Tarô O Método da Cruz Celta
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Vamos, antes de tudo, tentar deixar claro o que seja uma Cruz Celta: ela não é qualquer cruz com adornos de nós. As cruzes Celtas são, de fato, muito anteriores ao Cristianismo. Elas são cruzes encaixadas ou ladeadas por um círculo. A cruz pode simbolizar os quatro quadrantes da natureza ou os quatro elementos (terra, ar, fogo e água). O círculo é o símbolo da eternidade e a trilha do sol no céu. Após a introdução do Cristianismo, se tornou freqüente ver a cruz colocada sobre uma base, o que alongou sua haste vertical. In http:// | |||||||||||||||
www.teuministerio.com.br/BRSPORNDECCCCC/CruzCelta.dsp&lsid=D6BB6341-82A3-4B26-8C65D0A6128F5C68 | |||||||||||||||
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Em http://castelodeasgard.blogspot.com/2009/04/cruz-celta.html, temos a seguinte explicação: “Apesar de muitas vezes ser confundido com um símbolo da Cristandade, a Cruz Celta é muito anterior, com algumas representações datadas de 5000 a.C. As suas origens são desconhecidas mas é de consenso geral que se trata de um símbolo solar, cujas semelhanças com a Suástica e com o Ankh egípcio não podem deixar de ser notadas. Tal como estes, apresenta o eixo horizontal, Feminino, receptivo, Yin e o eixo vertical, Masculino, criativo, Yang, representando tanto o Eixo do Mundo, como os Quatro Elementos e a Chave da Vida.” Da mesma forma, temos em Sinais e símbolos – origem, história e significado, editado pela H. F. Ullmann, pág. 39: “Apesar de actualmente ser essencialmente associada ao cristianismo, a cruz céltica data dos tempos pagãos quando era um símbolo da fertilidade e da vida – a cruz significa a potência masculina e o círculo o poder feminino”. Fica nítida a inexistência da linha vertical lateral que consta do diagrama do método utilizado no Tarô. Uma autora, para “justificar” sua existência, alegou que o lado esquerdo do diagrama corresponderia a um pavilhão (bandeira), e a linha à direita seria o mastro que o sustenta. Assim em Pollack, Rachel; 78 graus de sabedoria, parte II; Nova Fronteira; pág.143: “Através dos anos este padrão provou ser o mais popular. O nome Cruz tem origem na sua forma, uma cruz de braços iguais (uma carta em cada lado do centro), com quatro cartas alinhadas como um ‘Mastro’ ao lado dela.”. Notemos, por necessidade simbólica, que em qualquer figuração da Cruz Celta, o círculo nunca está circunscrevendo a cruz, pelo contrário ele une os quatro braços da cruz. E isso é de suma importância para podermos determinar a forma de leitura das Casas 3, 4, 5 e 6, se em forma de cruz ou de círculo. Simbologicamente sabemos que o círculo representa a totalidade, excluindo a possibilidade da existência de qualquer coisa fora dele. Neste sentido, repetimos Chevalier e Gheerbrant, op.cit., verbete “círculo”: “... desde a mais remota Antiguidade, o círculo tem servido para indicar a totalidade, a perfeição...”, “... o círculo, portanto, simboliza um limite mágico infranqueável...” (g.a.), “... concentrado em si mesmo, sem princípio nem fim, realizado, perfeito, o círculo é o signo absoluto...” (g.a.), “Jung mostrou que o símbolo do círculo é uma imagem arquetípica da totalidade da psique, o símbolo do self...” (g.a.). Como pudemos observar no símbolo sagrado Cruz Celta, os braços da cruz extrapolam o círculo que os une. Por conclusão simbólica, não podemos admitir que a leitura das Casas 3, 4, 5 e 6 seja feita circularmente, pois o significado totalizante do símbolo “círculo”, por si só, excluiria a possibilidade de se ler as demais casas, que estariam fora do contexto simbólico. Ao se fechar o círculo com a Casa 6, não faria o menor sentido “dar prosseguimento à leitura”! | |||||||||||||||
O método de jogo Cruz Celta | |||||||||||||||
Como foi por esse método que comecei, ele será o “bode expiatório” desse estudo. Eu o aprendi pelo livro Tarô mitológico, no qual é apresentado da seguinte forma (que é, fundamentalmente, a forma básica com a qual é apresentado em vários livros e booklets): | |||||||||||||||
O esquema de tiragem pela Cruz Celta | |||||||||||||||
Ilustração de Leca Novo | |||||||||||||||
A significação das casas é apresentada da seguinte forma: | |||||||||||||||
Redistribuição do desenho central da Cruz Celta | |||||||||||||||
Ilustração de Leca Novo | |||||||||||||||
