O orixá Logun Edé: história, saudação, oferenda e mais!
Quem é Logun Edé?
O guerreiro Logun Edé, ou Logunedé, é um orixá do Candomblé, religião de matriz africana muito difundida no Brasil. Seu nome se origina da sua cidade de nascimento, que é justamente Edé, na Nigéria.
Mesmo sendo o menor de todos os orixás e até confundido com uma criança pela sua baixa estatura, Logun Edé é um dos mais nobres caçadores do Candomblé. Portanto, é muito corajoso, poderoso e bravo.
Além disso, este orixá tem algumas características muito parecidas com as de Ogum. Portanto, seu jeito explosivo, impiedoso e sanguinário é um dos seus pontos mais evidentes e observados. Assim, ele é um dos orixás mais fortes e um bravo guerreiro.
Leia esse artigo e confira tudo sobre Logun Edé!
A história de Logun Edé
Assim como todos os orixás das religiões de matriz africana, Logun Edé tem duas origens na Umbanda, a partir de Oxum e Oxóssi. Além disso, foi criado por Iansã e Ogum, mas teve um reencontro com sua mãe, Oxum. Confira mais a seguir!
■Logun Edé na Umbanda
Logun Edé é um dos orixás mais conhecidos da Umbanda, sendo um guerreiro caçador muito temido, respeitado, sanguinário e imponente. Além disso, é um dos orixás mais bonitos, sendo essa uma das suas principais características.
Na Umbanda, Logun Edé é o orixá que representa a riqueza. Suas vestimentas são compostas por panos e peles de animais, normalmente de leopardo, que é o animal associado a ele pela graça, a força e a beleza.
Na cabeça, ele leva uma tiara com grandes penas azuis. Além disso, como o guerreiro que é, leva ao corpo uma lança, um arco, uma flecha e um espelho.
■Sua origem a partir de Oxum e Oxóssi
Por ter uma história muito antiga, com partes originárias de outro continente e até com outros idiomas envolvidos, existem algumas discordâncias em relação à origem de Logun Edé.
Esta discordância está na afirmação de quem é seu pai: Oxóssi, Ogum ou Erinlé. Afinal de contas, Logun Edé teria tido uma relação muito próxima, quase paternal, com Ogum, mas o mais aceito é que ele é filho de Oxóssi.
Entretanto, sobre a maternidade, não há dúvidas de que a mãe de LogunEdé é Oxum, patrona da fertilidade, da beleza e da sensibilidade. Diante disso, tem-se a filiação deste orixá.
■Criado por Iansã e Ogum
É sabido que Logun Edé foi abandonado em um rio, quando ainda era criança. Assim, não teve a presença de seus pais, Oxum e Oxóssi, durante toda a vida.
Apesar disso, ele desenvolveu uma relação muito próxima com Ogum, depois de esse orixá ter o encontrado. Ogum, assim como Logun Edé, é um orixá guerreiro e valente.
Além disso, outra orixá que participou da criação do guerreiro, como figura feminina, é Iansã. Ela é a deusa das tempestades e dos vendavais, além de também ser uma guerreira.
■O reencontro com sua mãe Oxum
Logun Edé, jogado no mar quando era apenas uma criança, perdeu-se de sua mãe, Oxum, e foi criado por Iansã e Ogum, que o encontraram no leito do rio. Entretanto, Oxum sequer sabia que seu filho estava vivo, pois achou que ele tinha morrido afogado no rio.
Já adulto, Logun Edé teve curiosidade e foi para a floresta, quando encontrou um rio que parecia estar chamando-o. Assim, parou na beira do rio e ficou olhando o seu reflexo, até perceber a figura de uma mulher, que acabou por suas Oxum, sua mãe.
■O sincretismo de Logun Edé
Assim como todos os outros orixás das religiões de matriz africana, Logun Edé é fruto da mistura com outras religiões. Portanto, esse orixá tem influência do Catolicismo, com Santo Expedito e São Miguel Arcanjo, e até mesmo da mitologia grega, com Hermafrodito.
■Santo Expedito
Santo Expedito é da Igreja Católica, o santo das causas emergentes e perdidas. Entretanto, apesar de ser canonizado, existem dúvidas a respeito da sua real existência.
Todavia, a história conta que Santo Expedito era um soldado do exército que decidiu se converter. Entretanto, no caminho, avistou um corvo que lhe disse para deixar a conversa no outro dia, mas ele matou o corvo e seguiu em frente.
Contudo, depois de assumir a sua fé em Deus, Santo Expedito foi morto pelo exército. Assim, ele foi tido como um homem corajoso e que não desistiu de professar sua fé. Dessa forma, a coragem vista nele e em Logun Edé é o motivo do sincretismo.
■São Miguel Arcanjo
Os arcanjos são o mais alto cargo angelical na ordem divina e celestial. Eles são grandes guerreiros, responsáveis por guardar e proteger o Reino dos Céus. São Miguel Arcanjo é um desses guerreiros celestiais. Aliás, foi o chefe dos sete arcanjos durante a rebelião no céu, e lutou e derrotou o mal, expulsando Lúcifer do céu e mandando-o para o inferno.
Portanto, o sincretismo religioso das duas figuras religiosas advém do porte de guerreiro corajoso de São Miguel Arcanjo, que se assemelha ao de Logun Edé, o orixá caçador e guerreiro.
■Hermafrodito da mitologia grega
Hermafrodito, filho de Afrodite, deusa do amor, e de Hermes, deus dos viajantes, era um ser que tinha os dois sexos em seu corpo, ou seja, era do sexo feminino e masculino.
Segundo a mitologia grega, ele era um lindo rapaz, quando teve relações com a ninfa Salmacis, divindade que habita rios, riachos e cachoeiras. Portanto, a partir deste momento, o filho dos dois deuses se tornou Hermafrodito.
Assim, a religião afro-brasileira resgatou essa característica da mitologia grega e a aplicou em Logun Edé. Quando passa 6 meses com o pai, ele é um homem e, no resto do tempo, quando está com a mãe, é uma mulher.
26px; margin-bottom: 10px; margin-top: 20px; padding-bottom: 11px; word-break: break-word;">Características de Logun EdéLogun Edé tem características particulares que o diferenciam dos outros orixás da Umbanda. Então, entre elas, está a sua vaidade, sua sabedoria e o fato de ser o senhor da pesca. Confira mais a seguir!
■Senhor da Pesca
Primeiramente, para entender a designação de "Senhor da Pesca", é preciso entender a origem de Logun Edé. Ele passa 6 meses com o pai, Oxóssi, e 6 meses com a mãe, Oxum, na água doce.
Portanto, esse convívio frequente com a mãe e a sua aproximação com as águas conferiram a ele uma intimidade muito grande com a água e com tudo o que ela produz e oferece.
Assim, ele conquistou o título de Senhor da Pesca na Umbanda. Essa é uma característica particular que vem do seu lado materno e que não tem relação com o sincretismo.
■A vaidade de Oxum
Oxum é a grande mãe dos orixás, sendo a maior figura feminina na Umbanda. Ela apresenta-se como uma mulher bonita e bem-vestida, com panos brancos no corpo e na cabeça.
Além disso, é retratada com várias joias, por ser a deusa das pedras preciosas e da riqueza, e também é mostrada com um espelho na mão, enquanto amamenta uma criança no rio.
Em algumas situações, Logun Edé também aparece com um espelho em mãos, representando a vaidade. Afinal de contas, foi de sua mãe que ele herdou essa característica.
■A sabedoria de Oxóssi
Oxóssi, pai de Logun Edé, é o orixá da caça, que é conhecedor da floresta e grande guerreiro. Assim, ele é um guardião da mata e protege a fauna e a flora existentes lá. Entretanto, não é só sobre a floresta que está ligada a sabedoria de Oxóssi. Este orixá representa também as características mentais que estimulam o conhecimento.
Segundo ele, é preciso conhecer o mundo para conhecer a si mesmo e, assim, ajudar ao próximo. Portanto, a sabedoria de Logun Edé foi herdada de seu pai, Oxóssi, o guerreiro caçador.
■Não possui qualidades
Logun Edé tem diferentes características, influenciadas principalmente por sua mãe, Oxum, a deusa dos rios, e também por seu pai, Oxóssi, o deus guerreiro da caça.
Entretanto, ele também é um orixá que não precisa definir suas características, pois, por ter as duas energias, a do pai e a da mãe, mais a dele próprio, ele pode tornar-se o que quiser e quando quiser.
Assim, é o único entre os orixás que não possui qualidades específicas. Sua origem dual permite transformações que podem trazer outras características distintas.Para se relacionar com Logun Edé, existem alguns caminhos que podem ajudar a conseguir alcançar a sua graça e agradar este orixá tão poderoso. Alguns deles são: o dia do ano, a saudação, o símbolo e, com toda a certeza, as oferendas. Confira cada um a seguir!
■Dia do ano de Logun Edé
Os orixás têm dias do ano em que são celebrados e recebem oferendas e, neste dia, estão mais propensos a atenderem pedidos de seus devotos.
Apesar disso, é possível celebrá-los todos os dias, mas, nesses em específico, a celebração é especial. Portanto, seguindo o sincretismo religioso com Santo Expedito - o santo católico -, o dia de Logun Edé também comemora-se no dia 19 de abril.
Além disso, em 19 de abril também é celebrado o "dia do Índio", o Brasil. Embora nada seja confirmado, o status de caçador e protetor das águas de Logun Edé pode ter sido associado aos indígenas e, por isso, há a coincidência da data.
■Dia da semana de Logun Edé
Os orixás podem e devem receber homenagens em outros dias do ano, além dos seus dias especiais. Entretanto, existem dias da semana certos para os devotos fazerem oferendas às suas entidades.
Em outras culturas, como a nórdica e a grega, o dia de quinta-feira é conhecido como o dia dos trovões e das tempestades. Aliás, a origem do nome deste dia da semana traduz-se como o dia de Júpiter ou de Thor, deuses dos trovões.
Apesar disso, na Umbanda e no Candomblé, o dia escolhido para homenagear Logun Edé é a quinta-feira.
■Saudação a Logun Edé
As saudações são parte essencial do culto aos orixás e às entidades das religiões afro-brasileiras. Assim, para cada um dos orixás, existe um cumprimento especial chamado de saudação.
Estas devem ser ditas exatamente para saudar os orixás e celebrar a sua presença, quando se manifestam. Dessa forma, Logun Edé também é recebido com uma saudação especial.
Existem duas versões da saudação de Logun Edé. Primeiramente, a mais conhecida que é “Loci, Loci Logun”. Além disso, existe o “Logun ô akofá”. Embora sejam diferentes, as duas querem dizer a mesma coisa: príncipe guerreiro.
■Símbolo de Logun Edé
Logun Edé, assim como outros orixás do Candomblé, tem símbolos que remetem a sua natureza, sua personalidade, seus princípios e até sua origem.
Nesse sentido, Logun Edé tem símbolos que fazem referência ao seu porte de guerreiro caçador. Primeiramente, tem-se os símbolos da lança de caça e do facão, fazendo alusão clara ao seu status.
Além disso, Logun Edé carrega símbolos com nomes de origem africana. São eles o Ofá, uma arma que assemelha-se com a junção do arco e da flecha ou um arpão, e o Oguê, um objeto feito de chifre de boi utilizado como instrumento e também para atrair fartura.
■Elemento de Logun Edé
Segundo contam as histórias na Umbanda e no Candomblé, Logun Edé, depois do reencontro com a sua mãe, começou a passar metade do ano em um lugar e a outra metade em outro.
Diante disso, ele mora 6 meses na terra com seu pai, Oxóssi. Assim, passa esse tempo aprendendo sobre a floresta, caçando e protegendo a fauna e a flora da mata. Portanto, passa os outros 6 meses com sua mãe, Oxum.
Então, com sua mãe, deusa dos rios, Logun Edé passa 6 meses embaixo da água, aprendendo a pescar. Assim, seus dois elementos são justamente a terra e a água, fazendo referência a seus pais.
■Cores de Logun Edé
As religiões de matriz africana, de fato, têm como uma de suas principais características o uso de cores alegres, sólidas, fortes e muito bonitas. Assim, os orixás têm tons dos quais mais gostam e que devem ser utilizados.
Nesse sentido, no caso de Logun Edé, suas cores favoritas são o azul e o amarelo. Essa combinação encontra-se nas suas roupas, com o amarelo da pele do leopardo e o azul das penas de pássaros na sua cabeça.
Entretanto, existe uma particularidade: quando alguém for incorporar esse orixá, as cores utilizadas devem ser o branco e o vermelho, mas principalmente o vermelho.
■Comidas de Logun Edé
15px; line-height: 24px; margin: 0px 0px 10px;">As entidades ou os orixás têm muitas semelhanças com os seres humanos. Ao contrário de outras religiões que procuraram santificar suas divindades, no Candomblé, eles não são desumanizados e compartilham muitas características com seus devotos.
Aliás, uma delas é o gosto pela comida. Com toda a certeza, os orixás apreciam ser presenteados com seus pratos favoritos em oferendas. Portanto, é preciso conhecê-las.
