quarta-feira, 30 de março de 2022

Assim como os Exus Mirins, as Pombagiras Mirins que se manifestam na Umbanda são Seres Encantados de uma Dimensão da Vida localizada à Esquerda da Dimensão Humana. Elas não são espíritos humanos.

 Assim como os Exus Mirins, as Pombagiras Mirins que se manifestam na Umbanda são Seres Encantados de uma Dimensão da Vida localizada à Esquerda da Dimensão Humana. Elas não são espíritos humanos.


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Assim como os Exus Mirins, as Pombagiras Mirins que se manifestam na Umbanda são Seres Encantados de uma Dimensão da Vida localizada à Esquerda da Dimensão Humana. Elas não são espíritos humanos.

Na Umbanda, as Pombagiras Mirins formam uma Linha de Trabalhos Espirituais da Esquerda, ao lado dos Exus, das Pombagiras e dos Exus Mirins. Na atualidade, sua manifestação nos Terreiros não é frequente, pela falta de estudos a respeito. São “diferentes”, são Encantados da Esquerda da Criação, e isso gera dúvidas e “fantasias”.

Aqui, a proposta é uma reflexão sobre a natureza dos Seres Encantados, para melhor compreensão do trabalho dessas Entidades na Umbanda.

Os seres da Dimensão Encantada estão num Plano da Vida anterior àquele onde se localiza a Dimensão Humana. E é neste sentido que dizemos: em relação a nós, as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins são “infantis”.

Explicando melhor: na Dimensão Humana da Vida, nós adquirimos consciência e livre-arbítrio. Essas capacidades não são alcançadas no Plano Encantado, porque nele a prioridade é o desenvolvimento da sensibilidade, da sensitividade, da percepção, a depuração do mental.

Além disso, a Dimensão Humana está localizada no Plano Natural da Vida à Direita da Criação. Já a Dimensão das Pombagiras Mirins e dos Exus Mirins pertence ao Plano Encantado à Esquerda da Criação. São Realidades Divinas bem diferentes.

Os Planos da Vida são estes: 1- Fatoral; 2- Elemental; 3- Essencial; 4- Dual; 5- Encantado; 6- Natural; 7- Celestial. Eles representam os vários estágios da evolução dos seres, a partir do instante em que são criados por Deus.

Resumidamente, temos:
●No 1º e 2º Planos da Vida, o ser é totalmente inconsciente (centelha Divina);
●No terceiro, ele começa a tomar forma, tem o instinto de sobrevivência e os seus chakras começam a desenvolver-se;
●No quarto Plano, passa a absorver dois tipos de Energias Elementais e desenvolve o emocional (a dualidade leva ao equilíbrio razão/emoção);
●No quinto, é um ser Encantado semiconsciente (tem uma percepção muito apurada; tem consciência da própria individualidade, mas não uma consciência mais ampla como a dos seres humanos e nem o livre-arbítrio);
●No sexto Plano, torna-se um ser Natural consciente e ali permanece para aprender a usar o livre-arbítrio. Neste Plano está localizada a Dimensão Humana;
● Depois de aprender integralmente a usar o livre-arbítrio, os seres passam para o sétimo Plano da Vida, onde se tornam Seres Mentais Celestiais, não têm mais forma, são Seres de Luz.

Algumas características do Plano Encantado e do Plano Natural:
●O Plano Encantado (5º Plano da Vida) tem várias Dimensões, nas quais os seres apuram sua sensibilidade, sensitividade e percepção. Depuram o mental, porque já têm o emocional desenvolvido e equilibrado.
●Já o Plano Natural (6º Plano da Vida) tem 77 Dimensões e uma delas é a Dimensão Humana, aquela em que vivemos. Neste Plano os seres adquirem consciência e livre-arbítrio, o que representa um estágio a mais de evolução.
Por este motivo é dizemos que os Seres Encantados são “infantis” em relação a nós, pois eles não apresentam o mesmo grau de “amadurecimento” que nós, humanos. (Isso não nos torna “superiores”, pois em relação a tudo o que ainda temos a aprender, também somos “infantis” perante o Criador e a Criação...)

