Exu Rei Das 7 Encruzilhadas; De escravo à chefe de falange no reino dos guardiões. Nem todos aqueles que hoje são reis , em vida foram majestade
Um visitante fora do comum
Em uma noite fria típica de inverno,estava eu pensando em certos acontecimentos e rumos que minha vida estava tomando,quando fui surpreendido por uma visita um tanto fora do comum :
- Boa noite filho de vosso pai Oxalá!
Naquele momento pensei que fosse coisa da minha cabeça o que tinha acabado de ouvir; "só posso estar ficando maluco, além dos problemas que atormentam minha mente,agora estou ouvindo vozes!".
Quando levantei os olhos, vi um homem de pele escura, vestindo roupas pretas, corrente de aço no peito,uma capa vermelha em detalhes dourados. Na sua mão direita um tridente, na outra um chapéu.Mas o que mais me impressionou não foi sua aparência, mas sim, o seu olhar severo e até um pouco persuasivo.Confesso que tive receio, mas preferi pensar que era coisa da minha cabeça.
- O que houve meu filho, parece que viu um fantasma?!- disse aquele homem, seguido de uma gargalhada que me soava familiar.
Mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo perguntei:
- O senhor me conhece?
- É óbvio que conheço, sou eu quem lhe acompanha nas encruzilhadas da vida, defendendo e guiando teus passos. Eu sou o Exu Rei Das Sete Encruzilhadas meu compadre!
Surpreso com o que eu acabava de ouvir,achei melhor não contestar e simplesmente o saudei:
- Laroye sr Rei das sete, o que o traz a minha humilde residência?
- Venho notado o seu interesse em buscar o conhecimento sobre assuntos referentes aos mistérios do sobrenatural,principalmente questões ligadas à nós guardiões e nossas passagens no plano material.Por isso meu chefe me incumbiu a tarefa de revelar a você a minha trajetória.
- Me sinto honrado meu senhor, quer dizer que vou conhecer a história do exu rei das sete encruzilhadas! Isto é fantástico!
- Compadre,antes de começar, tenho que esclarecer algumas coisas;eu não sou o único guardião a carregar essa nomenclatura.Existem outros espíritos que trabalham nesta mesma vibração,carregando consigo o nome Exu rei das sete encruzilhadas.
- Quer dizer então que o senhor não é o único exu rei das sete que existe?
- Exato, assim como não existe somente um José, um João no mundo.Vou dar um exemplo; imagine um terreiro realizando sua gira de esquerda com vários mediuns incorporados.Digamos que ali estejam manifestados três exus Tiriri Da Calunga.Cada um deles é um espírito diferente, enviados por Orixás e chefes de falange distintos.Mesmo assim,carregam o nome de sua falange e o seu lugar de atuação, mas cada um é único, agindo assim, sob o comando e a força enérgica de exu Tiriri e atuando no seu ponto vibracional,a calunga.
- Quer dizer que o "verdadeiro" sr Tiriri não baixa na terra?
- Isso mesmo, tamanha é a força de sua energia, que seria impossível um ser humano suportar tal choque vibratório.
- Esse exu principal possui forma humana?
- Deixe-me esclarecer; esse guardião em um grau de evolução tão superior,que não necessita incorporar em seu médium.Por exemplo; O Tiriri que comanda essa vibração é o qual conhecemos como Tiriri Lanã, ele é quem comanda toda sua falange de exus tiriri.
- Mas eu já presenciei mediuns incorporados com essa entidade com essa denominação, Tiriri Lanã.
- Sim filho de meu pai, era um espírito de que carregava a força direta de seu chefe, não exatamente o próprio entende? Sendo assim, esses exus se apresentam na terra plasmando as características físicas e espirituais desse guardião.Quando um clarividente se depara com esse exu, plasmando suas características físicas, fica mais fácil de reconhecer quem é esse exu.Ele trabalha a mente humana fazendo com que o cérebro captando a sua vibração, transfira em imagem ocular aquela forma plasmada de um humano, o qual o médium assemelha com sua fé e vidência que aquele espírito é o sr Tiriri.
- Acho que agora compreendi!
- Sendo assim, estais pronto para absorver o que será revelado por mim..
Da liberdade da terra mãe ao sofrimento da escravidão
A partir deste capítulo, quem irá revelar seus fatos é o próprio guardião Rei das sete. Servi somente de instrumento de comunicação e registro, sem nenhum tipo de interferência escrita ou animismo que pudesse desvalorizar ou faltar com o respeito com a história desse grandioso exu.
...Nasci em meados de 1700,em uma aldeia no sul da África.Meu pai era chefe daquela tribo africana e eu como sendo o primogênito, seria o seu sucessor quando chegasse a hora de sua partida.Não estarei citando nomes carnais para que mantenha a ordem, privacidade e até mesmo a segurança de meus entes familiares, pois os mesmos não sabem que hoje no mundo espiritual, sou um guardião e isso deve manter-se do jeito que está.
Assim como eu,muitos de meus irmãos africanos tiveram destinos parecidos e histórias semelhantes à minha.
A aldeia era um lugar sofrido, mas de muito respeito e união, ali todos trabalhavam juntos em prol da nossa sobrevivência.
Quando completei nove anos de idade, comecei a participar de tarefas da tribo
.Sempre fui muito ativo, minha personalidade naquela tenra juventude já mostrava que eu não era de aceitar desaforo, não importasse o tamanho da encrenca que eu me metia.
Certa vez, dormíamos tranquilos quando fomos surpreendidos pelos gritos das mulheres que moravam na aldeia.Homens europeus invadiram nosso espaço, abusaram friamente de mulheres e jovens meninas, atearam fogo em nossas casas feitas de palha e barro.Alguns homens foram mortos, outros capturados, entre eles, eu e minha família.
Batiam-nos, fomos acorrentados e assim levados para o litoral da região. Caminhamos dias e dias sendo açoitados, sem uma alimentação digna, e nem se quer respeito.
Os que tentavam se rebelar eram mortos ou mutilados jogados pelo meio do caminho, crianças assistiam aquele circo de horrores a céu aberto, muitas vezes vendo seus próprios pais sendo assassinados na sua frente. Em uma tarde infernal, chegamos a um local onde havia uma enorme embarcação.Nos jogaram ali em um porão e zarparam em destino a uma nova terra há 2 séculos descoberta, mas que possuía riquezas intermináveis.O sofrimento e a crueldade era tanta que eu pedia aos deuses que adormecesse e nunca mais acordasse.
Certa madrugada de tempestade, alguns homens entraram no porão, abusaram sexualmente de muitas mulheres, inclusive de minha querida mãe.Meu pai não suportando tamanha atrocidade reagiu em um momento de fúria, mas foi cruelmente atacado e praticamente sem forças vitais foi lançado no mar.
Meu estado emocional, já não me permitia escorrer uma lágrima, toda raiva e tristeza se acumulava dentro de mim. Só jurava vingança a todos aqueles malditos europeus imundos que nos arracaram de nosso lar.
Aportamos na costa brasileira cerca de cem escravos que sobreviveram, naquela altura os nativos do lugar também já haviam sido escravizados e muitos irmãos também. Entramos em um enorme casarão, onde havia vários senhores comprando e vendendo escravos.Eram lotes e lotes de humanos sendo leiloados feito carne de exportação.
Fui bruscamente separado de minha mãe, ela ainda era jovem e foi vendida para um senhor de fazenda de algodão para servir de cozinheira e satisfazer os desejos nojentos daquele desgraçado.Ja eu fui para uma fazenda de café.Como sempre tive uma estrutura corporal forte, fui direto para o trabalho braçal, mesmo sendo tão jovem.
Naquele lugar, éramos obrigados a seguir as ordens cristãs, assistir missas, aprender a palavra do senhor, o Deus dos brancos.Se fossemos pégos cultuando nossas divindades, na melhor das hipóteses éramos açoitados e na pior queimados vivos, dados como bruxos e feiticeiros adoradores de demônios.
Com o passar do tempo, procurava uma forma de tornar as coisas menos cruéis pra mim.A sinhá , esposa do Barão tinha um certo apreço pela minha pessoa, me ensinou a ler, me dava alimentos dignos escondida do marido e em troca eu realizava seus fetiches da carne.Nessa época, eu cuidava das ferramentas usadas para o plantio, e a noite era o advogado dos escravos, o conselheiro entre os irmãos escravizados, daí surgiu a fama de doutor dos escravos, pois era o mais astuto e "estudado" da senzala.
O barão viajava muito e a esposa ficara meses sem sua companhia.Em um desses retornos, descobriu que sua amada esperava um bebê.
Sua alegria era tanta que realizou uma gigantesca festa, serviu vinho e aguardente aos convidados, aquela noite ninguém fora açoitado.
No dia em que a criança nasceu, foi o mais sangrento que presenciei em minha vida.De onde eu estava cuidando de minhas ferramentas, ouvia gritos,choro e objetos sendo arremessados, o velho barão estava enlouquecido pois sua mulher havia dado a luz a um menino de pele escura, uma afronta ao nobre barão de alta linhagem :
- Sua maldita rapariga! Como ousa a dar a luz a um menino mulato, um negro imundo! Responda-me, andas tu traindo-me com esses escravos? Responda!
Da sinhá só se ouvia choro e soluços desesperados de medo e pavor.Nunca imaginei que um homem pudesse ser tão cruel.Mandou literalmente despachar o menino na mata,reuniu todos os escravos à frente do casarão e chicoteou a mulher até a morte.Percebi naquele momento que eu também não sairia vivo dessa vez.
Todos os homens negros foram colocados em sua frente, enquanto aos berros perguntava quem havia causado tamanha vergonha e traição.:
-Digam-me seus inúteis, quem foi que me traiu! Se o negro teve coragem de seduzir minha mulher, então ele vai ter que ter coragem de se revelar!
Todos estavam de cabeça baixa, alguns tremiam de medo, outros esboçavam um ar de deboche, confesso que eu era um deles.Muitos irmãos foram torturados, era um massacre diabólico. Até que a escrava mucama que acompanhara sempre a sinhá e era sua confidente falou;
-Meu senhor! Pare por favor! Eu sei quem foi o homem que causou tudo isso!
-Se sabes a verdade porque não me contaste o que estava acontecendo? !
-Tive medo de ser castigada e que o senhor não acreditasse em mim!
-Então agora de a mim um bom motivo para que eu não a chicoteie aqui mesmo até não sobrar uma lasca de couro de tua pele escrava!
-Sua sinhá era apaixonada pelo escravo que cuida das ferramentas de lida no café.Varias noites ela saia escondida ao encontro desse homem, era por isso que ela não contestava suas viagens longas, pois sabia que seria mais fácil de realizar seus desejos íntimos sem que o senhor soubesse.
Aquela negra maldita me entregou de bandeija para o barão, naquele instante eu é quem sentia uma imensa vontade de esfolar aquela desgraçada. O barão se aproximou de mim e chibateou-me no rosto, a dor que eu senti não era maior do que o meu ódio.Depois de ser golpeado, atrevido do jeito que era, encarei o velho no fundo dos olhos, realmente eu não tinha medo do perigo, era um escravo um tanto quanto diferente de meus irmãos. Logo outra chibatada :
-Como ousas tu crioulo, encarar-me nos olhos, não percebes que sou o seu senhor é que me deves respeito e temor? !
-Não devo nada a você seu velho imundo!
-Levem esse negro atrevido para o mato, amarrem ele em um tronco que eu vou me encarregar do resto!
Assim fui arrastado até a mata. Perdi a conta de quantas chibatadas levei, até que em uma noite escura, um irmão que conseguira escapar da fazenda, ajudou-me a me libertar. Eu só pensava em vingança por tudo que passei desde quando fui tirado da África até aqueles tempos mais tenebrosos.Escondia-me no topo das árvores e vigiava a fazenda. Descobri que naquele mato , existiam sete caminhos que se cruzavam entre si e levavam até a fazenda, tamanha era minha astúcia que ninguém notara minha presença.
Criava armadilhas e saqueava as carroça que por ali passavam, algumas trazendo iguarias e escravos.Libertei muitos irmãos, alguns deles fugiram mata a dentro, outros capturados eram levados de volta para o domínio do velho.Os que sobreviviam, contavam histórias de que no caminho das sete encruzas havia um negro que libertava os irmãos e muitas vezes os curava com ervas. A lenda se expandia na fazenda, de doutor dos escravos, me tornei o homem dos sete caminhos, que agia na noite e sabia de tudo.
O barão arrancava os poucos cabelos que ainda lhe restavam tentando descobrir quem era esse homem,já que ele era uma ameaça para suas terras.
O fim e o recomeço
Conseguiu cegar os homens do Barão e partiu em fuga, até que avistou meu esconderijo no meio da mata:
-Estás vivo doutor? ! Como sobreviveste a todas aquelas açoitadas?
-Nem eu mesmo sei como consegui sobreviver, onde estão os capangas que o velho mandara com você para me apanhar?
-Sou mais esperta que eles, perderam-me de vista.
-Para onde irás agora? Deves saber que é muito perigoso ficar andarilhando pela mata sozinha.
-Ficarei com você aqui escondida e tu me ensinará tudo que sabes.
Assim foram passando os meses e aquela escrava fujona se tornou minha mulher. Éramos uma dupla perfeita, ninguém conseguia nos capturar e a fama do negro das sete encruzas só aumentava.
Resolvemos invadir a fazenda e libertar nossos irmãos de África escravizados, era uma noite de sexta-feira santa , onde os beatos reclusos em seu retiro espiritual não colocavam as fuças na rua até o sábado de aleluia.
Entramos sorrateiramente na casa do Barão mas fomos surpreendidos pelos capangas do velho. Os desgraçados nos feriram até quase perder a vida e o barão descobrira enfim,quem era o tal negro das encruzas:
-Quer dizer que és tu o doutor das encruzilhadas crioulo desprezível!
Sem forças para reagir, fomos levados para fora do casarão e queimados vivos.
Anos depois , acordei em um lugar fétido, e úmido, onde só enxergava-se uma névoa cinzenta. Quando olhei para o lado, vi um homem me observando:
-Onde eu estou?
- você morreu doutor, precisa colocar os pensamentos em ordem,pois meu superior tem planos para você.
Aquele homem possuía um ar de superioridade, tinha a pele branca, um verdadeiro cavalheiro da mais alta pompa.Usava um belo traje de veludo encarnado.Porem,havia um detalhe que mais me chamava a atenção; possuía os pés deformados e um deles virado para dentro como se não houvesse ossos:
-Não tenho permissão de revelar o meu nome, prefiro que me chame de Veludo, pois é assim que me conhecem no reino dos guardiões.
-Reino dos guardiões? O que é isso? Serei escravo até depois de morto? Isso é o inferno?
-Hahahah...acalme-se doutor ,logo você saberá de tudo.
-Como sabe que me chamavam de doutor quando encarnado?
-Sabemos de tudo que se passa no lado material do universo, você não veio para esse lugar por acaso.Foi consequência dos seus atos quando fora de carne e osso.
-Quer dizer que lutar pela minha sobrevivência foi um pecado? É punição celestial eu estar aqui?
-Sinta-se privilegiado de estar aqui, muitos queriam ter essa oportunidade ao invés de ficar vagando por aí sem rumo pela eternidade. Agora vamos, em breve meu chefe o conhecerá e lhe explicará tudo.
O reino dos guardiões e vossa majestade
Enquanto levitavamos névoa a dentro, observava tudo a minha volta.Vi muitas almas pedindo socorro, e algumas outras coisas que não posso revelar. Havia também no caminho,homens e mulheres a postos como se estivessem de guarda, atentos a qualquer sinal de desordem e baderna.Vestiam trajes de várias cores, a maioria dos homens usavam capas com símbolos que até o momento eu não conhecia.As mulheres, a maioria formosa, usavam longos vestidos e saias. Todos carregavam uma espécie de garfo de três pontas, alguns espadas, punhais e brasões com símbolos estranhos.
A maioria plasmando uma forma humana, outros eram literalmente esqueletos andantes,alguns traziam deformidades pelo corpo plasmado . Não existia distinção; brancos,índios, negros, orientais respeitavam-se sem diferenças.
-Quem são essas pessoas sr Veludo?
-Soldados subordinados à chefes de falange, comandados pelos Orixás e pelo soberano rei dos guardiões vossa majestade senhor Maioral.
-Quer dizer que são soldados do Diabo?
-Não diga isso seu idiota! Aqui não existem demônios. O sr Maioral é o comandante supremo dos guardiões, ninguém conhece sua forma porque ele está em todos os pontos de energia vibratória. Quando recebemos suas ordens, somos avisados por alguns de seus intermediários, que são nossos chefes e alguns carregam o seu ministério e têm o privilégio de apresentar-se usando o nome de sua majestade . Estamos aqui para manter o equilíbrio físico, mental e espiritual, tanto na crosta terrestre quanto no mundo dos espíritos. Alguns são responsáveis em receber essas almas quando desencarnam e são encaminhados ao seu devido destino.Outros descem à crosta terrestre para desmanchar e combater energias e forças malignas e seus manipuladores,mantendo a ordem e a evolução de tudo e todos.
Chegamos à um local que parecia um antigo castelo,na entrada, um exército de prontidão semelhante ao que vira no caminho. Instalei-me em um dos cômodos daquela fortaleza e mais tarde fui levado até ao meu futuro superior.Ao entrar em sua sala,percebi uma forte energia que aquela criatura emanava;
-Venha até mim e curve-se meu servo!-disse aquele homem com vestes negras e encarnadas,portando um tridente, uma bela capa vermelha e uma coroa sobre a cabeça :
-Você vai trabalhar para mim e obedecer minhas ordens diretas.Quando for solicitado seus serviços, realizará sem contestar,a não ser que queira ser banido do universo, entendeu?
-Entendi vossa majestade.
Aquele era um dos supremos o qual Veludo contara-me antes.De vossa majestade somente era permitido saber que ele era um dos comandantes e devia ser chamado de senhor Maioral.Pois ele era um dos escolhidos pelo soberano a carregar e manipular suas vibrações.
Ao seu lado, um nobre cavaleiro de vestes negras:
-Este aqui é o senhor Ogum Megê,na lei dos Orixás ele é o comandante e imediato entre os exus e as divindades maiores,diretamente ligado ao Orixa Ogum.Voce obedece à mim e ele dita as ordens por aqui, é com ele que você terá contato direto quando for solicitadas suas tarefas.
-Sim majestade.
Logo em seguida quem tomou a palavra foi o senhor Ogum Megê :
-Soldado, devido à sua trajetória quando encarnado e pelas habilidades adquiridas na crosta terrestre, você será designado a comandar um dos reinos das sete encruzilhadas, será chefe de sua falange.Deverá resgatar suas almas e recrutadas conforme o seu merecimento para que em breve possa realizar tarefas maiores.Todos que lhe dirigirem a palavra, o chamarão de Exu Rei Das Sete Encruzilhadas . Guardião chefe de falange que atuará nos cruzeiros da crosta terrestre,quebrando demandas e mágoas, aconselhando aqueles estão perdidos.Terás o total conhecimento de manipulação de energias para atrair riquezas e cuidará da segurança e defesa espiritual de seus adeptos. Carregaras o tridente, uma espada e uma capa com teus símbolos místicos a partir de agora.
Naquele momento eu me tornara um Exu Rei Das Sete Encruzilhadas. Aprendi a manipular com maestria às forças energéticas que me foram confiadas e depois de muito aprendizado, sai em busca de novos recrutadas para o meu exército. Devido ao meu bom desempenho, meu chefe sua majestade Maioral me presenteou com um reino,agora eu precisava de uma rainha para me acompanhar pela eternidade.
Atuação e manifestação do mistério exu guardião na crosta terrestre
Em uma determinada época da eternidade, fui convocado pelo meu supremo chefe senhor Maioral e pelo senhor Ogum Megê para uma assembléia.Naquele local, estavam todos os guardiões chefes de falanges do que conhecemos hoje como as linhas de kimbanda.Eram centenas de homens e mulheres reunidos, muitos eu já conhecia pois realizara algumas tarefas em conjunto,outros se quer sabia que existiam.Após todos acomodarem-se, o sr Ogum Megê começou a explicar :
-Senhores Guardiões da Lei,hoje é um dia muito especial para nossa eternidade. Fomos designados à uma tarefa de auxiliar outros companheiros regidos pelos Orixás e formar uma nova ideologia religiosa na crosta terrestre. Trabalharemos juntos com esses espíritos plasmados na forma de caboclos, pretos velhos,ciganos e assim por diante,para manter a ordem e o equilíbrio na terra, a segurança de seus praticantes,aconselhando e combatendo forças inimigas.Os exus e pombo-giras por possuírem características espirituais e vibratórias semelhantes aos encarnados,irão atuar na defesa,nos assuntos íntimos destes adeptos e nos mais diversos assuntos.Manipulando as energias de certos materiais terrenos ofertados à vocês.Terão a missão de manifestar-se por meio da incorporação contribuindo com a evolução de seus praticantes iniciados.Com o passar do tempo irão assemelhar de forma mais clara o que estou relatando aos senhores e senhoras.
Gradativamente, exus e pombo-giras se manifestavam por intermédio de clarividência de seus mediuns e da incorporação nos terreiros de Umbanda e nos Templos desta nova forma de cultuar a kimbanda.Eram assim firmados seus assentamentos e instrumentos de força tais como
conhecemos nos dias atuais. Infelizmente nem todos que solicitam nosso auxílio são pessoas de boa intenção, quem faz o mal é o humano de caracter podre e mesquinho e devida a propagação das leis e crenças européias, o elemento exu foi assemelhado ao diabo das disciplinas cristãs,assim então comparados a criaturas do inferno.Nada temos em semelhança com demônios ou seres desta vibração,mas o lado benéfico para nós exus é que impomos um certo medo aqueles que são menos entendidos ou totalmente leigos sob o elemento exu e pombo-gira.
O reencontro
Em certo momento de minhas andanças no resgate de novos soldados para minha falange, avistei no mesmo lugar onde eu havia despertado para o meu destino,aquela que em vida fora minha companheira. Ela estava perdida sem saber onde estava.Parti diretamente ao seu encontro :
-Você aqui doutor? O que aconteceu? Onde estava esse tempo todo?Por que não me procurou?
-Achei que nunca mais ia lhe ver de novo querida!
-O que houve com você? Essas armas e vestes?És um deles agora?
-Sim querida,tive o privilégio de fazer algo útil na minha vida eterna, me tornei um guardião e hoje sou chefe de falange,comando e recruto soldados para o meu exército astral.
-Nossa as coisas foram bem mais interessantes pra você. Pois estou presa nesse lugar sem saber para onde ir e o que fazer.
-Se estás a procura de um rumo para sua morte,eu posso ajudar, só terá que prometer lealdade e fidelidade eterna a mim e ao meu supremo chefe senhor Maioral.
-Fui leal à você em vida doutor, por que não seria na morte?
-Está bem venha comigo, vamos falar com vossa majestade senhor Maioral.
-O que ,estamos no inferno e vamos falar com o demônio em pessoa?!
-Hahahah...aqui não existe nenhum demônio mulher,não caminho eu explico tudo.
No caminho para o templo de meu soberano, contei-lhe tudo que havia acontecido e o que me tornara nos temposatuais :
Então você é um rei?
-Não exatamente, mas esse termo é usado para aqueles que são escolhidos para chefiar as falanges das encruzilhadas e manter o nosso verdadeiro nome em sigilo.
Após uma longa conversa com meu soberano, ele aceitou que ela fosse de fato minha companheira, nomeando-a então; pombo-gira Rainha Das Sete Encruzilhadas. A partir daquele momento, ela passava a comandar as mulheres ou melhor dizendo, pombo-giras de minha falange.
Com o auxílio de minha rainha, nosso exército triplicou e até hoje novos soldados são promovidos conforme seu merecimento e sua trajetória.
É importante ressaltar que nem todos os espíritos que hoje trabalham na kimbanda ou na esquerda, foram pessoas cruéis e estão pagando pelos seus atos.Muitos deles tiveram essa oportunidade devido à certas habilidades que carregam em consigo.Sendo assim,espíritos privilegiados e preparados para trabalhar manipulando energias vibracionais. Muitos deles em vida , foram magos,bruxos,feiticeiros, pajés, líderes de determinados movimentos sociais,assim também como pessoas com títulos de nobreza,médicos e diversas outras funções na terra que lhe destacaram de algum modo que chamara a atenção do plano espiritual;assim então, sendo recrutados ou convocados a participar dessa legião de entidades que hoje conhecemos por guardiões, comadres,compadres ou popularmente falando;exus e pombo-giras, atuando nos cultos afro-brasileiros,sejam eles Kimbanda,Umbanda, Candomble e outros nomes derivados a essa energia e forma de culto espiritual descendente dos ancestrais africanos e adaptados as formas culturais e religiosas do país. Vale ressaltar que os exus da Kimbanda,são muito mais antigos do que a religião umbandista, sendo incorporados nessa ideologia religiosa conforme a própria evolução do culto,já que o mesmo não tem uma padronização e uma Bíblia a ser seguida, cada região e cada sacerdote, realiza seus rituais à maneira que foi ensinado por seus mentores e adaptando às suas visão e concepção ritualistica.Mas o exu que é cultuado no norte é o mesmo cultuado no sul,diferenciando as vezes somente sua forma de assentamento.