O LOUCO – SHIN
1.1 Elementos constitutivos ou relacionados
Sephirah: | Binah no terceiro ciclo | |
Signo do sendeiro: | n/c | |
Elemento zodiacal: | Ar | |
Trilogia elem. sephirótico: | Ar do Fogo no terceiro ciclo | |
Planeta do sendeiro: | n/c | |
Inteligência Geomântica: | n/c | |
Velas: | 3 amarelas | |
Incenso: | [noz-moscada, cravo, café] e/ou [violeta, rosas, almíscar, lavanda, dama da noite e também o açafrão, etc.] | |
Letras: | Shin-Yod-Noun | |
Gemátria: | 300+10+50 = 360 = 3+6+0 = 9 | |
Valor numérico: | 300 | |
Armas mágicas: | A adaga ou pena de ave de alto voo. | |
Poder mágico ou oculto: | Adivinhação. | |
Forças em ação: | A força de Hod que manifesta seus fluxos mediante as pulsações dos elementos cósmicos pelas vias do elemento Ar. | |
Sendero: | 31, que une Hod aos elementos Cósmico. | |
Texto yetzirático: | O 31º caminho é a Inteligência Perpétua, mas porque é assim denominada? Porque regula os movimentos do sol e da lua na sua própria ordem, cada um em sua própria órbita. | |
Cor em Atziluth: | Amarelo claro brilhante | |
Cor em Briah: | Azul celeste | |
Cor em Yetzirah: | Verde esmeralda | |
Cor em Assiah: | Esmeralda salpicado de dourado |
1.2 Caminho 31º
O Louco = A Verdade do Mundo Material pelas vias aéreas. Mercúrio atuando através do Ar sobre os elementos cósmicos. Hod cujo trabalho está relacionado a elaboração de nosso intelecto, por onde transitam os pensamentos, as ideias atuando através do Ar sobre Malkuth no Mundo de Assiah, a terra com seus quatro elementos; “He” do Mundo de Yetzirah atuando através do Ar sobre o Mundo de Assiah; Água do Ar atuando através do Ar sobre a Terra.
O 31º caminho é a Inteligência Perpétua, mas porque é assim denominada? Porque regula os movimentos do sol e da lua na sua própria ordem, cada um em sua própria órbita.
Hod, por sua ação mental, separa as funções próprias da Vontade (Tiphereth-Sol) da imaginação (Yesod-Lua) a fim de que ambas não se fundam em Malkuth que é a criatura física, mas que se integrem aos órgãos respectivos do corpo físico (macho e fêmea) pois “regula os movimentos do sol e da lua na sua própria ordem, cada um em sua própria órbita”. Uma outra tradução deste texto se chama Inteligência Interrompida no lugar da Perpétua. O que indica um rompimento da unidade existente entre Tiphereth-Sol e Yesod-Lua, ou seja, desfaz a unidade entre os dois, nos planos superiores (não confundir com homossexualismo), para que haja a polarização masculino e feminino que dará vez a existência de ambos os sexos em Malkuth e os seres humanos não sejam hermafroditas.
A nível humano este caminho nos instiga a separar a Vontade (Tiphereth) da Imaginação (Yesod) nas empresas humanas da mesma maneira que homem e mulher formam dois seres distintos de modo que cada um coopere de acordo com seus atributos próprios.
De outro modo, este é o único texto yetzirático composto de pergunta e resposta, e o faz bem a nível de Hod como que indicando uma instrução a nível mental ou ao desenvolvimento da mente. E por tratar do Sol e da Lua, refere-se as aptidões e capacidades mentais mais inconscientes embora a ligação deste caminho a Malkuth se refira também a questões externas. Pode assim ser chamada a senda da instrução.
Hod é o exteriorizador de Binah de onde surgem as imagens arquétipos, ancestrais, de toda humanidade, o local dos Registros Akashicos da Natureza, assim, o Mago vai a Hod de encontro as imagens, pensamentos, resultantes ancestrais etc. que transcendem as experiências individuais exteriorizadas de Binah, eis que, por não estarem presos a condicionamentos revelam as coisas desconhecidas ao intelecto.
O caminho 29 (Yesod a Malkut pelas vias de Peixes), trata mais da relação com o corpo físico e nos oferece uma confrontação com a herança genética biológica que é recapitulada no ventre materno, já o 31º pode nos revelar os fatores das vidas precedentes arquivadas nos Registros Akashicos da Natureza que influenciam a vida presente.
Trata ainda da boa relação corpo-mente Mens sana in corpore sano (“uma mente sã num corpo são”) que são condições essenciais para os trabalhos do Mago. Isto significa que apesar das pressões sofridas no dia a dia o iniciado tem que se manter em equilíbrio (mente, sentimentos, corpo) para poder atuar no ocultismo.
O caminho trata dos movimentos do Sol e da Lua, símbolos supremos da radiação e da receptividade. Significa que a consciência (Sol) deve derramar harmoniosamente sua Luz que será refletida pela personalidade humana (Lua) sem que alterar suas cores e harmonias. O elemento Ar que rege este caminho que também está ligado a Hod (Água do Ar) e que faz girar o fluxo desta corrente indicando mais uma vez que se trata de uma operação mental.
Trabalham neste sendeiro os Arcanjos (Hod) e as Almas Humanas (Malkuth).
Os aspectos entre Mercúrio e o Ascendente, tais como quadratura, conjunção ou oposição, no mapa natal são indícios de que o indivíduo está trabalhando neste sendeiro.
1.1 Letra-força ש
Shin é a vigésima primeira letra força – é uma letra mãe. Na tabela das letras hebraicas o Shin (300) se situa a esquerda do Lamed (30), que representava a interiorização de Ghimel (3), portanto em Shin é que Ghimel se exterioriza.
A letra força Shin expressa hieroglificamente o mesmo que ZAIN e Samech, ou seja, uma flecha, mas indicando um objeto que persegue uma meta. Contudo, enquanto ZAIN figurava um movimento direto e Samekh um movimento curvo de duração absoluta, aqui adquire-se um movimento em uma direção determinada, mas rítmico e periódico semelhante a um pêndulo por isto seu movimento é de duração relativa.
De outro modo a cruz dos elementos está governada pelo nome sagrado Jehovah, יהוה – “Yod-He-Vô-He”, contudo quando se coloca a letra hebraica Shin (refere-se a Ruach Elohim – o espirito genético de Deus que pairava sobre as aguas) em seu interior o nome se converte em Yehoshuah (יהשוה) conhecido pelos Cristãos como Jesus.
Vemos aqui a figura de um Deus que desce do alto, deixa o paraíso, para se sacrificar em prol da humanidade e assim, se insere entre o nome de quatro letas como seu comandante, uma atitude marcada pela carta intitulada o Louco, representada pela letra Shin.
1.2 Imagem, figura
Um homem aparentemente distraído e coberto na cabeça com um boné ou chapéu de louco, tem um alforje nas costas à altura da cabeça um pacote com suas experiências e uma roupa em farrapos. Caminha em direção ao abismo, apoiado em um bastão (símbolo da força espiritual), olhando para o alto, sem se preocupar enquanto um cão lhe morde a perna, insensível ao que ocorre na parte baixa de seu corpo. No precipício se acha um crocodilo disposto a devorá-lo.
Representa a situação do ser humano quando as paixões, o ego o domina.
No taro egípcio vemos um trabalhador louco que anda sem rumo nem direção com uma bolsa de couro às costas na qual leva todos os seus vícios. Sua roupa também está em desalinho e deixa descoberta seus órgãos criadores. O louco está com o bastão dos patriarcas em uma mão e com a Cruz Ansata ou Tao (arcano A.Z.F) na outra para defender-se. Um tigre seguindo-o morde-o constantemente sem que trate de se defender ou um crocodilo está com as faces abertas na intenção de devora-lo. O crocodilo é Seth, o Satã, o Eu psicológico, o Mim Próprio, sempre à espera daquele que se deixa cair para o devorar. O louco encontra-se vestido com a pele de tigre – tanto o cão (fogo sexual) como o tigre estão relacionados a morte mística.
Na parte superior há uma Lua negra e outra branca figurando as antíteses.
Representa, pois, a queda do grande arcano que poderia ser representado com a estrela invertida, a magia negra, o fracasso na transmutação, a carta indica que é preciso transmutar para sair desta situação, o cérebro deve contrariar o sexo e subjuga-lo. Representa ainda os mestres que após atingirem a libertação deixaram-se cair vítima da paixão.
Os vícios do louco são o resultado de deixar-se vencer pelas sensações visuais, auditivas, olfativas, gustativas ou paladar bem como as táteis. As sensações nos traem com os sentidos e “desejamos”: ao ver uma imagem pornográfica ou uma mulher; ouvir uma música vulgar e passional; sentirmos o cheiro de uma comida de modo que a gula faça festa; provamos uma bebida e nos tornamos ébrios; vemos um carro e o desejamos; o tato sente e a imaginação faz desejar. Cumpre então ver, ouvir, cheirar, provar e tocar com “Compreensão Criadora”, sem se identificar com as sensações, ter uma reta percepção. O louco do taro é o ego, o Eu psicológico que precisa ser aniquilado para que a essência seja liberta dos desejos.
1.3 Elemento, ciclo zodiacal, planeta
Na ordem dos elementos, Shin (21 = 2+1 = 3) corresponde ao Ar do Fogo no terceiro ciclo da terceira Sephirah e também Binah exteriorizado já que Shin é o Ghimel na fase “Vô” do nome יהוה – “Yod-He-Vô-He”.
Shim corresponde ainda ao elemento Ar, é o terceiro dos três indicados no Sepher Yetzirah (Aleph, Men e Shin) como letras mães. Elementos estes dispostos na ordem relativa ao nome de Deus sendo o primeiro o “Yod” -Aleph (Fogo); o segundo “He” -Men (Água); “Vô” -Shin (Ar) e o segundo “He” (Terra).
Na trilogia dos elementos: Binah está relacionado ao signo de Sagitário.
No ciclo zodiacal יהוה – “Yod-He-Vô-He”, Shin está livre de toda dependência zodiacal e trata-se agora de uma criação inteiramente sephirótica.
No ciclo Sepher Yetzirah corresponde ao elemento Ar.
Na ordem planetário não há correspondência específica.
1.4 Descrição Sephirótica:
Shin (21 = 2+1 = 3) relaciona-se com a Sephirah Binah em seu terceiro ciclo, assim, podemos constatar também a presença de Binah em Shim por ser a terceira letra do terceiro ciclo que vai de 19 a 21. Binah é representado na Árvore pelo signo de Sagitário (Ar do Fogo) o que se traduz em um exteriorizador das experiências ligadas ao elemento Fogo e que pode manifestar-se como a exteriorização da Vontade duplamente elencada: uma pelo ciclo que Binah ocupa e outra por ser a terceira Sephirah e letra deste ciclo.
Neste terceiro estado energético a ação divina se externa através do homem de forma inconsciente. Constatamos que Ghimel (3) é uma força Vô e Lamed (12 = 1+2 = 3) é o segundo He-Yod (Yod do segundo ciclo) de Ghimel (que é Vô), ao passo que Shin é o seu He (no segundo ciclo – o He do He-Yod Lamed). Em Reish (20 = 2+0 = 2 – He) é plantada a semente da divindade que é aceita pelo homem em sua missão redentora ao passo que em Shin (como He de Lamed que é He-Yod de Ghimel) temos o receptáculo em que a semente vai se desenvolver e tomar vida.
As três últimas letras têm a seguinte representação nos mistérios cristãos: 1) Qoph o nascimento do redentor do mundo, que o tomará em suas costas; em 2) Reish este homem predestinado toma consciência de sua missão, prepara seu corpo para o trabalho e por fim 3) Shin o filho do homem encarna o Cristo. Nas escrituras ocorre quando Cristo entra em Jesus de modo que as naturezas divina e humana trabalham juntas para a salvação do mundo, ou seja, o processo de utilização inconsciente do homem pela divindade agora se torna um processo consciente e o Mestre renuncia o Nirvana por amor a humanidade.
No processo evolutivo das letras temos que em Ghimel (3) Deus opera no inconsciente do homem; em Lamed (12) o homem busca a divindade, procura conhecer as suas Leis e as que movem o cosmos e, por fim, em Shin (21) Deus e o homem fazem contato, os véus são levantados e não há mais mistérios de modo que o home conhece as Leis e age de acordo.
O Shin se exalta tanto na regência do ciclo que compreende as três últimas letras Qoph (19), Resh (20), Shim (21), como no processo evolutivo das mesmas Ghimel (3), Lamed (12), Shin (21). Vale lembrar que nos mistérios cristãos: Binah refere-se ao Espírito Santo e ao menino Jesus que nasceu por graça e obra deste Espírito. Assim, após Bina ter realizado sua obra de criação do universo material, segue para o plano espiritual, se vê exaltada com a Luz que a princípio retivera de Hochmah e produz o parto espiritual onde surge um Ser limpo de pecado.
Axioma transcendente: “no seu segredo não entra a minha alma, nem no seu porto o meu navio”.
Horário: 12ª hora de Apolónio – “as torres de fogo inquietam; (esta é a entrada triunfal do Mestre na dita sem limites do Nirvana e à renúncia da dita nirvana por amor à Humanidade converte-o num Bodhisatwa de Compaixão”.
1.5 Significado no jogo
Esta carta nos transmite o resultado da loucura do homem que fracassa no seu trabalho de autorrealização intima do Ser, na destruição dos agregados psicológicos e elevação das serpentes pela coluna espinhal, mas também nos desvela o sublime mistério da encarnação da divindade no homem após este ter chegado a autorrealização plena.
Assim, no primeiro modo imprime que o caminho que está sendo tomado é tortuoso e leva ao abismo, mas em um segundo modo trata-se da manifestação divina no homem, em sua vida de modo que todo ocorrerá como deve ser e o futuro será visto com lucidez e o brilhantismo da inteligência rumo ao transcendente. Temos que em Resh, o julgamento, ocorre uma mudança de valores ao paço que em Shin se presencia a vocação de defender estes novos valores a fim de dar termo as empresas materiais.
1.6 Palavras chaves:
1.6.1 Manifestação Yod.
Manifestação divina, lucidez, Vontade indeterminada ou mal direcionada. Determinação de autodoação, loucura que pode dar certo.
1.6.2 Manifestação He.
Sentimentos vulgares de pouca duração, infidelidade, compromissos incertos, impulsos cegos.
1.6.3 Manifestação Vo.
Indeterminação, conselhos incertos, incapacidade para raciocinar.
1.6.4 Manifestação He.
Despreocupação, alienação, inconsciência, inocência, falta de domínio dos instintos.
1.6.5 O lado negativo da força.
Ultrapassar os limites de forma negativa, loucura, precipitação, obsessão, irresponsabilidade, subjugação pelos instintos, transtornos psíquicos, inflamações, abcessos, decadência, complicação, queda do arcano, fracasso na transmutação.
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A CABALA DE HAKASH BA HAKASH
Filosofia Metafísica Quântica Cabalística – TOMO I
ÀRVORE DA VIDA – OTZ CHIIM
ELEMENTOS, PLANETAS, SIGNO, TARO
Autor: Inácio Vacchiano