quinta-feira, 19 de maio de 2022

ARRUDA, ALECRIM E GUINÉ – O TRADICIONAL BANHO DE ERVAS.

 

ARRUDA, ALECRIM E GUINÉ – O TRADICIONAL BANHO DE ERVAS.

Na Umbanda é muito comum utilizar-se de banhos de ervas para os mais diversos fins, descarregos, propiciatórios, protetivos, entre outros. E o banho mais comum que encontramos sendo aconselhado nos terreiros é o de Arruda, Alecrim e Guiné, as vezes com algumas variações, adicionando-se rosas brancas e mais uma ou outra erva, mas seguindo sempre essa estrutura básica. Vamos abordar essas ervas e tentar montar um estudo sobre o poder de ação desse banho tão popular.

ALECRIM

“O alecrim (Rosmarinus officinalis) é um arbusto comum na região do Mediterrâneo ocorrendo dos 0 a 1500 m de altitude, preferencialmente em solos de origem calcária. Devido ao seu aroma característico, os romanos designavam-no como rosmarinus, que em latim significa orvalho do mar.” – Wikipédia
 
Segundo Adriano Camargo
 
“Ao alecrim é atribuído um caminho fantástico até sua chegada ao uso ritual brasileiro: incensou e embalsamou os reis egípcios; escondeu e protegeu nossa senhora e o menino Jesus na fuga para o Egito; foi queimado na Idade Média como profilático para que a peste não se alastrasse; ativou a memória dos gregos e simbolizou sua juventude; foi dissecado, estudado e pesquisado por médicos da antiguidade e da modernidade, entre dezenas de outros feitos considerados ao rosmarinus e que lhe consagram como uma das mais famosas ervas aromáticas.”
 
É usada também na culinária como tempero, muito cultuada na cozinha mediterrânea (tida como uma das mais saudáveis do mundo) tem um aroma agradável e duradouro. É usada também junto com vinagre e azeite de oliva. Usada principalmente na preparação de aves, caça, carne de porco e batatas. Também é usado com cordeiro e vitelo.
 
No conhecimento popular, é usada como estimulante para pessoas com febre e com tosse, e para casos de má digestão. Auxilia também, através do seu aroma, a concentração e o funcionamento da memória.
 
No uso ritual, é bem comum usá-lo em banhos e defumações. Tem propriedades equilibradoras e tranquilizadoras, é chamada de a erva da alegria. Ajuda a trazer clareza e iluminação em momentos conturbados e de tristeza. Tem a influência dos seguintes Orixás: Oxóssi, Oxalá, Oxum, Iemanjá e Ogum.

ARRUDA

“A arruda (Ruta graveolens) é uma planta da família das Rutáceas. Subarbusto muito cultivado nos jardins em todo o mundo, devido às suas folhas, fortemente aromáticas. Atinge até um metro de altura, apresentando haste lenhosa, ramificada desde a base. As folhas são alternas, pecioladas, carnudas, glaucas, compostas, de até 15 cm de comprimento. As flores são pequenas e amareladas. O fruto é capsular, de quatro ou cinco lobos, salientes e rugosos, abrindo-se superior e inteiramente em quatro ou cinco valvas.”
É uma das mais clássicas ervas ritualísticas, devido a seu forte cheiro é considerada naturalmente como um afastador de mau-olhado. O costume popular diz que devemos colocar um galho de arruda atrás da orelha para afastar as energias de inveja de nós. Também é muito utilizada pelas rezadeiras e benzedeiras.
Sua frequência vibratória é muito semelhante a do duplo-etérico do ser humano, então podendo ser associada para cortar laços energéticos negativos, assim como também desimpregnar larvas astrais e miasmas. Sua cor vibratória é um vermelho vivo e intenso.
Por ser uma erva com efeito emenagogo, é recomendado que seu uso seja externo, pois pode causar hemorragias e também possui efeitos abortivos. Seu uso em pó ou um forte chá (uso externo) também é recomendado contra piolhos. Neste caso faz-se a infusão com as folhas frescas ou secas da erva e depois lava a cabeça com esta.
Já na antiga Grécia era usada para afastar doenças contagiosas, e também era usada pela igreja primitiva para espargir água-benta nos fiéis.

