Crianças e a Precocidade. Será que isso é saudável?
Crianças e a precocidade. Será que isso é saudável?
Já há algum tempo vemos que as crianças estão se comportando bem diferente das crianças do século XX… Mas isso é um problema? Muitos acreditam que não, dizem que os tempos mudaram e que as crianças já “nascem diferentes” e mais inteligentes.Realmente são tempos diferentes, que influenciam no desenvolvimento infantil desde a gestação. Porém, precisamos entender que o desenvolvimento infantil e suas fases não mudam. A ciência cada vez mais tem conhecimento sobre como ocorre o desenvolvimento humano. E estranhamente às vezes tenho a impressão que estamos voltando no tempo.
As crianças estão sendo adultizadas, e os pais muitas vezes acham até “bonitinho”. As meninas pedem para usar maquiagem e pintar as unhas e os cabelos, e os pais acham uma fofura a filha querer ser “mocinha”. Especialistas afirmam que pintar as unhas antes dos 12 anos não é recomendável, mas vemos que isso não é seguido. Infelizmente não conseguimos mensurar se o maior problema é o risco para a saúde física ou mental…Vemos hoje crianças sem autonomia para arrumar o próprio material escolar, tomar banho, fazer as lições de casa. Crianças essas que têm um celular de última geração, mas ainda chupam chupeta… São contradições gritantes!!!
Hoje crianças de 9 anos estão falando de namoro, só vão para a escola se estiverem maquiadas e perfumadas. E quando você olha a mochila, não trouxeram o material do dia.
Como as crianças aprendem? Não, não é apenas pelo nosso discurso. É também e, principalmente, pelo nosso exemplo! Se demonstramos que as prioridades da vida são a aparência e o consumismo, é bem provável que as crianças cresçam pensando dessa forma.Amadurecer no tempo certo é essencial para uma vida adulta com a saúde mental preservada. A exposição ao consumismo exacerbado, à erotização precoce e a uma agenda mais cheia que a de muitos adultos não permite que a criança viva sua infância como deve. São miniadultos preocupados com a beleza, estética, namoros, redes sociais… E deixando de brincar, aprender, estudar.
As crianças estão com autonomia para coisas que não deveriam ter, e para o que deveriam os pais as deixam à vontade para fazer o que quiserem. O mais impressionante é que os pais não percebem e não aceitam orientações acerca do tema. Quando você alerta sobre as possibilidades ruins de uma infância adultizada, eles vêm com “eu oriento meus filhos”, “os filhos são meus”… Depois se perguntam onde erraram…
Cada um cria o filho como achar melhor, claro. Mas será que pessoas especialistas em áreas como educação e psicologia não podem orientar a fazer o que seria o mais adequado? Não é uma receita, uma fórmula que serve para todos. São anos de estudo e dedicação para entender como o ser humano e seu desenvolvimento funciona. Então com certeza esse profissional tem algo a oferecer, ouça-o.
Esses profissionais sempre respeitam a dinâmica familiar que está sendo avaliada naquele momento. Por diversas vezes a orientação não é seguida, e no final das contas quem sofre é a criança. Os familiares parecem não enxergar (ou fingem) o que está realmente acontecendo às crianças.
Crianças que crescem sem valores e princípios fortes e bem construídos serão adultos mais frágeis, que não saberão lidar com o fracasso. Além disso, pode parecer contraditório, mas crianças adultizadas provavelmente serão adultos imaturos e emocionalmente fracos.
Já ouvimos falar que a adolescência está se estendendo, com adultos jovens ainda morando com os pais, sem ajudar financeiramente e nas tarefas de casa… Pois é. Não é estranho que as crianças ajam como adultas e os adultos ajam como adolescentes? Essa é a inversão de valores por trás das mudanças na criação dos filhos do século XXI. Vários fatores levam a essas mudanças, mas a precocidade infantil é algo que precisa ser debatido.
Se cada fase for aproveitada em seu máximo, não teremos esse tipo de situação tão frequente.
Criança tem que ser criança!!!
Adolescente tem que ser adolescente!!
E adulto é adulto!!
Cada fase tem suas alegrias e tristezas, fraquezas e forças, vantagens e desvantagens. E cada fase tem sua responsabilidade! É importante cobrar isso desde criança. Dentro das possibilidades dela, mas que seja responsável por algo e desenvolva autonomia. Isso é imprescindível para uma boa formação emocional.