sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Contos E Encantos Da Umbanda Danilo Antoniolli

 Contos E Encantos Da Umbanda Danilo Antoniolli

Trabalhando com um velho amigo


Preto velho sentado em toco rezava de cabeça baixa, e eu não quis interromper aquele sua meditação, já eram quase 6 da manhã e sol já estava nascendo aproveitei para sentar em uma pedra que estava ao lado do velho e absorver os raios solares que tocavam  o solo do cemitério lentamente aquecendo as sombras que eram feitas pelas arvores que deixavam o solo úmido e escorregadio, após um intervalo de dez minutos meu amigo velho disse ainda de olhos fechados:
- Quanto tempo não nos encontramos meu amigo e ainda posso sentir sua energia a quilômetros de distancia, isso é muito bom, eu sorri para ele sabia de seu bom humor e respondi.
- Não me venha dizer que estava com saudades de sentir essa energia que carrego comigo? Sabe que se quiser posso lhe emprestar metade dela, em um sorriso fácil ele disse:
- Muito obrigado meu amigo, sabe que estou velho para sentir esses tipos de energias, por hoje quero me contentar apenas com sua presença, mas deixando as brincadeiras de lado, você deve imaginar porque estou aqui, aliás, sempre que estou aqui é por um motivo e apenas um.
- Sim eu sei, sempre que vejo a sua luz invadindo este território imagino que queira algo meu e como de costume quer que eu proteja alguém.
- Ora como você é inteligente meu filho sou honrado de ser seu amigo.
- Mais uma vez brincando com minha cara, sei o quanto o senhor é superior a mim, mas em fim não estou aqui para lhe cobrir de elogios e o senhor também não veio aqui apenas para recebê-los, me informe do caso.
-Sempre direto não é meu filho? Gostaria de ser assim como você, mas vamos ao caso. Tenho uma jovem que será tratada pelo meu grupo, porém temos diversos espíritos que estão atacando a moça diariamente que não consegue se defender só, ela é parente de um integrante da casa e nós iremos ajuda-la na próxima sessão, preciso que garanta que ela poderá ir até o terreiro no dia marcado que será na próxima quinta-feira e que possa estar segura enquanto fazemos o tratamento, ela esta sendo alvo de diversos espíritos que se aproveitam de sua mediunidade, a garota já chegou a tentar suicídio por influencia destes senhores das trevas, preciso que atue mais uma vez.
- Certo, irei me direcionar pessoalmente com uma equipe para estudar as ações tomadas para protegê-la, podemos dar inicio agora apenas me dê o endereço energético dessa pessoa que irei rastrear e começarei a trabalhar, normalmente eu deixaria alguém de meu grupo responsável por ela, mas como o senhor veio pessoalmente aqui me pedir esse favor creio que essa menina não seja um caso comum, entenda como aceito este caso meu amigo.
- Mais uma vez obrigado meu filho, fique na paz. O velho se levantou e começou a caminhar lentamente após dar uns dez passos um flash de luz o retirou dali, e eu dei inicio ao pedido de que meu amigo me fez, mentalmente
chamei minha equipe que era composta por cinco auxiliares que trabalhavam diretamente para mim, representantes de minha falange.
Ordenei que fossem até o endereço energético deixado pelo velho e que colhesse informações da pessoa para que pudéssemos dar inicio ao processo de defesa espiritual da menina, em poucas horas todos meus auxiliares estavam de volta cada um com seu relatório e então marcamos uma reunião no cruzeiro que ficava no centro da Kalunga pequena lugar onde eu atuava com minha falange. O primeiro relatório apresentado foi de uma de minhas auxiliares que atuava com as energias sexuais me informando sobre a relação da menina que apresentava uma deficiência em ter contato com esse tipo de energia após o termino de seu relacionamento há três anos ela jamais teria e relacionado com nenhuma outra pessoa deixando que essas energias se acumulassem e prejudicasse seu chacra básico que eram sugados por um espirito feminino trevoso que usava essa energia paralisada como fonte de energia, o segundo a se apresentar foi um quem atuava em áreas trabalhistas e projetos pessoais ele dizia ter encontrado pouca produtividade em seu campo de trabalho a moça era professora e quando ia dar aula fazia de forma lenta e ela estava desenvolvendo um trauma pelo o fato de seu local de trabalho não ser um local calmo, sem contar a presença de um espirito masculino bloqueando as energias que envolvia seu local de trabalho, este ser seria o responsável por ataca-la diariamente, fazendo com que ela tivesse pensamentos derrotistas enquanto lecionava, os outros três relatórios foram apresentados e tivemos a certeza de que a vida daquela moça começou a fracassar  pouco antes da separação de esposo, e que a presença daqueles espíritos ali se deu através de um tipo de trabalho que por nós ainda não teria sido rastreado, após a apresentação destes relatórios pedi que meus auxiliares tomassem algumas posições impedindo que a moça fosse totalmente sugada, sem que os espíritos trevosos percebessem suas ações e fosse sendo limitadas até que a moça realizasse  tratamento no terreiro.
Enquanto meus auxiliares tomavam suas posições fui até o terreiro do meu amigo pai Joaquim, preto velho que me solicitou o serviço e lhe entreguei o relatório, após isso eu iria até a moça que se chamava Isabel analisar seus pontos e tentar rastrear de onde viriam seus ataques, pois além de proteger temos a função de rastrear para uma possível abordagem ou incursão nos ambientes negativos para libertar a moça, em casos mais recentes apenas cortamos o fio de energia que liga os obsessores a pessoa e então revestimos elas com nossa energia para que a pessoa não seja encontrada e nem atacada, mas como nesse caso Isabel tinha mais de 90% e sua vida integrada nas mãos dos espíritos das trevas caberia para nós um trabalho mais detalhado. Após chegar a sua casa entrei sem dificuldades mesmo havendo um guarda que não servia de nada era apenas um espírito com sua consciência alterada como um louco servia mais de vigia do que de guardião daquele lugar, elevei minha energia para que não pudesse ser visto e entrei em todos os cômodos daquela casa e pude observar os rastros energéticos que tinham ali, ao entrar no quarto da moça olhando no teto vi alguns símbolos riscados energeticamente que servia de portal, passagem ou coisa assim, utilizei minha energia para clonar o portal e guardei em meu campo energético pois ele seria útil depois. Isabel chegou a casa e como de costume pegou diversos remédios e sem falar com seus pais entrou em seu quarto, se jogou na cama e neste exato momento um ser trevoso apareceu e começou a lhe introduzir pensamentos de desordem, suicidas e pensamentos deprimentes, o estagio de obsessão e conexo com Isabel era tão forte que não havia sugestões mentais e sim pensamentos que por ela eram facilmente absorvidos, aproveitei a presença do espirito e plasmei a imagem de um ser trevoso também, com as mesmas cores e símbolos que os demais espíritos estavam na casa e me aproximei.
- Senhor venho lhe entregar algo.
- Seu maldito não vê que estou com a moça em transe? Não posso fazer nada agora, saia daqui seu imundo.
- Certo senhor. Desapareci indo para outro cômodo da casa e voltei a minha forma original, o tempo que eu precisava era de apenas 2 segundos de distração, tempo suficiente para coletar informações de onde vinham aquelas energias e assim fiz.
Era quarta-feira e no dia seguinte Isabel deveria ser escoltada por mim  até o terreiro, os espíritos trevosos se organizavam a fim de deixar a moça mal a ponto de ela não conseguir levantar da cama, e para eles não seria difícil devido o nível de contato deles com ela, convoquei uma reunião no cruzeiro com meus auxiliares e junto estava o velho Joaquim, dei as instruções de como seria o nossos procedimentos de escolta que seria intensificado na noite de hoje, e Joaquim ajudaria com seus médium realizando um trabalho material solicitado por mim. E assim fizemos, quando a moça chegou a sua casa os espíritos trevosos estavam organizando um ataque energético para derrubar Isabel de vez, e fazer com que ela tomasse uma grande quantidade de remédios, uma quantidade que poderia mata-la, eu estava preparado para investir contra aquele sigilo, aqueles símbolos desenhados no teto de seu quarto, que era uma fonte incrível de força para o “encarregado daquelas induções mentais”  e que após a jovem tomar seus remédios era levada por ele para uma região densa localizada nas esferas negativas do plano terrestre. Quando o espirito tentou puxar a energia daquele sigilo, eu bloqueei usando um sobreponto colocado quando me plasmei em um espirito trevoso, que nada mais era do que um símbolo que bloqueava a mensagem energética enviada, como se houvesse um erro na comunicação entre o operante do sigilo e as energias que sairiam dali, ele tentou diversas vezes, sem êxito quando Isabel foi tomar seus remédio eu atuei com força metal e precisão fazendo com que ela tomasse uma quantidade menor o que fez com que os espíritos trevosos ficassem inquietos e começaram a organizar outra forma de atingir a moça, e eu a tudo observava a fim de prever suas ações e elimina-las, a noite passou e Isabel foi deitar, quando ela por conta do sono se desligou foi rapidamente capturada por um dos trevosos e levadas ao lugar de sempre, nesse momento eu e o velho Joaquim e mais alguns guardiões de seu terreiro seguimos.
Na quinta-feira Isabela acordou como de costume com dores no corpo, náuseas e dor de cabeça, voltou – se aos remédios e seguiu sua rotina, no dia anterior um de meus auxiliares ficou responsável por induzir seus pais a saírem de casa e levarem as chaves deixando a moça do lado de fora, isso para diminuir a chance de Isabel voltar para casa, no final de seu expediente Isabel recebeu o telefonema de sua prima que seria quem iria leva- la ao terreiro e nesse momento começou nosso trabalho pesado.  Os trabalhos  no terreiro haviam começados e por volta das 19 horas e foi que Isabel chegou no terreiro, nos estávamos escoltando ela porém os trevosos já estavam organizando um ataque energético para que ela saísse daquele lugar, Isabel começa a passar mal e sua pressão caí, Joaquim me deixou a par da situação e mandou que eu desse continuação ao procedimento e assim eu fiz, planejei um ataque com minha equipe e com os guardiões do terreiro, Joaquim incorporado em seu médium ascendeu uma vela e riscou um ponto esse ponto servia como um imã para retirar os cordões energéticos negativos acoplados na moça, logo em seguida ele foi para a parte de fora do terreiro e queimou pólvora no exato momento em que nós estouramos o local onde os espíritos se reuniam, prendemos a todos e levamos até a tronqueira do terreiro onde eles aguardavam o fim da consulta de Isabel com Joaquim, ao termino alguns médiuns foram selecionados para realizar o transporte daqueles espirito e assim foi feito, depois de muito trabalho e cuidado, conseguimos retirar tudo o que estava atrapalhando espiritualmente os caminhos da moça, e foi descoberto que os espíritos trevosos foram enviados através um trabalho de baixa energia pela amante de seu ex marido, para retira-la de sua vida e que ela tivesse o pobre homem só para ela.
Hoje após alguns anos desse ocorrido, Isabel encontra-se no terreiro como cambone e esta prestes a desenvolver sua mediunidade, a moça vive bem ainda com seus pais e esta namorando um rapaz, sua vida foi estabilizada e acompanhada em seu tratamento junto a um medico psiquiatra e um psicologo. E esse foi mais um trabalho solicitado a mim Exú Caveira.

Um trabalho de Desobsessão


Senhora Antônia mãe de três filhos, todos já casados ​​e com suas famílias já formadas, André o mais velho de seus filhos, frequentava as giras do terreiro em que ele costumava ir com sua esposa, André era sempre atencioso com sua família em geral , seus irmãos, primos e todos aqueles que lhe rodeavam, o moço, um jovem pai de costumava visitar sua mãe aos domingos junto a sua esposa marta e sua filha ainda de colo, a bela Isabel de 3 meses de vida e assim fez André em um domingo de sol. Ao chegar à casa de sua mãe, e depois de muito insistir, desistiu, pois sua mãe não estava e isso era muito estranho se acaso dona Antônia fosse sair ela teria lhe informado, o moço então desistiu e voltou para o seu lar, uma semana se passou e André não teve noticias e nem contato com sua mãe,


Após mais um domingo e seguindo para há segunda semana sem ver ou ter noticias de dona Antônia, André resolve passar na casa de sua mãe depois de um dia de trabalho, pois até suas ligações sua mãe estava ignorando, e assim ele fez e mais uma vez ele batia na porta e chamava seu nome em um tom de voz alterado, após diversas tentativas André foi tomado por um medo de que sua mãe havia falecido, e tomou uma força que lhe fez arrombar a porta entrou na casa e viu a cozinha em um estado que jamais havia visto, sua mãe era muito caprichosa com os afazeres de casa, seguido pelos cômodos e viu a casa em total desordem, lixos explicados pela casa até que chegou à sala de estar e viu sua mãe sentada no sofá olhando para o aparelho televisor que estava desligado, André que ainda não estava aliviado chamou a mãe uma, duas, três até vezes que ela olhou para ele,e com toda tranquilidade disse:


- André, meu filho porque não avisou que iria vir? Eu teria feito o café. O jovem estava impressionado com o comportamento de sua mãe, ela parecia não estar no mesmo mundo que ele, ela estava em um estado mental alterado, o rapaz não quis dizer muita coisa, ligado para sua esposa e seus irmãos que foram ao local e avistaram o estado que Antônia se encontrou, então decidiu levá-la a um hospital próximo, porém o médico após alguns exames nada constatou. Marta, a esposa de André, achou muito estranho tudo o que havia cometido com Antônia e convenceu que ela deveria procurar ajuda, e levou a senhora até o terreiro.


Em um sábado de sol por volta das 18 horas os três entraram no terreiro, e logo foram atendidos pegando uma ficha para tomar passe e se consultar com o guia daquela gira, um preto-velho, e assim foi feito. Antônia, André e Marta sentaram de frente ao preto-velho que logo foi dizendo:


- Minha filha, você não esta só, a filha deve fazer um tratamento, pois dois irmãos que estão do outro lado da vida estão lhe acompanhando, por isso ela está assim, eles querem acertar uma conta de muitos anos atrás. André e Marta estavam de olhos arregalados, espantados com a fala do velho, mas dona Antônia mal sabia o que seguramente ali. A cambone que auxiliava solicitou dois médiuns de corrente que iriam fazer o trabalho daquela senhora, eram dois médiuns experientes naquele tipo de trabalho, eles iriam realizar o transporte de espíritos negativos que estavam atacando dona Antônia diretamente.


Pai Benedito bateu seu cajado e um dos médiuns veio ao chão, trazendo em sua matéria o espírito de seu falecido marido, era um senhor que em vida sempre foi muito egoísta, sem moral, sem amor ou carinho por ninguém, pensando sempre no seu bem estar e nas coisas materiais, sugou as energias de Antônia em vida e estava fazendo isso em morte também, senhor José se revoltava, pois Antônia ainda estava viva e desfrutando daquilo que ele teria conquistado em vida, ele queria sua vida de volta, e acusava Antônia de ter o deixado morrer em um leito de hospital. Porem Antônia, sempre esteve ao lado do senhor José que ele veio a falecer de câncer nos pulmões, após uma conversa com o pai Benedito o senhor que ali estava compreendendo seu estado e aceitou o auxílio dos irmãos do plano astral que ali estava para ajudar -los .


- Meu filho desencarnado, você esta aqui e sabe por que, agora vamos pedir para que você acompanhe os irmãos de luz que estão aqui. O espírito emanava odiar olhar a todos e se recusava a ouvir o pai Benedito, que pediu que ele esquecesse e aceitasse o passado foi então que o espírito falou:


- Fui seu marido em uma vida passada, você envenenou a mim e nosso filho, esta que nessa encarnação foi seu esposo, e vocês ainda me pedem que eu perdoe esta adultera. Pai Benedito dando uma puxada em seu cachimbo se controlado em seu banquinho e começou a dizer mentalmente ao espirito que ali estava:


- Meu filho, nesta encarnação em que você está falando ela foi mais vitima que você, o senhor de uma terra próspera que ficava perto do vilarejo de vocês queria Antônia como sua esposa, como Antônia sempre foi uma religiosa e fiel, jamais aceitaria ter um caso com este senhor e ele sabia disto foi então que ele decidiu envenenar vocês enquanto ela estava em uma tarefa na cidade a mando do padre, agora que sabe da verdade meu filho, perdoe esta senhora que sofreu muito mais do que você pensa, pois após declarado luto eterno pela morte de seu esposo e seu filho, foi trabalhar no convento, e morreu a míngua, pois naquela época ser viúva ou desquitada era ter uma vida condenada, o senhor de grandes terras que fez o mal feito não quis nada com esta senhora, matando vocês apenas por capricho.


O espírito enquanto ouvia a tudo, após entender chorava copiosamente e depois de alguns minutos de reflexão pediu e aceitou o perdão segurando em uma das mãos de André, quando a fala de pai Benedito acabou o espírito seguido com os irmãos do plano terrestre e dona Antônia já se encontrou com seu estado normal de consciência. A senhora foi orientada e realizou um tratamento espiritual, para que as sequelas seixas seguindo sendo curadas e hoje frequenta o terreiro em forma de gratidão e para evoluir através das leis da umbanda.

iniciando na Umbanda



No início tive medo, medo ao entrar naquela porta e sentar nas cadeiras que ficavam ao lado direito da entrada principal daquele terreiro, tive medo de pegar uma ficha que era dado por uma gentil senhora que anotava os nomes de quem estava ali, tive muito medo quando me chamaram pelo nome, entreguei a ficha e fui falar com uma daquelas pessoas que estavam incorporadas, nossa eu suava frio. Tive muito medo de expor meus problemas ali, mas me diziam que ali se tinha remédio pra tudo, só esqueceram de dizer que o remédio poderia ser amargo pois o espirito ali na minha frente não passou a mão na minha cabeça, e me disse a verdade sobre meus problemas, a verdade era que eu esperava algo mais magico, eu fantasiava algo mais além de uns banhos de ervas e umas orações, achei tudo aquilo um tanto quanto sem graça, sem força, sem aquele carnaval que alguns amigos me vendiam como imagem de religião, mas resolvi aguardar.
Voltei algum tempo depois sem tanto medo, mas com timidez, era bem tratada por todos que dali faziam parte, comecei a ir mais vezes, mas cada vez que eu ia, era colocada contra mim mesma, como se o tal caboclo me colocasse como a culpada de meus próprios infortúnios, e minha onda de má sorte, em relacionamentos, emprego, família e etc. Não estava ali pra ouvir ou ver que a errada era eu, mas ouvi, e ouvi a ponto de não querer mais colocar os pés naquele lugar, pois para meus amigos que frequentavam tudo estava bem, eles viam magia onde eu não via nada além de um povo de roupa branca e colares no pescoço.
Mas comecei a ter sonhos, onde uma senhora bem velhinha, me dava conselhos de todos os tipos, mas o que mais ela falava era pra que eu voltasse até o terreiro e aceitasse minha condição, passei em um psicólogo e as respostas pareciam ser as mesmas, e era a culpada, deveria assumir responsabilidades e blábláblá. Os sonhos continuaram até voltei ao terreiro e nada mudou, até que em um dialogo com o caboclo me fez abrir os olhos.

- Você não se cansa dessa luta? Não se cansa de não tentar nada? Façamos um acordo moça, você segue meus conselhos e se acaso você não melhorar, você não precisa vir aqui nesta oca. Eu havia entendido o recado do caboclo que parecia estar cansado em me ver tantas vezes ali com os mesmos problemas, mas resolvi tentar, afinal aquele lugar me causava paz, e assim eu fiz, segui alguns conselhos que não foram nada fáceis, exigiu muito de mim, muita autodisciplina, muito trabalho interno, mas as coisas melhoraram e sem que eu me desse conta, havia três anos que eu frequentava o terreiro, participando de palestra e festas, já me sentia uma pessoa da família, uma pessoa de casa.
Os problemas foram sendo sanados, para que outros entrassem no lugar, mas isso é o ciclo natural da vida, sabia que com os guias ao meu lado eu poderia enfrentar, mas algo batia forte em meu coração, sem que eu percebesse eu cantava as cantigas em casa enquanto limpava, saia na rua e saudava exu, terça feira ascendia velas para ogum, e quando fui ver estava mais dentro do terreiro que fora, foi quando em um dia de consulta o caboclo de direcionou até mim e disse:
- Para preencher esse vazio, venha pro lado de cá. Foi o que bastou para que eu me candidatasse para ser cambone afinal, jamais teria coragem de falar que tinha vontade de entrar para a corrente, os anos se passaram e eu como cambone dedicada, procurava sempre aprender, ajudar, auxiliar, me doava por inteira, afinal ali eu estava de corpo e alma.
Passaram-se 5 anos, até que nosso pai caboclo de nossa casa disse eu teria de desenvolver minha mediunidade, e isso foi outra surpresa para mim, e novos aprendizados ocorriam em minha vida espiritual e material, estava bem equilibrada com todas as questões de minha vida, conheci um jovem, com nome de Carlos que em pouco tempo também resolveu entrar na umbanda como Ogãn, até a data de nosso casamento que foi realizado na praia, pela Umbanda, por nosso sacerdote.
Estava dando passes e consultas, um degrau a mais na escala evolutiva de um médium de umbanda, quando engravidei de meu primeiro filho João, fiquei sendo amparada pelos guias da casa, ate que no dia de seu nascimento eu fui para o parto segurando a chupeta do Joãozinho, um êre de um de nossos irmãos médiuns, e que graças a Oxalá deu tudo certo.
Ainda hoje faço parte da Umbanda, com muitos acertos e muitos erros, mas com uma historia de amor, carinho e fé. Tenho a certeza de quem conhecer esta amada religião aprenderá o caminho do amor, e da caridade, minha família composta por meu marido e meus dois filhos também estão nesse terreiro e somos uma família abençoada por Oxalá.

Na força das águas



Em um dia de gira no terreiro de mãe Maria, o Ogãn firmava o ponto em homenagem ao povo d’água louvando a senhora da kalunga grande nossa amada mãe Yemanja, trazendo a luz e a energia das aguas para o terreiro, o canto de todos com a energia dos atabaques formavam uma imensa corrente energética, os espíritos da linha do mar, já estavam ali eram os marinheiros, todos ao lado de seus médiuns emanando suas energias, só não sentia aquele que realmente não estava conectado com a energia do lugar. O Marinheiro que trabalha com mãe Maria estendeu sua mão em direção a sua testa lançando uma luz de cor azul clara iluminou a sua “coroa” realizando ali a incorporação, junto com essa luz uma grande ‘’onda’’ de energia entrou no lugar, lançando o corpo franzino da mãe de santo para cima do altar parando a centímetros do congar, ali todos já sabiam que o senhor Marinheiro já estava em “terra” (termo usado pelos médiuns da casa para dizer que o guia já estava acoplado em sua médium).
O Ogãn fez seu papel cantando em homenagem a presença do espirito que ali estava o marinheiro ainda irradiado pela energia das aguas, balançava de um lado para o outro no ritmo do toque dos atabaques, a dança do marinheiro agitava aquela energia que se expandia por todo o terreiro lavando energeticamente os médiuns e a assistência que estavam ali, após o termino da dança o Marinheiro recebeu seu chapéu seu cigarro de palha e sua garrafa de cerveja. O tempo passou e já no termino dos trabalhos um médium novato não tinha conseguido vibrar com nessa linha, e ele estava todo preocupado por não ter entrado em contato com a entidade foi perguntar o que estava acontecendo com ele, pois nem ele mesmo tinha entendido o que havia ocorrido então o Marinheiro responsável pela linha lhe disse:
- Meu filho, você este preocupado se estamos bêbados? E logo pensou que estaria incorporando um espirito bêbado e esta com medo disso, entenda que o modo com que eu ando a forma com que eu falo e como danço, não diz que estou bêbado, mas sim que estou em contato coma energia do mar, balanço de um lado pro outro como um barquinho solto em um mar sem ancora para mantê-lo estático no lugar, não estou bêbado e nenhum de meus irmãos aqui está, bebemos de forma ritualística como todos os outros guias fazem, agora deixe de pensar que irá trabalhar com um viciado, pois hoje você trabalhará com um espirito que trás em si a energia das aguas. Após dizer isso o Marinheiro tocou na testa do médium e deu a ele a visão do que ocorria, neste exato momento o jovem médium conseguiu entrar em contato com seu mentor que estava ali, esperando o termino da conversa para poder trabalhar nas forças das aguas. E antes que a gira terminasse o Marinheiro disse a todos:
- Meus filhos, não se preocupem com a forma com que nós nos apresentamos, nós estamos nas aguas e não bêbados, caso quiséssemos trabalhar apenas para beber estaríamos em um bar e não em um terreiro de umbanda, rindo com sua simpatia de sempre ele deu mais uma golada em sua cerveja e se voltou ao Ogãn que tocava um barravento animado.

Salve as Forças D’agua.

A força da reza


Um filho veio me pergunta que poder uma oração tinha, e porque os umbandistas devem se valer dela? Sendo que teriam as entidades que fariam o papel de guia e os protetores que seriam os guardiões e além desses já citados, contam com as forças do Anjo da guarda.
Eu dei um sorriso a este médium que há pouco tempo iniciou nas leis de umbanda e com muita fé levava seus estudos e seguia aquilo lhe era ensinado, e comecei lhe dizendo:
- Meu filho você esta certo em seu ponto de vista em achar que tem todos esses espíritos ao seu lado e que devido esse fato você poderia abrir mão de suas orações e pedidos, mas vou lhe mostrar passo a passo como uma oração pode lhe servir e porque deve pratica- la junto com um breve momento de meditação. Quando você se coloca de frente a alguma entidade, seja ela o Deus que esta em sua mente, guia, orixá ou qualquer outra coisa que você deposita fé, você esta em contato com aquela energia ou egregora que se relacionará com você, como uma evocação de uma entidade, o poder da fé um poder invisível aos olhos daqueles que estão encarnados e tem  poder de elevar o nível de energia em que meu filho está, por exemplo: você poderia estar em um momento de inquietude e ansiedade em que necessita de algo que lhe traga a calma, neste momento em que fecha seus olhos e pede a um de seus guias ou algo em que acredita você esta trocando energias que em alguns segundos fará com que você se acalme podendo até mudar o padrão energético em que você se encontra, em outros casos a oração o pedido ou ate mesmo a conversa com seus mentores faz com que você e seus guias possam se relacionar fora do período do terreiro e ai cabe a você abrir espaço em seu campo energético para receber as energias que seus guias lhe enviaram. Sendo assim meu filho a oração, reza e etc.. Serve para que você possa mudar de nível vibracional, serve para manter contato com seus irmãos astrais e com o uso do poder da fé poderá se revestir de boas energias impedindo que energias negativas e espíritos de baixa vibração possam se aproximar de ti.
Os pedidos, realizados em uma oração podem ser usados com algo que chamamos de força pensamento caso saiba usar poderá estar atraindo aquilo que é pedido em orações é claro que estamos falando de orações e não de lamentações como vemos em muitos casos em que as pessoas se inclinam diante da espiritualidade ou daquilo que acreditam apenas para chorar, reclamar de suas vidas, estamos falando de um contato com energias superiores que exigem que se tenha uma boa postura, que saiba aquilo que está falando e pedindo, é necessário neste momento em que falamos de pedidos que você compreenda sobre as leis de atrações mantendo sempre vigilantes em sua postura para atrair as coisas boas para sua vida, caso você seja uma pessoa carregada de cargas negativas dificilmente conseguirá atrair coisas positivas meu filho, nós somos aquilo que pensamos.
O garoto me olhava de olhos arregalados, eu estava sem graça e perguntei a ele se teria me entendido, ele balançou a cabeça repetidamente umas 5 ou 6 vezes e disse:
- Me desculpe interrompe-lo, mas é que já esta dando a hora de nossa gira começar e eu ainda não fiz minhas preces, e saiu me dando as costas me deixando ainda com a mão direita levantada em sua direção, eu mais uma vez sorri e fiquei observando a postura do garoto que foi até seus utensílios, pegou seus fios de contas, se ajoelhou em um canto próximo ao altar, fechou seus olhos e se conectou em um prece que fazia com que do congar saísse algumas fagulhas de luz que iam em sua direção e eram absorvidas pelos seus fios de conta.

A janela Aberta


Acordei e sentei na cama que estava molhada de suor, enxuguei minhas lagrimas e peguei o copo de agua que ficava ao lado em um criado mudo, engoli a agua que desceu de forma estranha pela minha garganta seca, procurei me acalmar até que meu corpo parasse de tremer, minhas mãos suadas foram secas no lençol e fui acordado quando a janela de meu quarto bateu com a força do vento, levantei e fui fecha-la, ao chegar a frente à janela senti um medo estranho, como se alguém me observasse atrás da porta na sombra feita pelo guarda roupas, preferi ignorar a sensação e continuei caminhado para a janela, puxei os dois lados para fecha- lá quando pelo reflexo do vidro que compunha a janela vi a sombra de homem, me assustei e ele desapareceu, mais um susto quando meu despertador tocou já era hora de eu levantar e me arrumar para trabalhar, e assim segui fazendo minhas coisas rotineiras de uma manhã chuvosa, estava angustiada e com medo do meu apartamento que ficava no 23 andar de um prédio na zona norte de São Paulo, sai de casa com pressa mesmo não estando atrasada corri para o elevador que para a minha sorte estava quebrado, hora mais essa agora, descer pelas escadas. Ao descer pelas escadas o medo voltou a me acompanhar estava descendo os lances de escada em alta velocidade, ate que meu salto alto resolveu entortar meu pé que me fez cair de frente à porta dos 18 andar, a porta se abriu e eu estava ofegante e assustada, mas para a minha sorte era um casal de idosos que me ajudou a levantar e concluir o meu caminho até p estacionamento, cheguei de frente ao meu carro e para minha grande sorte as minhas chaves estavam lá em meu apartamento, isso me indicava um péssimo dia, um horrível dia, tirei meus sapatos de salto alto e subi mancando até meu apartamento, que ao entrar não pude deixar de notar que a janela que eu tinha fechado a poucos instantes estava aberta de novo, não me atrevi de ir até ela fechar, ela ficaria daquele estado até eu chegar, dessa vez tive sorte de descer com uma amiga que morava no mesmo andar que eu a conversa ajudaria a distrair os 23 lances de escada que eu estaria descendo pela segunda vez, cheguei em meu carro e parti rumo a meu trabalho no centro da cidade segui o caminho normal mas devido as chuvas que lavavam São Paulo tudo estava um caos, depois de 2 horas eu consegui chegar no escritório em um percurso que costumo fazer em 40 minutos.


Ao entrar todos me olhavam com uma cara estranha e aquilo já estava me deixando furiosa eu deveria ter algum doce em minha face pois todos olhavam para mim , eu sempre fui bela mas não seria por esse motivo que todos me olhavam, quando deixei minhas coisas na mesa minha gerente me chamou em sua sala e eu fui talvez deveria ser algo sobre alguns relatórios que deveriam ser entregues naquela semana, ao chegar na sala e me sentar eu ouvi muitas reclamações de meu desempenho na empresa que se eu não fizesse algo para mudar eu estaria fora do quadro de funcionários por ultimo minha gerente pegou um pequeno espelho esses que as mulheres costumam levar em suas bolsas para se maquiar e mandou que eu me olhasse e visse quem estava ali, me deu um numero de um psicólogo que segundo ela era bom e barato, eu realmente não entendia o que estava acontecendo comigo, eu estava desligada de tudo e minha vida não seguia o fluxo normal como antes, procurei algumas amigas e contei meu drama, com umas eu fui para a balada pois segundo o diagnostico dado por elas eu estava muito estressada e precisava relaxar, outras eu precisava de um namorado e assim foram passando os dias sem que eu conseguisse nenhuma melhora em nenhum setor de minha vida.


Após um mês depois da conversa com minha gerente, eu estava pior que antes e quando chegava no trabalho era impossível não notar que todos olhavam para mim com uma certa estranheza, cheguei para mais um dia normal joguei minhas coisas na mesa e debrucei minha cabeça sobre minha bolsa, havia sido mais uma noite de pesadelos em que eu dormia mal, antes que eu pensasse em reagir dona Rosa, uma senhora simpática veio até mim e deu uma xicara de café com um sorriso no rosto dando bom dia, eu apenas aceitei com um sorriso de lado em forma de gratidão. Após esse café recebi uma mensagem de voz de minha mãe dizendo:

Ligando os pontos

Dei boa noite ao senhor que estava no portão do cemitério, ele era um guardião do lugar, saudei o ponto de força que estava fixa ali, era do senhor tata caveira, e era com ele que eu iria conversar hoje, fui acompanhado por um de seus auxiliadores ate chegar ao local onde o senhor tata estava, sentado em um banco de concreto enfeitado pelos ramos de flores típicos daquela paisagem, a neblina estava densa principalmente envolta daquela praça em que estávamos nos encontrando.


Pedi licença e saudei um dos senhores da calunga pequena, muito respeitado e temido nos caminhos das trevas, ele me correspondeu a reverencia ele pediu que eu me sentasse, eu estava bem impressionado com sua aparência e a energia que ele transmitia ao local, aquele cemitério era um dos poucos que o senhor tata caveira utilizava para realizar seus trabalhos e foi um privilegio poder estar de frente com ele, ao sentar ao seu lado me senti tremulo, não pude deixar de observar os detalhes de suas vestes, seu longo capuz negro, e o crânio que tinha vida dentro dele, suas mãos estavam fora de minha visão provavelmente dentro do manto que lhe vestia, ele olhava fixamente para mim, isso me dava mais medo ainda quando o próprio guardião com sua voz rouca rompeu o silencio:


- Não esta aqui apenas para admirar minha beleza que foge totalmente dos aspectos físicos não é mesmo? Um amigo meu pediu que recebesse vossa senhoria esta noite, pois tinha algo que lhe incomodava, pode começar dizendo o que precisa? - Confesso que estava bem espantado, impressionado e maravilhado com tudo aquilo, mas resolvi interagir.


- Sim senhor guardião, gostaria de agradecer a vossa disponibilidade em me auxiliar, como nosso amigo disse ao senhor estou tendo muita dificuldade em executar algumas tarefas da missão que a mim foi concedida - Ainda me olhando fixamente o guardião tata caveira me respondeu:


- Tem certeza de que o que necessita esta aqui? Olhe bem para este lugar


- Claramente senhor, eu vim até a sua presença na certeza de que o senhor poderá me ajudar, não quero tomar o seu precioso tempo, então gostaria de ir direto ao assunto:


- Por favor, comece - Disse o guardião estendendo uma de suas mãos esqueléticas para mim.


- Senhor, eu sou um trabalhador de uma casa espirita e desempenho o papel junto a uma irmã que lá está e necessita de amparo espiritual, ela esta sendo obsidiada por um irmão que se encontra nas trevas, e vim ao seu encontro através de um espirito que realiza a guarda de nosso centro, ele disse que o senhor poderia nos ajudar a resgatar este irmão que caminha perdido.


- Antes de tudo gostaria de deixar bem claro que o meu método de trabalho é um pouco diferente do seu e que a ordem de rastrear um espirito que se encontra nas trevas e prende-lo deve vir do alto, para que eu então execute a tarefa, o irmão que guarda o centro espirita de vocês trabalha em minha falange servindo de guardião de algumas casas espiritas ele não usa a mesma forma astral que eu, pois atua em um centro espirita onde os espíritos que ali se manifestam devem compartilham da mesma imagem, porém tem o acesso a mim quando necessário encaminhando as tarefas trevosas a nossa equipe.


- Entendi perfeitamente senhor, nosso irmão Carlos que se manifesta através de sua falange disse que o senhor poderia nos ajudar - Neste momento e sem que eu percebesse Carlos o irmão que trabalha na defesa da casa espirita apareceu ao meu lado e tomou a conversa.


- Boa noite senhores, estou aqui para melhor ajudar no caso, peço permissão ao senhor guardião tata caveira para que eu possa ajudar - o guardião tata caveira apenas balançou sua cabeça de forma positiva lentamente e então Carlos continuou:


- Senhor eu trago informações do espirito que esta acompanhando a senhora que atende pelo nome de Selma, ele costuma ser levado por nós para o centro espirita nas noites de quinta- feira para que possa ser doutrinado, porém das ultimas vezes que nos acompanhamos este espirito para o local, fomos atacados duramente por um grupo que pelo que me parece o espirito que esta sendo doutrinado se filiou, tenho registros energéticos deles meu senhor, e aguardo a ordem dos irmãos representantes da lei para tomarmos alguma ação - eu estava a par de todas as informações que estavam com Carlos, pois a equipe de defesa do centro espirita era bem eficiente, o guardião tata caveira apenas balançou sua cabeça mais uma vez de forma positiva e o silencio pairou no ar, alguns segundos depois o guardião tata caveira respondeu:

Amor Materno.


Entre os carros que estavam parados em uma avenida movimentada da cidade de são Paulo, corria desesperada Manoela, uma jovem que estava sendo seguida por um casal que segundo a jovem á perseguia durante muito tempo, a jovem corria sem rumo após lutar mentalmente com eles dentro de seu apartamento, no 20 andar de seu prédio localizado na região central de São Paulo.

Manoela era recém-formada em advocacia e estava trabalhando no escritório de seu pai, sua família vivia feliz na região central da cidade de São Paulo, tudo deu inicio quando Manoela começou a ter diversos pesadelos no decorrer de suas noites e sempre com a impressão de que estava sendo sempre observada e as coisas pioraram quando Sr. Agnaldo pai de Manoela resolveu fazer uma viagem ao exterior deixando apenas Manoela e sua mãe Marisa, a relação das duas sempre foi bem diferente da relação de Manoela com Agnaldo que tratava sua filha como uma princesa, porem sua Mãe costumava trata-la de forma indiferente sendo que a mesma sempre disse não ter muita paciência com crianças e adolescentes, por este fato as duas eram bem afastadas.

Marisa era uma jovem madame que gostava de tudo o que o dinheiro podia lhe ofertar, desde carros e viagens caras que seu marido um renomado advogado podia lhe proporcionar, ela nunca quis ser mãe mas resolveu ceder a vontade do marido em ter um filho, pois na mente dela ele poderia arrumar outra mulher que quisesse e assim largaria ela que sem condições de se manter no padrão social em que vivia iria sofrer, e assim se resume a vida de Marisa, sua filha sempre sentiu a frieza de sua mãe e por ter sempre Agnaldo ao seu lado era mais apegada a ele e além de Agnaldo a jovem Manoela contava com os cuidados de dona Maria a governanta de seu apartamento, Maria era uma senhora muito disposta e que nutria muito carinho para com Manoela, Maria foi a mãe substituta que a garota precisava, o laço delas era tanto que nas comemorações de dias das mães tradicionalmente comemoradas quem ia ver os espetáculos organizados pelos colégios era Maria e Agnaldo, pois Marisa sempre tinha algo mais importante a se fazer do que ver uma homenagem a figura materna realizadas por crianças.

As crises de medo e ansiedade começaram a se intensificar quando Manoela estava prestes a prestar uma prova para um órgão importante da área de advocacia, mas segundo seu psicólogo era devido a tensão e o senso de responsabilidade que a jovem passava naquele período, os pesadelos continuavam e as sensações começaram a aparecer, sempre que Manoela acordava no meio da noite saindo de um pesadelo em que um casal perseguia ela e lhe açoitava ela sentava em sua cama, pegava um terço dado por Maria e fazia as preces que aprendeu ainda pequena, por influencia de sua amada Maria, isso ajudava a acalmar a jovem, porem com o tempo essa pratica acabou perdendo a força, pois Manoela cada vez mais tinha pesadelos piores ate que em uma das noites de pesadelo o terço se quebrou, no outro dia Manoela pediu a dona Maria que lhe trouxesse outro daquele, e Maria concordou em lhe dar. O dia da prova chegou e Manoela foi pega de surpresa pelas fortes emoções e ter alucinações, ela via o casal de seus pesadelos lhe observando, era sempre de relance mas quando a jovem voltava a olhar os dois desapareciam e isso ocorreu durante a prova fazendo com que a garota se preocupasse, ela tentou ligar para seu pai que estava em uma conferencia em um pais da Europa e por esse motivo não pode atender, então ligou para Maria dizendo o ocorrido e que imediatamente mandou que o motorista a trouxessem de volta para a casa. Naquela semana as coisas foram difíceis para Manoela que tinha medo de sair de seu quarto, sua mãe Marisa foi alertada por Maria que ouviu que a menina estava sendo cuidada pelos melhores médicos da cidade e que ela deveria estar tendo uma crise de estresse e que quando fosse ao shopping isso tudo seria resolvido.

Maria era uma mulher simples que morava na zona leste da cidade de são Paulo, ela era irmã de um sacerdote de umbanda que fazia sua proteção espiritual ao perceber que as coisas que Manoela sentia não eram coisas físicas e simplesmente mentais, resolveu contatar seu irmão em um dos finais de semana que passou com sua família, seu irmão deu o diagnostico após uma sessão em seu terreiro de que a menina precisava de ajuda espiritual que estava sendo perseguida por espíritos trevosos e que todo cuidado era pouco com a vida de Manoela, Maria recebeu um terço direto das mãos do preto velho que trabalhava através da mediunidade de seu irmão e pediu que levasse até a menina, e assim Maria fez deixando o terço com sua amada Manoela que lhe serviu de alívio e foi o suficiente para que a moça saísse de seu quarto e tentasse tocar sua vida de forma normal, seguindo os conselhos de Maria para que levasse sua vida de normalmente e Manoela até que tentou, mas as crises eram cada vez mais fortes até que Manoela não conseguia mais levar sua vida ignorando a presença daquele casal, a jovem teve uma crise em seu quarto quando tentou atacar o casal de espíritos que apareceram atrás da porta, Manoela atacou tudo o que tinha em seu quarto em direção aos dois que riam da moça, sua mão ao ouvir toda aquela barulheira e gritaria da moça resolveu entrar em seu quarto e foi alvejada por um abajur quando abriu a porta, Manoela estava realmente fora de si, e Marisa deduziu que sua filhas estava tendo um ataque de rebeldia e ligou para Agnaldo relatando a sua versão dos fatos. Quando tudo aquilo acabou Maria deu um banho em Manoela que estava passando muito mal chegando a vomitar diversas vezes, Maria estava desesperada e ainda faltava cerca de 20 dias para Agnaldo voltasse de seus afazeres no exterior, e as coisas cada vez mais se complicava. No meio da noite Maria ouviu Manoela chorando e resolveu entrar no quarto, viu a garota sentada na cama em prantos, Maria a abraçou e chorou junto com a menina, logo fez uma prece e sentiram –se melhor e as duas pegaram no sono, essa teria sido a primeira noite de sono de Manoela em 15 dias.

O Cambone


Tomás era um jovem que a pouco tempo se iniciava na religião de umbanda e que assim como muitos iniciantes ele estava empolgado em participar de todos os trabalhos, queria aprender tinha sede de conhecimento e queria estar preparado como os médiuns mais velhos de seu terreiro, ele queria dar consultas e passes, porém o seu dirigente ordenou que ele trabalhasse como cambone antes de começar a ter contato com suas entidades, a ordem não agradava o jovem que ansioso aguardava por sua vez nas giras de desenvolvimento, mas para ele começar como cambone não seria uma má ideia afinal ele estaria próximo as entidades e ouvia muitos médiuns dizerem que começara como cambones também, isso acalmava seu ser.

O dirigente daquele terreiro era um senhor muito serio e tratava os seus filhos com essa seriedade e rigidez, afinal a casa atende mais de 100 pessoas em um espaço onde caberia apenas 40, mas quanto a isso a espiritualidade sempre deu um jeito de organizar, com o tempo as ordens de seu dirigente para Tomás começaram a ficar cansativas e repetidas, o jovem não via um fundamento para aqueles trabalhos que ele e um grupo de pessoas faziam ao lado guia, para ele era apenas anotar recados, ascender velas e charutos, isso pra ele era algo quem não tinha muito sentido ainda mais que ele julgava ter uma mediunidade avançada, algo que ele deduziu após ler muitos romances mediúnicos. Certo dia Tomás chegou para os trabalhos na casa que ocorriam as sexta-feira cansado e determinado a falar com seu dirigente o senhor Raul, teria ele durante a semana pensado em diversas coisas e chegado a conclusão de que ser cambone era pouco e que ele estava um nível acima daqueles trabalhos que lhe foram incumbido. Entrou no terreiro e foi logo procurar o Sr. Raul, pediu a ele um minuto para que pudesse conversar sobre algumas coisas que ele estava pedindo, e os dois se dirigiram a um cômodo do terreiro onde servia de vestiário e Tomás começou a dizer:

- Senhor Raul, eu tenho muita gratidão pelo senhor ter me acolhido aqui, mas creio que o Sr. Me colocou para fazer tarefas muito simples e que eu poderia ajudar mais se estivesse com outros tipos de trabalhos, como por exemplo o trabalho na corrente com os médiuns - Raul sorriu enquanto engolia uma dose de café quente, e respondeu:

- Tomás você está aqui a 3 meses e já esta reclamando das tarefas que eu confiei a você que pelo visto não estão sendo feitas como esperado, além disso como pode trabalhar na corrente com os médiuns se você ainda não desenvolveu a sua mediunidade menino?

- Exatamente senhor Raul, eu tenho uma mediunidade muito forte e o senhor ainda não me colocou nas giras de desenvolvimento, eu posso dar mais ao seu terreiro do que o senhor imagina - Raul olhou nos olhos de Tomás que estava suando como se estivesse em uma praia com o calor de 45 graus.

- Tomás como eu posso dar uma responsabilidade maior que esta que lhe confiei? Sendo que essa função é de suma importância, você esta conosco á 3 meses e já esta cansado das tarefas, sendo que nem estas você realizada corretamente, como eu posso confiar de colocar você nas giras de desenvolvimento sendo que não o vejo evoluir e sim querer trabalhar? Entenda menino isto daqui não é um carnaval e as coisas são mais serias do que você pode ver ou ler em livros, aqui nós cuidamos de vida e a sua tarefa é ajudar que os atendimentos sejam bem realizados dando suporte aos guias que estão em seus médiuns, e um bom médium começa sendo um bom cambone. – Tomás estava envergonhado por Raul ter chamado a sua atenção, mas mesmo assim resolveu insistir:

- Mas o que eu irei aprender como cambone? Sendo que a minha missão é trabalhar – Raul tomou folego e se acalmou para que não se exaltasse com Tomás que em sua inocência não via a importância que esses trabalhos tinham na gira.

- Meu filho entenda que esse trabalho ao lado das entidades você tem a oportunidade de absorver diversos ensinamentos, saber os fundamentos de cada coisa dentro dos rituais realizados nos atendimentos, você poderá como cambone observar a forma com que os guias trabalham e tratam as dores das pessoas sejam elas físicas ou espirituais, poderá entender para que serve cada erva, como pode se usar as velas e suas cores, esses ensinamentos são passados pelos guias em que você estará auxiliando, o trato com os consulentes também é importante tendo em vista que eles muitas vezes não sabem e não conhecem nosso universo e muitas duvidas serão tiradas com você. – Tomás estava de boca aberta pois não sabia o que responder e realmente ele achava ser o ajudante geral dos guias que trabalhavam na casa, Tomás pediu desculpas ao senhor Raul, que lhe abraçou e disse:

- Menino guarde essa fé e vontade de ajudar para os longos anos que virão pela frente, você irá precisar e agora vá até o altar fazer suas orações, limpar suas guias (fios de conta), colocar os itens que faltam nas caixas dos médiuns e ajudar a distribuir as fichas!! Rápido!!

Tomas deu um salto em direção à saída e foi fazer as coisas ordenadas pelo seu dirigente espiritual, naquele ano Tomás seguiu para a gira de desenvolvimento e usou tudo o que aprendeu e absorveu auxiliando os guias espirituais que lhe serviu muito como base para ser um médium firme e que tem muitas historias para contar.  

Com Amor... Estevão.

Meu nome é Estevão, estive encarnado por volta dos anos 80, com 38 anos desencarnei vitima de um acidente causado pela irresponsabilidade de terceiros fiquei durante alguns anos vivendo entre meus familiares e no mundo astral eu fui ajudado através de um terreiro de umbanda e deixo aqui meu relato de como ocorreu meu resgate com esses irmãos caridosos.

Por volta dos anos 80 em uma cidade no Rio de Janeiro eu morava com minha família que tinha um pequeno comercio, era uma mercearia aberta por meu avô e que meu pai assumiu o papel de gestor quando meu avô já não tinha mais condições de trabalhar, aquela mercearia garantia o sustento de minha família formada pelos meus pais, eu e meu irmão mais velho, quando completei a idade de adolescente fui encaminhado ao exercito onde fiquei por 5 anos e diferentemente de meu irmão eu pedi para ser exonerado da corporação, quando sai tinha a profissão de serralheiro e conheci minha esposa Joana, que estava passando as férias no Rio de Janeiro, logo que a vi me apaixonei, ela estava na casa de sua prima que era amiga de minha família, tivemos aproximação e consegui ter a atenção necessária para que a jovem pudesse notar meu interesse. Quando as férias de Joana acabaram ele voltou ao seu estado de origem São Paulo, e trocamos alguns telefonemas através de um numero de telefone publico que sua prima havia me passado, e algumas cartas que ainda eram comuns na época, e combinamos que quando ela voltasse ao Rio de janeiro eu iria pedi-la em namoro a um de seus pais, então aguardava ansioso o retorno da jovem no mês de Julho.

Quando o mês de Julho tive a noticia de que Joana estava a caminho da cidade, eu que sempre trabalhei estava guardando algumas economias caso seus pais impedisse nosso romance eu iria fugir com a jovem como tínhamos combinados durante os meses que passamos namorando a distancia, quando o grande dia chegou fui ate a casa da prima de Joana acompanhado de meu pai que sabia do meu sentimento pela jovem e que decidiu intermediar a situação, primeiro ele tentou tirar essa ideia da minha mente e sem sucesso resolveu me acompanhar na certa pensando em me consolar quando recebesse o não dos pais de Joana, quando chegamos a casa pedi para falar com os pais de Joana que estavam surpresos com minha atitude e com a nossa decisão, eu era mais velho que ela quase 5 anos e tive de impor uma conversa séria entre eles e eu, contei que nos encontrávamos escondidos nas férias em que a moça passava no Rio, e que por telefone decidimos namorar mas isso só com consentimento deles, o assunto causou grande discussão na casa, fui investigado pelo pai de Joana que era um empresário em São Paulo, o desenrolar dessa historia se deu quando eles negaram meu pedido de namoro e me flagram fugindo com ela na mesma noite, fui capturado por seus parentes, surrado e levado ate minha residência pelo pai da jovem que jurou minha morte caso algo acontecesse com Joana. Quando o sol amanheceu tive a triste noticia de que Joana haveria ido para uma casa de campo em Teresópolis, logo perdemos contato eu estava muito mal pensando em Joana, os meses se passaram e a prima de minha amada pediu que quando eu chegasse de meu serviço fosse imediatamente ate sua residência e assim eu fiz, ao chegar lá tive a noticia de que joana estava mal, não comia, não saia mais de seu quarto e que seus pais estavam fazendo de tudo para que a moça reagisse a algo, ela estava usando seu poder persuasão com seus pais, chantageando seu pai dizendo que só melhoraria quando tivesse a oportunidade de me ver novamente, certamente o fato de Joana ser uma menina mimada contribuiu ao resultado positivo de suas ações, o seu pai embarcou para o Rio querendo ter comigo uma conversa seria, quando ele chegou mandou me buscar para que pudéssemos conversar na casa da prima de Joana, e é claro que eu não aceitei afinal quem estava interessado em falar comigo era ele, nada mais justo que ele viesse até a mim, e assim foi feito. Conversamos bastante sobre a situação de Joana e a proposta de seu pai era me levar para São Paulo, lá eu trabalharia em sua empresa e poderia namorar com a jovem, eu poderia morar no alojamento da empresa e teria uma ajuda de custo fora o salario, era uma ótima oportunidade afinal as coisas estavam difíceis no estado do rio de janeiro, conversei com meus pais que contrariados com minha decisão resolveram me apoiar e segui viagem rumo a São Paulo.

Amor acorrentado.

Mariana casou- se com Ricardo no terreiro em poucos meses, porem não se sentia muito a vontade com o relacionamento, tudo estava indo muito rápido e a jovem de pouco mais de 23 anos tinham sonhos que não incluíam Ricardo, não por ser egoísta, mas sim porque a garota trabalhava e estudava com tanta dedicação a fim de ser uma advogada de sucesso e seu noivo Ricardo, era um jovem que não gostava muito de trabalhar. O casal se conheceu em uma festa de amigos em comum no período de carnaval, após conhecer Ricardo sentiu um agrande atração pelo rapaz, uma coisa que nem mesmo a jovem sabia explicar, quando não estava na presença dele se sentia bem e animada, quando estava com ele algo a incomodava, mas ia levando até que se deu conta de que estava noivando em um terreiro. Quando começaram a namorar Ricardo disse a Mariana que era frequentador de um terreiro e que gostaria muito que ela conhecesse, mas como Mariana costumava fazer as vontades de seu noivo mesmo sem ela querer, ela foi e conheceu o terreiro, achou estranhas as bebedeiras que se davam nas noites em que os tais exus eram convocados as giras, o excesso de palavrões e as pessoas mal encaradas que frequentavam o local, mas como era ali o local em que Ricardo empregava a sua fé ela não iria julgar, talvez tudo aquilo fosse normal pensava Mariana.


Em alguns anos Mariana se formou e arrumou emprego em um escritório de advocacia, com o tempo Mariana e Ricardo foram ficando cada vez mais distantes, ela cada vez mais comprometidas com suas metas e realizações pessoais e profissionais e o rapaz sem ter nenhuma vontade de crescer em casal, estava desempregado fazia cerca de dois anos, mas os guias do rapaz sempre diziam a moça que ele estava desempregado porque ele tinha a missão de ajudar os outros, Mariana sempre foi muito discreta e não engolia aquela historia toda, pois independente da sua religião, deve – se procurar o seu crescimento pessoal, e isso era motivo de diversas brigas entre o casal, mas sempre que havia essas brigas uma força fazia com que Mariana recuasse e ate sentisse medo de Ricardo, mesmo sem tem motivos pois Ricardo não era agressivo com ela. As brigas foram ficando mais frequentes ate que Mariana decidiu separar de Ricardo, e mandou o rapaz ir para a casa de sua mãe afinal o apartamento, o carro e tudo mais que o casal tinha, vinha do dinheiro de Mariana.


Na noite em que Ricardo foi embora a jovem não conseguiu dormir, as poucas vezes que ela adormecia tinha a nítida sensação de ter alguém junto dela no quarto d casal e essa sensação durou ate o dia clarear e a jovem ir trabalhar. No decorrer do dia se sentiu mal a ponto de ir mais cedo para casa, ao chegar em seu apartamento encontrou Ricardo e seu Pai de santo em seu apartamento que certamente estavam surpresos pois não achavam que Mariana chegaria mais cedo, ao entrar a moça encontrou os dois no quarto, com algumas sacolas com itens que ela identificou fazer parte dos trabalhos nos terreiro, quando Mariana viu os dois falou com uma voz firme:


- O que vocês fazem aqui? - Ricardo respondeu assustado, gaguejando.


- Mari, estamos aqui pois o Pai veio junto comigo pegar minhas roupas – Mariana mediu os dois de cima abaixo e sentiu a mentira no ar, fitou o Pai de santo e continuou:


- Não acredito em você Ricardo, vou perguntar de novo, o que fazem aqui? Alias o que fazem aqui com essas coisas de terreiro? – o Pai de santo tomou a fala e disse:


- Filha a verdade é que estou aqui junto com Ricardo para tirar o espirito que fez vocês se separarem – Mariana sentiu um gelo em sua coluna, mas ela estava cansada das desculpas de Ricardo, e resolveu encarar os dois.


- Ora, mas que espirito é esse? O que me fez separar de Ricardo foi a acomodação dele, a falta de vontade de trabalhar, de crescer na vida, eu não posso mais carregar ele, e nisso não vejo nenhuma interferência de espíritos - o Pai de santo deu um pulo no ar, tremendo todo, caiu ao chão, gritando como um louco, a moça se assustou e correu pra cozinha, o pai de santo agora estava incorporado com um espirito que parecia não estar muito feliz com Mariana pois tentou investir contra a moça, mas foi barrado por Ricardo que pálido tentava o segurar, Mariana correu para fora do apartamento, pegou seu carro e foi ate a casa de sua mãe, deixando os dois no apartamento. A noite quando ela voltou não estavam mais lá, mas aquela cena ficou gravada em sua mente e seria difícil de apagar.

O kiumba.

Os meses foram passando e Ariane estava indo bem, seu desenvolvimento estava no mesmo ponto de sua mais nova amiga Suelen, as duas eram chamadas com frequência por Jeferson para ajudar em trabalhos mais complexos em que estavam os médiuns mais velhos, isso despertava muito ciúmes nas outras irmãs da casa, aos poucos as duas amigas estavam evoluindo pois já não caiam mais ou apenas rodavam velozmente, seus guias agora falavam, gesticulava e estavam presentes quando Jeferson ordenava, esse senso de que o pai de santo tinha plenos poderes nos espíritos de seus médiuns era uma visão passada constantemente por Jeferson, que explicava que a obediência de um médium é o que fazia o trabalho ser bem feito e que as meninas eram um bom exemplo de obediência em que ele transformava em dedicação. Mais pessoas entraram na casa e o tempo passou até que Jeferson chamou Ariane e Suelen para conversar as amigas foram juntas para o terreiro e Jeferson parabenizava as duas por terem chegado em um lugar alto na hierarquia da casa, elas passariam a ser médiuns de corrente, as duas estavam irradiantes e felizes se sentiam muito úteis na casa e amavam o que faziam mas nem tudo estava fácil, Jeferson cobrou uma quantia de 3 mil reais de cada uma para segundo ele comprar e fazer as preparações do ritual de passagem ou iniciação das duas, Ariane não tinha problema com isso pois trabalhava em um banco e tinha essa quantia guardada, porém Suelen não, mas Ariane não deixaria sua amiga para trás afinal elas estava juntas desde o começo e Ariane iria sentir- se muito mal se não ajudasse a amiga.

No final do ano Ariane deu o dinheiro na mão de Jeferson e então as duas começaram ser preparadas para o ritual que segundo o pai de santo iria dirar 3 dias, o estranho era que as duas jovens teriam de ficar nuas o dia inteiro, mas pelo relatos dos mais velhos daquela casa era uma pratica feita por Jeferson com todos os seus filhos, e elas engoliam facilmente todas as estórias ditas por Jeferson, so vestiam roupas brancas quando tinham que ir ate o altar do terreiro colocar suas oferendas, no ultimo dia o ritual que marcou Ariane foi ter que sacrificar um galo e ter sua testa, punhos e pés marcados com o sangue do animal, mas segundo o sacerdote aquilo era um mau necessário e que seria aquilo o alimento de seu exu, por mais difícil e exótico que tenha sido a experiência das duas, elas estavam felizes, pois iriam ajudar as pessoas, iriam dar consultas e passes estavam esperando esse momento.

No inicio do no seguinte estava Ariane e Suelen prontas para trabalhar e felizes pois a casa estava mais uma vez lotada de médiuns e aprendizes, Ariane e Suelen passaram a ser os braços direito e esquerdo de Jeferson quando mais uma vez alguns médiuns decidiram sair, mas sem muito se preocuparem o porque ou oque motivou a saída de mais 3 pessoas elas tocavam seus trabalhos, 5 anos haviam passado e a casa de Jeferson era lotada de pessoas principalmente quando era dia das pomba-gira estarem na casa, Ariane e Suelen trabalhavam muito bem durante horas, até o correr da madrugada com sua pombas – giras atendendo o pessoal que pedia de tudo, desde emprego até puxar o tapete daquele amigo de trabalho, varias vezes os médiuns foram embora depois que o dia amanheceu, quando ficavam incorporados apenas Jeferson, Ariane e Suelen. Cada vez mais Jeferson cobrava suas médiuns sobre coisas do terreiro, e elas sempre tomando a frente de tudo no terreiro ate que chegou a um ponto que Jeferson chegava 15 antes de começar os trabalhos e tudo estava pronto e organizado, Ariane estava a muito tempo trabalhando na casa e servia como uma mãe pequena para os médiuns novatos que tiravam suas duvidas com ela e Suelen, pois era muito difícil os novos conseguirem contato com Jeferson.

Ariane vivia a sua vida muito bem fora do terreiro, ela trabalhava em um famoso banco, sendo esse seu primeiro emprego e o lugar onde ela trabalhava a sua carreira, tinha relacionamentos instáveis acabou se distanciando de sua família pois quase não tinha tempo de visita- los, depois de algum tempo Ariane conheceu Roberto, um amigo de trabalho e começaram a namorar e por mais que tenha sido muito conturbado o relacionamento dos dois ambos decidiram se casar, pulando a etapa de noivado pelo fato de Ariane se sentir velha, arrumaram os convites e foram levar primeiro para Suelen e para Jeferson que seriam seus padrinhos.