domingo, 14 de agosto de 2022

Nação Efón

 

Nação Efón

Kíníùn - Fúnfún (Leão Branco símbolo da nação Efon em
tributo ao rei na nação Olokê, o prórpio Leão Branco)
Efon ou Efan é uma nação grande e com grandes òrisás. Na África a nação ainda existe, e lá ainda cultuam-se muitos òrisás que se perderam no caminho para o Brasil. Devido a influência Ketu, a nação de Efon, perdeu um pouco de sua raiz, que hoje tentamos resgatar.
De uma forma simples e resumida conto a história da casa que é o berço dos Efon no Brasil, o "Asé Yangba Oloroke ti Efon" ou simplesmente como é chamado o Terreiro do Oloroke, situado à Rua Antonio Costa (antiga travessa de Oloke) nº 12, no bairro do Engenho Velho de Brotas - Salvador - Bahia, para que quando alguém ouvir falar de nosso Asé saibam quem somos e de onde viemos.
Em primeiro lugar vamos à origem na África, mais exatamente em Ekiti-Efon (não confundir com Ifon, a terra de Òsòòlufàn) no Brasil usa-se o termo "Lokiti Efon" e onde reina absoluta aquela que é a rainha da nação no Brasil, Efon, ou seja, Òsún.
Pois é bom esclarecer que Òsún, nossa matriarca, é nascida em Ekiti-Efon, onde ela era considerada a mãe de Lògùnédé, Yemonjá e do Awujale de Ijebu-Ere, no estado de Ekiti (Onadele Epega). Para concluir podemos traduzir o nome da divindade Efon dos tempos Lailai como sendo Òsún, nome de seu rio e onde guardava seus tesouros, companheira inseparável de Oloroke que é seu pai, ficando assim esclarecido o porquê da casa chamar-se terreiro do Oloroke e Òsún ser a dona do Asé, sendo ele louvado juntamente com Òsún nos nossos principais ritos.
Desta localidade, que veio para o Brasil na condição de escravos por volta de 1850 o fundador da nação no Brasil, um Tio Africano, chamado José Firmino dos Santos, mais conhecido como,  Tio Firmo (Òn Tadè) que veio da região de Ijesá que inclui Adô Ekiti, Ifon, Akurê, Ilesa, Ikirê, Ekiti Efon etc. Sua cidade natal seria Ilesá na antiga Ijesá onde foi iniciado para Òsún, e foi na cidade de Ifon que ele se iniciou em Ifá e recebeu o nome de Baba Erufá.
Juntamente com ele, veio uma princesa de Ekiti-Efon, de nome Maria da Paixão (Adebolu), mais conhecida como Maria Violão, trouxe como órisá particular rei da nação, Olorokè (Aquele que é cultuado no alto). Como Adebolu, seu nome, significa: A coroa que cobre a terra símbolo real por excelência.  
Por volta de 1860 Tio Firmo e Maria Bernarda fundam o Asé Olorokè  no engenho velho de Brotas, onde encontra-se até hoje, plantando ali o Asé de Òsún e com isto além de fundar uma casa fundam também a Nação Efon. Mais tarde tio Firmo passa a viver maritalmente com Maria Bernarda da Paixão que era sua governanta e passam a dividir as funções do Asé. 
Ile Axé Oloroke ou Terreiro do Oloroke da nação Ekiti-Efon é uma casa de Candomblé dedicada ao culto de Orixás de Árvores, como Orixá Okê (rei da nação), Orixá Okô, Orixá Irokô, Opáoká e outros, situada à Rua Antonio Costa (antiga travessa de Oloke) nº 12, no Engenho Velho de Brotas, Salvador - Bahia.
Acredita-se que nesta época ambos já eram libertos. Os Igbás ou assentamentos dos órisás foram trazidos da África e estão até a presente data preservada no Iylè. La encontra-se a Òsún de Tio Firmo e Oloke de Maria Bernarda entre outros. Apesar da libertação dos escravos, a perseguição a cultos Afros foi intensa e conta-se que Tio Firmo foi preso por várias vezes. A árvore do Iroko, um dos símbolos da casa, foi plantada após a libertação dos escravos.
Tio firmo vindo a falecer por volta de 1905 , fica a frente do Asé, Maria da Paixão (Adebolu). Maria Violão iniciou várias pessoas entre os quais podemos citar Mãe Milu que foi a Iyá kèkèrè do Asé, Matilde de Jagun (Baba Oluwa) sua sucessora e terceira mãe da casa, Cristóvão Lopes dos Anjos (Ògún Anauegi) , Celina de Yemonja (esposa de Cristóvão), Paulo de Sango, filho carnal de Mãe Milu, Crispina de Ògún, a quinta pessoa a governar o Asé, e muitos outros.
No dia 4 de outubro de 1936 morre Maria Bernarda da Paixão aos 94 anos de idade.  Após muitas divergências assume a casa Matilde de Jagun, Baba Oluwa, que fez muitos iyawos entre os quais Noélia de Osún e Emiliana também de Osún. Tia Matilde tinha vontade que Waldemiro de Sàngò (Obálokitiassi) feito na casa por Cristóvão Lopes dos Anjos (Ogun Anauegi) e que tomou 7 anos com ela assumise o Asé quando ela fosse. Mãe Matilde vem a falecer no dia 30 de outubro de 1970 aos 67 anos de idade.                          
Após o falecimento de Matilde quem assume a casa é Cristóvão de Ògún que faleceu no dia 23 de setembro de 1985 aos 83 anos de idade. Após a morte de Cristóvão, a casa do Àsé ficou fechada. Waldemiro de Sàngò (Obálokitiassi) Baiano comprou a terra que fica o barracão, tentando assim levar à frente para que o Asé não acabe. ( ....  )               
Conta um outro itan, do odu Ejiogbe, que o Oloke vivia pacificamente com seu povo na cidade de Ikere e de repente apareceu Esu para avisar que as tropas de Ifé estavam a caminho da cidade para uma invasão. O rei Oloke foi ao Babalawo da cidade e o odu que surgiu foi Ejiogbe determinando que Oloke fizesse um ebó de 16 feixes de búzios acompanhados de 16 peixes, 16 galos, 16 galinhas um carneiro que tivesse o chifre com a ponta para o alto e um cabrito. O cabrito deveria ser sacrificado na porta da cidade para Esu o portador da mensagem. O carneiro deveria ser sacrificado à arvore Ose que havia na praça da cidade e os outros ingredientes em volta da cidade em 16 pontos diferentes com o sacrifício dos galos e galinhas.

