O MÉDIUM NÃO É UM SIMPLES APARELHO
O ritual de Umbanda tem como um dos seus eixos principais o exercício da mediunidade. Nos terreiros, sua expressão mais comum é por meio da incorporação. Por ela, somos presenteados pela incrível oportunidade de conversarmos diretamente com os mentores das elevadas esferas espirituais, receber conselhos e orientações, além de todo trabalho energético através do passe e descarrego.
No entanto, mais do que se costuma admitir, os médiuns possuem uma larga influência no trabalho das entidades, a variar dependendo do seu preparo e concentração. Toda mensagem, invariavelmente, passa por ele antes de ser expresso aos consulentes. Isto implica, antes de tudo, sua enorme responsabilidade frente ao compromisso que assumiu.
E isto é válido mesmo para os que se dizem inconscientes – se é que realmente ainda existam tais médiuns -, uma vez que não se lembrar de nada não significa que não possa de alguma forma ter influenciado o atendimento.
O médium não é um simples aparelho capaz de reproduzir mecanicamente as mensagens que vêm do alto. Ele tem a sua história, visão de mundo, valores, conhecimentos e doutrinas particulares. E quando o guia transmite suas ideias em seus atendimentos, ela assume as formas mentais que encontra no seu “cavalo".
Com o desenvolvimento, o tempo e a experiência, o médium aprende a tornar-se passivo. Silenciando e aquietando o seu interior, ele permite que o guia assuma à frente. É um longo exercício e intensa batalha interna, até que chega o dia em que ele entende que precisa simplesmente confiar e se entregar. No entanto, o médium nunca se anula complemente. Ele sempre está lá, presente, dando forma às palavras que são transmitidas.
É preciso reforçar constantemente isso. São muitos os médiuns que se desesperam com a ilusão de que haverá o momento em que suas mentes sofrerão um apagão e depois disso não existirá mais nada a se preocupar. Vou repetir: durante a incorporação, o médium nunca deixa de estar presente. E, por esta razão, exige-se dele preparo e responsabilidade.
Os guias são forças sutis. Mesmo os Exus e Pombagiras, que costumamos dizer que apresentam energias mais densas, estão em um nível vibratório muito maior que o nosso. Segue-se que, para que haja um acoplamento mediúnico, é preciso que o próprio médium busque elevar sua vibração e tornar sua energia mais sutil.
A mediunidade exige alguns sacrifícios pessoais. Mais vale, em algumas situações, calar-se diante do convite ao conflito do que perder a firme sintonia com seus guias e protetores. Eliminar as brigas, discussões, pensamentos negativos, rancores, palavras de baixa vibração. Todas essas práticas nos afastam da espiritualidade e, tenha certeza, interferem no seu processo de incorporação.
Lembre-se de que através de sua mediunidade, virão pessoas se consultar com todos os tipos de problemas, alguns, muito graves. É uma enorme responsabilidade. Se você assumiu este compromisso, tem o dever de estar o mais preparado possível no dia da gira. Esta é a sua única tarefa, uma vez que quem exerce a caridade é o guia e não médium.
Acima de tudo, o médium deve buscar o seu desenvolvimento moral. O coração que vibra amor impulsiona a todos para mais próximo do Pai Maior. E essa é a nossa missão. Quanto mais elevados os pensamentos, e mais puros os sentimentos e tanto mais compromissado nos colocamos com a prática da Umbanda, mais perfeita é a sintonia para com nossos guias e protetores.
Saravá a todos!
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