No caso de Logun Edé, o feijão-fradinho, o milho, a cebola, os ovos e o azeite são os seus favoritos. Além disso, algumas pessoas gostam de incrementar a oferenda com camarão e coco.
■Oferendas a Logun Edé
No Candomblé, as oferendas são um jeito de agradecer as entidades e os orixás, pedir por bênçãos ou por ajuda em algum aspecto da vida. Além disso, servem também para simplesmente celebrar a presença dessas divindades.
Portanto, na hora de preparar uma oferendam precisa-se conhecer o orixá a quem se destinará aquela oferenda, suas preferências e até as coisas das quais ele não gosta.
No caso de Logun Edé, os alimentos que podem irritá-lo são: galo, bode, cabrito, mel e manga. Agora, seus favoritos são: feijão-fradinho, camarão, cebola, azeite de dendê, ovos e coco.
Características dos filhos de Logun Edé
Ser filho de um orixá no Candomblé ou na Umbanda quer dizer que aquela pessoa está sob influência de uma determinada divindade. Portanto, carrega algumas características que vêm destes seres sagrados na sua personalidade. Para saber mais sobre esses indivíduos, leia os tópicos a seguir!
■Personalidade artística
Os filhos de Logun Edé têm tendência a ter um olhar artístico muito aguçado. Eles gostam de trabalhar nas suas obras, a fim de deixá-las em sua melhor versão.
Além disso, eles sempre estão em busca da perfeição nas suas produções. Essa característica vem diretamente de Logun Edé, que é muito vaidoso e um dos orixás mais belos das religiões afro-brasileiras Candomblé e Umbanda.
Portanto, embora essa seja uma boa característica, estes filhos devem tomar cuidado para não exagerarem no perfeccionismo e se tornarem frustrados ou desgostosos com as artes que fazem.
■Contradição e instabilidade
O próprio Logun Edé tem a reputação de ser instável e de apresentar contradição. Portanto, isso tem uma explicação. Afinal de contas, Logun Edé carrega três energias diferentes: a de seu pai, Oxóssi, a de sua mãe, Oxum, e a sua.
Assim, a junção das três energias, uma ligada à água, outra ligada à terra e uma terceira, que pode ser apenas o que ele quiser ser, causa estranheza em algumas pessoas, que não entendem a sua natureza.
Portanto, seus filhos também têm essa característica de conseguir mudar sua natureza de forma simples. Assim, acabam ficando conhecidos pela instabilidade e a contradição.
■Fluidez entre gêneros
A história sobre a infância de Logun Edé difundiu-se muito. De acordo com as crenças, ele separou-se de seus pais na infância, quando jogaram-no em um rio.
Assim, quando, já adulto, reencontrou sua mãe, ele passou a dividir seu tempo entre a casa do pai, a floresta, e a da mãe, os rios. Outra parte desta história afirma que Logun Edé se torna uma mulher, quando está com sua mãe, e volta a ser um rapaz, quando vai para a floresta.
Portanto, esse orixá é de gênero fluído. Ou seja, ele pode se identificar como homem ou mulher, de tempos em tempos.
■Luxo e estilo
Existe uma inverdade que ronda as crenças do Candomblé e da Umbanda a respeito de Logun Edé. Assim, algumas pessoas acreditam que ele é uma criança ou um adolescente e que é feio e baixo.
Entretanto, nenhuma dessas histórias é verdade. Aliás, Logun Edé é um homem grande e forte e um dos orixás mais bonitos do Candomblé. Além disso, ele é o orixá da riqueza e, por isso, anda sempre bem-vestido e arrumado.
Portanto, com seus filhos, isso não é diferente. Eles têm a fama de se importarem muito com luxo e estilo. Por isso, ligam-se aos bens materiais e às tendências da moda.
O que a ambiguidade de Logun Edé nos ensina?
Como um orixá que pode transitar entre várias energias, Logun Edé tem diferentes experiências e conhecimentos e muita liberdade para se relacionar com a natureza. Assim, pode absorver tudo o que ela tem para ensinar e oferecer.
Dessa forma, ele não está preso a apenas uma personalidade ou um gênero e até tem influências maternas e paternas variadas. Dessa forma, ele demonstra sua figura diversa, cheia de cultura e ensinamentos.
Nesse sentido, a ambiguidade de Logun Edé ensina a não prender-se a uma única coisa e que nada é imutável. Portanto, as variações são saudáveis e importantes para o crescimento e o amadurecimento do indivíduo.