Animismo e Mistificação
A mistificação pode ser provocada por encarnados e desencarnados
O verbo mistificar significa “abusar da credulidade de; enganar, iludir, burlar, lograr, embair, embaçar”. Quem quer que se dedique à prática da mediunidade deve estar atento a essa ocorrência. A mistificação pode ser provocada pelo encarnado e também pelos desencarnados. Em ambos os casos, é preciso cautela para não se deixar ludibriar.
As mistificações constituem, segundo Kardec, os escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático. É simples, porém, o meio de evitá-las: basta não pedir ao Espiritismo senão o que ele possa dar. Ora, sabendo que a finalidade maior do Espiritismo é o melhoramento moral da Humanidade, dificilmente seremos enganados se não nos afastarmos desse objetivo, visto que não existem duas maneiras diferentes de se compreender a verdadeira moral.
Dessa forma, cientes de que os Espíritos superiores procuram sempre nos instruir e nos guiar no caminho do bem, saberemos rejeitar qualquer instrução que objetive apenas proporcionar-nos vantagens materiais ou favorecer nossas paixões mesquinhas, visto que instrução desse quilate não pode provir dos Benfeitores Espirituais comprometidos com a causa do bem e do progresso.
Os Espíritos levianos, no entanto, gostam de imiscuir-se em nossa vida e causar pequenos desgostos e induzir-nos maldosamente em erro, por meio de intrigas, mistificações e espertezas. A astúcia dos Espíritos mistificadores ultrapassa às vezes tudo o que se possa imaginar. A arte com que dispõem as suas baterias e combinam os meios de persuadir seria algo bastante curioso se nunca passassem dos simples gracejos; contudo, as mistificações podem ter consequências bem desagradáveis e prejudicar muita gente.
No animismo quem opera o fenômeno é o próprio médium
Entre os meios que tais Espíritos empregam podem ser colocados na primeira linha, como sendo os mais frequentes, os que têm por fim testar a cobiça, como a revelação de supostos tesouros, o anúncio de heranças inesperadas ou outras fontes de riqueza. Devem ser consideradas igualmente suspeitas as predições com época determinada e todas as indicações precisas relativas a interesses materiais.
É preciso que não se deem os passos prescritos ou aconselhados pelos Espíritos quando o fim não seja eminentemente racional. Importante também não se deixar deslumbrar pelos nomes que certos Espíritos tomam para dar aparência de veracidade às suas palavras. Cumpre, por fim, desconfiar de teorias e sistemas ousados e de tudo o que se afastar do objetivo moral das manifestações. Estes são, em tese, os meios de se evitar a mistificação na prática espírita.
Diferentemente da mistificação, que não passa de um logro, de uma burla, de uma farsa, o animismo é o estado ou fenômeno em que a própria alma do médium opera, em vez de um Espírito a ele estranho. Não se trata, portanto, de um fenômeno mediúnico, mas de um fenômeno anímico – vocábulo que tem sua origem em “anima”, que significa alma.
A cristalização da nossa mente em determinadas situações pode motivar, no futuro, a manifestação de fenômenos anímicos, do mesmo modo que tal cristalização ou fixação, se realizada no passado, pode exteriorizar-se no presente.
Não podemos confundir mistificação com animismo
Muitas vezes, aquilo que se assemelha a um transe mediúnico, com todas as aparências de que existe a interferência de um desencarnado, nada mais é do que o médium revivendo cenas e acontecimentos recolhidos de seu próprio mundo subconsciencial, fenômeno esse motivado pelo contato magnético, pela aproximação de entidades que lhe partilham as experiências pretéritas.
Não se deve, pois, confundir mistificação com animismo. Na primeira, temos a mentira; no segundo, o desajuste psíquico. Poderíamos enquadrar tal fenômeno no quadro da mistificação inconsciente? Respondendo a essa indagação, ensina o Instrutor Áulus: “Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo, vêm convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras mistificação inconsciente ou subconsciente para batizar o fenômeno”. (Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz, cap. 22, p. 212.)
A pessoa passível de animismo, esclarece Áulus, é um “doente mental, requisitando-nos o maior carinho para que se recupere”. “Para sanar-lhe a inquietação, todavia, não nos bastam diagnósticos complicados ou meras definições técnicas no campo verbalista, se não houver o calor da assistência amiga.” (Obra citada, p. 213.)
