissão para o rio para adorar a Deusa.

Neste dia específico o Aworo é vestido pela Iyangba como se ele fosse a própria Otin. A Iyangba trança os cabelos de Aworo em forma de Suku e o enfeita com penas vermelhas (ekodide), o veste com tecidos coloridos, e o orna com colares, pulseiras e tornozeleiras de miçangas vermelhas. O Aworo também tem os olhos pintados com TIRO (pigmento negro) e já vestido caminha até o rio junto com todas as sacerdotisas e a Arugba que leva as preciosidades para Otin.

O transe com Otin pode ocorrer através do Aworo ou da Iyangba no dia do festival. Otin é sim um Orisa de manifestação em possessão.

O caráter de Otin como Divindade se difere das outras, pois Otin não possui um lado negativo ou vingativo como Osun, Yemoja e Oya. Sabemos que Osun é muito generosa, mas que ao ser desrespeitada pode ser terrível aos que lhe ofendem, já Otin não possui fama ou mitos onde tem atos intempestivos. A paciência de Otin é infinita para com os filhos.

Os seus devotos contam que ela é famosa por conceder fartura, bons negócios aos comerciantes da cidade, fertilidade as mulheres e coragem aos guerreiros.
A saudação de Otin é "OTIN GBE WA O" que significa "Otin nos abençoe", mas existem diversas maneiras de sauda-la.

Comparando o culto de Otin original Nigeriano com o Afrobrasilero se notam diferenças gritantes. No Brasil o pesquisador Reginaldo Prandi em 2001 publicou o livro mitología dos Orixas com lendas de Otin onde ela é descrita como sendo do sexo masculino, hermafrodita, deformada, tímida e de carater passivo, mas nenhuma destas atribuições se confirma em Okuku, o que nos faz crer que a Otin brasileira sofreu modificações por misturas com outras divindades, pois ela mesma não é nada parecida com o que se pinta por aqui.

Otin é uma deusa valente, bela, maternal e guerreira.

Otin é frequentemente relacionado a Orisa's com Osun, Yemoja, Loogun Ede, Erinlé, Obatala e outros.
Porém o culto do Otin é firme, ela não está nem nunca esteve em posição secundária e nenhum outro Orisa, ela vem sendo a indiscutível Deusa de sua região.

O seu culto se originou em Okuku mas se estendeu por muitas cidades tais como Inisa, Ijabe, Ilobu, Igbaye, Ede, Okua, Otan, Eekosin e outras.

Difundir a cultura africana é uma obrigação de todos nós.
No desenho retratei Otin da maneira mais aproximada possível a sua forma original.
https://www.facebook.com/photo/?fbid=1727516264165602&set=pb.100044267957648.-2207520000..