Já a linha vertical à direita, não necessitaria sofrer modificações. Acredito que o Ritmo de Leitura poderia fluir melhor nessa configuração, principalmente porque, dessa forma, a casa 6 estaria se conectando ao eixo vertical lateral, tal como “o pavilhão se prenderia ao mastro”! Eis algumas considerações: 1ª) Com relação à leitura do eixo horizontal, uma observação que não pode ser relegada é a de que, de acordo com a Geometria Sagrada, o Gêometra, ao iniciar uma construção, primeiramente cravava, ao nascer do sol, seu cajado no solo (verticalmente), para descobrir o eixo horizontal leste-oeste, que definiria o sentido da construção. Acredita-se, também, que o primeiro eixo a existir tenha sido o vertical, quando o homem descobriu que poderia se orientar, e seguir viagem, realizando o mesmo processo acima. 2ª) Sobre a nominação das casas. Como estou analisando, e pesquisando, sobre a forma pela qual conheci a Cruz Celta, resolvi alterar o significado das casas, da seguinte forma: Acredito que a Casa 1 possa ser vista como a própria essência da consulta, a questão em si. Já a Casa 2, não consigo vê-la exclusivamente como negativa, pois seria até incoerente pretender determinar que qualquer carta que caia ali tenha que ser entendida pelo seu aspecto negativo, principalmente porque já vimos que nenhuma carta do Tarô tem atributo exclusivamente positivo ou negativo. Acredito que esta Casa deva ser interpretada como uma "advertência", pretendendo indicar qual a atitude que o consulente deveria tomar para dar força à Casa 1. 3ª) Vamos ver o eixo vertical. Acredito que a nominação deveria ser invertida à sua proposição, com a Casa 3 (sul) como o que está consciente/conhecido, e a Casa 4 (norte) como o que está inconsciente/desconhecido. Em todas as fontes que procurei, o eixo vertical é ascensional, liga o “material” (o que é sabido; o consciente) ao “divino” (o que não é sabido; o inconsciente). Tomemos como exemplo uma questão sobre relacionamento. O que o consulente conhece é o que está na Casa 3, uma Estrela, por exemplo. Ele tem a consciência de esperar um novo amor, está aberto a essa possibilidade, anseia por ele! E se tivermos na Casa 4 uma Força, teremos que o consulente desconhece que tem capacidade para superar a amargura que vem carregando. Disso resultaria que nesse eixo teríamos: Casa 3, abaixo das centrais, representando a base da questão, o que já se conhece (ou tem consciência) sobre o assunto. Casa 4, acima das centrais, representando o que não se conhece (ou não se tem consciência) sobre o assunto. 4ª) com relação à temporalidade a ser atribuída ao passado e ao futuro recentes (casas 5 e 6 na nova concepção) eu tenho um certo receio em predeterminá-los. Acredito que esse recente deva ser visto em relação à questão analisada, e, portanto, ele poderá ter uma alteração significativa. Para dar continuidade à questão já posta acima, sobre como fluirá o relacionamento amoroso: poderíamos ter na Casa 5 (passado recente) uma Torre. Como se trata de uma relação amorosa, estaria a indicar uma ruptura num relacionamento amoroso que o consulente vivenciava, causada por “terceiros”, com muita dor, um verdadeiro “desastre”! Ora, isso poderia ser o resultado de um divórcio, que machucou profundamente o consulente, e que, embora tenha ocorrido há cerca de 6 meses, bloqueou o consulente para novos relacionamentos amorosos. Então, o recente, no caso, refere-se à situação em questão. Só que, para o consulente, isso é o mais recente possível! Para complicar mais um pouquinho, poderemos ter na Casa 6 (futuro recente), um Carro, que, pelos seus atributos de realização rápida, estaria a indicar que esse novo relacionamento fluirá mais rápido do que o consulente possa imaginar, talvez em vias de se consolidar imediatamente! E isso poderia ser em bem menos de um mês! De qualquer forma, ficaria assim: - a Casa 5, colocada à esquerda das centrais, representaria o passado recente. - e a Casa 6, colocada á direita das centrais, representaria o futuro recente. 5ª) já a observação mais interessante, e que acabaria por adequar todo o sistema às necessidades do consulente, me foi dada pela taróloga Marcia de Freitas, em uma de nossas intermináveis discussões, prática corroborada pela taróloga Vera Chrystina Santos. Ambas alegaram que, ao abrir o jogo à mesa, o faziam com as cartas voltadas para o consulente, pois o jogo “seria” dele. Devo confessar que essa forma de dispor as cartas me pareceu extremamente pertinente, não só pela lógica dela em si, como, ao assim fazer, as Casas 4 (inconsciente/desconhecido) e 10 (resultado final), ficariam “longe” – como deveriam ficar – do consulente, como demonstra a figura abaixo. | |||||||||||||||
Redistribuição do desenho central da Cruz Celta | |||||||||||||||
Ilustração de Leca Novo | |||||||||||||||
Como já havia dito, referindo-me à “evolução” dos eixos no sentido embaixo-em cima, acho que as casas 7 a 10, por já estarem conformadas ao eixo, não necessitam alterações. É claro que posso estar enganado e mudar de opinião depois, mas acho pouco provável, pois isso confrontaria as idéias já postas. E seria essa a minha proposta de configuração para a Cruz Celta, que estaria conformando a sua construção de acordo com os preceitos da Geometria Sagrada, e com o ritmo de leitura condizente com as premissas explicitadas. | |||||||||||||||
Belo Horizonte, 30 de maio de 2.009 | |||||||||||||||
Contato com o autor: Rogério Novo - rabnovo@yahoo.com.br Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores |