sexta-feira, 12 de agosto de 2022

OLOKUN – NINGUÉM SABE O QUE HÁ NO FUNDO DO MAR

 

OLOKUN – NINGUÉM SABE O QUE HÁ NO FUNDO DO MAR

OLOKUN se relaciona com a estabilidade da pessoa em relação a seus anseios na vida, impotências pessoais, saúde e OLOKUN irradia o necessário para que a pessoa alcance sua firmeza na vida em todos os aspectos.

Adicionalmente o relacionam com as riquezas, já que OLOKUN é imensamente rico e é dono de todas as riquezas do mar. A riqueza a que nos referimos é o que se tem mais valor na vida, saúde, amizades verdadeiras, amor, família, etc., e por que não, de acordo com o merecimento de cada um, melhoras na vida material também. Assim como o mar nunca seca, sua capacidade de proporcionar alimento aos seres humanos nunca se acaba. Deseja-se que OLOKUN traga para a vida da pessoa o necessário para que sempre tenha o seu alimento e seu sustento e não que nunca acabe a fonte de onde tirá-los, além de ter sempre muita saúde para que possamos continuar nosso trajeto nessa vida.

SIGNIFICADO DAS FERRAMENTAS DE OLOKUN

O PORRÃO OU SOPEIRA E AS 9 (NOVE) PEDRAS, ARREFICES – significa a superfície e profundidade do mar, a estabilidade da pessoa que o recebe e suas riquezas e segredos que se escondem nas profundidades do mar.

AS DUAS MÃOS DE CARACÓIS (BÚZIOS) UMA ABERTA E OUTRA FECHADA – representa os dois guerreiros de OLOKUN que defendem suas batalhas e protegem o ORIXÁ e o seu dono.

As ferramentas de OLOKUN são prateadas ou de chumbo, se utiliza o chumbo já que é um metal que o sal não pode destruir.

UMA BONECA, COM 8 POLEGADAS DE ALTURA – em seus braços está a representação dos espíritos que acompanham OLOKUN.

No braço direito uma serpente que significa AKARÓ (que representa a vida). No braço esquerdo uma máscara que significa SOMÚ GAGÁ (que representa a morte).

UMA LUA CHEIA – simboliza a procriação desse ORIXÁ.

UMA MEIA LUA – significa a alegria contagiosa desse ORIXÁ nessa vida.

UM SOL – representa o respeito pelo criador e dessa maneira, lembrar o ORIXÁ que não deve destruir o mundo).

UM TIMÃO DE BARCO – significa a boa mãe e bom pai com seus filhos, já que estes levam os humanos pelo caminho correto.

UM PAR DE REMOS – significa os esforços nessa vida terrenal para atingir seus objetivos).

UMA SEREIA PEQUENA – Representam sua beleza, mistérios do ORIXÁ e suas filhas OLOSÁS e OLONAS (ninfas do mar).

 

OLOKUN NOS PROPORCIONA A PAZ, ESTABILIDADE E PROSPERIDADE NA VIDA QUE NOS FAZ FALTA.

 

O PRIMEIRO OLOKUN NO NOVO MUNDO

FERMINA GÓMEZ – OSHA BI

OLORIXÁ ONI YEMANJÁ nascida em MATANZAS, CUBA.

Foi consagrada por MA MONSERRATE GONZÁLEZ, quem a transmitiu tudo o conhecimento sobre os ORIXÁS de origem EGBADO. Foi muito respeitada pelo amplo conhecimento que tinha sobre os ORIXÁS EGBADO, anteriormente mencionado. OLOKÚN, BROMU, ODUDUWÁ, entre outros.

Responsável pela continuação do CULTO a OLOKUN em CUBA.

O AXÉ de FERMINITA ainda perdura em sua descendência. Sua herança enquanto a Metodologia e iniciações religiosas se mantém, constituindo-se em uma das referências obrigatórias, tanto para IWORÓS (olorixás) como para BABALAWÓS.

Foi tão imenso o poder de seu OLOKUN, que a mesma FERMINITA possuía uma saúde invejável, tanto que consagrou seu último afilhado aos 86 anos. Faleceu quando estava com mais de 106 anos e em suas honras participaram inúmeras personalidades, tanto de classes privilegiadas como de sua descendência religiosa.

Ela ensinou a religião a muitos OLORIXÁS que ainda seguem suas tradições e cabe dizer que na maioria das casas seu nome é mencionado na mojuba em sua memória.

Recebeu de OBATERO o segredo de OLOKUN.

Entregou os primeiros fundamentos de ORISHAOKO e OLOKUN. Seu OLOKUN estava em uma casa fechada que ela cuidava com muito zelo. O cobria com sete panos de distintos tons de azul, rodeado de areia, cavalos do mar dissecados, estrela do mar, arrecifes e instrumentos de pesca.

OBATERO colaborou ativamente com YENYE T’OLOKUN, de quem presumidamente recebeu grande fluxo de informações em torno dessa deidade, outro dizem que ela os trouxe da ÁFRICA, mas sendo ela EGBADO, não é provável, pois OLOKUN, embora assim se acredite, não era uma deidade desse local, como por exemplo, YEWÁ, ODUDUWÁ, OBATALÁ, etc.)

FERMINA foi consagrada em ORIXÁ aos 20 e poucos anos de idade, ou seja, mais ou menos no ano de 1875 e o primeiro OLOKUN de IFÁ na Ilha de CUBA, foi passado por ela a TATA GAITÁN OGUNDA FUN na década de 30 do século XX (1937, segundo alguns dados). TATA GAITÁN era neto de YENYE T’ÓLOKUN e foi dela que recebeu os dados, que lhe permitiram “recriar” o ORIXÁ.

Suas cerimônias de OLOKUN eram muito famosas. Vinham pessoas de muitos lugares de CUBA, incluindo HAVANA e PALMIRA (hoje em dia Província de CIENFUEGOS). As celebrações começavam as vésperas do dia 24 de setembro e duravam por três dias. Havia um rito secreto acessível somente a pessoas “especiais”. Durante esses ritos, tocavam-se os único ILU OLOKUN (tambores) que se conservam em CUBA até os dias de hoje. Ainda estão na casa de herdeiros de FERMINA (OBÁ TOLÁ, ALFREDO CALVO, ALA AGANJÚ). Também ali estão YEWÁ de FERMINA e seu ODUDUWÁ (ambos orixás de descendência EGBADO).

Evidentemente praticava outro estilo religioso, não habanero. Muitos vinha receber OLOKUN com ela.

FERMINA GOMEZ morre em 1950 e ainda há pessoas que a conheceram em pessoa. Seus conhecimentos sobre OLOKUN eram legitimamente de OXA.

 

Ifá Ni L’Órun