Ninguém sabe o nome desta cigana
Mas todos sabem que ela se veste de vermelho e que anda sozinha.
Se conta que muito tempo atrás
Ela foi uma cigana Kalon
Bela como um beija-flor.
CIGANA DA ESTRADA
Na carta da CarruagemPra quem é novo na pagina ou não conhece meu trabalho, as series de Desenhos de Pombagira ja São uma tradição minha que acontece todo ano, esta é Quinta edição, ou seja o quinto ano que as faço.
Mas vamos a falar dela:
Ninguém sabe o nome desta cigana
Mas todos sabem que ela se veste de vermelho e que anda sozinha.
Se conta que muito tempo atrás
Ela foi uma cigana Kalon
Bela como um beija-flor.
Os Kalon vieram para cá fugindo de perseguição
Que na Europa causava o terror.
No século dezesseis eles vieram de navio
Escondido nos porões como ratos
E foi nessa época que ela viveu.
Os ciganos sofriam grande perseguição na Europa
Mas a perseguição aqui tambem se deu.
Os portugueses colonizadores
Eram excelentes em causar dissabores
Eram racistas com todo o que fosse diferente
E tinham por desejo acusar os ciganos
Já que os tinham como inferiores e nisto eram crentes.
Ela, a donzela a Cigana
Era de pele tostada como diz sua raiz indiana.
O acampamento que ela pertencia
Era bem rígido em demasia
E as regras mais pesadas caiam
Sempre sobre as mulheres
Independe do que cada uma fazia.
Certa vez o óleo acabou
E a luz das lamparinas ia logo se acabar
Mas o chefe do acampamento disse
"Ande logo Ciganinha, vá para nós o óleo comprar"
E ela foi como andarilha
Atrás de encher as vasilhas
Com o óleo de acender
E após comprar na venda
Uma rica Dama a parou e disse
"Venha cá Cigana, contigo eu quero ter"
Quanto foi e a Dama pediu que lhe lesse a mão
A cigana temeu dizer que não
E atendeu
Mas a notícia que deu
Fez a Dama se revoltar,
A Cigana falava de coisas terríveis a acontecer
E a Dama raivosa se pôs a berrar
"Guarda venha cá, pois a boca dessa cigana está a me praguejar!"
O guarda chegou e na cigana desceu o safanão
E mesmo que ela dissesse que não
O homem na Dama acreditou.
"Tu és bruxa e na forca vou te pendurar, espere só o dia de amanhã raiar!"
Foi o que ele falou.
Ela foi atirada numa cela de cadeia
E a coitada sozinha se encolheu de medo e pavor.
Lá um outro guarda imoral
Fez a propostas sem o menor pudor
"Passe a noite comigo bela cigana, aqueça tu a minha cama e da forca escapará! Te levo embora logo cedo e na corda tu não há de balançar."
Ela ainda moça pura se viu sem escolha e aceitou
E o porco guarda o corpo dela usou,
Mas cumpriu com a palavra dada
E da cadeia ela escapou.
Logo antes do sol raiar
Ela e o guarda montaram
Num alazão e se poram a galopar
Ate que no acampamento de ciganos
Eles puderam chegar.
O chefe de lá logo estranhou
Ao ver a moça no cavalo do homem
Ele os dois questionou
E o guarda sem medir palavras tudo contou
Depois montou no cavalo e ela ali ficou.
O chefe sem dizer nada
Nela deu um bofetão
E então gritou
"Prostituta aqui não!"
E por mais que ela chorasse
E tentasse explicar
O chefe não hesitou em lhe abandonar
E levantou o acampamento
Deixando ela sozinha no tempo.
Ela muito magoada entendeu então
Que os homens era todos malvados
E que mais seguro era a solidão.
Virou andarilha solitária
Vivendo de aqui e ali ler do povo a mão.
Com o tempo veio a idade e ela mudou
Uma grande feiticeira se tornou
Mas mesmo com sabedoria
Nunca deixou de ser arredia.
Morreu muito velha
E numa beira de estrada
Alguem a enterrou.
Mas so que morreu foi a carne
Pois o espírito ainda é forte
Seu poder sobrepuja a morte
E ela ainda hoje anda por essa terra
Quem sabe se tu um dia
Tu ver uma andarilha seja ela?
Cigana da Estrada é misteriosa
Tem o dom de ser poderosa
A quem lhe pede ajuda com muita fé
Pois acredite meu amigo
Mesmo depois de quatrocentos anos
Cigana ela ainda é.
Quem quiser encomendar telas ou desenhos pode me chamar no whatsapp 11944833724
Obrigado!
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