No fenômeno anímico o médium se expressa como se ali estivesse, realmente, um Espírito a se comunicar. O médium deve, pois, nessas condições, ser tratado com a mesma atenção que ministramos aos sofredores que se comunicam. O médium inclinado ao animismo é um vaso defeituoso, que pode ser consertado e restituído ao serviço se houver compreensão do dirigente. Se incompreendido, pode ser vitimado pela obsessão, o que mostra a importância da atenção que devemos dedicar ao assunto.
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Pessoal essas explicações são extremamente válidas, mas vamos analisar algumas questões, no que andam acontecendo em alguns terreiros de Umbanda.
Hoje em dia estamos vendo um quadro que está sendo muito comum em alguns lugares, acredito que muitos já ouviram a seguinte expressão: “…. fulano, está muito anímico…”, na Umbanda esse termo está querendo dizer: “… fulano, está colocando o carro na frente dos bois…”, vulgo passando a frente da entidade. É muito comum ver essas falhas em casas onde há muito número de médiuns e onde a administração da casa, não esteja dando conta do recado, vejam bem já é complicado acompanhar um número pequeno de médiuns agora imaginem acompanhar 50, 60, 100 médiuns ou mais, para isso é necessário colocar uma equipe primorosa que cada agrupamento se responsabilize por um número X de médiuns, sempre é claro sob a outorga dos guias chefes do terreiro, mas sabemos que não é bem assim que funciona.
No dia a dia dos terreiros, cansamos de ver médiuns inexperientes, simplesmente jogados pelo terreiro, como se fossem invisíveis, eu tive a oportunidade de ver uma cena muito triste numa festa de Iemanjá onde pude ver médiuns rodando sem parar ao ponto de cair, mas triste for ver supostos guias simplesmente afastando e deixando esses médiuns caírem de cara no chão, ou pior ver outros irmãos de santo rindo da situação ou simplesmente com cara de desdem e descaso. O ato de girar vejam bem, não é o de fazer o médium se tornar um pião vivo, isso foge completamente da funcionalidade desse procedimento, e alguns médiuns desconhecendo essa dinâmica correta, rodam os médiuns novos até o ponto de caírem de tão tontos que ficam. Mas há uma outra ocorrência que acontece, muitos médiuns cansados desse sofrimento de rodar, ficar tonto e cair, acabam que se auto sugestionando, na realidade começam a imitar guias e entidades para se livrar do roda roda.
E vemos em algumas linhas muito comuns, esse exagero anímico e perceptíveis essa falha, linha de cosme, baianos e exús e pombogiras, nas outras acontecem, claro que sim, mas essas são muito evidentes. Alguns médiuns realmente não fazem por mal, e muitos acreditam que estão realmente com o guia ali em terra, mas para quem conhece a forma de atuação dessas linhas, é perceptível alguns exageros, encenações, essas inclusive ficam muito feias de se ver. Vamos citar algumas:
Linha das crianças: médiuns que ficam jogando bolo na cara das pessoas, guaraná, outros que ficam de cocoras mostrando o popozão para a assistência, extremamente malcriados e desobedientes, será que precisa disso tudo? eu particularmente já vi muitas pessoas extremamente irritadas, consulentes que precisavam tomar um ônibus serem totalmente lambuzados e sujos, ai pergunto será que o guia faria isso mesmo? ou é o médium extremamente anímico, extrapolando ali na sua roupagem. Só lembrando que nessa linha em especifico, alguns desses espíritos se mostram na roupagem infantil, mas muitos desses espíritos são extremamente evoluídos e antigos, e não carregam em si a ignorância e má educação.
Veja, já vi curas de cosme, apenas o guia melando o dedo com o bolo e colocando na boca de crianças que estavam doentes, percebem a diferença? Uma benção.
Na linha de exú e pombogira, então nem se fala, tem médium que acha que se o seu guia não falar uma centenas de palavrões não é exú, outros se a pombogira não for baixa, dar altas gargalhadas, também não é, fora as roupas extremamente vulgares, tipo, a pombogira na concepção daquele médium foi uma prostituta então o médium tem que se vestir como tal, a compostura e moralidade desse médium não conta, se a médium tiver mostrando os seios quase todos de fora, está tudo certo, a médium não tem vida pessoal a imagem dela não importa. Será mesmo? será que um exú e pombogira de lei precisa dessas posturas para ser quem são, ou tem alguém ali querendo colocar certas inclinações para fora. Exú e pombogira as vezes fala um palavrão, sim fala, mas a diferença que não soa vulgar, baixo, e não expõem o médium. Honestamente estão confundindo exú de lei com quiumbas.