Seus súditos não deveriam usar nenhuma arma, apenas deveriam esperar na praça da cidade pacificamente. E foi o que Oloke fez, após a conclusão do ebó prescrito sentou-se no centro da praça em frente a grande arvore Ose acompanhado de toda sua gente e esperou pacientemente a chegada dos invasores.
Quando os invasores chegaram, um grande barulho se ouviu, a terra estremeceu e uma grande pedra de nome Osunta cresceu e levou o povo de Oloke para as alturas onde não podiam mais serem alcançados pelos invasores. Quando seu povo estava seguro no alto da montanha, Oloke se transformou em lava vulcânica e desceu montanha abaixo acabando com seus inimigos. Nesta montanha Oloke ficou conhecido pelo nome de Oloosunta, a divindade tutelar da montanha Osunta.

Existe um cântico do orixá que lembra bem esta passagem:

O Lor(i)ekun Omo dide
Wara wara
Si (o)ke si (o)ke
E lorekun lorekun
Wara wara si (o)ke si (o)ke
Lorekun lorekun
Lorekun omo dide

Os filhos estão em pé
Ele (Oloke) pegará a presa
Rapidamente a montanha se abrirá (como um vulcão)
Ele pegará a presa, pegará a presa
Rapidamente a montanha vai se abrir
Ele pegará a presa, pegará a presa
Seus filhos estão em pé (a salvo)

Os Oke são muitos, Oloke é o mestre de todos e entre alguns podemos citar: Oloroke, Oke Olumó, Oke Badan, Olookuta, Oloosunta, Ori Oke, Oke talabi, Olota, Oba Oke, Arira Oke, entre outros.

Oloke é o orisa que se encanta em um leão, o leão da montanha, “Ekun Oke” e quando furioso desce a montanha em forma de lava vulcânica e destrói tudo que encontra em seu caminho pois o vulcão também lhe pertence e Oroina, o fogo universal é sua matéria de origem que resfriada pelas águas de Olokun formaram estas grandes pedras de granito, Oke.            



Ilê Axé Olorokê - Salvador - BA