●Há um Plano Encantado à Direita da Dimensão Humana, com 49 Dimensões (7 Cristalinas, 7 Minerais, 7 Vegetais, 7 do Fogo, 7 do Ar, 7 do Elemento Terra e 7 Aquáticas). Os seres chegam a este Plano Encantado já trazendo em si duas Energias Básicas absorvidas no 4º Plano.
Cada ser é único e tem um magnetismo próprio, desde o início. Esse magnetismo individual vai atrair o ser para uma das 49 Dimensões mencionadas, onde receberá outro tipo de Energia e evoluir mais um pouco, pois irá desenvolver o Sentido da Vida correspondente (na Dimensão Cristalina= Sentido da Fé; na Dimensão Mineral=Sentido do Amor etc.). Ali ficará até absorver completamente tal Energia, tornando-se um manifestador das Qualidades Divinas inerentes àquele Sentido, isto é, onde for, levará tal Energia de forma muito potencializada, pura. As Crianças (Erês) da Umbanda vêm deste Plano Encantado.

●Mas existe também um Plano Encantado à Esquerda da Dimensão Humana. É nele que as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins têm origem.
Como Seres Encantados da Esquerda, as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins atuantes na Umbanda são “infantis” em relação a nós, ou seja, estão num estágio de evolução anterior e diferente do nosso: são do 5º Plano à Esquerda; e a Dimensão Humana fica no 6º Plano à Direita.
Muitos pensam que são “crianças” (como as crianças humanas). Porém, tratando-se de seres de outra Dimensão, não há termo de comparação entre essas Entidades da Esquerda e as crianças da Dimensão Humana.
Aos médiuns clarividentes, as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins se apresentam como seres muito pequenos e de aparência um tanto diferente da humana. Segundo a obra psicografada por RUBENS SARACENI, eles são pigmeus. Esta é a sua característica na Dimensão de origem. Mesmo adultos, seus corpos se mantêm “pequenos”. Daí a designação de “mirins“. (Vide os livros “Arquétipos da Umbanda” e “Orixá Exu Mirim”, Rubens Saraceni, Editora Madras.) E como tudo é “pequeno” na Dimensão da qual as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins procedem, há oferendas a essas Entidades que incluem objetos como bonecas, carrinhos, bolinhas de metal, brinquedos de metal; além de flores pequenas, como mini-cravo ou cravina para os Exus Mirins e mini-rosa para as Pombagiras Mirins. Também se utilizam alguns tipos de doces, bem como mel e ervas para adoçar as bebidas manipuladas pelos Mirins. Isso dá margem a dúvidas: se a oferenda inclui “brinquedos” e “doces”, essas Entidades são “crianças”? A resposta é NÃO!
Os “brinquedos” equivalem a objetos “em miniatura”. São usados para uma relação ao tamanho “mirim” dessas Entidades, ou em razão do material de que são feitos (metais), e não porque os Mirins sejam “crianças”. Inclusive, o uso de bolinhas ou esferas de metal está relacionado a um tipo de Magia que as Entidades Mirins conhecem e praticam com muita eficiência (embora não se disponham a dar “explicações” às perguntas “curiosas” que façamos a respeito...). E o fundamento da inclusão de doces, de mel e de ervas adoçantes é que tais elementos têm função agregadora, harmonizadora e potencializadora das atuações magísticas dos Mirins.
NÃO são crianças. São Encantados da Esquerda da Criação, com um grau destacado de evolução no seu mundo de origem. E ainda passam por uma preparação antes de se manifestarem na Umbanda. Na respectiva Dimensão, as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins têm uma percepção apuradíssima e conhecimentos magísticos ali adquiridos que os habilitam a atuar em áreas determinadas junto aos humanos. Essa Magia é Divina e específica daquela Dimensão, os espíritos humanos não têm acesso a ela, é uma especialidade dos Mirins.
Essa percepção apurada faz com que os Mirins sejam capazes de captar intenções maldosas, cortando-as na origem, além de desembaraçar situações complicadas. Porque, muitas vezes, a causa da “complicação” é uma projeção mental negativa (uma intenção negativa fortemente projetada contra a pessoa ou o ambiente), ou então um bloqueio íntimo, um padrão negativo que a pessoa vem trazendo de outras encarnações e que está “oculto” dentro dela. Tudo isso é captado pela sensibilidade aguçada dessas Entidades, que vêm até nós para nos auxiliar com suas habilidades magísticas. Ao mesmo tempo, a evolução deles é acelerada pelo contato com a nossa Dimensão; prova de que “a moeda de troca” da Criação é o convívio fraterno que a todos enriquece.
Para trabalhar na Umbanda, as Pombagiras Mirins se preparam na Dimensão Encantada de origem. Então, elas se assentam à Esquerda dos Orixás, deles obtendo permissão e amparo para esse trabalho. Processo idêntico ocorre com os Exus Mirins. Por isso, há Exus Mirins e Pombagiras Mirins atuando na irradiação dos 14 Orixás que cultuamos.