Na linha de baianos: vemos alguns trejeitos extremamente forçados, fora é claro certos apetrechos, já vi baiano em terra que só faltava bater o facão no pescoço de outros médiuns, tamanho os exageros.
Cada guia e entidade trás sua cultura, seu estereótipo e características como já falamos anteriormente, mas quando essas posturas extrapolam, estamos nos deparando com um médium anímico ao extremo, e se isso não for consertado, orientado, esse médium consequentemente correrá o risco de virar um mistificador.
Certa vez, vi um médium numa linha de caboclo de oxossi, o guia em questão pegou uma sacolinha e para nossa surpresa ele começou a se pintar com tinta guache, sim aquela tinta usada por crianças e que sai na água, ele se pintou todo o rosto, o corpo, imaginem a cena. Sutilmente o guia chefe, sem muito alarde, pediu para o suposto guia que estava em terra ir embora, chamou o médium em particular e ficou um bom tempo com ele. Observem que ele teve respeito pelo médium, não o ridicularizou em momento algum, mas sabemos que nem sempre essa conduta é visível, muitos médiuns são mal compreendidos e escorraçados na frente de todos. E ali se perde um médium, porque na grande maioria dos casos ele se cancela de tal forma, que abandona sua trajetória mediúnica. Um médium iniciante ele está aprendendo ainda, diferente é claro de um médium já experiente que quer usar da roupagem de uma entidade e guia idôneo para se aparecer, para esses a conduta com certeza é outra e mais severa.
Alguns médiuns no começo do seu desenvolvimento criam muita fantasia em torno de algumas entidades. Se o nome do seu suposto exú for Exú Rei, lá vem ele com coroa, cetro, trono, capas cheias de purpurinas, eteceteras, e na realidade o exú não quer nada daquilo na grande maioria das vezes, até é muito humilde e discreto. Médiuns assim precisam ser orientados e acompanhados bem de perto, muita orientação, explicação. Inclusive tem-se notado que muitos exús considerados famosos no meio, não estão revelando seus nomes, justamente para trabalhar a questão da vaidade e o ego do médium. Mas pasmem alguns dirigentes infelizmente quanto mais teatralidade melhor, e acabam transformando médiuns promissores em meros atores. O médium tem que ter um senso crítico muito aguçado para sair dessa manipulação. Me lembro de quando soube de uma incorporação onde o suposto médium achava estar incorporado com o cavalo de Ogum. É muito triste ver uma casa e uma direção conivente com tais fantasias.
Dentro de um terreiro de Umbanda se alguém disser: você está anímico, fique atento, o que a pessoa está querendo dizer que sua personalidade, está mais em evidência que a do seu guia. Procure orientação.
Muitos médiuns no começo, sentem o fluido da entidade, no lugar de se concentrarem para que aquele fluido se torne realmente a irradiação energética forte e verdadeira do guia, dão uma sacudidela e já acham que estão incorporados, e começa ali o grande problema do animismo dentro da Umbanda, a pressa é a grande culpada. Tem médiuns que parecem estarem numa competição dentro do terreiro de quem dá passagem para o guia primeiro, outros parecem que estão numa competição, num desfile de beleza e apresentação, quanto mais atenção chamar, mas está bom. Disciplina, doutrina, lhes faltam. Terreiro é seriedade, não um palco de teatro de quem atua ou finge melhor. Tem médium que se ele não sente a irradiação da entidade fica constrangido e chega ao ponto de mistificar para provar algo sei lá a quem.
É muito lindo ver um preto velho, um caboclo, um baiano e qualquer outra entidade em terra, sentirmos sua essência verdadeira, nos deparar com médiuns sérios, comprometidos e responsáveis. Mas tomem cuidado com o tal ANIMISMO, ele tem doses certas, e como todo exagero é prejudicial. Em toda incorporação há o lado anímico do médium o que não pode é o exagero desse animismo.
Casas numerosas, atenção: quantidade nunca foi qualidade. Não adianta ter ali 50 médiuns se somente 3 médiuns estão verdadeiramente incorporados, é melhor poucos médiuns firmes do que muitos, mal cuidados e vacilando, sendo mal instrumentos da caridade. Pensemos.
