AFINAL... OS ESPÍRITOS PRECISAM ENTRAR NO CORPO DOS MÉDIUNS, PARA TRANSMITIR AS “PSICOGRAFIAS”?
Não. Os Espíritos ficam ao lado dos Médiuns e transmitem a Comunicação pelo “Mental”, isto é, passam seu Pensamento para o Cérebro dos Medianeiros. Psicografia é a Técnica utilizada pelos Médiuns para Escreverem um texto sob a influência de um Espírito Desencarnado. Todos nós sabemos que no tempo em que Allan Kardec teve contato com as manifestações Espíritas, o meio utilizado para a Comunicação entre os Dois Planos eram as mesas girantes. Esse Mecanismo constituía-se de uma pequena mesa de três pés, sobre a qual se colocavam as pontas dos dedos de duas ou mais pessoas. Sob o efeito de um agente até então desconhecido, influenciado pela ação energética dos manipuladores, a mesa saltitava dando pancadas no assoalho.
Por meio dessas batidas convencionou-se um alfabeto e foi possível obter as primeiras mensagens entre o mundo invisível e o visível.
Algum tempo depois, a imaginação dos adeptos dessa metodologia criou outros mecanismos que facilitavam a comunicação dos Espíritos através dos Médiuns.
Dentre eles se destacavam a cesta-pião, a mesa miniatura, as pranchetas e a cesta de bico.
A escrita obtida por esses instrumentos primários foi chamada mais tarde de “Psicografia indireta”.
Após a fase primitiva, alguns experimentadores tiveram a idéia de substituir as cestinhas pela mão do próprio Médium, o que deu origem à “Psicografia direta” ou “Psicografia manual”, utilizada até os dias de hoje.
O VALOR DA PSICOGRAFIA.
De todas as formas de Comunicações Mediúnicas, a Psicografia é a mais precisa, cômoda e completa. Allan Kardec afirma em O Livro dos Médiuns, que todos os esforços devem ser feitos no sentido de desenvolvê-la nos centros Espíritas. Além disso, trata-se da Mediunidade mais fácil de ser desenvolvida, pois que seu mecanismo de sintonia é facilitado pelo automatismo proveniente do processo de escrita.
Quando uma pessoa está escrevendo, a mente consciente busca as idéias no inconsciente, para ordená-las no fluxo criativo. Como a influência espiritual se dá na camada inconsciente, isso facilita a sintonia com o Espírito comunicante.
Quando se trata de dar vida lógica e racional a um texto, é muito mais confortável escrever do que falar. Por este motivo, os homens de destaque em nosso mundo preferem fazer seus discursos públicos por escrito.
A mensagem escrita tem maior valor do que a falada, pois ela pode ter seu conteúdo examinado de modo mais abrangente. Por ela é possível sondar a intimidade dos pensamentos da entidade que se comunica, dando a eles um justo valor pelo conteúdo que encerram.
Os Médiuns Psicógrafos podem ser “Mecânicos”, os “Intuitivos”, os
“Semi-mecânicos” e os “Inspirados”.
Os Médiuns Mecânicos se caracterizam pelo fato de movimentar as mãos escrevendo sob a influência direta dos Espíritos, sem interferência da própria vontade. Agem como máquinas a transmitir do invisível para o mundo material. São raros. No Brasil, destaca-se o trabalho de Francisco Cândido Xavier, em Uberaba,
MG.
Os Médiuns Intuitivos recebem as mensagens dos Espíritos Desencarnados por meio da Sintonia Psíquica direta entre sua mente e a do comunicante. Eles precisam compreender o Pensamento sugerido, assimilá-lo, para depois transmiti-lo revestido com suas próprias idéias. São muito comuns.
Os Médiuns semi-mecânicos são aqueles que sentem a mão ser movimentada, mas ao mesmo tempo têm consciência do que escrevem.
No primeiro caso, o pensamento vêm após a escrita; no segundo, antes da escrita, e no terceiro, junto com ela.
Os Médiuns semi-mecânicos são os mais numerosos.
A última variedade de Médiuns é a dos inspirados. O Livro dos Médiuns nos informa que esse tipo de Médium é uma variação dos Médiuns intuitivos, com a diferença de que nos inspirados é muito mais difícil distinguirmos o pensamento do Espírito, daquele que é do Médium.
A Mediunidade inspirada é proveniente da Mediunidade generalizada ou natural, que todas as pessoas possuem em maior ou menor grau.
QUEM PODE SER MÉDIUM PSICÓGRAFO?
Não há nenhum meio de diagnosticarmos a faculdade mediúnica a não ser o experimento. Algumas pessoas confundem certos movimentos involuntários de braços e mãos, provocados por Espíritos obsessores, como sendo indícios de Mediunidade Psicográfica, o que têm levado algumas delas a sofrer graves decepções, escrevendo obras apócrifas.
A melhor maneira de sabermos se uma pessoa tem ou não capacidade para escrever sob a influência ostensiva dos Espíritos é submetê-la à experiência.
Antes, porém, de iniciarmos alguém no exercício da Psicografia ou de qualquer outra Mediunidade, convém que ele seja colocado no curso básico de iniciação espírita. É importante que o candidato a Médium já tenha noções fundamentais acerca do que é o Espiritismo.
No Brasil, nos acostumamos em demasia à Mediunidade de Psicofonia. Talvez o motivo disso esteja ligado ao natural comodismo que cerca as atividades mediúnicas. Entre nós não existe o salutar e necessário hábito de avaliar as comunicações, conforme instruía Kardec. Os Espíritos manifestam-se e quase
sempre não portam qualquer mensagem de significativo conteúdo filosófico ou doutrinário. Comunicam-se, às vezes, simplesmente para dizer: “Boa noite. Estou aqui para trazer paz e conforto!”
Este tipo de mensagem se repete por sessões seguidas, sem que o Espírito comunicante apresente qualquer idéia mais elevada. Mas as pessoas se habituaram a isso e continuaram batendo na mesma tecla durante anos. É cômodo e dá a impressão de que o Médium está participando do trabalho mediúnico, quando na
verdade não está produzindo nada de útil.
Allan Kardec recomendou que se desse preferência ao desenvolvimento da Psicografia, mas infelizmente não foi ouvido.
No programa do Movimento de Reformas temos dado ênfase à volta da Mediunidade psicográfica, principalmente porque estamos envidando esforços para recriarmos o Controle Universal dos
Espíritos, única forma de aceitarmos com boa margem de segurança, os ensinamentos provenientes do mundo invisível.
COMO COMEÇAR:
Não há qualquer mistério para se dar início ao trabalho de Psicografia. Basta que se tome um lápis e se coloque na posição de escrever. De preferência, que este trabalho seja desenvolvido no Centro Espírita onde a pessoa freqüenta. O ambiente residencial nem sempre oferece as condições de recolhimento suficientes para esse tipo de trabalho. Essas atividades mediúnicas devem ter uma regularidade, pois de outro modo não haverá o processo de aprendizado, seguido do aperfeiçoamento.
A seguir, vamos comentar algumas recomendações do Codificador, quanto ao exercício da Psicografia. Elas precisam ser observadas pelos grupos mediúnicos, mormente quando estão iniciando.
Em primeiro lugar, é preciso se desembaraçar de tudo o que se constitua em impedimento para a movimentação das mãos. Blusas de mangas compridas, pulseiras, relógios e anéis são objetos que devem ser retirados para facilitar a movimentação do braço. A ponta do lápis deve manter-se apoiada no papel, mas sem oferecer resistência aos movimentos. Mesmo a mão não deve se apoiar inteiramente no papel.
Para a escrita mediúnica é indiferente que se use caneta ou lápis, sendo livre a escolha. Kardec recomenda que no início o treinamento seja realizado diariamente. Porém, como temos hoje uma vida muito atribulada, convém que a frequência seja diminuída para um período de três vezes na semana.
O tempo de tentativa para se obter a escrita Mediúnica psicográfica não deverá ultrapassar seis meses. Depois dessa fase de experimentos, se a pessoa nada conseguir, convém abandonar o exercício da escrita e dedicar-se a outras tarefas na Casa Espírita.
Todo Médium novato tem um desejo muito natural de conversar com algum parente ou amigo falecido. Mas devem evitar evocá-los, enquanto não possuírem a experiência necessária para tanto.
No começo, é melhor que as comunicações sejam espontâneas.
Que a prece de abertura seja sempre feita em nome de Deus e dos bons Espíritos.
Que o Médium em exercício comece seu trabalho dessa forma: “Rogo a Deus todo poderoso permitir a um bom Espírito vir comunicar-se comigo, fazendo-me escrever. Rogo também a meu anjo guardião que me assista e que afaste de mim os Espíritos maus”.
A partir desse momento, aguarda-se que um Espírito se manifeste.
Nos Médiuns intuitivos, surgem idéias bruscamente, que podem ser passadas para o papel com facilidade. Nos semi-mecânicos, observa-se alguns pequenos movimentos involuntários das mãos, acompanhados ou não das idéias a serem transcritas. Há casos em que o Espírito desenha rabiscos sem sentido, ou escrevem palavras sem qualquer significado porém, tais coisas costumam cessar com o desenvolvimento progressivo da faculdade.
Quando formular as primeiras perguntas aos Espíritos, que elas sejam feitas de forma simples, de modo que a entidade comunicante possa respondê-las com um Sim ou Não. É importante que as perguntas sejam objetivas e respeitosas,
demonstrando carinho ao Espírito que vem cuidar do exercício da faculdade.
Quando o desenvolvimento mediúnico for realizado por um grupo de pessoas, convém que se reunam regularmente numa mesma sala, para realizar o treinamento da Psicografia.
O recolhimento deverá ser religioso e os apelos citados acima feitos de forma coletiva. Normalmente, entre dez pessoas, três escrevem facilmente sob a influência espiritual. O desenvolvimento em grupo é muito mais rápido do que o individual. Isso acontece porque a corrente magnética formada pelas individualidades facilita as atividades mediúnicas e oferece aos Espíritos comunicantes uma grande variedade de elementos, apropriados ao sucesso do intento.
Que o iniciante seja informado que deve desenvolver o texto como se fosse uma outra pessoa; que vai fazer uma espécie de redação sobre um assunto que julgar útil e que lhe surgir na mente naquele momento. Que ele não se preocupe tanto com a forma, nem com o que está escrevendo. O conteúdo dos trabalhos será examinado e revisado mais tarde pelo Médium e pelo responsável da sessão.
A publicação de mensagens precisa de cuidados extras. Só se publicará textos, seja em forma de mensagens ou livros, quando eles forem considerados idôneos e úteis às pessoas em geral.
A ortografia deverá ser corrigida, de modo que fique inteligível, cuidando-se, no entanto, para que não sejam modificados os
pensamentos do Espírito.
É importante recordar que na fase primária de exercícios, os Espíritos comunicantes são de uma ordem menos elevada.
Portanto, não se deve pedir a eles que dêem qualquer tipo de informação que não esteja a seu alcance. Todo Espírito que nas comunicações de iniciantes se enfeite com nome venerado é de origem suspeita.
O capítulo XVII de O Livro dos Médiuns deverá ser estudado
minuciosamente para se evitar o domínio dos maus Espíritos nas sessões de iniciação.