●Existe um Orixá Maior sustentador dessa Linha? A resposta é SIM!
Todas as Linhas de Trabalho da Umbanda atuam sob a Regência direta de um Mistério Divino e manifestam as Qualidades do respectivo Orixá. Além disso, cada Entidade atua sob a Irradiação de determinado Orixá, que definirá seus campos específicos de trabalho (Fé; Amor; Conhecimento; Justiça; Lei; Evolução; Geração). O mesmo acontece com as Pombagiras Mirins e as demais Linhas de Esquerda.

Uma comparação com as Linhas da Direita facilitará a nossa compreensão.
Exemplos clássicos: ●Os Caboclos atuam sob o Mistério Caboclo, Regência do Orixá Oxóssi. Quando um Caboclo ou uma Cabocla se manifesta na Umbanda, eles trazem e ativam as Forças, Qualidades ou a capacidade de realização do Mistério Caboclo. ●Já os Pretos Velhos são regidos pelo Mistério Ancião, dos Orixás Obaluayê e Nanã, e quando se manifestam na Umbanda, eles trazem e ativam as Forças, Qualidades ou a capacidade de realização do Mistério Ancião.

Mas há Caboclos e Pretos Velhos atuando na Irradiação dos 14 Orixás.
Exemplos: ●Caboclo de Oxalá― manifesta as Qualidades Divinas do Mistério Caboclo nos campos da Fé, é um expansor do Sentido da Fé, inspira o estudo e o conhecimento no campo da Fé, é um doutrinador; ●Preta Velha de Oxum― manifesta as Qualidades Divinas do Mistério Ancião nos campos do Amor, traz a Transmutação e a Evolução para o Sentido do Amor.

Nas Linhas de Esquerda, dá-se o mesmo.
Os Exus atuam sob a Regência e Mistério do Orixá Exu; as Pombagiras atuam sob a Regência e Mistério do Orixá Pombagira. E há Exus e Pombagiras atuando nos 7 Sentidos da Vida, na Irradiação dos 14 Orixás.


Vamos agora analisar essa questão relativamente às Entidades Mirins da Esquerda:
●Quanto aos Exus Mirins, sabemos hoje que eles são regidos pelo Mistério de um Orixá que na Umbanda denominamos Orixá Exu Mirim. Quando incorporam, os Exus Mirins manifestam as Qualidades Divinas do Mistério deste Orixá.

O Orixá Exu Mirim não era conhecido na cultura Nagô-Iorubá, da qual herdamos o Culto de Orixá. Então, Pai Benedito de Aruanda, um dos Mentores Espirituais de Rubens Saraceni, explicou que o nome dessas Entidades (Exu Mirim) poderia designar o seu Orixá Regente, uma vez que toda Entidade é o manifestador natural das Qualidades do Mistério Divino do Orixá que as rege diretamente (vide o livro “Orixá Exu Mirim”, Madras Editora, de Rubens Saraceni).

●Também as Pombagiras Mirins atuam sob a Regência direta de um Mistério Divino e manifestam as Qualidades de um Orixá cujo nome não era conhecido entre os Nagôs-Iorubás.
Então, pelo mesmo princípio aplicado aos Exus Mirins― cujo nome serviu para designar seu Mistério Divino e Orixá Regente― podemos denominar de “Orixá Pombagira Mirim” o Divino Regente do trabalho das Entidades Pombagiras Mirins, dentro do Ritual de Umbanda. O mais importante é saber que as Pombagiras Mirins são Entidades regidas por uma Divindade de Deus, já que nada existe fora das Leis do Criador. Portanto, merecem nosso respeito e gratidão.

Como Entidades Femininas, as Pombagiras Mirins representam o Sagrado Feminino (o aspecto “Mãe” do Criador). Manifestam o aspecto Feminino de um Mistério da Criação, enquanto os Exus Mirins manifestam o aspecto Masculino desse Mistério.

Finalmente, há Pombagiras Mirins atuando na Irradiação de todos os Orixás, de forma idêntica ao que se constata nas demais Linhas de Trabalho da Umbanda.

UMA REFLEXÃO FINAL, COM BASE NA PRÁTICA MEDIÚNICA:
A clarividência é apenas um dom mediúnico, como tantos outros. É um dom natural (e nada extraordinário!), que se apresenta em diferentes graus, em cada médium. Mas ela precisa ser direcionada ao propósito de aprender e de ser útil (sem as bobagens da vaidade de “aparecer”, de “anunciar desgraças” etc.).
Bem direcionada, a clarividência dá ao médium a oportunidade de captar alguns “flashes” da comunicação que acontece entre os diversos Planos, Seres e Entidades, nas Giras da Umbanda. Então, esse médium poderá perceber o quanto um trabalho integrado é valioso. A interação que existe entre os Espíritos e os Seres atuantes na Umbanda é um exemplo disso. Porque nos traz os benefícios que a soma dos recursos de cada Ser e de cada Espírito, que eles disponibilizam para o Bem comum, nos trabalhos religiosos da nossa amada Umbanda, e sem fazer alarde. Exemplo que precisamos seguir...
Dizer: “Somos Um” não é difícil. Mas vislumbrar, pela mediunidade, os efeitos de se pôr esta afirmação em prática é algo que emociona, sempre e sempre.
E não importa se a pessoa tem clarividência, ou não. A intenção foi apenas exemplificar. Fato que todos podem observar é que os Guias da Direita e da Esquerda vêm trabalhando ao nosso lado, sem parar, apesar das nossas deficiências, resistências, dificuldades etc. Um exemplo a seguir...
Os Mirins vivem num estágio anterior à aquisição da consciência e do livre-arbítrio, mas são importantes amigos e auxiliares, sempre que nos dispomos à prática do Bem.
Nós, por outro lado, já temos consciência e livre-arbítrio. Mas precisamos utilizá-los com reverência e gratidão ao Divino Criador e com respeito aos demais Seres da Criação, pois são ferramentas que Ele nos concedeu para nossa evolução e integração no Todo.
É hora de aprendermos a respeitar e valorizar “os diferentes”, incluindo os Seres de outros Planos da Criação e as diversidades presentes em nosso meio humano. Se nós refletirmos que essas “diferenças” revelam unicamente “as várias Faces” (aspectos) do Criador, vamos despertar para a importante tarefa de praticar a Fraternidade e então avançar mais um pouco no caminho da Evolução.
Saudemos, pois, os Divinos Regentes dos Mistérios das Senhoras Pombagiras, das Pombagiras Mirins, dos Senhores Exus e dos Exus Mirins, com gratidão e pedindo bênção. E vamos pedir a proteção dessas Entidades que nos amparam, agradecendo por suas lições de prática fraterna e de humildade perante o Criador e a Criação.
As Pombagiras Mirins também nos reconhecem como “diferentes”. Mas vêm até nós, e para nos ajudar. São amigas. São Mãos do Criador que se doam às nossas mãos, para nos fortalecer. São exemplos de que podemos, sim, aprender a administrar as diferenças aparentes.
O importante é a gente se dispor a somar os conhecimentos e as vontades individuais de colaborar. Juntos, podemos aprender uns com os outros, crescer mais e prestar mais auxílio mútuo, contribuindo para o Todo. Assim é na Umbanda ensinada e praticada por nossos Amados Orixás e Guias, esta grande Escola de Espiritualização e de Fraternidade. Vamos abrir o coração e a mente. Seguir a lição e o exemplo e fazer por “refletir essa Luz Divina”, como está no Hino da Umbanda...
Quando tivermos aprendido essa lição, quem sabe a Espiritualidade Superior nos revele mais alguma coisa a respeito das queridas Pombagiras Mirins, essas Magas “pequeninas” e cheias de energia e disposição, que tanto nos encantam, mas que ainda permanecem cercadas de “mistérios”... Quem sabe? Afinal, tudo acontece no tempo certo. “Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”...

NOMES SIMBÓLICOS: Pombagira Mirim Rosinha (Irradiação de Mãe Oxum); Pombagira Mirim Mariazinha (Irradiação que pode ser de Mãe Logunan ou de Mãe Oxum); Rosinha do Mangue (Irradiação de Mãe Nanã); Pombagira Mirim do Cruzeiro (Irradiação de Pai Obaluayê); Pombagira Mirim da Estrada (Irradiação de Pai Ogum); etc.