Espero que as orientações sirvam de alerta e reflexão.
Fonte: Cristina Alves
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira.
As mistificações constituem, segundo Kardec, os escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático. É simples, porém, o meio de evitá-las: basta não pedir ao Espiritismo senão o que ele possa dar. Ora, sabendo que a finalidade maior do Espiritismo é o melhoramento moral da Humanidade, dificilmente seremos enganados se não nos afastarmos desse objetivo, visto que não existem duas maneiras diferentes de se compreender a verdadeira moral.
Dessa forma, cientes de que os Espíritos superiores procuram sempre nos instruir e nos guiar no caminho do bem, saberemos rejeitar qualquer instrução que objetive apenas proporcionar-nos vantagens materiais ou favorecer nossas paixões mesquinhas, visto que instrução desse quilate não pode provir dos Benfeitores Espirituais comprometidos com a causa do bem e do progresso.
Os Espíritos levianos, no entanto, gostam de imiscuir-se em nossa vida e causar pequenos desgostos e induzir-nos maldosamente em erro, por meio de intrigas, mistificações e espertezas. A astúcia dos Espíritos mistificadores ultrapassa às vezes tudo o que se possa imaginar. A arte com que dispõem as suas baterias e combinam os meios de persuadir seria algo bastante curioso se nunca passassem dos simples gracejos; contudo, as mistificações podem ter consequências bem desagradáveis e prejudicar muita gente.
No animismo quem opera o fenômeno é o próprio médium
Entre os meios que tais Espíritos empregam podem ser colocados na primeira linha, como sendo os mais frequentes, os que têm por fim testar a cobiça, como a revelação de supostos tesouros, o anúncio de heranças inesperadas ou outras fontes de riqueza. Devem ser consideradas igualmente suspeitas as predições com época determinada e todas as indicações precisas relativas a interesses materiais.
É preciso que não se deem os passos prescritos ou aconselhados pelos Espíritos quando o fim não seja eminentemente racional. Importante também não se deixar deslumbrar pelos nomes que certos Espíritos tomam para dar aparência de veracidade às suas palavras. Cumpre, por fim, desconfiar de teorias e sistemas ousados e de tudo o que se afastar do objetivo moral das manifestações. Estes são, em tese, os meios de se evitar a mistificação na prática espírita.
Diferentemente da mistificação, que não passa de um logro, de uma burla, de uma farsa, o animismo é o estado ou fenômeno em que a própria alma do médium opera, em vez de um Espírito a ele estranho. Não se trata, portanto, de um fenômeno mediúnico, mas de um fenômeno anímico – vocábulo que tem sua origem em “anima”, que significa alma.
A cristalização da nossa mente em determinadas situações pode motivar, no futuro, a manifestação de fenômenos anímicos, do mesmo modo que tal cristalização ou fixação, se realizada no passado, pode exteriorizar-se no presente.
Não podemos confundir mistificação com animismo
Muitas vezes, aquilo que se assemelha a um transe mediúnico, com todas as aparências de que existe a interferência de um desencarnado, nada mais é do que o médium revivendo cenas e acontecimentos recolhidos de seu próprio mundo subconsciencial, fenômeno esse motivado pelo contato magnético, pela aproximação de entidades que lhe partilham as experiências pretéritas.
Não se deve, pois, confundir mistificação com animismo. Na primeira, temos a mentira; no segundo, o desajuste psíquico. Poderíamos enquadrar tal fenômeno no quadro da mistificação inconsciente? Respondendo a essa indagação, ensina o Instrutor Áulus: “Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo, vêm convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras mistificação inconsciente ou subconsciente para batizar o fenômeno”. (Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz, cap. 22, p. 212.)
A pessoa passível de animismo, esclarece Áulus, é um “doente mental, requisitando-nos o maior carinho para que se recupere”. “Para sanar-lhe a inquietação, todavia, não nos bastam diagnósticos complicados ou meras definições técnicas no campo verbalista, se não houver o calor da assistência amiga.” (Obra citada, p. 213.)