No uso ritualístico tem um alto poder de limpeza, e é empregada em banhos e defumações. Tem em sua frequência energética as funções purificadoras e consumidoras. Sua vibração provém dos Orixás Xangô e Egunitá (Oro-Iná).

GUINÉ

“A Guiné ou Rabo de Gambá (Petiveria tetrandra) é um arbusto ou subarbusto de cerca de meio a um metro de altura, de ramos angulosos, sulcados-estriados, pubescentes ou quase glabros, subflexuosos, dilatados nos nós.” – Wikipédia

Erva mais que popular dentro dos cultos religiosos. Segundo Adriano Camargo: “Uma erva tão importante para o uso religioso que, na Umbanda, muitas falanges se formam usando seu nome como base, como caboclo guiné, preto velho pai guiné, etc. E aparece em centenas de pontos cantados na Umbanda e linhos entoados no Catimbó.”

Tem ação cortante, podendo dizer que tem até uma natureza metálica em sua assinatura energética. Por isso é tão temida pelas hostes do baixo astral. Tem uma ação profunda, cortando negativismos de locais e também de espíritos com emocional desequilibrado. É indicada para limpezas pesadas, para cortar demandas e negativismos, para cortar cordões energéticos negativos (usando como bate-folhas), para quebrar cascões energéticos, liberar infestações parasitárias astrais, perfurar as muralhas energéticas densas e também curar desequilíbrios. Ritualisticamente é empregada em banhos, bate-folhas, defumações e também usada em forma de pó para benzimentos e descarregos. Um bom uso da guiné é em escalda-pés, para aqueles dias difíceis onde parece que tudo acumulou sobre você. Tem a regência vibratória de Oxóssi e Ogum. 

Por ser tóxica em altas doses é recomendado apenas seu uso de forma externa. Em altas doses, caso ingerido, pode provocar hemorragias e abortos, até podendo segundo alguns causar loucura por uso contínuo. 

É também recomendada, pela medicina popular, contra picada de insetos e sarna. Neste caso coloca-se as folhas e galhos imersos em álcool, e deixe repousar por no mínimo 15 dias. Depois, caso ocorra alguma picada, passar o álcool c/ ervas em cima da picada ou no foco da sarna.

Vamos agora entender a natureza desse banho com as ervas combinadas, seguindo a metodologia explicada pelo Erveiro, onde existem Ervas Quentes, Ervas Mornas e Frias ou ainda Agressivas, Equilibradoras e Específicas.

Segundo esses estudos sabemos que em um banho de natureza de descarrego e limpeza, que seja de uso habitual, devemos colocar ao menos uma erva equilibradora ou morna, para quebrar um pouco a característica totalmente agressiva das outras ervas. Neste banho, é comum ser receitado para limpeza energética e para criar um campo de proteção em volta da pessoa. Então temos duas ervas Quentes ou Agressivas: Arruda e Guiné; e uma erva equilibradora: Alecrim.

A arruda entraria como um limpador, queimando e consumindo todas as cargas energéticas densas em volta do duplo da pessoa, pois pela sua natureza vibratória próxima da aura humana, é mais fácil de ‘entrar’ na mesma, retirando esses acúmulos negativos. A guiné viria em seguida, com seu efeito cortador, removendo todos os cordões energéticos negativos, e também retirando aquilo que a arruda não conseguiu atingir. A guiné também trabalha com sua propriedade curadora, ‘tapando’ os buracos deixados no duplo e nos corpos energéticos. E o alecrim vem para dar equilíbrio e harmonia a toda essa mistura e também como um energizador, já que a limpeza foi profunda.

Vejam só toda a ação que se tem com apenas três ervas simples que podem ser plantadas em vasinhos e deixadas em qualquer local, seja apartamento ou casa.

 Fonte de Pesquisa: Rituais com Ervas – Banhos, Defumações e Benzimentos – Adriano Camargo; Editora Livre Expressão. Compre o livro, vale todo o investimento.