Menina do Cabaré &
Menina da Calunga
Foi em uma noite fria sem lua
Que a morte chegou para elas.
Escuridão...
Breu...
Chegou da pior forma
Uma morreu pelo fogo
A outra pela água.
Menina da Calunga
Foi em uma noite fria sem lua
Que a morte chegou para elas.
Escuridão...
Breu...
Chegou da pior forma
Uma morreu pelo fogo
A outra pela água.
Acordaram no quinto dos infernos,
Coisa de Bruxa.
No meio daquelas criaturas
Elas gostaram do que viram.
E o direito de reencarnar? Negado!
A roda das encarnações para elas
Era um caminho fechado.
Se Dante um dia desenhou um mapa
De nove andares do Inferno
Elas estiveram lá para testificar isto.
Existiam então nove Meninas
Espíritos desencarnados
Que de tão terríveis
Levam fama de filhas do Diabo.
Nenhuma destas foi condenada
Pois não houve corrente forte
Ou cadeado de aço
Que as pudesse segurar.
As nove estão por ai.
Mas entre as nove destaco duas
A meretriz do Cabaré
E a Bruxa da Calunga.
Essas duas Meninas são fogo.
Menina do Cabaré foi criada
Na barra da saia de Maria Padilha
Que por ser o pior dos exemplos
Fez de Menina uma igual a ela.
Talvez não igual,
Talvez pior.
Padilha sempre quis evitar
Que a órfã viesse a se perder
Mas quando está no sangue não há
O que de jeito.
Menina do Cabaré se tornou
Uma marafona.
Messalina conquistadora.
Menina da Kalunga era um bruxa
Uma mocinha negra
De uma época onde os escravos
Eram recém libertos.
Foi criada aprendo a magia
De sua gente.
Nganga! Magia da floresta!
Porem os africanos que detinham
Certo poder
Seguiam uma lei de nunca usar
Isto para fazer mal.
Os africanos eram curandeiros
E não feiticeiros.
Mas Menina da Calunga era jovem
Demais, inconsequente.
Usou a magia para prender,
Amarrar o coração dos homens.
Usou tudo que aprendeu para
Manipular o destino
E assim encher os bolsos de ouro.
Menina da Calunga se tornou
Uma marafona.
Messalina conquistadora.
Tanto Menina do Cabaré
Quanto Menina da Calunga
Cometeram um erro,
Desrespeitaram o coração dos outros.
Quando um coração é ferido
O vermelho da paixão escurece
E se torna negro, Ódio.
Elas foram odiadas.
Menina do Cabaré se fidou
Em um incêndio.
Cheia de inimigos
Trancaram as portas do Cabaré
E tocaram fogo com ela dentro.
Quem fez isto com ela?
Uma outra rameira que se consumia
De inveja.
Menina da Calunga se findou
Afogada.
Um dos homens que enfeitiçou
Saiu do controle
E em uma noite de festa ela
Se deixou embebedar
E ele a atirou em um poço
Cheio de água
Para que com a morte dela
O do feitiço que ele era vítima
Pudesse se libertar.
As duas morreram
Nem vinte anos tinham ainda...
Mas o espírito vingou
A morte não as barrou
E nem pudera contra elas!
E hoje são chamadas Pombagiras!
E por ainda serem
Um tanto inconsequentes
Por muitas da mesma laia
Elas são temidas.
Saravá a falange das Meninas
Que nem a cabra preta compete
Nem as 13 almas as intimidam!
Saravá as jovens
Que fazem mais coisas que as velhas!
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