No fenômeno anímico o médium se expressa como se ali estivesse, realmente, um Espírito a se comunicar. O médium deve, pois, nessas condições, ser tratado com a mesma atenção que ministramos aos sofredores que se comunicam. O médium inclinado ao animismo é um vaso defeituoso, que pode ser consertado e restituído ao serviço se houver compreensão do dirigente. Se incompreendido, pode ser vitimado pela obsessão, o que mostra a importância da atenção que devemos dedicar ao assunto.
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Pessoal essas explicações são extremamente válidas, mas vamos analisar algumas questões, no que andam acontecendo em alguns terreiros de Umbanda.
Hoje em dia estamos vendo um quadro que está sendo muito comum em alguns lugares, acredito que muitos já ouviram a seguinte expressão: “…. fulano, está muito anímico…”, na Umbanda esse termo está querendo dizer: “… fulano, está colocando o carro na frente dos bois…”, vulgo passando a frente da entidade. É muito comum ver essas falhas em casas onde há muito número de médiuns e onde a administração da casa, não esteja dando conta do recado, vejam bem já é complicado acompanhar um número pequeno de médiuns agora imaginem acompanhar 50, 60, 100 médiuns ou mais, para isso é necessário colocar uma equipe primorosa que cada agrupamento se responsabilize por um número X de médiuns, sempre é claro sob a outorga dos guias chefes do terreiro, mas sabemos que não é bem assim que funciona.
No dia a dia dos terreiros, cansamos de ver médiuns inexperientes, simplesmente jogados pelo terreiro, como se fossem invisíveis, eu tive a oportunidade de ver uma cena muito triste numa festa de Iemanjá onde pude ver médiuns rodando sem parar ao ponto de cair, mas triste for ver supostos guias simplesmente afastando e deixando esses médiuns caírem de cara no chão, ou pior ver outros irmãos de santo rindo da situação ou simplesmente com cara de desdem e descaso. O ato de girar vejam bem, não é o de fazer o médium se tornar um pião vivo, isso foge completamente da funcionalidade desse procedimento, e alguns médiuns desconhecendo essa dinâmica correta, rodam os médiuns novos até o ponto de caírem de tão tontos que ficam. Mas há uma outra ocorrência que acontece, muitos médiuns cansados desse sofrimento de rodar, ficar tonto e cair, acabam que se auto sugestionando, na realidade começam a imitar guias e entidades para se livrar do roda roda.
E vemos em algumas linhas muito comuns, esse exagero anímico e perceptíveis essa falha, linha de cosme, baianos e exús e pombogiras, nas outras acontecem, claro que sim, mas essas são muito evidentes. Alguns médiuns realmente não fazem por mal, e muitos acreditam que estão realmente com o guia ali em terra, mas para quem conhece a forma de atuação dessas linhas, é perceptível alguns exageros, encenações, essas inclusive ficam muito feias de se ver. Vamos citar algumas:
Linha das crianças: médiuns que ficam jogando bolo na cara das pessoas, guaraná, outros que ficam de cocoras mostrando o popozão para a assistência, extremamente malcriados e desobedientes, será que precisa disso tudo? eu particularmente já vi muitas pessoas extremamente irritadas, consulentes que precisavam tomar um ônibus serem totalmente lambuzados e sujos, ai pergunto será que o guia faria isso mesmo? ou é o médium extremamente anímico, extrapolando ali na sua roupagem. Só lembrando que nessa linha em especifico, alguns desses espíritos se mostram na roupagem infantil, mas muitos desses espíritos são extremamente evoluídos e antigos, e não carregam em si a ignorância e má educação.
Veja, já vi curas de cosme, apenas o guia melando o dedo com o bolo e colocando na boca de crianças que estavam doentes, percebem a diferença? Uma benção.
Na linha de exú e pombogira, então nem se fala, tem médium que acha que se o seu guia não falar uma centenas de palavrões não é exú, outros se a pombogira não for baixa, dar altas gargalhadas, também não é, fora as roupas extremamente vulgares, tipo, a pombogira na concepção daquele médium foi uma prostituta então o médium tem que se vestir como tal, a compostura e moralidade desse médium não conta, se a médium tiver mostrando os seios quase todos de fora, está tudo certo, a médium não tem vida pessoal a imagem dela não importa. Será mesmo? será que um exú e pombogira de lei precisa dessas posturas para ser quem são, ou tem alguém ali querendo colocar certas inclinações para fora. Exú e pombogira as vezes fala um palavrão, sim fala, mas a diferença que não soa vulgar, baixo, e não expõem o médium. Honestamente estão confundindo exú de lei com quiumbas.
