O DESENVOLVIMENTO NA UMBANDA PARA OS QUE NÃO SÃO MÉDIUNS
Será que que os cambones e os atabaqueiros não passam por algum tipo de desenvolvimento na religião também? Ou apenas os médiuns de incorporação recebem necessitam de atenção pelos sacerdotes da casa? Vamos entender um pouco mais estas questões.
É claro que, ao rigor da palavra, todo mundo é médium em algum grau. Qualquer pessoa, à sua maneira, consegue se comunicar com a espiritualidade. No entanto, nem todos serão encaminhados para o desenvolvimento mediúnico e posteriormente atendimento. Alguns, respeitando a naturalidade de suas sensibilidades, permanecerão na percussão ou atuarão como cambones.
Enfatizemos que estas são tarefas muito honradas; aqueles que servem as entidades não são menores do que os outros membros da corrente. Sem eles, a gira não é possível. Embora alguns exercem temporariamente a função de cambone, futuramente se dedicarão à incorporação, muitos desempenharão estes papéis por toda a vida. E não há nenhum problema nisso.
Mais do que apenas serem apenas “jogados” para dentro do terreiro, é importante compreender que eles também passam por um rico processo de desenvolvimento e amadurecimento dentro da religião. Com o tempo e experiência, eles desenvolverão sua própria história dentro do axé, e contribuirão para a caridade tanto quanto qualquer outro médium.
O cambone, auxiliar direto das entidades, descobre que é um médium de sustentação. Ainda que não atue incorporação, contribui na doação de energias e sustentação da corrente. Não é raro, também, alguma entidade pedir que ele se posicione atrás do consulente: não apenas para evitar que ele o assistido caia no chão, mas também fechar um “circuito”. As vibrações saem do guia, passam pelo consulente, chega ao cambone, e de lá retorna para a entidade.
Ele aprende mais do que qualquer outro no terreiro. Servindo os falangeiros, traduzindo suas orientações, ele ouve da boca de cada um. Sabe muito sobre as ervas, firmezas, o modo como cada guia trabalha. Já escutou tantos problemas e dificuldades, mas também variadas maneiras de resolvê-los. E chega um nível de conexão tão grande com as entidades que auxilia que com frequência ela não precisa dizer nada e o cambone já sabe o que buscar ou fazer.
Por outro lado, o atabaqueiro desenvolve uma grande sensibilidade para a energia do momento. Consegue, com destreza, identificar qual linha está a se manifestar e qual o ponto cantado necessário. Com seu toque e canto, é capaz de modificar toda a vibração do ambiente, e até mesmo quebrar densos campos de força.
A Umbanda não é somente incorporação. Ela é uma religião inclusiva, onde todos podem nela se apoiar, amadurecer, desenvolver suas potencialidades e contribuir. A caridade não está restrita apenas aos médiuns ostensivos; cabe ao terreiro encaixar cada um onde melhor atua. Se soubermos aproveitarmos o que é natural em cada um, bons frutos colheremos.
Saravá a todos!
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