domingo, 25 de dezembro de 2022

3 erros que os pais cometem quando são intimidados pelos filhos

 

3 erros que os pais cometem quando são intimidados pelos filhos

É o fim de um longo dia. Você acabou de chegar em casa do trabalho, completamente exausta. Você liga a TV, se joga no sofá, e assiste ao seu programa favorito. Você saboreia este momento de silêncio.
Aí então, seu filho começa a choramingar sem parar. Ele quer uma fatia de bolo de chocolate antes do jantar.Você diz a ele que não.

“Você prometeu!”, ele exige. “Você disse que eu poderia comê-lo quando chegasse em casa.”
Você diz a ela para esperar até depois do jantar. Então ele vai para frente da TV: “Eu quero agora. Agora mesmo!”
Você fecha os olhos e respira. Talvez conte até 10. Mas seu filho aumenta o tom: “Você mentiu para mim! Eu esperei o dia todo por você! Eu te odeio! Você é estupida!”
Este teste de paciência acaba se tornando um bullying momentâneo. Você está sendo agredida e degradada verbalmente pelo seu próprio filho.

O que você faz?

3 táticas comuns de contra-ataque
Normalmente, os pais escolhem uma das três respostas em tais momentos: rendição, punição ou a negociação.

1. Rendição

Nem toda batalha vale a pena lutar. Render-se e entregar ao seu filho o que ele quer é, por vezes, uma boa opção, especialmente se você estiver querendo um pouco de paz. Mas quando o teste de paciência se transformar em assédio moral? Neste caso, nunca ceda às exigências da criança. Fazer isso equivaleria a recompensar o comportamento abusivo. Esse é um momento de ensino que oferece a lição errada!

Toda vez que você se render ao assédio moral do seu filho, você envia esta mensagem simples: Intimidação funciona. Então, da próxima vez que ele se sentir frustrado por suas restrições, vai intimidar você para conseguir o que quer: Afinal, você ensinou a ele que se insistir bastante, cedo ou tarde você vai se render.

2. Punição

Quando seu filho faz bullying com você, é difícil não se incomodar e revidar a provocação. Possuir a força de caráter para resistir ao comportamento agressivo de uma criança não é uma habilidade que surge naturalmente. Como acontece com qualquer forma de auto-domínio, é preciso cultivá-la.
Perder a calma, gritar e impor ao seu filho punições severas são formas de contra-bullying que criam uma cultura de intimidação na família. Os pais que vencem batalhas contra seus filhos, na verdade obtém vitórias amargas: Não há vencedor nem perdedor. Um está feliz e outro não.

Crianças que recebem punição constante se tornam desdenhosas e ressentidas e, mais tarde, podem surgir problemas de comportamento mais graves. Por exemplo, a criança pode:

Tornar-se desafiadora e opositiva, de modo direto ou através da resistência silenciosa.
Interiorize a sua frustração e acabe desenvolvendo uma depressão ou ansiedade.
Intensificar ainda mais as intimidações, ampliando os conflitos e perturbando toda a família.

3. Negociação

Ok, seu filho está tendo um colapso. Se você for uma mãe atenciosa, irá pensar por um momento e considerar suas opções. Você tentará entender o seu ponto de vista: Ele esperou o dia todo por você (e pelo seu bolo). Então, quando você finalmente chegou em casa, em vez de cumprimentá-lo, você caiu no sofá, ligou a TV e o ignorou.

Resultado: Ele está chateado, e com o direito de estar. Então você decide fazer um acordo: Você oferece metade de uma fatia de bolo agora, e a outra metade após o jantar. Agora, considere:

A negociação é a melhor escolha neste momento?
E se ele fizer uma contraproposta?
Suponha que ele continue a intimida-la e exigir a fatia toda.
A negociação é uma escolha popular na moderna parentalidade . E a intenção de encontrar um terreno comum com o seu filho durante os conflitos não é uma má ideia. Você cede um pouco, ele cede um pouco, e todo mundo fica feliz. Certo?

Sim e não.

Quando o teste de paciência se torna um bullying, a negociação está descartada. Quando você negocia com um valentão, você prepara o palco para outros conflitos. Da mesma forma que a rendição, a negociação recompensa o bullying e treina seu filho para repeti-lo. A próxima vez que seu filho se frustrar com as suas restrições, ele vai voltar a praticar o bullying, porque o bullying leva à negociação, e a negociação tende a ser benéfica para ele.
Outro problema da negociação: A criança pode começar a pensar que tudo, até mesmo o bom comportamento, é negociável. Em vez de fazer algo pelos bons sentimentos que aquela ação produz, ela acaba fazendo as coisas apenas visando uma recompensa. Por exemplo:

Sua filha pede para ser paga para fazer a sua cama.
Seu filho espera uma recompensa por fazer sua lição de casa.
Seus filhos pedem dinheiro pelas boas notas.
O bom comportamento nunca deve ser uma moeda de troca. A negociação por recompensas substitui a conquista pessoal e provocará uma perda de auto-estima nos seus filhos. Em vez de desenvolverem a auto-suficiência e a autonomia, acabam permanecendo imaturos e apegados aos seus pais pela gratificação.

3 escolhas que você poderia tomar

Você aprendeu que se render, punir e negociar são soluções que não funcionam a longo prazo. Essas táticas oferecem algum alívio no curto prazo, administrando os sintomas do bullying, mas não as suas causas.

Antes de olharmos para as questões mais profundas, vamos considerar os três passos mais importantes que você pode tomar num momento de bullying: aumentar o conflito, validar sentimentos, e elevar pontos fortes.

1. Aumentar o conflito

Em momentos de bullying, os pais muitas vezes reagem impulsivamente e aumentam o conflito. Eles gritam ou punem, o que aumenta a tensão e piora o bullying. É vital manter a compostura e liderança em tais momentos. Não se torne reativo ou dê respostas automáticas. Permaneça com os pés no chão, sem drama.

Se o conflito se agravar, aperte o botão de pausa: Tome um tempo e dê a todos uma chance para se acalmar. Quando as crianças estão em estado de intensa frustração, não se pode argumentar com elas. Se você tentar, só vai aumentar ainda mais a sua frustração.

Você e seu filho irão se beneficiar grandemente quando você começar a dar um momento de silêncio para reunir os seus pensamentos e recuperar o seu equilíbrio. Se você puder, saia da sala ou dê um passeio tranquilo. Tome um pouco de ar fresco. Vai dar-lhe tempo para se acalmar. Encontre alguma paz em si mesmo antes de tentar fazer as pazes com o seu filho. Quando as coisas se acalmarem, você pode conscientemente determinar qual a ação tomar.

2. Validar Sentimentos

Você nunca erra ao validar os sentimentos do seu filho:

“Eu entendo que você esteja frustrado. Eu também estou.”
“Eu posso ver que você está chateado. Dê-me 10 minutos de silêncio para pensar melhor sobre isso.”
“Vamos comer algo antes de falar sobre isso”
As crianças respondem positivamente quando você reconhece os seus sentimentos. Elas imediatamente se acalmam.

Durante o intervalo, pergunte a si mesma: “O que poderia estar causando o bullying do meu filho? Ele está cansado? Com fome? Sentindo-se negligenciado? Foi um longo dia para todos?”

Bullying é um efeito; há sempre um causa subjacente. Considere o que poderia estar irritando tanto o seu filho. Ajude-o a dizer o que pensa e, em seguida, valide os seus sentimentos.

“Eu entendo que você esteja com raiva; você tem o direito de estar.”
“Seus sentimentos estão feridos. Você está irritado porque eu não vou te dar o que você quer.”
“Em vez de brigar, vamos tentar outra coisa: Diga-me por que você está tão bravo”
Incentive a comunicação mais madura. O sentimento que você demonstrou compreender vai desarmar a sua frustração e reformular o momento.

Lembre-se: Dê à criança o que ela precisa, não o que ela quer. Aprender a se comunicar de forma eficaz em momentos de frustração é mais importante do que qualquer coisa que seu filho esteja querendo no momento. Entregar-se, punir ou negociar rouba da criança a oportunidade de lidar com a sua frustração e dominá-la.

Deixe claro que o bullying nunca funciona:

“Eu não vou responder enquanto você estiver gritando para mim.”
“Desse jeito você não vai conseguir o que quer.”
“Você pode fazer melhor do que isso. Você é muito inteligente para falar essas coisas”

3 Ressaltar seus pontos fortes.

Depois de tanto pensar na decisão a ser tomada, defenda o seu território. Não modifique nada para que seu filho não a teste e insiste ainda mais. Ao longo do caminho, certifique-se de elogiar os pontos fortes do seu filho:

“Eu admiro o modo como você está falando comigo agora.”
“Eu sei que isso foi difícil para você. Estou orgulhosa da forma como você está se expressando agora. “
“Você está fazendo um grande trabalho. Isso é amadurecimento. “
Reforçando os pontos fortes do seu filho irá aumentar a sua confiança e tornar a comunicação madura mais gratificante do que a discussão.

Fonte: PsychologyToday traduzido e adaptado por Psiconlinews