Na linha de baianos: vemos alguns trejeitos extremamente forçados, fora é claro certos apetrechos, já vi baiano em terra que só faltava bater o facão no pescoço de outros médiuns, tamanho os exageros.
Cada guia e entidade trás sua cultura, seu estereótipo e características como já falamos anteriormente, mas quando essas posturas extrapolam, estamos nos deparando com um médium anímico ao extremo, e se isso não for consertado, orientado, esse médium consequentemente correrá o risco de virar um mistificador.
Certa vez, vi um médium numa linha de caboclo de oxossi, o guia em questão pegou uma sacolinha e para nossa surpresa ele começou a se pintar com tinta guache, sim aquela tinta usada por crianças e que sai na água, ele se pintou todo o rosto, o corpo, imaginem a cena. Sutilmente o guia chefe, sem muito alarde, pediu para o suposto guia que estava em terra ir embora, chamou o médium em particular e ficou um bom tempo com ele. Observem que ele teve respeito pelo médium, não o ridicularizou em momento algum, mas sabemos que nem sempre essa conduta é visível, muitos médiuns são mal compreendidos e escorraçados na frente de todos. E ali se perde um médium, porque na grande maioria dos casos ele se cancela de tal forma, que abandona sua trajetória mediúnica. Um médium iniciante ele está aprendendo ainda, diferente é claro de um médium já experiente que quer usar da roupagem de uma entidade e guia idôneo para se aparecer, para esses a conduta com certeza é outra e mais severa.
Alguns médiuns no começo do seu desenvolvimento criam muita fantasia em torno de algumas entidades. Se o nome do seu suposto exú for Exú Rei, lá vem ele com coroa, cetro, trono, capas cheias de purpurinas, eteceteras, e na realidade o exú não quer nada daquilo na grande maioria das vezes, até é muito humilde e discreto. Médiuns assim precisam ser orientados e acompanhados bem de perto, muita orientação, explicação. Inclusive tem-se notado que muitos exús considerados famosos no meio, não estão revelando seus nomes, justamente para trabalhar a questão da vaidade e o ego do médium. Mas pasmem alguns dirigentes infelizmente quanto mais teatralidade melhor, e acabam transformando médiuns promissores em meros atores. O médium tem que ter um senso crítico muito aguçado para sair dessa manipulação. Me lembro de quando soube de uma incorporação onde o suposto médium achava estar incorporado com o cavalo de Ogum. É muito triste ver uma casa e uma direção conivente com tais fantasias.
Dentro de um terreiro de Umbanda se alguém disser: você está anímico, fique atento, o que a pessoa está querendo dizer que sua personalidade, está mais em evidência que a do seu guia. Procure orientação.
Muitos médiuns no começo, sentem o fluido da entidade, no lugar de se concentrarem para que aquele fluido se torne realmente a irradiação energética forte e verdadeira do guia, dão uma sacudidela e já acham que estão incorporados, e começa ali o grande problema do animismo dentro da Umbanda, a pressa é a grande culpada. Tem médiuns que parecem estarem numa competição dentro do terreiro de quem dá passagem para o guia primeiro, outros parecem que estão numa competição, num desfile de beleza e apresentação, quanto mais atenção chamar, mas está bom. Disciplina, doutrina, lhes faltam. Terreiro é seriedade, não um palco de teatro de quem atua ou finge melhor. Tem médium que se ele não sente a irradiação da entidade fica constrangido e chega ao ponto de mistificar para provar algo sei lá a quem.
É muito lindo ver um preto velho, um caboclo, um baiano e qualquer outra entidade em terra, sentirmos sua essência verdadeira, nos deparar com médiuns sérios, comprometidos e responsáveis. Mas tomem cuidado com o tal ANIMISMO, ele tem doses certas, e como todo exagero é prejudicial. Em toda incorporação há o lado anímico do médium o que não pode é o exagero desse animismo.
Casas numerosas, atenção: quantidade nunca foi qualidade. Não adianta ter ali 50 médiuns se somente 3 médiuns estão verdadeiramente incorporados, é melhor poucos médiuns firmes do que muitos, mal cuidados e vacilando, sendo mal instrumentos da caridade. Pensemos.
Espero que as orientações sirvam de alerta e reflexão.
Fonte: Cristina Alves
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira.